sábado, 1 de junho de 2024

 João Batista, chamado por Deus.  Jo 3.26-30 

Inrodução

O que poderia dizer da sociedade de hoje? Uma sociedade adoecida, uma sociedade escravizada no celular e nas mídias sociais. Uma sociedade egoísta, em busca de coisas, de carro, de casa, status social. Uma sociedade que vive numa inquietação e insatisfação e, no entanto, continuam no mesmo estado. Uma sociedade que não está preocupada com as coisas de Deus, com o céu, os princípios e valores eternos, mas somente com as coisas dessa vida. Uma sociedade atarefada, ocupada “estou com pressa”, “estou trabalhando” e não tem tempo para  as coisas espirituais.

1)     João batista

João batista vai na contramão dessa sociedade adoecida que vivemos hoje. Ele foi incisivo ao chamar os fariseus “...de raças de víboras...” (Mt 3), chamando-os ao arrependimento e fugindo da ira vindoura. O batismo seria uma prova visível do arrependimento genuíno. João Batista nunca media muito as palavras; ou as pessoas amavam ou odiavam. Foi morto por causa de suas palavras.

Mas, diante da popularidade de Jesus, alguém lhe disse: “...aquele homem...está batizando, e todos estão se dirigindo a ele” (Jo 3.26). João respondeu: “Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado do céu. Voces mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta serviço ao noivo e que o atende e ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo... é necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.27-30).

Ou seja, estavam fazendo perguntas a João Batista com base na idéia de que aquele povo pertencia a ele, como se fosse o dono daquela gente, como se tivesse conquistado. Disseram: “...ele está batizando e todos seguem ele”. João Batista como pôde? Você está perdendo seu estrelato, as pessoas estão deixando de seguir você para seguir Jesus Cristo!

Ele diz: “Uma pessoa só pode receber o que lhe é dada do céu”. Eu não sou dono de nada, de ninguém. Sou um servo, um doulos, um escravo, simplesmente. Sua função era cuidar de algo, era zelar, ser mordomo, até que o proprietário volte para reavê-lo. Ele diz em outro lugar: “Eu sou a voz do que clama no deserto, endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1.23). Ou seja, eu não sou dono de multidão, não sou dono de pessoas, sou uma voz do que clama no deserto.... estou preparando o caminho do Senhor.

O rei Saul se julgara dono de Israel, pensando fazer com o povo o que desejasse. Perseguiu Davi por longos anos, por inveja. É como você pensar que tudo que você tem é seu, sua casa, seu carro, seus dons naturais e espirituais, sua saúde...na verdade, o Eterno lhe deu.

2)     Sei quem sou eu

João Batista ainda disse para seus discípulos: “Voces mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele”. Eu não sou o Messias, eu sou João Batista, fui enviado para preparar o seu caminho. Ele não tinha ilusões quanto a sua identidade.

João disse: “Eu não sou o noivo...mas o amigo que lhe presta serviço e enche de alegria quando ouve o noivo...”. Infelizmente, tem muita gente, que não sabe quem é, o seu interior não está em ordem e estão confusos quanto à sua identidade. Quem sou eu? Tem gente que tem dificuldade de fazer a separação entre sua função, seu cargo e sua identidade. Para muitos, o que fazem confundem o que são.

João Batista era famoso, todo mundo se recorria a ele, sua popularidade era alta. Poderia ter transformado numa pessoa arrogante e ambiciosa. Poderia ter afirmado que era o Messias, “sou o Messias”. Mas se por acaso houve um momento em que a voz das multidões falou alto, a voz de Deus, que soava em seu interior, falou ainda mais alto. Essa voz foi mais convincente, porque o profeta sabia quem era...

Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Sou a voz do que clama no deserto, eu não sou o noivo, sou amigo do noivo. Será que somos assim? Ou somos egoístas, orgulhosos, sempre procurando mais e mais poder, prestigio, status, bens materiais? Em outro lugar, João Batista diz: “Depois de mim virá alguém mais poderoso do que eu, alguém tão superior que não sou digno de me abaixar e desamarrar as correias de suas sandálias. Eu batizo com água, mas ele os batizará com o Espirito Santo e fogo” (Mc 1.7-8).

Saul tentou defender o poder e saiu derrotado; João Batista se contentou com um lugar no deserto e a oportunidade de servir a Deus, e saiu vitorioso. Jesus fala da grandeza de João Batista: “E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).

3)     Quero ser como João Batista

Como João Batista se tornou o que era? De onde provinha essa determinação, essa resistência, essa inabalável capacidade de encarar os eventos de uma forma tão diferente dos outros? Com certeza é a influencia dos seus pais, que lhe formaram o caráter desde os primeiros dias. Zacarias e Isabel eram pessoas profundamente espirituais, com extraordinária sensibilidade em relação ao chamado de João.

Quando recebeu o chamado profético estava no deserto, seus pais tinham morrido. Estava afastado da sociedade para a qual, mais tarde, iria ser uma voz profética. Diz-nos o texto: “No décimo quinto ano de Tibério Cesar, sendo Poncio Pilatos governador da Judéia, Herodes da Galiléia...sendo sacerdotes Anás e Caifás, veio a Palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados” (Lc 3.1-3).

Tibério Cesar era o imperador Romano, cuidava das coisas importantes do Estado. Pôncio Pilatos governava a Judeia e Herodes Antipas, a galileia. Anás e Caifás eram representantes espirituais dos judeus na sinagoga. Mas a palavra de Deus veio a João, um homem sem titulo, insignificante, desconhecido, achava-se no deserto.

Conclusão

Por que João? Porque Deus o chamou e ele atendeu. O chamado exigia total submissão aos desígnios de Deus, aos seus métodos e ao seu conceito de sucesso.

Por que um deserto? E num deserto, pois as pessoas conseguem ouvir e meditar sobre questões que normalmente não ouvem nem examinam com facilidade.

Deserto é um lugar difícil de se viver, seja ele físico ou espiritual. No deserto aprendemos a conhecer a aridez.

 No deserto as pessoas aprendem a depender só de Deus. É no deserto que uma pessoa se torna “chamada”.

 

  

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