sábado, 16 de dezembro de 2017

IBGE: 50 milhões de brasileiros vivem na linha de pobreza

Pesquisa diz que o maior índice de pobreza é registrado Região Nordeste, afetando 43,5% da população.
Cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial para definir se uma pessoa é pobre.
Os dados foram divulgados hoje (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 – SIS 2017. Ela indica, ainda, que o maior índice de pobreza se dá na Região Nordeste do país, onde 43,5% da população se enquadram nessa situação e, a menor, no Sul: 12,3%.
A situação é ainda mais grave se levadas em conta as estatísticas do IBGE envolvendo crianças de 0 a 14 anos de idade. No país, 42% das CRIANÇAS nesta faixa etária se enquadram nestas condições e sobrevivem com apenas US$ 5,5 por dia. 

A pesquisa de indicadores sociais revela uma realidade: o Brasil é um país profundamente desigual e a desigualdade gritante se dá em todos os níveis.
Seja por diferentes regiões do país, por gênero – as mulheres ganham, em geral, bem menos que os homens mesmo exercendo as mesmas funções -, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos respondem pelo maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de escolaridade.
Um país onde a renda per capita dos 20% que ganham mais, cerca de R$ 4,5 mil, chega a ser mais de 18 vezes que o rendimento médio dos que ganham menos e com menores rendimentos por pessoa – cerca de R$ 243. 

No Brasil, em 2016, a renda total apropriada pelos 10% com mais rendimentos (R$ 6,551 mil) era 3,4 vezes maior que o total de renda apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação variasse dependendo do estado.
Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos do país, a parcela da população de pretos ou pardos chega a 78,5%, contra 20,8% de brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos, pretos ou pardos respondiam por apenas 24,8%.
A maior diferença estava no Sudeste, onde os pretos ou pardos representavam 46,4% da população com rendimentos, mas sua participação entre os 10% com mais rendimentos era de 16,4%, uma diferença de 30 pontos percentuais.
Desigualdade acentuada
No que diz respeito à distribuição de renda no país, a Síntese dos Indicadores Sociais 2017 comprovou, mais uma vez, que o Brasil continua um país de alta desigualdade de renda, inclusive, quando comparado a outras nações da América Latina, região onde a desigualdade é mais acentuada.
Segundo o estudo, em 2017 as taxas de desocupação da população preta ou parda foram superiores às da população branca em todos os níveis de instrução. Na categoria ensino fundamental completo ou médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação dos trabalhadores pretos ou pardos era de 18,1%, bem superior que o percentual dos brancos: 12,1%.
“A distribuição dos rendimentos médios por atividade mostra a heterogeneidade estrutural da economia brasileira. Embora tenha apresentado o segundo maior crescimento em termos reais nos cinco anos disponíveis (10,9%), os serviços domésticos registraram os rendimentos médios mais baixos em toda a série. Já a Administração Pública acusou o maior crescimento (14,1%) e os rendimentos médios mais elevados”, diz o IBGE.
O peso da escolaridade
Os dados do estudo indicam que, quanto menos escolaridade, mais cedo o jovem ingressa no mercado de trabalho. A pesquisa revela que 39,6% dos trabalhadores ingressaram no mercado de trabalho com até 14 anos.
Para os analistas, “a idade em que o trabalhador começou a trabalhar é um fator que está fortemente relacionado às características de sua inserção no mercado de trabalho, pois influencia tanto na sua trajetória educacional – já que a entrada precoce no mercado pode inibir a sua formação escolar – quanto na obtenção de rendimentos mais elevados”.
Ao mesmo tempo em que revela que 39,6% dos trabalhadores ingressaram no mercado com até 14 anos, o levantamento indica também que este percentual cresce para o grupo de trabalhadores que tinha somente até o ensino fundamental incompleto, chegando a atingir 62,1% do total, enquanto que, para os que têm nível superior completo, o percentual despenca para 19,6%.
Ainda sobre o trabalho precoce, o IBGE constata que, em 2016, a maior parte dos trabalhadores brasileiros (60,4%) começou a trabalhar com 15 anos ou mais de idade. Entre os trabalhadores com 60 anos ou mais houve elevada concentração entre aqueles que começaram a trabalhar com até 14 anos de idade (59%).
A análise por grupos de idade mostra a existência de uma transição em relação à idade que começou a trabalhar, com os trabalhadores mais velhos se inserindo mais cedo no mercado de trabalho, o que pode ser notado porque 17,5% dos trabalhadores com 60 anos ou mais de idade começaram a trabalhar com até nove anos de idade, proporção que foi de 2,9% entre os jovens de 16 a 29 anos. 


O IBGE destaca que os trabalhadores de cor preta ou parda também se inserem mais cedo no mercado de trabalho, quando comparados com os brancos, “característica que ajuda a explicar sua maior participação em trabalhos informais”.
Já entre as mulheres foi maior a participação das que começaram a trabalhar com 15 anos ou mais de idade (67,5%) quando comparadas com a dos homens (55%). Para os técnicos do instituto, esta inserção mais tardia das mulheres no mercado de trabalho pode estar relacionada “tanto ao fato de elas terem maior escolaridade que os homens, quanto à maternidade e os encargos com os cuidados e afazeres domésticos”.
Cresce percentual dos que não trabalham nem estudam
O percentual de jovens que não trabalham nem estudam aumentou 3,1 pontos percentuais entre 2014 e 2016, passando de 22,7% para 25,8%. Dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 indicam que, no período, cresceu o percentual de jovens que só estudavam, mas diminuiu o de jovens que estudavam e estavam ocupados e também o de jovens que só estavam ocupados.
O fenômeno ocorreu em todas as regiões do Brasil. No Norte, o percentual de jovens nessa situação passou de 25,3% para 28,0%. No Nordeste, de 27,7% para 32,2%. No Sudeste, de 20,8% para 24,0%. No Sul, de 17,0% para 18,7% e no Centro-Oeste, de 19,8% para 22,2%. 

Ele atingiu, sobretudo, os jovens com menor nível de instrução, os pretos ou pardos e as mulheres e com maior incidência entre jovens cujo nível de instrução mais elevado alcançado era o fundamental incompleto ou equivalente, que respondia por 38,3% do total.
Pobreza é maior no Nordeste
Quando se avalia os níveis de pobreza no país por estados e capitais, ganham destaque – sob o ponto de vista negativo – as Regiões Norte e Nordeste com os maiores valores sendo observados no Maranhão (52,4% da população), Amazonas (49,2%) e Alagoas (47,4%). 

Em todos os casos, a pobreza tem maior incidência nos domicílios do interior do país do que nas capitais, o que está alinhado com a realidade global, onde 80% da pobreza se concentram em áreas rurais.
Ainda utilizando os parâmetros estabelecidos pelo Banco Mundial, chega-se à constatação de que, no mundo, 50% dos pobres têm até 18 anos, com a pobreza monetária atingindo mais fortemente crianças e jovens – 17,8 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, ou 42 em cada 100 crianças.
Também há alta incidência em homens e mulheres pretas ou pardas, respectivamente, 33,3% e 34,3%, contra cerca de 15% para homens e mulheres brancas. Outro recorte relevante é dos arranjos domiciliares, no qual a pobreza – medida pela linha dos US$ 5,5 por dia – mostra forte presença entre mulheres sem cônjuge, com filhos até 14 anos (55,6%). O quadro é ainda mais expressivo nesse tipo de arranjo formado por mulheres pretas ou pardas (64%), o que indica, segundo o IBGE, o acúmulo de desvantagens para este grupo que merece atenção das políticas públicas.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

O testemunho cristão – apocalipse 10


Introdução:  Antipas, da igreja de Pérgamo, morreu na perseguição. Foi chamado de “minha fiel testemunha” (Ap 2:13). Antes, Jesus tinha sido descrito  com a frase idêntica “testemunha fiel” (Ap 1.5), e também como “testemunha fiel e verdadeira” (Ap 3.14). De antipas, foi dito que “foi morto nessa cidade”, e isso por certo é verdade. Quanto a Jesus, o texto afirma também que ele era “o primogênito dentre os mortos” (Ap 1.5).

A palavra que no primeiro século significava falar a verdade sobre Deus, martus, veio para nossa língua como “mártir”, aquele que perde a vida por dizer o que pensa.



“Testemunho” era o relato pessoal de uma conversa. Profetas e apóstolos adquiriram a reputação de falar sem medo. Corriam grandes riscos. A taxa de mortalidade deles, pelo menos em Israel, era muito elevada.  Mais adiante no Apocalipse, João verá a grande prostituta “embriagada com o sangue dos santos, o sangue das testemunhas de Jesus” (Ap 17:6).

1)    Anjos. Quem são?
Do grego “angelos” e do hebraico “Malak” que significa  literalmente “mensageiro, enviado” (Lc 7:24 e Hb1:14: “não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor do que hão de herdar a salvação?”). “O anjo é uma criatura espiritual, sem corpo, criado por Deus para o serviço da cristandade e da igreja”. Martinho Lutero. “Os anjos são distribuidores e administradores da beneficência divina com relação a nós. Eles dão atenção à nossa segurança, encarregam-se da nossa defesa, dirigem nossos caminhos e exercem uma solicitude constante no sentido de que nenhum mal nos atinja”. João Calvino. 



          Os anjos são reais, apocalípticos, enormes, impetuosos, caminham sobre o mar e a terra. Tem o inferno nas narinas e o céus nos olhos. “O mundo de Deus é muito mais rico do que aquilo que podemos ver em nosso planeta”. “HÁ MAIS MISTÉRIOS ENTRE OS CÉUS E A TERRA DO QUE A VÃ FILOSOFIA DOS HOMENS POSSA IMAGINAR”. William Shakespeare

“criaturas sem pecado que habitam um mundo em que a matéria não estorva o espírito, que a usa com liberdade, sem limitações. Ao mesmo tempo são criaturas que, a despeito de terem inteligência mais elevada, colocam-na a serviço da causa da redenção, proteção e direção da humanidade terrena”.

          As escrituras apresentam o anjo de duas maneiras: 1) na forma de pessoas comuns, semelhantes ao homem. Tres homens apareceram a Abraão e Sara, que só mais tarde perceberam que eles eram anjos (Gn 18.2). O autor de Hebreus aconselha a prática da hospitalidade com o seguinte argumento: “... foi praticando-a que, sem saber, alguns acolheram anjos” (Hb 13:2); 2) manifestam  também por meio de visões, quando se apresentam de maneira extravagantes, figuras imensas que enchem o céu (Ap 10.1) 


          NOSSA GERAÇÃO: “uma geração como a nossa, que assume (sem provas) em suas teorias e literatura de ficção cientifica a existência de seres conscientes em outros planetas interessados  nesta terra, dificilmente acharia estranho acreditar em anjos”.“PRECISAMOS DE UMA TRANSFUSÃO DE SUBSTANCIAL DE GLÓBULOS VERMELHOS DE IMAGINAÇÃO NO SISTEMA CIRCULATÓRIO DE NOSSA FÉ” (ver Sl 18:10).

              
Em Apocalipse 10:1 vemos a descrição do anjo:  Coroado pelo arco-íris: o arco-íris aparece ao redor do trono de Deus (Ap 4:3). Fala que o trono de Deus é um trono de misericórdia, antes de ser um trono de juízo. O rosto brilhando como o sol: Esta é a mesma descrição de Jesus Cristo no início do apocalipse. Pisando no Oceano e na terra: Deus é soberano sobre tudo. Duas imensas colunas de fogo como pernas: juízo.

2) Sete trovões (vs. 3 e 4)

O anjo poderoso abre sua boca e ruge como leão, e a resposta é meteorológica: sete trovões (Ap 10:4). Sabemos dos sete selos, sete chifres, sete trombetas, sete selos, sete taças... mas “...guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escreve”.  Jesus havia dado conselho semelhante sobre lanças pérolas aos porcos (Mt 7:6). 


 O retumbante Salmo 29 provavelmente diz tudo que viremos a saber sobre as revelações do sete trovões: a voz do Senhor ressoa sete vezes no salmo, em criação e julgamento, com todas as criaturas do céu e da terra respondendo em adoração: “Glória”. 
“A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas. 
“A voz do SENHOR é poderosa; a voz do SENHOR é cheia de majestade. 
“A voz do SENHOR quebra os cedros; sim, o SENHOR quebra os cedros do Líbano. 
“Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens. 
“A voz do SENHOR separa as labaredas do fogo. 
“A voz do SENHOR faz tremer o deserto; o SENHOR faz tremer o deserto de Cades. 
“A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória” (Salmo 29:3-9, NVI).

 Ao descer do monte da Transfiguração, Jesus instruiu os três discípulos: “Não contem a ninguém o que voces viram” (Mt 17:9), não porque ninguém nunca devesse saber, mas porque não era a hora certa; Eclesiastes 3:7: “tempo de calar e tempo de falar”.

3) Pega o livrinho e come!

É a segunda vez que esse anjo aparece. Na primeira, estava diante do livro selado, perguntando insistentemente se havia alguém capaz de abri-lo (Ap 5.1-2). Aqui, ele segura o mesmo livro que agora está aberto – o significado foi revelado por meio da pregação. O apostolo pega o livro (vs. 8 e 9) que o anjo lhe mostra. “LIVRO” significa REVELAÇÃO INTELIGIVEL. A história na qual vivemos tem SENTIDO, ENREDO E PROPOSITO. “Eis que não haverá mais demora” (v.6). “HOJE É O DIA DA SALVAÇÃO” (Is  55.6).Vivemos em um agora intenso e eterno. “PARA O SENHOR, UM DIA É COMO MIL ANOS E MIL ANOS COMO UM DIA” (2 Pe 3.8). Por isso que temos que testemunhar...

O anjo manda João, além de pegar, COMER O LIVRO . Com isso, ele consome tudo, assimilando-o nos tecidos da vida (Sl 40.8).João pega o livro,  A VOZ CELESTIAL DIZ: “Vá, pegue o livro (Biblion) aberto que está na mão do anjo”. Ele conta o que aconteceu a seguir: “...me aproximei do anjo e lhe pedi que me desse o livrinho (Biblaridion)”. Apocalipse 10:10, diz: “peguei o livrinho (Biblaridion) da mão do anjo...”.  


  O EVANGELHO É SIMPLES E PROFUNDO. “Quem conheceu a mente do Senhor” (Rm 11:34 e Jó 26:14). Pega o que é capaz de assimilar, um livrinho no lugar de um livro.  O livro aberto foi apresentado, mas só conseguimos assimilar o conteúdo de um livrinho. Por mais que falarmos, só trataremos de uma parte do todo. Mesmo que nos expressemos muito bem, sabemos que estamos apresentando uma versão deficiente e abreviada da perfeição que é a palavra feita carne”

 Coma o livro “ele será amargo em seu estomago, mas em sua boca será doce como mel” (Ap 10:9).  O apostolo João deve ter lembrado da história de Ezequiel (Ez 2:8; 3:3). Essa experiência é comum a todos que incorporam a palavra de Deus nas suas (Sl 34:8).

 Contudo – e aí reside a ironia da doçura da palavra do testemunho, muitas vezes há rejeição, e aquele que testemunha sente a amargura da rejeição em seu estomago (Ez 2:7; 3:7). Jeremias, quase da mesmo época de Ezequiel, não teve sorte melhor (Jr 1:10; 20:8).  O testemunho sempre envolve as polaridades de doçura e amargura (Mt 11:28; Cl 3:5-6).

CONCLUSÃO: “... é preciso que voce profetize de novo acerca de muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10:11). “NÃO HÁ APOSENTADORIA NO SERVIÇO DO TESTEMUNHO”.  



domingo, 26 de novembro de 2017

UMA GERAÇÃO QUE NÃO CONHECE A DEUS

 “Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel. Então os israelitas fizeram o que Senhor reprova e prestaram culto aos baalins. Abandonaram o Senhor, o Deus dos seus antepassados, que os havia tirado do Egito, e seguiram e adoraram vários deuses dos povos ao seu redor, provocando a ira do Senhor. Abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e a Astarote. A ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos de invasores que os saquearam. Ele os entregou aos inimigos ao seu redor, aos quais já não conseguiam resistir. Sempre que os israelitas saíam para a batalha, a mão do Senhor era contra eles para derrotá-los, conforme lhes havia advertido e jurado. Grande angústia os dominava. Então o Senhor levantou juízes, que os libertaram das mãos daqueles que os atacavam. Mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos do Senhor. Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado. Por isso a ira do Senhor acendeu-se contra Israel, e ele disse: como este povo violou a aliança que fiz com os seus antepassados e não tem ouvido a minha voz, não expulsarei de diante dele nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu. Eu as usarei para por Israel à prova e ver se guardará o caminho do Senhor e se andará nele como o fizeram os seus antepassados.” (Juízes 2.10-22)
O texto que acabamos de ler fala a respeito das características de uma geração, e é um texto bem triste das Escrituras. O povo de Israel, durante 40 anos esteve sob a liderança de Moisés. Depois dele, Deus levantou Josué para liderar o povo na conquista da terra prometida. Depois que Josué morreu, a situação ficou terrível para Israel.
Com a morte de Josué, morreu também uma geração inteira que conhecia o Senhor e levantou-se outra geração que não conhecia a Deus. Essa geração passou por vários problemas, justamente porque não conhecia o Senhor. Chama-me a atenção esta expressão. Notem bem: “não conhecia o Senhor”.
Infelizmente, há pessoas que se contentam em conhecer a igreja do Senhor; o pastor, os membros, mas não estão preocupadas em conhecer o Senhor. Conhecer ao Senhor vai muito além disso. Conhecer o Senhor é ter uma experiência com ele e permitir que essa experiência influencie e transforme o seu modo de viver. É triste constatar que a nossa geração não conhece o Senhor. Isso fica claro quando mergulhamos nesse texto e identificamo-nos com as características de uma pessoa cuja geração não conhece a Deus.
Uma geração que não conhece a Deus…
1. Não se COMPROMETE em fazer o que é RETO aos seus olhos
“Então os israelitas fizeram o que Senhor reprova e prestaram culto aos baalins.” (Juízes 2.11)
Quando a geração não conhece a Deus, vive um estilo de vida voltado apenas para os seus interesses. O seu compromisso é consigo mesmo. O seu desejo é o que vale. O que importa é a satisfação das suas vontades. A vontade de Deus fica pra depois.
A vida com Deus requer uma disposição de fazer o que é bom perante o Senhor. Porém, é muito mais fácil fazer o que é bom diante da sociedade. Entretanto, aquilo que é bom perante os homens, nem sempre é bom perante Deus. E isso ficou claro no caso de Israel. Eles se igualaram às nações vizinhas. Eles se desviaram do caminho do Senhor.
·         A geração que não conhece a Deus se DESVIA do CAMINHO do Senhor
“Mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos do Senhor.” (Juízes 2.17)
Por vezes a estrada da vida parece tão dura e difícil que o mais natural a fazer é pegar um atalho que nos conduza, de um jeito mais fácil, aos nossos objetivos. Você já tentou pegar um atalho e acabou se perdendo? Motivada pelos atalhos que se apresentam como opções mais fáceis para a vida, esta geração tem perdido o rumo da sua existência.
·         A geração não conhece o seu Deus acaba QUEBRANDO a sua ALIANÇA com ele
“Por isso a ira do Senhor acendeu-se contra Israel, e ele disse: como este povo violou a aliança que fiz com os seus antepassados e não tem ouvido a minha voz, não expulsarei de diante dele nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu.” (Juízes 2.20-21)
Por ter feito o que era mal perante o Senhor, aquela geração quebrou a sua aliança com Deus. O que é uma aliança? Quem é casado ou noivo tem uma no dedo. Aliança é um sinal, uma representação de um acordo firmado entre duas pessoas que se comprometeram diante de Deus e algumas testemunhas, de que viveriam juntas na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza até que a morte viesse a separá-las. E, quando isso não acontece, ocorre a quebra da aliança. Israel havia se comprometido em servir ao seu Deus, em viver unido ao seu Deus até à morte, porém, eles quebraram essa aliança. Como está a sua aliança com Deus?
Uma geração que não conhece a Deus…
2. ENFRENTA sérias CONSEQUÊNCIAS
“Sempre que os israelitas saíam para a batalha, a mão do Senhor era contra eles para derrotá-los, conforme lhes havia advertido e jurado. Grande angústia os dominava.” (Juízes 2.15)
Precisamos compreender que as nossas atitudes geram consequências. E aqui encontramos uma geração tendo que enfrentar as duras consequências de não conhecerem a Deus. O escritor aos Hebreus nos advertiu:
“Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hebreus 10.31)
Como é maravilhoso contar com o favor do Senhor. Como é triste contar com a reprovação do Senhor. A mão de Deus pode ser tanto o favor de Deus quanto a oposição de Deus a tudo quanto fazemos. Neste caso, a mão de Deus se colocou em oposição a tudo o que o povo estava fazendo. Isso só aconteceu porque aquela geração não conhecia a Deus e nem se comprometia com ele.
Uma geração que não conhece a Deus…
3. Torna-se INCONSTANTE em seus caminhos
“Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.” (Juízes 2.18-19)
Diz o texto que, quando tudo ia mal, eles clamavam e buscavam ao Senhor, que se compadecia deles e mandava um libertador. Mas, quando tudo ficava bem, eles abandonavam ao Senhor. Será que essa atitude tem alguma semelhança com a atitude de tantos que ainda hoje, só procuram a Deus na hora da dor? Tantos que só procuram as bênçãos de Deus e se recusam a ter uma experiência com o Deus que dá as bênçãos?
A falta de um conhecimento profundo de Deus nos leva a um relacionamento superficial com ele. Tornamo-nos religiosos e até cumpridores dos nossos deveres, mas ocos e vazios por dentro.
Uma geração que não conhece a Deus…
4. Não o deixa TRATAR o seu CORAÇÃO
“Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.” (Juízes 2.19)
Essa foi uma geração que se recusou ser tratada por Deus. Uma geração que se contentou com uma maquiagem, que encobria a sua realidade diante de Deus. As nossas atitudes podem nos levar a um distanciamento de Deus. E podemos nos distanciar de Deus sem perceber que estamos distantes dele. Uma geração que não conhece a Deus não permite que ele cuide do seu coração. Seu coração ainda está doente? Talvez você esteja inserido em uma geração que ainda não conhece a Deus!
Conclusão:
À semelhança desta geração, nós vivemos numa geração que tem se rebelado contra Deus, que tem quebrado a sua aliança com Deus, que tem se recusado a aceitar o tratamento de Deus, que tem buscado a Deus somente quando se encontra em apuros. Há muita gente achando que conhece a Deus porque não falta a nenhuma celebração, vem à EBD, participa de todas as ferramentas de crescimento espiritual que a igreja oferece, entrega o seu dízimo, canta, ora e jejua.
Porém, talvez a palavra de Deus para sua vida, hoje, seja a mesma que ele liberou sobre seu povo no tempo dos juízes: “surgiu uma nova geração que não conheceu a Deus”.
Uma geração que não conhece a Deus…
1. Não se COMPROMETE em fazer o que é RETO aos seus olhos
2. ENFRENTA sérias CONSEQUÊNCIAS
3. Torna-se INCONSTANTE em seus caminhos
4. Não o deixa TRATAR o seu CORAÇÃO
Escolha, hoje, fazer parte da geração que conhece a Deus, que se compromete com Ele, que faz o que é reto aos seus olhos, que possui um espírito reto e que se submete ao seu tratamento diariamente. Decida hoje conhecer mais de Deus!


 Pr. Marcelo Coelho

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Aquilo que o homem semear, isso também colherá Gl 6:6-10



Introdução: consideremos a agricultura.

Primeiro, o que quer que você semeie, será o que colherá. Se lançar sementes de tomate à terra, não obterá milho, não importa o quanto deseja que o milho cresça! Segundo, o que quer que você semeie, você haverá de colher. Mesmo que a semente fique no solo sem produzir nenhum efeito aparente por longo tempo, ela brotará. Não é a ceifa que determina a colheita, mas a semeadura.

Exatamente o mesmo princípio opera na esfera moral e na espiritual. Quem decide como será a colheita, não são os que colhem, mas os semeadores. Se ele “semeia ventos, colherá tempestades”. Semear desonestidade rompe o tecido dos relacionamentos e cria a ruina da solidão. Semear inveja e ciúmes rompe o tecido da satisfação e cria a ruina da amargura. O QUE QUER QUE SEMEIE, VOCE COLHERÁ E O PECADO SEMPRE GERA RUINA, NUNCA ALEGRIA E VIDA (Jó 4.8; Os 8.7).

1)    Não vos enganei
Jesus disse que o diabo é um mentiroso e o pai da mentira, e advertiu os seus discípulos contra a possibilidade de serem enganados (Jo 8.44). O apostolo João nos adverte na sua segunda epístola, que “muitos enganadores tem saído pelo mundo afora” (2 João 7). Paulo nos roga “Ninguém vos engane com palavras vãs” (Ef 5.6). Já em Galátas, ele pergunta aos seus leitores: “Quem vos fascinou” (Gl 3.1). 



De “Deus não se zomba”. A palavra grega deriva de uma palavra que significa NARIZ e quer literalmente dizer “torcer o nariz para” alguém e, portanto, “Zombar” ou “tratar com desprezo”. A partir dai pode significar “brincar” ou “passar a perna”. O que o apostolo diz aqui é que os homens podem enganar a si mesmos, mas não podem enganar a Deus.

2)    O ministério cristão (v.6)
A palavra grega para “aquele que está sendo instruído na Palavra” é Katechoumenos, alguém que “está aprendendo o evangelho”. Aquele que está sendo instruído na palavra deve ajudar a sustentar o seu mestre. Assim um ministro pode esperar ser sustentado pela congregação. Ele semeia a boa semente de Deus e colhe o sustento material.

O SENHOR JESUS DISSE aos setenta que enviou “digno é o trabalhador do seu salário”. E Paulo, usando a linguagem da semeadura, ensina a mesma verdade: “Se nós vos semeamos as cousas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais”. Em 1 Timóteo 5:17 E 18 vemos: “Os presbíteros que lideram (labutam) bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente AQUELES CUJO TRABALHO É A PREGAÇÃO E O ENSINO. Pois a Escritura diz: Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal, e o trabalhador merece o seu salário”. A palavra “LABUTA” indica aquele que esforça na palavra com todas as suas forças e meios procurando entende-la e aplica-la.

3)    A santidade cristã
Em Gálatas 5, a vida cristã é comparada a um campo de batalha, e a carne e o Espírito são dois combatentes em guerra um contra o outro. “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário a carne” (v.17). Aqui, em Galatas 6, a vida cristã é comparada a uma propriedade rural, e a carne e o Espírito são dois campos em que nós semeamos. Além disso, a nossa colheita depende de onde e o que nós semeamos.

De acordo com Galatas 5, o dever do cristão é “andar no Espírito” (v.25); de acordo com Gálatas 6 é “semear para o Espírito”. Assim o Espírito Santo é comparado ao caminho pelo qual andamos (Gl 5) e ao campo no qual semeamos (Gl 6). COMO PODEMOS ESPERAR COLHER O FRUTO DO ESPÍRITO SE NÃO SEMEAMOS NO CAMPO DO ESPÍRITO? O velho ditado é verdadeiro: “Semeia um pensamento, colha um ato; semeia um ato, colha um hábito; semeia um hábito, colha um caráter; semeie um caráter, colha um destino”.

3.1) “Semeando para a carne”
Vimos que a nossa “carne” (sarx) é a nossa natureza caída, “com as suas paixões e concupiscências, a qual, se não for controlada, manifesta-se nas “obras da carne” (Gl 5.19-21): ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, etc. Essa natureza caída existe em cada um de nós e permanece em nós, mesmo depois da conversão e do batismo.

“Semear para a carne”: as sementes são pensamentos e atos. Toda vez que permitimos que a nossa mente abrigue um ressentimento; acalente uma queixa; entretenha uma fantasia impura; toda vez que permanecemos em má companhia; toda vez que vemos sites pornográficos; toda vez que acariciamos aconchegamos e afagamos a carne. SEMEAMOS NA CARNE. 



Exemplos de personagens bíblicos que disseram sim “a carne”: Adão e Eva disseram sim à carne, consequência, foram expulsos do jardim do Éden.  Acã disse sim à carne, desobedecendo as ordens de Deus, levando consigo a capa babilônica, prata e ouro então, sua casa foi apedrejada e seus bens. Se tivesse dito não, isso não teria acontecido (Js 7.19-26). Sansão perdeu a sua unção, seu ministério, sua vida, sua comunhão com Deus, porque disse sim a carne, consequência, ficou cego e morreu no meio dos escombros (Jz 16.17-22). Davi, também disse sim à carne; houve tanta miséria em sua vida: sua filha foi abusada, seu filho foi assassinado (Amnon), Absalão fez uma rebelião, etc.

HÁ CRISTÃOS QUE SEMEIAM PARA A CARNE TODOS OS DIAS E FICAM SE PERGUNTANDO PORQUE NÃO COLHEM SANTIDADE. A SANTIDADE É UMA COLHEITA; COLHER OU NÃO COLHER DEPENDE QUASE INTEIRAMENTE DO QUE E ONDE SEMEAMOS.

3.2) “Semeando para o Espírito”
É o mesmo que “o pendor do Espírito” (Rm 8.6) e “andar no Espírito”. Além disso, as sementes são nossos pensamentos e atos. Devemos “buscar” as coisas de Deus e “pensar nelas”, “cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2). Semeando no Espírito: oração; meditação diária na Palavra de Deus; frequência aos cultos (não perder o culto de santa ceia); se abster de más companhias, etc. Tudo isso é “semear para o Espírito”.

Personagens bíblicos que disseram sim ao Espírito: José preferiu ir para cadeia do que para a cama com a mulher de Potifar (Gn 39.12); O profeta Daniel disse não “aos manjares do rei” da Babilonia (Dn 1.8). Moisés recusou ser chamado filho da filha de Faraó, ele disse sim ao Espírito (Hb 11.24-29).

Paulo traça uma diferença entre as duas colheitas: se semearmos para a carne, “da carne colheremos corrupção”, isto é, vai haver um processo de decaimento moral. Iremos de mal a pior e finalmente PERECEMOS. Se, por outro lado, semearmos para o Espírito, vamos “do Espírito colher VIDA ETERNA. Vai iniciar-se um processo de crescimento moral e espiritual:  “até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” Efésios 4:13.

Conclusão: Vs 9-10
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”. 



Exortação: “não se cansem” nem desanimem de fazer o bem. O serviço cristão é cansativo e exigente. Somos tentados a desanimar, a relaxar e até mesmo a desistir. Se perseverarmos semeando, então “A SEU TEMPO CEIFAREMOS, SE NÃO DESFALERCEMOS”. Temos que ser como o lavrador que “aguarda com paciência o precioso fruto da terra...” (Tg 5.7)

terça-feira, 14 de novembro de 2017

LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS. Gl 5.26, 6.1-5


INTRODUÇÃO:  Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Gálatas 5:26

A palavra grega traduzida como “orgulhosos”  é Kenodoxoi, que significa literalmente “vangloriosos”  ou  “vazios de honra”. Portanto, o orgulho é uma insegurança profunda, uma percepção de ausência de honra e glória, levando à necessidade de provar nossa valor para nós mesmos e para as demais pessoas. “Provocando-nos uns aos outros e tendo inveja uns dos outros”. “Provocar” – grego prokaleo – é sinal de competitividade, tendo o sentido de desafiar alguém para uma disputa. “INVEJA” significa querer algo que pertence por direito a outra pessoa ou querer que essa pessoa não tenha tal coisa.

“Provocativa” é a postura de alguém que está certo de sua SUPERIORIDADE e MENOSPREZA alguém que ele entende que é mais fraco. “INVEJOSA” é a postura de quem tem consciência da própria INFERIORIDADE e se sente olhando “PARA CIMA”, para alguém que, na sua opinião, ocupa posição superior à sua.

Portanto, o verdadeiro relacionamento cristão é governado, não pela rivalidade, mas pelo serviço. A atitude correta para com as outras pessoas não é “Eu sou melhor do que você e vou prova-lo”, nem “Você é melhor do que eu e eu não gosto disso”, MAS “você é uma pessoa importante, com direitos próprios e eu tenho a alegria e o privilégio de servi-lo.

1)    Levai os fardos uns dos outros...
“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (v.2) Ou seja, todos nós temos cargas e que Deus não pretende que as carreguemos sozinhos. Um exemplo notável é dado na carreira do apostolo Paulo num estágio de sua vida, ele sentiu-se terrivelmente sobrecarregado. Estava preocupado até a morte com a igreja de Corinto. Paulo não encontrava descanso, tão grande era a sua expectativa “em tudo somos atribulados”, ele escreveu, “lutas por fora, temores por dentro”. Então ele prosseguiu dizendo: “Porém, Deus que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito” (2 Co 7.5-6). A amizade humana, através da qual levamos os fardos uns dos outros, faz parte do proposito de Deus para o seu povo (Fl 2.19-20; 1 Sm 18.1). 


Através desses fardos que ajudamos a carregar “cumprimos a lei de Cristo” (v.2). A lei de Cristo é amor aos outros como ele nos ama; este foi o novo mandamento que ele deu (Jo 13.34-35, Jo 15.12). Assim, tal como Paulo já havia declarado em Galatas 5.14, amar ao próximo é cumprir a lei. Então “amar ao próximo”, “levar os fardos uns dos outros” e “cumprir a lei”, são expressões equivalentes.

“Voce não pode ajudar a carregar um fardo a menos que se aproxime bastante da pessoa que o está carregando, que se coloque em sua pele e aplique sua própria força debaixo desse fardo, de modo que o peso dele seja distribuído entre vocês dois, aliviando quem você se dispôs a ajudar”. Tim Keller

Carregar os fardos dos outros é um grande ministério. É uma coisa que cada cristão deveria fazer. É cumprir a lei de Cristo. “Portanto”, escreveu Martinho Lutero, “os cristãos devem ter ombros fortes e ossos potentes”, bastante resistentes para carregar fardos pesados.

2)    Quando resisto...

O apostolo continua no versículo 3: “Porque se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana”. Com certeza se considera em posição elevada demais para ter coração de servo, para olhar à sua volta, notar os fardos alheios e ajudar as pessoas a carrega-los.


A verdade verdadeira, é que NÃO SOMOS “ALGUMA COISA”, “SOMOS NADA”! Será um exagero? Quando o Espírito Santo abre os nossos olhos para que nos vejamos como somos, rebeldes para com Deus, que nos fez a sua imagem, nada merecendo de sua mão além da destruição. Quando entendemos isso e nos lembramos disso, não ficamos nos comparando com os outros favoravelmente, nem nos recusamos a servi-los ou carregar seus fardos. “EU NÃO SOU O QUE DEVIA SER. EU NÃO SOU O QUE EU QUERO SER. EU NÃO SOU O QUE EU ESPERO SER. CONTUDO, EU NÃO SOU O QUE COSTUMA SER. E, PELA GRAÇA DE DEUS, SOU O QUE SOU”.

Lemos nos versículos 4 e 5: “Mas prove cada um seu labor, e então terá motivo de gloriar-se unicamente em si, e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo”. Não há contradição entre os versículos 2, “levai as cargas uns dos outros”, e o versículo 5 “cada um levará o seu próprio fardo”. A palavra grega para carga é diferente ( grego “baros”, v.2) que significa um PESO OU UM FARDO PESADO; já fardo (phortions, v.5) é um “termo comum para pacote, ou mochila”. Assim, devemos carregar os “fardos” que são pesados demais para uma pessoa carregar sozinha. Há, porém, um fardo que não podemos partilhar, e este é a nossa responsabilidade diante de Deus no dia do juízo.

3)    Compartilhando fardo...
“Surpreender”. O exemplo mais conhecido no Novo Testamento é o da mulher eu os fariseus levaram a Jesus, dizendo ter sido “apanhada em pecado de adultério” (João 8:4).


O que fazer? Esse é o grande teste do crente: Que faz ele com o homem que cai? Qual é a sua atitude para com aqueles que são apanhados em alguma falta? Qual é a sua obrigação para com aquele que tiver falhado? Qual é a responsabilidade do grupo ou da igreja?

“Se alguém for surpreendido nalguma falta ...corrigi-o”. O grego é katartizo, tem o sentido de “emendar”, “reparar”, “restaurar”. Esse era o termo usado para por no lugar um osso deslocado. Um osso que se desloca provoca dor extrema porque não está mantendo o relacionamento natural, para o qual foi projetado, com as demais partes do corpo. É inevitável que o ato de pôr um osso no lugar produza dor, mas é a dor que cura. Significa que devemos confrontar, mesmo quando for doloroso, mas nosso confronto deve ter como objetivo instigar a mudança de vida e coração.

Quando um crente cai em pecado, torna-se necessário um “reparo”, porquanto terá sofrido certos danos devido a sua má experiência. Tal reparação haverá de restaurá-lo perante os seus próprios olhos, perante Deus e perante a comunidade cristã. . “Vá até ele, estenda-lhe a mão, levante-o novamente, console-o com palavras brandas e abrace-o com braços de mãe” (Lutero). 



Quem deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o”. Esse ministério de amor e restauração de um irmão que errou é exatamente o tipo de coisa que devemos fazer quando andamos no Espírito. Só um cristão “espiritual” deve tentar restaurá-lo.

Como se deve fazer?  “Vós que sois espirituais, corrigi-o, com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
  
CONCLUSÃO. “Acaso sou eu tutor do meu irmão” (Gn 4:9). Se alguém é meu irmão, então eu sou o seu tutor. Devo cuidar dele com amor e preocupar-me com o seu bem-estar.