LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS. Gl 5.26,
6.1-5
INTRODUÇÃO:
Não nos tornemos vangloriosos,
provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Gálatas 5:26
A palavra
grega traduzida como “orgulhosos” é
Kenodoxoi, que significa literalmente “vangloriosos” ou “vazios
de honra”. Portanto, o orgulho é uma insegurança profunda, uma percepção de ausência
de honra e glória, levando à necessidade de provar nossa valor para nós mesmos
e para as demais pessoas. “Provocando-nos uns aos outros e tendo inveja uns dos
outros”. “Provocar” – grego prokaleo – é sinal de competitividade, tendo o
sentido de desafiar alguém para uma disputa. “INVEJA” significa querer algo que
pertence por direito a outra pessoa ou querer que essa pessoa não tenha tal
coisa.
“Provocativa”
é a postura de alguém que está certo de sua SUPERIORIDADE e MENOSPREZA alguém
que ele entende que é mais fraco. “INVEJOSA” é a postura de quem tem consciência
da própria INFERIORIDADE e se sente olhando “PARA CIMA”, para alguém que, na
sua opinião, ocupa posição superior à sua.
Portanto, o
verdadeiro relacionamento cristão é governado, não pela rivalidade, mas pelo
serviço. A atitude correta para com as outras pessoas não é “Eu sou melhor do
que você e vou prova-lo”, nem “Você é melhor do que eu e eu não gosto disso”,
MAS “você é uma pessoa importante, com direitos próprios e eu tenho a alegria e
o privilégio de servi-lo.
1)
Levai os fardos uns dos outros...
“Levai as
cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (v.2) Ou seja, todos
nós temos cargas e que Deus não pretende que as carreguemos sozinhos. Um exemplo
notável é dado na carreira do apostolo Paulo num estágio de sua vida, ele
sentiu-se terrivelmente sobrecarregado. Estava preocupado até a morte com a
igreja de Corinto. Paulo não encontrava descanso, tão grande era a sua
expectativa “em tudo somos atribulados”, ele escreveu, “lutas por fora, temores
por dentro”. Então ele prosseguiu dizendo: “Porém, Deus que conforta os
abatidos, nos consolou com a chegada de Tito” (2 Co 7.5-6). A amizade humana,
através da qual levamos os fardos uns dos outros, faz parte do proposito de
Deus para o seu povo (Fl 2.19-20; 1 Sm 18.1).
Através desses
fardos que ajudamos a carregar “cumprimos a lei de Cristo” (v.2). A lei de
Cristo é amor aos outros como ele nos ama; este foi o novo mandamento que ele
deu (Jo 13.34-35, Jo 15.12). Assim, tal como Paulo já havia declarado em
Galatas 5.14, amar ao próximo é cumprir a lei. Então “amar ao próximo”, “levar
os fardos uns dos outros” e “cumprir a lei”, são expressões equivalentes.
“Voce não pode ajudar a carregar um fardo a menos que se
aproxime bastante da pessoa que o está carregando, que se coloque em sua pele e
aplique sua própria força debaixo desse fardo, de modo que o peso dele seja distribuído
entre vocês dois, aliviando quem você se dispôs a ajudar”. Tim Keller
Carregar os
fardos dos outros é um grande ministério. É uma coisa que cada cristão deveria
fazer. É cumprir a lei de Cristo. “Portanto”, escreveu Martinho Lutero, “os
cristãos devem ter ombros fortes e ossos potentes”, bastante resistentes para
carregar fardos pesados.
2)
Quando resisto...
O apostolo
continua no versículo 3: “Porque se alguém julga ser alguma coisa, não sendo
nada, a si mesmo se engana”. Com certeza se considera em posição elevada demais
para ter coração de servo, para olhar à sua volta, notar os fardos alheios e
ajudar as pessoas a carrega-los.
Lemos nos versículos
4 e 5: “Mas prove cada um seu labor, e então terá motivo de gloriar-se
unicamente em si, e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo”.
Não há contradição entre os versículos 2, “levai as cargas uns dos outros”, e o
versículo 5 “cada um levará o seu próprio fardo”. A palavra grega para carga é
diferente ( grego “baros”, v.2) que significa um PESO OU UM FARDO PESADO; já
fardo (phortions, v.5) é um “termo comum para pacote, ou mochila”. Assim,
devemos carregar os “fardos” que são pesados demais para uma pessoa carregar
sozinha. Há, porém, um fardo que não podemos partilhar, e este é a nossa responsabilidade
diante de Deus no dia do juízo.
3)
Compartilhando fardo...
“Surpreender”. O exemplo mais conhecido no Novo Testamento é o da mulher
eu os fariseus levaram a Jesus, dizendo ter sido “apanhada em pecado de
adultério” (João 8:4).
O que fazer? Esse é o grande teste do crente: Que faz ele com o
homem que cai? Qual é a sua atitude para com aqueles que são apanhados em
alguma falta? Qual é a sua obrigação para com aquele que tiver falhado? Qual é
a responsabilidade do grupo ou da igreja?
“Se alguém for surpreendido nalguma falta ...corrigi-o”. O grego é
katartizo, tem o sentido de “emendar”, “reparar”, “restaurar”. Esse era o termo
usado para por no lugar um osso deslocado. Um osso que se desloca provoca dor
extrema porque não está mantendo o relacionamento natural, para o qual foi
projetado, com as demais partes do corpo. É inevitável que o ato de pôr um osso
no lugar produza dor, mas é a dor que cura. Significa que devemos confrontar,
mesmo quando for doloroso, mas nosso confronto deve ter como objetivo instigar
a mudança de vida e coração.
Quando um crente cai em pecado, torna-se necessário um “reparo”,
porquanto terá sofrido certos danos devido a sua má experiência. Tal reparação
haverá de restaurá-lo perante os seus próprios olhos, perante Deus e perante a
comunidade cristã. . “Vá até ele, estenda-lhe a mão, levante-o novamente,
console-o com palavras brandas e abrace-o com braços de mãe” (Lutero).
Quem deve fazer? “Vós que sois espirituais, corrigi-o”. Esse
ministério de amor e restauração de um irmão que errou é exatamente o tipo de
coisa que devemos fazer quando andamos no Espírito. Só um cristão “espiritual”
deve tentar restaurá-lo.
Como se deve fazer? “Vós que sois espirituais, corrigi-o,
com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
CONCLUSÃO. “Acaso sou eu tutor do meu irmão” (Gn 4:9). Se alguém é
meu irmão, então eu sou o seu tutor. Devo cuidar dele com amor e preocupar-me
com o seu bem-estar.
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