quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A singularidade dos caminhos de Deus  Habacuque 1:1-11 



I.                   Os caminhos de Deus às vezes são misteriosos

Sua inação

A primeira coisa que descobrimos quando estudamos as ações de Deus é que pode parecer que ele esteja estranhamente silencioso e inativo em circunstâncias provocativas. Por que Deus permite que certas coisas aconteçam?

Por que a Igreja Cristã é o que é hoje? Veja sua história no decurso dos últimos quarenta ou cinqüenta anos. Por que permitiu Deus tais condições?

Também, por que Deus não respondeu às orações de seu povo fiel? Vimos orando pelo reavivamento durante trinta ou quarenta anos. Nossas orações têm sido sinceras e urgentes. Temos deplorado o estado das coisas e temos clamado a Deus por causa dessa situação. Mas ainda assim parece que nada acontece. A semelhança do profeta Habacuque, muitos perguntam: "Até quando clamarei eu, e tu não me escutarás? gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?"

Suas providências inesperadas
A segunda coisa que descobrimos é que Deus, às vezes, dá respostas inesperadas às nossas orações. Isto, mais do que qualquer outra coisa, foi o que deixou Habacuque perplexo.

Na mente de Habacuque estava perfeitamente claro que Deus tinha de castigar a nação e depois enviar um grande reavivamento. Mas quando Deus disse: "Estou respondendo à sua oração suscitando o exército caldeu para marchar contra suas cidades e destruí-las", o profeta não conseguia acreditar no que ouvia. Mas foi o que Deus lhe disse, e o que realmente ocorreu. 



João Newton escreveu um poema no qual descreve uma experiência pessoal semelhante. Ele desejava algo melhor em sua vida espiritual. Clamou por um conhecimento mais profundo de Deus. Esperava uma visão maravilhosa de Deus rompendo os céus e descendo com chuvas de bênçãos. Em vez disto, Newton teve uma experiência na qual, durante meses, Deus parecia tê-lo entregue a Satanás. Foi tentado e provado além de sua compreensão. Mas afinal chegou a entender e viu que aquele era o modo de Deus responder-lhe. Deus havia permitido que o poeta descesse às profundezas a fim de ensinar-lhe a depender inteiramente dele. Havendo Newton aprendido a lição, o Senhor tirou-o daquela provação.

Fora, Desespero! Meu Senhor gracioso escuta:
Embora ventos e ondas meu barco venham atacar,
Ele o preserva; ele dirige sua conduta,
Mesmo quando o barco parece muito balançar:
Tempestades o triunfo da sua arte são:
Ele pode fechar seus olhos, mas não seu coração"

Seus instrumentos incomuns

O terceiro aspecto surpreendente dos caminhos de Deus é que ele às vezes usa instrumentos estranhos para corrigir sua Igreja e seu povo. Os caldeus, dentre todos os povos, são os que Deus vai suscitar para castigar a Israel! Não se podia imaginar tal coisa. Mas aqui também está um fato evidente em toda a Bíblia. Deus, se assim o quiser, pode usar até mesmo os ímpios caldeus. 


Devemos entender a possibilidade de que as forças que hoje mais se opõem à Igreja Cristã talvez estejam sendo usadas por Deus para seu próprio propósito. O ensino claro do profeta é que Deus pode usar instrumentos muito estranhos, e às vezes o último instrumento que teríamos esperado.

 II. Os caminhos de Deus às vezes são mal interpretados

A.    Por pessoas religiosas descuidadas

Em Habacuque 1:5, Deus se refere aos ímpios em Israel, aqueles que se haviam tornado descuidados e frouxos. "Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos, e desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada." A atitude deles era: "Vejam o que esse profeta anda dizendo: que Deus vai usar os caldeus. Como se Deus pudesse fazer tal coisa' Não há perigo; não lhe dêem ouvidos. Os profetas são sempre alarmistas, e nos ameaçam com o mal. Que idéia essa de que Deus há de suscitar um povo como os caldeus para castigar a Israel! Isso é impossível!


A atitude que encontramos em Israel é tão antiga quanto à que o povo tinha na época do Dilúvio. Por meio de Noé, Deus advertiu o mundo antigo, do juízo, dizendo: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem". Os homens porém, zombaram dizendo que tal coisa era monstruosa e não poderia acontecer. Deu-se o mesmo com Sodoma e Gomorra. As pessoas despreocupadas nunca poderiam crer que suas cidades seriam destruídas. Diziam que Deus interviria antes que tal acontecesse, e continuaram em seus caminhos indolentes na esperança de que Deus as livraria sem muita dificuldade para elas. No tempo de Habacuque a atitude era a mesma. Mas aconteceu que Deus suscitou os caldeus, e Israel foi atacado e conquistado. A nação foi devastada e levada para o cativeiro.

B.     Pelo mundo
Em segundo lugar, os caminhos de Deus são surpreendentes para o mundo. "Então passam como passa o vento, e seguem; fazem-se culpados esses, cujo poder é o seu deus" (Habacuque 1:11). Os caldeus falharam completamente em compreender que Deus os estava usando, atribuíram todo o êxito alcançado ao seu próprio deus. Pensavam que deviam o sucesso às suas proezas militares, e se vangloriavam do fato Mas Deus logo ia demonstrar-lhes que as coisas não eram assim, e que como ele os havia suscitado, do mesmo modo podia abatê-los.

Não compreendem o verdadeiro significado da história. Grandes potências têm-se levantado e conquistado por algum tempo, mas sempre se embriagam com seu próprio sucesso. E, de súbito, chega a sua vez de serem abatidas. O verdadeiro significado da história nunca lhes passa pela cabeça.

C.     Pelo próprio profeta
Finalmente, os caminhos de Deus eram desconcertantes até para o próprio profeta. Porém sua reação foi muito diferente da do povo. Ele só queria saber como isto se reconciliaria com a santidade de Deus. Ele exclama: "Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita."

III -   A história está sob controle divino

"Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa." Deus controla não somente a Israel, mas também seus próprios inimigos, os caldeus. Toda nação da terra está sob a mão divina, porque não há poder neste mundo que, em última instância, não seja por ele controlado. As coisas não são o que aparentam. Parecia que a astuta façanha militar dos caldeus é que os levara a uma posição de ascendência. Mas não foi assim, de maneira alguma, porque Deus é que os suscitara. Deus é o Senhor da história. Ele está sentado nos céus, e as nações são para ele "como gafanhotos, como um pingo que cai dum balde, e como um grão de pó na balança". 



I.                   A história segue um plano divino

As coisas não acontecem por acaso. Os acontecimentos não são simplesmente acidentais, porque há um plano definido da história e tudo foi pré-organizado desde o começo. Deus que "vê o fim desde o princípio" tem um propósito em tudo, e conhece os "tempos ou épocas". Ele sabe quando deve ou não abençoar a Israel. Tudo está em suas mãos.

Conclusão:  A história está ligada ao reino divino

A chave da história do mundo é o reino de Deus. A história das demais nações mencionadas rio Antigo Testamento só tem importância quando se relaciona com o destino de Israel. E, em última instância, a história hodierna só tem importância em relação com a história da Igreja Cristã. O que realmente importa no mundo é o reino de Deus. Desde o princípio, desde a queda do homem, Deus vem trabalhando no estabelecimento de um novo reino no mundo. E o seu próprio reino, e ele está chamando as gentes do mundo para esse reino; e tudo o que acontece no mundo relaciona-se com o reino que ainda está em processo de formação, mas que atingirá sua
consumação perfeita.


D.  Martyn Lloyd-Jones 


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