terça-feira, 29 de março de 2016

TER FILHOS. DT 6:4-9.


O que significa ter filhos? Custo financeiro! Segunda a Revista Veja, o custo de um filho da alta sociedade no período dos 13 aos 19 anos, era de R$ 727.000,00!

Custo emocional. Pense, por exemplo, nas noites mal dormidas: Enquanto são bebês, você não dorme à noite, porque eles choram com cólicas. Quando crianças, você não dorme à noite porque eles estão com medo ou com sede. Quando adolescentes você não dorme à noite porque eles trazem amigos para dormir em casa, mas passam a noite ouvindo musica e conversando. Quando jovens, você não dorme à noite porque eles saem e demoram para voltar para casa. Quando são adultos, você não dorme à noite porque eles se casam, tem filhos e os trazem para dormirem com você.

Mas qual é o lugar da paternidade na visão bíblica?  CRIANÇAS SÃO PRESENTES DE DEUS PARA AJUDAR PESSOAS IMATURAS A TORNAREM-SE ADULTAS. ELAS SÃO TAMBÉM PRESENTES DE DEUS PARA AJUDAR PAIS A APROFUNDAREM SUA RELAÇÃO COM DEUS.

1)    UM PROCESSO DE ENSINO E DISCIPLINA.

1.1)         Ensine seus filhos, Dt 6:4-9.

a)    Tenha a voz do Deus Criador como a fonte da sabedoria.
“Ouça Israel” (v.4).  O imperativo aponta para uma atitude não apenas de escutar um discurso, mas de acolher no mais profundo do coração tudo quanto é dito. POR QUÊ? “O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor”. O Senhor conhece, nos mínimos detalhes, todo o funcionamento biológico, psicológico e social dos homens e das mulheres. Outra questão: ELE É O ÚNICO SENHOR! (Mc 12.28-30)  Quem é o Senhor da sua vida? A Bíblia nos convida a submetermos nossos pensamentos, sentimentos e atitudes à autoridade de Deus, fazendo dEle o nosso Senhor.

b)    Mantenha o foco no amor e não nas regras.

Deus demanda amor de seus filhos, de todo o coração (centralidade), de toda a alma (profundidade) e com todas as forças (empenho).  Este desafio é direcionado, prioritariamente, aos pais. Conseqüentemente, eles deverão ensinar seus filhos não a “obedecerem a Deus”, mas a “amarem a Deus”. Aqui existe um grande abismo que divide pais que transmitem a seus filhos religiosidade e não espiritualidade.

A obediência baseada no medo não conduz ao amor, mas o amor conduz à obediência (João 14:21-24; João 21:15-17). Deus não quer nossas atitudes, ele quer o nosso coração, Ele sabe que pode nos transformar de dentro para fora. Quando exigimos de nossos filhos apenas obediência, duas são as conseqüências. 1) eles mudam quando estão diante de nós, mas continuam os mesmos longe de nossos olhos. 2) eles passam a achar que podem se relacionar com Deus como se relacionam conosco, ou seja, numa espiritualidade do tipo “engana que eu gosto”.

“Um pai certa feita foi surpreendido pelo filho. Correndo até o sofá, se colocou em pé sobre ele, de forma que ficou um pouco acima da altura do seu pai. Então, o menino lhe disse: “Pai, você acha que quando eu tiver este tamanho ainda vou te obedecer? Num de sabedoria, o pai respondeu: “Se você ainda me amar, você vai me obedecer”.

O autor de Provérbios insiste em dizer: “Dá-me o teu coração”(Pv 23.26). Neste livro, a palavra coração aparece em 70 de seus versos. O apelo constante é para que o filho guarde as palavras do pai em “seu coração”(Pv 4.4; Pv 7.1). 



c)     Assuma a responsabilidade de influenciar.

Deuteronômio 6:7-9 nos diz que é de inteira responsabilidade dos pais ensinar seus filhos a amarem a Deus. Pais devem educar seus filhos através do ensino, fazendo uso de algumas coisas: 1) PERSISTENCIA. A palavra traduzida aqui como “persistência” manifesta a idéia de dedicação intencional. A grande questão é: “Pais tem se dedicado intencionalmente à formação espiritual de seus filhos?”. Você é capaz de mostrar-lhes onde se encontra o principio que diz que eles não devem mentir ou agredir com palavras outra pessoa?


Que você crie situações de convivência e dialogo com seus filhos. Até os cinco anos de idade, se dá a formação da personalidade de uma criança. Dos 6 aos 11 anos você ainda consegue, com certa dificuldade, fazer pequenos ajustes nos valores e atitudes. No entanto, após os doze anos, a porta do coração de seu filho para a sua influencia se fecha e abre-se para o grupo de amigos. 2) SÍMBOLOS. Porções das Escrituras que eram fixadas em pequenas tábuas e colocadas sobre as portas e os portões de uma casa.

1.2)         Discipline seus filhos.


Enquanto o ensino é o esforço preventivo na formação de uma criança, a disciplina é o reforço corretivo no processo. No entanto, em nossa sociedade, a cada dia torna-se mais nítida a dificuldade dos pais em estabelecer limites aos seus filhos. Os noticiários estão repletos de exemplos de jovens que pertencem a uma geração de crianças criadas sem limites. (Pv 13:24; Pv 19:18; Pv 29:15; Pv 29:17). 



É preciso evitarmos dois erros que deturpam grandemente o conceito de disciplina. O primeiro deles é o da redução do conceito de disciplina à mera “punição física”. O segundo erro é fazer uso da disciplina como um instrumento de vingança ou canal de manifestação de raiva.

CONCLUSÃO

FILHOS FONTE DE ALEGRIA OU DE TRISTEZA? (Sl 127:3-5). O salmo 127.5 afirma: “como é feliz o homem (e a mulher) que tem sua aljava cheia deles”. Na sociedade secular felicidade é conceito individual e associado ao prazer imediato, mas na sabedoria bibilica felicidade é produto final de alguém que aprende amar de forma madura e consistente.   Precisamos perceber que filhos são presentes de Deus para conduzir adultos à descoberta da verdade felicidade (v.5), que é produzida pela a maturidade daqueles que aprendem a amar.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Falsos Pastores e o bom pastor (Mt 7:15-23).


“Pastores vivem à sombra da cruz, lobos vivem à sombra dos holofotes”

“Pastores buscam o bem das ovelhas, os lobos buscam os bens das ovelhas”.

Introdução:
A constatação de que existem líderes maus intencionados e igrejas que nada mais são do que estruturas de exploração de pessoas, seria a base para afirmamos que não existem igrejas confiáveis nas quais possamos desenvolver uma espiritualidade consistente ou não existem líderes de caráter quais possamos confiar nossas vidas?

1)    Jesus e os Falsos Profetas.
·        “Cuidado com os falsos profetas (Mt 24:11). O poder de convencimento destes falsos profetas será grande porque “realizarão grandes sinais e maravilhas” (Mt 24:24).

·        Falsos profetas não se constituem uma surpresa nos planos de Jesus e de sua igreja. Eles sempre estiveram presentes na vida dos povos da antiguidade, eles atuavam nos tempos em que Jesus percorria as terras da Palestina ensinando seus discípulos e continuaram a se levantar ao longo da história gerando confusão com seus ensinamentos e escândalos com suas vidas (At 20:29-30).

·        No entanto, o alerta de Jesus aos seus discípulos não tem como intenção encorajá-los ao desenvolvimento de um estilo de espiritualidade segura: solitária e autônoma. Não Solitária (Hb 10:25). Não autônoma (Hb 13:17): ser discípulo é tão importante quanto o fazer discípulos. Numa visão saudável de espiritualidade, ao mesmo tempo que sou desafiado  a cuidar de alguns, deixo-me cuidar por outros.


1.1)         O caráter do falso profeta (V.15).
·        São lobos. O bom pastor alimenta o rebanho com a verdade; o falso mestre, com um lobo, divide-o através do erro. Os cães e os porcos, por causa de seus hábitos imundos, são fáceis de reconhecer. Mas não os lobos, pois penetram sorrateiramente no rebanho, disfarçados de ovelhas. Algumas posturas: 1) reivindica ser um mestre da verdade (pouca humildade(2 Co 2:1-5); 2) simula piedade: disfarça seu propósito sombrio sob o manto da piedade cristã, esperando que o seu inócuo disfarce, evite o desmacaramento; 3) ostenta títulos: títulos acadêmicos impressionantes.

·        Provas. Fruto: conduta, caráter, comportamento. Os “falsos profetas” não são identificados pela ausência de “carisma” mas pela ausência de caráter. Carisma no meio secular é usado para caracterizar o individuo possuidor de uma presença marcante e uma liderança contagiante. No meio religioso é a capacidade de manipular o sobrenatural. Mas,  pergunta-se: Ele tem o fruto do Espírito (Gl 5:22), ou é, carnal (Gl 5:19).

·        Ensinamento e influencia. Ensinamento (Mt 12:33-37). Doutrina sadia e vida santa são os sinais dos verdadeiros profetas.

·        Influencia. Que efeitos os seus ensinamentos estão produzindo nos seus discípulos? (2 Tm 2:16-18). Seu processo canceroso progride conforme vai perturbando a fé das pessoas, promovendo a impiedade e provocando divisões dolorosas. O ensinamento bom, por outro lado, produz fé, amor e piedade.

2)    Liderança e Caráter – o verdadeiro pastor.
·        No compromisso com os princípios e os valores de Deus. Suas decisões e suas atitudes estão claramente comprometidas com os princípios que são ensinados nas Escrituras e com os valores desejados por Deus para nossas vidas (1 Tm 3:1-5).

·        Na perseverança diante de oportunidades e de adversidades. 1) Quando nos encontramos numa situação em que pensamos que ninguém, absolutamente ninguém, está observando o que estamos prestes a fazer. Reputação é o que as pessoas  pensam ao meu respeito. Caráter é o que sou quando ninguém está me olhando. Lutero: “Não vou abrir mão da minha consciência”.(1 Co 9:27) 2) A segunda situação é quando o caráter cristão é grandemente provado em meio as adversidades (2 Co 4: 8-12).


CONCLUSÃO:  A existência dos falsos profetas não justifica a opção por uma espiritualidade disfuncional baseada na solidão e na autonomia (Hb 13:7; Hb 13:17).


terça-feira, 22 de março de 2016

Jesus – Sumo Sacerdote Para Sempre Segundo a Ordem de Melquisedeque. Hb 7

Introdução.


Os leitores da carta aos hebreus eram judeus. Tinham se tornado cristãos, mas no momento estavam pensando em renunciar ao cristianismo e voltar ao judaísmo do qual sairam. Por 1500 anos olharam para Arão e seus descendentes como sacerdotes – representando-os diante de Deus e oferecendo sacrifícios e variadas ofertas em favor deles. Quando se tornaram cristãos, foi-lhes dito que deixassem esse sacerdócio aarônico e aceitassem a Jesus como seu sumo sacerdote. Deviam fazê-lo ainda que ele não tivesse vindo da tribo sacerdotal de Levi, mas da tribo dos reis de Judá.

1)    O sacerdócio de Cristo é superior ao dos sacerdotes judaicos (7.1-10).
No Antigo Testamento houve dois grandes sumo sacerdotes – Melquisedeque e Arão. Dos dois, o maior foi Melquisedeque. Cristo é maior que os sacerdotes que os judeus conheciam  porque, como declara o Salmo 110.4, ele é sumo sacerdote, não segundo a ordem de Levi, mas de Melquisedeque.

Genesis 14.18-24 nos fala de Melquisedeque: E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. Gênesis 14:18-20


Onde estava Levi quando isso tudo aconteceu? Um dia ele seria descendente de Abraão, mas esse fato aconteceu muito antes de ele nascer. É obvio que Melquisedeque é maior do que Abraão, pois este lhe deu o dízimo  de tudo (versículos 4,6-7). Podemos dizer então que Levi pagou o dizimo a Melquisedeque, já que estava nas entranhas de Abraão naquele tempo. Sim, Levi, que com os seus descendentes tinha o direito dos dízimos de Israel (v.5), na verdade pagou dízimos a Melquisedeque (VS. 9-10).

Ora, o salmo 110.4 anuncia que o Senhor Jesus Cristo é sumo sacerdote “para sempre”,não segundo a ordem menor (de Levi), mas da maior (de Melquisedeque). Esse Melquisedeque era tanto rei como sacerdote (v.1). O seu nome significa “rei da justiça” e também rei da paz, pois “Salém” significa paz.  Ele aparece no palco da história sem genealogia, pelo menos nenhum documentada (v.3), nada sabemos da sua morte (VS 3,8). Portanto, Melquisedeque é uma figura do Filho de Deus que não herdou seu sacerdócio (porque o tem por direito) nem possui sucessor (porque é sacerdote para sempre).


2)    O sacerdócio de Cristo é mais efetivo do que o dos sacerdotes do judaísmo (7.11-19).

Segundo o Salmo 110.4 o Messias, quando viesse, não seria sacerdote levita, pertenceria a outra ordem (v.17), viria de outra tribo (VS. 13-14) e não exerceria seu sacerdócio em virtude de considerações carnais, mas pela autoridade e poder de possuir vida eterna (v.16). SE O SACERDÓCIO LEVITICO PUDESSE TER FEITO PELO PECADOR TUDO O QUE NECESSITAVA TER SIDO FEITO, NÃO SERIA PRECISO QUE HOUVESSE OUTRA ORDEM DE SACERDOTES (V.11).

Se o sacerdócio levítico seria posto de lado para que outro sacerdócio vigorasse, segue que todos os ritos, cerimônias e sacrifícios seriam postos de lado. Todo esse sistema era temporário e imperfeito. Era fraco, sem valor permanente, e totalmente incapaz de chegar a ser perfeito (VS 18 e 19 e Rm 3.28).

Como um sacerdote do Antigo Testamento entrava em seu oficio? Tinha de nascer na tribo de Levi e na família certa. Crescia e, aos trinta anos de idade, entrava automaticamente no trabalho sacerdotal (v.20). Nada mais era requerido, nem mesmo um juramento de fidelidade.  Agora, COMO JESUS ENTROU EM SEU SACERDÓCIO? (VS. 20-22). Ele foi ordenado por juramento, não por si mesmo, mas por Deus Pai: “Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque” (v.21).

3)    O sacerdócio de Cristo é de mais longa duração do que o dos sacerdotes do judaísmo (7.23-25).

Nenhum sacerdote em Israel viveu para sempre. Uma geração de sacerdotes dava lugar à próxima geração. Portanto, era um sacerdócio marcado por constantes mudanças.  Com o Senhor Jesus, não é assim. O seu sacerdócio foi dado pessoalmente e não era hereditário. Não poderia ser passado para outra pessoa – e nem precisaria, pois ele “continua para sempre” (v.24). ELE VIVE PARA SEMPRE E JAMAIS MORRERÁ. ISSO QUER DIZER QUE QUANDO NOS APROXIMAMOS DE DEUS POR MEIO DELE, ELE ESTÁ SEMPRE PRESENTE, SEMPRE ALI, SEMPRE À DISPOSIÇÃO E JAMAIS SE AUSENTA. SENDO TODO-PODEROSO, NÃO HÁ QUEM ELE NÃO POSSA AJUDAR. NÃO IMPORTA O QUE, NEM QUANTAS VEZES, TENHAMOS FEITO ANTES – ELE JAMAIS NOS DECEPCIONA (V.25).

CONCLUSÃO: O SACERDÓCIO DE CRISTO ATENDE EXATAMENTE À NECESSIDADE DO PECADOR (7.26-28).


Preciso de um sumo sacerdote  que seja em si mesmo santo e tem o direito de entrar na presença imediata de Deus e ali promover minha causa. Ele terá de ser homem, porque eu sou humano. Preciso que ele fale por mim, mas não tenha de falar primeiramente em favor dele mesmo (v.27). Preciso de um sumo sacerdote cuja intercessão por mim certamente prevaleça. O Senhor Jesus Cristo é esse sumo sacerdote. 

terça-feira, 15 de março de 2016

Está na hora de crescer- Hebreus 5:11-14 e 6:1-8.


O autor conhecia muito bem a mentalidade do povo a quem se dirigia e, assim, ao dizer que Cristo é o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10), um pensamento lhe ocorre. Ele deseja dizer mais sobre o assunto, mas o que adianta? Os hebreus não o entenderão (11 a).

A verdade que ele acabara de mencionar é uma das mais profundas da fé cristã e bastante difícil de explicar. Porém, os hebreus são “tardios em ouvir” (v.11). A palavra que usa aqui é muito expressiva: nothoros significa tardio de mente, torpe em entender, duro de ouvido, néscia e insensatamente esquecido. Não captam muito rapidamente as verdades espirituais. Aprendem muito devagar.

1)    O cristão que recusa crescer (Hb 5.11-13). 



Os hebreus eram cristãos durante muitos anos, mas ainda viviam como meninos e estavam longe da maturidade. “Neste estágio da vida, vocês deveriam ser mestres da vida cristã. Mas, em vez disso, o que aconteceu? Ainda estão na alfabetização, tendo, novamente, necessidade de alguém que lhes ensine as coisas mais básicas da fé cristã”. A diferença entre o cristão maduro e o menino está no tipo de alimento: leite e alimento sólido (1 Co 3.2; 14;20; Ef 4.14-15).

Voces estão como crianças que nasceram há muito, mas ainda não são capazes de se alimentar de comidas sólidas. Precisam de leite, não de alimentação. Não conseguem enfiar os dentes em nada consistente. Não avançaram além do que estavam quando nasceram de novo. Limitando-se ao leite, vocês permanecem criancinhas quando já deviam estar crescidos. São inexperientes na palavra da justiça, porque não conseguem entender mais, porque não estão preparados para tanto. Não conhecem a Palavra, não sabem como manejá-la. Não surpreende que não consigam entender como Cristo “é sumo sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque”!

A palavra usada para rudimentos é stoiqueia. O termo tem uma variedade de significados. Em gramática significa as letras do alfabeto, o A B C; em física os quatro elementos básicos dos quais se compõe o mundo; em geometria os elementos de prova como o ponto e a linha reta; em filosofia os primeiros princípios com os quais começam os estudantes. O autor lamenta que depois de muitos anos de cristianismo seus fiéis não tenham superado o elementar; são como os meninos que não conhecem a diferença entre o bem e o mal.

Temos de ter em mente duas figuras: uma de um bebê que cresce e outra de uma escola. Qual a sua posição nessa escola? A de um infante aprendendo as primeiras coisas do maternal ou a de mestre? Somente o crente maduro pode ingerir alimento sólido. E como chegam a tal condição? É “pela prática” (v.14) que “tem as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”. Sabem discernir a verdade do erro e o bom comportamento daquele que é mau.

2)    O perigo da apostasia (Hb 6.1-3).
Esse texto insiste conosco que não fiquemos apenas nos alimentando de leite, mas progridamos para o alimento sólido, que não nos contentemos com ficar na classe dos bebês e, sim, progridamos na escola a ponto de nos tornar mestres. O “pondo de parte” do versículo 1 não significa esquecimento e, sim, “deixar para trás para progredir”.  O apostolo menciona seis doutrinas básicas, que se agrupam em tres pares. O primeiro par fala da salvação; o segundo, das ordenanças; o terceiro trata do estado final.  AQUELE QUE CONHECE E COMPREENDE APENAS ISSO AINDA É UM BEBÊ QUE DEPENDE DO LEITE PARA SOBREVIVER.

O PRIMEIRO “PAR”, ou seja, “arrependimento de obras mortas e da  fé em Deus (v.1). Você entende nitidamente como sua vida cristã começou? Ela começou com a dolorosa percepção de que nós jamais conseguimos agradar a Deus. Portanto, resolvemos dar as costas a tudo o que vivíamos no passado. Entregamo-nos a ele, pedindo que nos perdoe os pecados e nos salve.

O segundo “par” central da passagem, ou seja, a doutrina “de batismos e da imposição de mãos”. Por meio do Espírito Santo fomos iniciados na vida espiritual. Esta experiência é o que nos torna membros da igreja de Jesus Cristo. O sinal externo e visível é o batismo em água. “Imposição de mãos” é quando diáconos ou presbíteros eram ordenados ou homens eram separados para a implantação de igrejas ou ministérios semelhantes (Atos 6.6).

O terceiro “par” , fala da “ressurreição dos mortos e o juízo eterno” (v.2). Voce sabe claramente para onde leva a vida cristã? Leva ao dia quando ressurgiremos da morte e seremos, até mesmo fisicamente, como Cristo. No juízo final Deus reconhecerá abertamente quem pertence a ele, nos dando a salvação, mediante o sangue de Jesus no Calvário.

3)    Uma terrível advertência (Hb 6.4-8)
A parábola do semeador (Mc 4.1-9) faz uma comparação com esses versículos. Essa parábola nos ensina que quando a Palavra de Deus é pregada, encontra reações diferentes. Primeiro, existem aqueles que ouvem a palavra, mas ela não tem nenhum efeito sobre eles (Mc 4.14-15). Em segundo lugar, há aqueles que a recebem com entusiasmo imediato, mas rapidamente perdem o interesse, isto porque descobrem que há um preço a pagar para andar no caminho de Deus (Mc 4.16-17). Então, em terceiro, existem pessoas que acolhem a Palavra de Deus e ela tem sobre eles um efeito duradouro (Mc 4.18-19). A semente germina, o broto cresce forte, para o alto, e parece  que tudo vai bem. Mas ao mesmo tempo, outra coisa também cresce, ou seja, “os cuidados do mundo”, o engano das riquezas e o desejo por outras coisas estrangulam a Palavra de Deus, que se torna infrutífera.

Finalmente, há quem recebe a palavra e é transformada para sempre (Mc 4.20). A semente germina, cresce, produz fruto e permanece. Em alguns casos, a semente se multiplica trinta vezes – o fruto do Espírito se evidencia e há transformações de caráter. Nos outros casos, o fruto se multiplica sessenta vezes – a semelhança do caráter de Cristo fica ainda mais evidente. E existem alguns casos em que o fruto se multiplica cem vezes – pessoas que se tornam santas e piedosas!

Conclusão: Casos para ilustrar o assunto: João e José!

João
foi “iluminado” – teve uma experiência autentica de conversão. “Provou o dom celestial”, ou seja, conheceu alguns dos benefícios e bençãos do evangelho. Teve uma experiência autentica com o Espírito Santo. Podemos descrevê-lo como “participante do Espírito Santo”. Para João, a Palavra de Deus é “boa” – ele gosta de ouvi-la quando pregada e tem prazer na sua leitura. Ele “provou os poderes do mundo vindouro”.Em suma, João é um crente autentico e os versos 4-5 o descrevem com exatidão.

Agora, José
. Ele também foi “iluminado” – teve uma experiência espiritual definitiva que fez com que visse a verdade do evangelho. “Provou o dom celeste”, ou seja, conhece algumas das bençãos e benefícios do evangelho. Teve uma experiência com o Espírito Santo. Para José a Palavra de Deus é “boa” ele gosta de ouvi-la quando pregada e tem prazer na sua leitura. Com certeza, os versículos 4-5 o descrevem corretamente.

Conclusão: o verdadeiro crente e o apóstata se tornam distinguíveis.

João teve todas as experiências descritas nos versículos 4-5. Mas não caiu e nem se afastou. Sua vida espiritual é de sempre prosseguir. Continua a se expor a Palavra de Deus e, pelo uso constante, torna-se hábil na palavra de justiça (Hb 5.12-14). Ele se forma, passando de um regime de leite para alimento sólido. Prossegue e, de aluno, passa a ser mestre. Continua olhando, o tempo todo, para Jesus Cristo, o seu sumo sacerdote (Hb 4.14-16). João é como um campo onde cai a chuva – a chuva da Palavra e do Espírito de Deus – e esse fruto produz deleitoso e agradavel a Deus.

Quanto a José, experimentou tudo o que está na lista dos versículos 4-5. Sua dificuldade é que, além de tudo isso, outras coisas cresceram em sua vida. Essas outras coisas acabam se tornando maiores, sufocando a Palavra. Seu interesse na Palavra começou a minguar. Ele não se expõe mais à Palavra como antes, porque seu apetite foi afetado. Seu entendimento, que antes crescia, aos poucos vai se paralisando. Perde a vontade de comer comida sólida e, com o passar do tempo, até mesmo o leite.  Para José, “os cuidados deste mundo” acabaram se tornando mais importante do que a misericórdia e a graça de Deus. A “fascinação da riqueza” o engana e “as demais ambições, concorrendo” regem sua vida. Nas palavras do versículo 6, escolheu “cair”.


terça-feira, 8 de março de 2016

Jesus, Sumo Sacerdote Heb. 4:14-16, 5:1-10.

Introdução: 
SERÁ QUE EXISTE CRISTINISMO SEM CRUZ? 
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus (v. 14, Hb 1.3)”... Isto pode significar uma de duas coisas. No Novo Testamento advertimos diferentes usos do substantivo céu; pode significar o firmamento estrelado; o céu dos anjos, e o supremo céu; o céu da presença de Deus. Isto poderia significar que Jesus passou através de todos os céus que possam existir e está na própria presença de Deus.
Ele suportou tudo o que um homem tem que suportar. Passou por todas as experiências humanas. É em tudo semelhante a nós — exceto em que de tudo isso emergiu sem pecado. O fato de que Jesus fosse sem pecado significa necessariamente que conheceu abismos, tensões, assaltos e tentações que nós jamais conhecemos nem chegaremos a conhecer. Sua luta, longe de ser mais fácil, foi extremamente difícil.
1)                Um Deus humano.
a)                Compadeceu-se das nossas fraquezas. 


A idéia cristã de Deus como um pai amante está entretecida na malha mesmo de nossa mente e coração; mas era uma idéia nova. Para o judeu Deus era santo. A palavra santo tinha o significado de diferente; a idéia fundamental de Deus é que era diferente, que pertencia a uma esfera da vida e do ser completamente diferente da que é a nossa; que não participava de nenhum sentido de nossa experiência humana.
“Os estóicos, os pensadores gregos de mais vôo, diziam que o atributo primário de Deus era a apatheia entendendo por isso a incapacidade essencial de sentir algo”.
“os epicureus  afirmavam que os deuses viviam em perfeita felicidade e bem-aventurança. Viviam no que denominavam os intermúndio: os espaços entre os mundos. E ali em completo afastamento nem sequer eram conscientes do mundo”.
Os judeus tinham seu Deus diferente, os estóicos os deuses sem sentimento, os epicureus os deuses completamente separados. E neste mundo de pensamento se introduz a religião cristã com a concepção incrível de um Deus que deliberadamente suportou toda a experiência humana.
b)                É misericordioso. 

John Foster narra em um de seus livros como certo dia ao voltar para casa encontrou a sua filha desfeita em lágrimas frente à rádio. Perguntou-lhe por quê. Soube que o informativo desse dia continha a oração: "Os tanques japoneses entraram hoje em Cantão". A maioria das pessoas terão ouvido esta notícia sem o mais mínimo sentimento de condolência. Os estadistas talvez a terão escutado com um sentimento de lúgubre pressentimento. Para a grande maioria terá sido indiferente. Por que, então, a filha do John Foster se desfazia em lágrimas? Porque justamente tinha nascido em Cantão. Para ela Cantão significava uma casa, uma ama, uma escola, uns amigos e um lugar muito querido. A diferença consistia em que ela tinha estado ali.
O ter estado ali faz toda a diferença. E não há nenhum âmbito da experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu estive ali". Quando temos uma história triste e lamentável que contar, quando a vida nos empapa nas lágrimas do sofrimento, não dirigimos a um Deus que seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu; vamos a um Deus que "esteve ali".
c)                 Capaz de nos ajudar.
Ele conhece nossos problemas porque passou por eles. A pessoa melhor para nos brindar informação e ajuda numa viagem é a que já fez antes a travessia. A pessoa melhor para nos ajudar a suportar uma enfermidade é a que passou por ela. Deus pode ajudar porque conhece tudo ( 2 Co 2.3-4).
2)    Qualificações essenciais para ser um sacerdote. 


a)     Representar o homem perante Deus  (enquanto a do profeta é representar Deus aos homens), ele mesmo tem de ser homem. Sendo homem, ele é capaz de condoer-se da fraqueza humana, pois ele mesmo é fraco. Ele também é um pecador, deve oferecer sacrifícios para si como pelos outros. Assim, a primeira qualificação do sacerdote é: a humanidade do sacerdote é essencial ao seu ofício.
 b)    Tem de ser chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Arão não buscou ser sacerdote; não procurou tal oficio nem o merecia.Outros que buscaram tomar para si o oficio sacerdotal, como, por exemplo, os filhos de Corá (Nm 16.1-40), se depararam com o furor da ira e do juízo de Deus.
 3)    Jesus cumpriu perfeitamente essas qualificações (5.5-10).
a)     Cristo não tomou para si esse glorioso oficio. Ele foi designado por Deus Pai. Foi Deus quem lhe disse as palavras de geração eterna encontradas no Salmo 2.7 e 110.4: Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.
e, Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.  Mas não foi ao sacerdócio levitico que ele foi designado. Na eternidade, esse sacerdócio nem existia. Jesus foi consagrado “sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
 b)     Mas  o que dizer do segundo requisito, isto é, que ele deveria vir de entre os homens? O eterno Filho de Deus tornou-se homem, e podemos nos referir a “os dias da sua carne”! Durante esse tempo ele passou pela terrível experiência do Getsemani, suando gotas como de sangue (Lc 22.44) e orando para que fosse salvo “da morte”! Deus o ressuscitou da morte no poder de uma vida sem fim (Hb 7.16).
 c)     O que significa, então, quando ele diz no versículo 9 que Cristo foi “aperfeiçoado”? Não está se referindo a perfeição moral. Ele já tinha isso. Quer dizer que ele amadureceu, estava pronto, perfeitamente apto e ajustado à obra do sumo sacerdote e, porque estavam assim apto e pronto, tornou-se para todos quantos a ele obedecem autor da salvação eterna.

Conclusão: A pequena peça de teatro intitulada "O Longo Silêncio", diz tudo:
No fim dos tempos, bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície perante o trono de Deus. A maioria fugia da luz brilhante que se lhes apresentava pela frente. Mas alguns grupos falavam animadamente — não com vergonha abjeta, mas com beligerância.
"Pode Deus julgar-nos? Como pode ele saber acerca do sofrimento?" perguntou uma impertinente jovem de ca­belos negros. Ela rasgou a manga da blusa e mostrou um número que lhe fora tatuado num acampamento de con­centração nazista. "Nós suportamos terror. . . espanca­mentos. . . tortura. . . morte!"
Em outro grupo um rapaz negro abaixou o colarinho. "E que dizer disto?" exigiu ele, mostrando uma horrível quei­madura de corda. "Linchado. . . pelo único crime de ser preto!" Em outra multidão, uma colegial grávida, de olhos mal­criados. "Por que devo sofrer?", murmurou ela. "Não foi culpa minha."
Por toda a planície havia centenas de grupos como esses. Cada um deles tinha uma reclamação contra Deus por causa do mal e do sofrimento que ele havia permitido no seu mundo. Quão feliz era Deus por viver no céu onde tudo era doçura e luz, onde não havia choro nem medo, nem fome nem ódio. O que sabia Deus acerca de tudo o que o homem fora forçado a suportar neste mundo? Pois Deus leva uma vida muito protegida, diziam.
De modo que cada um desses grupos enviou o seu líder, escolhido por ter sido o que mais sofreu. Um judeu, um negro, uma pessoa de Hiroshirna, um artrítico horrivel­mente deformado, uma criança talidomídica. No centro da planície tomaram conselho uns com os outros. Finalmente estavam prontos para apresentar o seu caso. Antes que pudesse qualificar-se para ser juiz deles, Deus deve suportar o que suportaram. A decisão deles foi que Deus devia ser sentenciado a viver na terra — como ho­mem!
"Que ele nasça judeu. Que haja dúvida acerca da legi­timidade de seu nascimento. Dê-se-lhe um trabalho tão difícil que, ao tentar realizá-lo, até mesmo a sua família pensará que ele está louco. Que ele seja traído por seus amigos mais íntimos. Que ele enfrente acusações falsas, seja julgado por um júri preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que ele seja torturado.
"Finalmente, que ele conheça o terrível sentimento de estar sozinho. Então que ele morra. Que ele morra de tal forma que não haja dúvida de que morreu. Que haja uma grande multidão de testemunhas que o comprove."
E quando o último acabou de pronunciar a sentença, houve um longo silêncio. Ninguém proferiu palavras. Nin­guém se moveu. Pois, de súbito, todos sabiam que Deus já havia cumprido a sua sentença.

sexta-feira, 4 de março de 2016

O quadro de Leonardo da Vinci - "A santa ceia". 




O grande pintor renascentista – Leonardo da Vinci – levou anos para pintar seu quadro: “A Santa Ceia”. Em vão ele procurava um modelo apropriado para a face do Salvador. Então ele encontrou um cantor de um coral, em uma igreja, cujos traços nobres lhe chamaram a atenção. Imediatamente ele chamou o rapaz por nome Pietro Bandinelli, para posar para o quadro, e deu a Jesus a fisionomia do rapaz em seu quadro.

 Por muitos anos ele continuou pintando o seu quadro. Os discípulos estavam quase todos prontos, e só faltava o modelo para Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus. Da Vinci passou, então, a andar pelas ruas de Roma, procurando um rosto adequado. Finalmente achou a pessoa com o rosto certo. Era o de um sujo e esfarrapado mendigo, com uma expressão ameaçadora em seu semblante. Ele estava parado em uma esquina e logo e foi convidado para servir de modelo, o que imediatamente aceitou. 

Mas quando o pintor contemplou os traços do mendigo mais atentamente, de susto, o seu pincel lhe caiu da mão. Tratava-se do mesmo Pietro Bandinelli, cujo bonito rosto, o pintor havia usado como modelo para o rosto do Salvador. O que havia transformado o anterior rosto angelical em um rosto de bandido, de Judas? A pobreza? A fome? A doença ou coisa parecida? Não, o pecado o havia rebaixado tanto!