domingo, 7 de junho de 2020


A menina rejeitada. Ez. 16


Introdução: 
Uma criança rejeitada, abandonada pelos pais, nem mesmo o seu umbigo foi cortado. Lançada num monturo, desprezada por todos que passavam por ela, ficou ali para morrer. “Não se apiedou de ti olho algum....compadecendo de ti...” (v.4).

Assim começa uma história contada pelo profeta Ezequiel no começo do 6º século a.C. Ezequiel está no exilio, aonde fora levado com mais de dez mil pessoas e rei Joaquim. Tornou-se profeta aos trinta anos, para profetizar na Babilonia, enquanto Jeremias profetizava em Jerusalém e Daniel, estava ombreando na administração do império. Vemos no capítulo 16 uma das histórias mais ternas, como no livro do profeta Oséias, que uma grande similitude.

1)    Seu nascimento
A menina foi abandonada num campo aberto, sem nenhum cuidado. Não cortaram o umbigo, nem limparam o sangue do parto, e muito menos colocaram nela roupa ou cobertor. Certamente imaginaram que ela morresse em poucas horas naquele campo, e que fosse esquecida para sempre. 


“E, passando eu junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive. Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo”. (vs. 6 e 7).

Deus passou e viu a bebê se mexendo. Ele socorreu a criança imediatamente, fazendo tudo para que ela vivesse. Sob os cuidados dEle, a menina cresceu bem. Foi bem tratada e prosperou. Amadureceu e chegou a ser uma moça com idade suficiente para se casar. Mas, ainda continuou descoberta.

É a história de todos nós, mais precisamente a história do povo de Deus. “Teu pai era amorreu e tua mãe hetéia”. São os habitantes de Canaã, adoradores de deuses; como Abraão que vivia em Ur dos Caldeus, adorando ídolos da Mesopotâmia, até que um dia o Senhor aparece para ele e lhe chama, para segui-lo. Assim, é a nossa história, sem Deus, ignorantes, sem salvação, sem esperança, sem expectativa, sem saber sobre nossa eternidade, Deus nos achou e cuidou de nós.

2)    Uma aliança
“E. passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha” (v.8). 


A menina cresceu e ficou em idade de se casar, Deus casou-se com ela. Fez aliança com ela e estendeu a sua proteção, cobrindo a nudez dela. Ele a lavou e a vestiu com roupas finas e de boa qualidade. Colocou jóias, deu-lhe uma coroa. Ela passou a comer as melhores comidas, dando-lhe saúde e beleza. “E correu de ti a tua fama entre os povos, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor Deus” (v.14). Sua beleza, sua formosura, suas vestimentas, advinha da glória de Deus em sua vida.

Deus tirou seu povo da escravidão no Egito, quatrocentos anos de escravidão, levantou Moises para ser o líder do seu povo. Com braço forte e redentor a libertação veio com a morte dos primogênitos e a passagem pelo mar vermelho, dando uma vitória retumbante, arruinando Faraó e seus homens. Depois, foram para o Monte Sinai, lá houve um casamento, uma aliança entre Deus e o seu povo, com a entrega da sua lei. Observe que a beleza da noiva, vem do noivo. Em todos os casamentos, todos se levantam para contemplar a beleza da noiva, mas aqui, toda glória e beleza da noiva, provém do noivo!

3)    Pecado
“Mas, confiastes na tua formosura, e te corrompestes por causa da tua fama, e te prostituias-te a todo o que passava, para seres dele” (v.15). 


Ela gostou da beleza e da fama que ganhou e decidiu aproveitar da situação. “E tomastes dos teus vestidos” (v.16). Usou os presentes dados por Deus para se prostituir, adorar ídolo. Na verdade, não foi só um, ela começou a se prostituir com vários ídolos. Deu tudo para eles: “seus vestidos, suas joias, sua comida, tudo...” E,  até seus próprios filhos foram oferecidos como sacrifício ao deus Moloque!?!

Tornou-se pior do que uma prostituta, pois ela chegou ao ponto de pagar os homens para ter relações com ela! Nesta parte da história, parece que o desgaste da sua vida imoral era tão grande que ninguém mais desejava esta mulher. Ela envelheceu e se tornou feia o seu pecado. Nenhum dos homens dava valor para ela. Na verdade, eles nunca tinham procurado o bem dela, mesmo quando ela era uma jovem bonita. Agora olharam para a mulher velha, feia e cheia de rugas, e a desprezaram. Mesmo, sentindo todo esse despreza, ela continuava com as costas viradas para o seu Deus.

Quantas moças foram desprezadas até abandonadas pelos “namorados” que aproveitaram delas para o prazer passageiro, e depois fugiram das suas responsabilidades? Quantos jovens já perderam tudo antes de reconhecer que os “amigos” do mundo não são verdadeiros amigos? O diabo e seus aliados oferecem liberdade, mas levam a vítima à escravidão.

Conclusão:
 “Contudo, eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo uma aliança eterna” (v. 60).

 Deus não nos salva pela nossa beleza. O pecador é como aquela criança coberta de sangue e tão feia que ninguém queria olhar para ela. Quando Deus olhou para mim, e para você, no nosso pecado, não viu pessoas bonitas que trariam prazer para ele. Ele viu toda a feiúra do nosso pecado. Mesmo assim, nos ofereceu a salvação pela sua graça e misericórdia.

 Toda a beleza do cristão vem de Deus. Quando entramos numa relação especial com Deus – ao tornamos cristãos – ele nos veste com justiça e retidão (Efésios 3:16-21; 4:22-23; 5:25-27).

 O pecado é uma ofensa contra Deus, uma traição. Não é apenas uma questão de quebrar alguma regra impessoal. Quando o cristão peca, ele trai o Criador e Redentor, o marido da igreja.

 Quando Deus aceita de volta o cristão que se desviou, ele salva uma pessoa que não merece sua graça, da mesma maneira que aceitou de volta sua mulher adúltera, Israel. “... e assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:17-19).