terça-feira, 23 de junho de 2015

O Evangelho chega em Corinto (Atos 18:1-10).


Introdução: O apostolo Paulo fundou a igreja de Corinto ao final da sua segunda viagem missionária. Ele passou um ano e seis meses pregando a Palavra de Deus naquela grande cidade. Paulo adotou deliberadamente a política de evangelizar os grandes centros urbanos do seu tempo. Assim, em sua primeira viagem missionária, visitou Salamina e Pafos, no Chipre, e Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe, na Galácia; em sua segunda viagem, pregou em Filipos, Tessalônica e Beréia, na Macedônia, e Atenas e Corinto, na Acaia.



1)    Por quê Paulo escolheu Corinto?

·        Razão geográfica. Corinto era um grande centro comercial, um mercado de fama mundial, que controlava o comércio em todas as direções, não apenas de norte a sul por terra, mas também de leste a oeste por mar. Essa grande cidade tinha dois portos. Corinto era banhada por dois mares, o Egeu e o Jônico. Cerca de 3 Km ao norte de Corinto, ficava o porto de Léquio, que recebia navios da Itália, da Espanha e do norte da Africa. O porto de Cencréia, localizado 11 Km a leste de Corinto, possibilitava o trafégo marítimo nos dois sentidos para o Egito, Fenicia e Asia Menor. A cidade recebia gente nova todos os dias e dela saia gente diariamente. Era uma cidade de navegadores e mercadores.  



·        Suas feiras estavam repletas de produtos estrangeiros:  “bálsamo da Arábia, papiro do Egito, Tâmaras da Fenícia, marfim da Líbia, tapetes da Babilônia, pêlo de cabra da Cilícia, lã da Licaônia, escravos da Frígia”.  Corinto, portanto, era um plano estratégico, porque a partir dessa cidade o evangelho poderia espalhar-se e alcançar o mundo inteiro.

·        Razão social. Quando Paulo chegou a Corinto, a cidade era, de certa forma, nova e recentemente reconstruída por Julio Cesar. Uma igreja tem maior tendência de crescer numa cidade nova e florescente do que numa cidade antiga, onde a tradição já está arraigada. Paulo entendeu que o florescimento da cidade era um campo fértil para semear o evangelho e plantar uma igreja estratégica.

·        Razão cultural. Por trás da cidade, a quase seiscentos metros acima do nível do mar, erguia-se uma montanha chamada Acrocorinto. Em seu topo encontrava-se o templo de Afrodite, ou Vênus, a deusa do amor. Ela era servida por mil escravas que vagavam pelas ruas à noite, como prostitutas. A promiscuidade sexual de Corinto era proverbial, a ponto de Korinthiazomai significa “praticar imoralidade”. Corinto era a “feira das vaidades do império romano”. 


E, o homossexualismo. Em Corinto ficavam os principais monumentos a Apolo, deus grego que representava a beleza do corpo masculino. A adoração a Apolo induzia a juventude, não apenas Coríntia, mas a juventude grega em geral, a se entregar ao homossexualismo (Rm 1.24-28). Muitos membros da igreja de Corinto tinham vivido na prática do homossexualismo antes de se converterem: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus

1)    Paulo em Corinto (Atos 18.1-7).
“Depois dito, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto (v.1)”. Foi sobre esta viagem prevendo a sua missão em Corinto, que Paulo escreveu posteriormente: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós” (1 Co 2.2-3). Por quê Corinto o deixaria alarmado e exigiria que tomasse a decisão de pregar apenas a Cristo e sua cruz?

·        Com certeza, foi o orgulho e a imoralidade do povo Coríntio que intimidaram Paulo, já que a cruz entra em choque direto com ambos. Os coríntios eram um povo orgulho. Eles tinham orgulho de sua cidade, lindamente construída por Julio Cesar em 46 a.C. Eles se gabavam de sua riqueza e cultura, e dos jogos ístmicos mundialmente famosos, realizados a cada dois anos, e de seu prestigio político como capital da província da Acaia. Mas a cruz consome todo orgulho humano. Ela insiste que nós, pecadores, não temos absolutamente nada com que comprar a nossa salvação, nem mesmo contribuir para isso (Fl 3.8-11).

·        Todos associavam Corinto à imoralidade. Mas o evangelho de Cristo chamou os coríntios ao arrependimento e à santidade, e lhes advertiu que os praticantes de imoralidades sexuais não herdariam o reino de Deus. Portanto, é nesse sentido que a cruz de Cristo, com seu chamado à auto-humilhação e autonegação, é uma pedra de tropeço  para orgulhosos pecadores. Daí “a fraqueza, temor e grande tremor” de Paulo e a necessidade de decidir “nada saber ... senão a Jesus Cristo,e este crucificado”.

2)    Paulo enfrenta perseguição em Corinto (Atos 18.6).
·        A pregação da cruz de Cristo em Corinto tornou-se escândalo para os judeus  (os judeus esperavam um Messias glorioso, não um Cristo crucificado, como um criminoso) e loucura para os gentios (para os não-judeus a idéia de que a morte de um homem na cruz conduzisse a salvação) (1 Co 1.18).

·        Por causa da oposição dos judeus ao apóstolo e à sua mensagem, Paulo sacudiu as vestes e tomou a decisão de concentrar seu ministério nos gentios (Atos 18.6). “Sacudir as vestes” era um gesto de julgamento que significava: “você teve uma oportunidade, mas a desperdiçou” (Ez 33.4).

Conclusão: Paulo recebe uma visão em Corinto (Atos 18.9-11).
·        Uma ordem expressa de Deus: “Não temas; pelo contrário fala e não te cales” (Atos 18.9). A perseguição produz medo; Paulo foi apedrejado em Listra e açoitado em Filipos. A pregação deve prosseguir mesmo diante da oposição mais implacável.

·        Uma promessa consoladora de Deus: “... estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal...(Atos 18.10). A presença de Deus é o nosso escudo protetor.


·        Uma revelação gloriosa de Deus: “... pois tenho muito povo nesta cidade”. Encorajado pela visão Paulo permaneceu um ano e seis meses em Corinto. 

terça-feira, 16 de junho de 2015

O Deus desconhecido – Atos 17.16-34.



·        Atenas gabava-se de sua rica tradição filosófica, herdada de Sócrates, Platão e Aristóteles, de sua literatura (Ilíada e Odisséia) e arte e da democracia (governo do povo).

·        Qual foi a reação de Paulo em Atenas? Qual deveria ser a reação de um cristão que visita uma cidade que é dominada por ideologias ou religiões não cristã, moralmente decadente e espiritualmente morta?

1)    O que Paulo viu (V.16). 


·        Acrópole! Antiga fortaleza da cidade, que era elevada o suficiente para ser vista a quilômetros de distancia, fora descrita como “ampla composição de arquitetura e escultura dedica à glória nacional e ao culto dos deuses”.

·        Ágora! Com seus muitos pórticos pintados por artistas famosos, a fim de ouvir os debates dos políticos e filósofos da época, pois Atenas era muito conhecida por sua democracia.

·        Entretanto, o que Paulo viu não foi a beleza nem o brilhantismo da cidade, mas sua idolatria. Traduções: “cheia de ídolos”; “uma verdadeira floresta de ídolos”. “HAVIA MAIS DEUSES EM ATENAS DO QUE EM TODO O RESTO DO PAÍS”; “ERA MAIS FÁCIL ENTRAR ALI UM DEUS DO QUE UM HOMEM”.


·        No Partenon havia uma imensa estátua de Atenas feita de ouro e mármore, e a ponta brilhante da sua lança era visível a sessenta quilomentos de distancia. Em toda parte havia imagens de Apolo, o padroeiro da cidade, de Júpiter, Vênus, Mércurio, Baco, Netuno, Diana e Esculápio.


2)    O que Paulo sentiu (v.16).
·        O seu espírito se revoltava. O verbo grego paroxyno, originalmente tinha conotações médicas e se referia a uma ataque epilético. Também significava “estimular” em especial “irritar, provocar, causar ira”.

·        Assim, Paulo foi “provocado” pela idolatria e provocado à ira, ao desgosto e a à indignação, como o próprio Deus, e pela mesma razão: a honra e a glória do seu nome. As vezes, as Escrituras chamam esse sentimento de “ciúme”. Está escrito que “o nome do Senhor é zeloso; sim, Deus zeloso é” (Ex 34.14).

 ·        Portanto, o sentimento de Paulo era aversão à idolatria, que despertou dentro dele uma agitação profunda de ciúmes pelo nome de Deus, ao ver seres humanos tão depravados, a ponto de dar aos ídolos glória devida apenas ao único Deus vivo e verdadeiro.

 ·        Jesus nos deixou a Grande Comissão: “Ide por todo mundo...”. Henry Martyn, missionário na Pérsia mulçumana, disse: “Eu não suportaria viver se Jesus não fosse glorificado; seria um inferno para mim, se ele fosse sempre ... desonrado”.

3)    O que Paulo fez (vss. 17 e 18).
·        A reação de Paulo contra a idolatria não foi apenas negativa (horror/desanimo) mas também positiva e construtiva (testemunho). Observamos os três grupos com quem ele falou:

a)    Paulo ia para Sinagoga no Sábado e ali “dissertava” entre os judeus e os tementes a Deus.

b)    Paulo ia à Ágora, que servia como mercado e centro da vida social, e ali falava “a todos os que por acaso estivessem lá”, não no sábado mas todos os dias!

c)     Paulo começou a debater com os filósofos epicureus e estóicos. O Epicurismo considerava os deuses distantes, a ponto de não se interessarem pelas questões humanas nem terem influencia sobre elas. O mundo estaria entregue ao acaso, e não haveria vida após morte, nem julgamento. O Estoicismo reconhecia um deus supremo, mas de forma panteísta (tudo é Deus). O mundo seria determinado pelo destino, e os seres humanos deveriam cumprir seus deveres.

·        HOJE o equivalente mais próximo à SINAGOGA é a igreja, o local onde se encontram pessoas religiosas. O equivalente À Ágora pode ser um parque ou uma esquina, uma feira, escola, etc. Quanto ao Areópago, seria a escola ou Universidade.

4)    O que Paulo disse
·        Que quer dizer esse tagarela (v.18).Seu significado literal é “apanhador de grãos”, e era usada em relação a várias espécies de pássaros que se alimentam de grãos ou carniça. Partindo dos pássaros, começou a ser aplicada aos  seres humanos, vadios ou mendigos que vivem de restos de alimentos encontrados nas ruas, “catadores de lixo”.
·        “...o levaram ao Areópago...” (v.19). significa literalmente “o morro (pagos) de ares (marte), ou seja, “o morro de marte”. Era o local em que se reunia a corte judicial mais respeitável da antiga Grécia. Nos dias de Paulo, a corte tornara-se mais um conselho, com poderes legais diminuídos. Os seus membros eram mais guardiães da religião, moral e educação da cidade. Paulo passou, então, a proclamar o Deus vivo e verdadeiro em cinco pontos:

a)    DEUS É O CRIADOR DO UNIVERSO (v.24). Deus é o criador pessoal de tudo o que existe e o Senhor age no meio dos homens.

b)    DEUS É O MANTENEDOR DA VIDA (v.25). Deus continua sustentando a vida que Ele criou e deu às suas criaturas humanas.

c)     DEUS É O GOVERNADOR DE TODAS AS NAÇÕES (VS. 26-27). Tateando: um verbo que “denota o tatear hesitante de um cego”. O pecado distancia o homem de Deus mas Deus não está longe!

d)    DEUS É O PAI DOS SERES HUMANOS (vss. 28-29). todos são filhos de Deus? Em termos de redenção Deus só é o Pai daqueles que estão em Cristo, e nós somos seus filhos apenas por doação, pela graça (Jo 1.12); mas em termos de criação é o pai de toda a humanidade, e todos são geração dele, suas criaturas, e recebem dele a vida.

e)     DEUS É O JUÍZ DO MUNDO (vss. 30,31). Não levou em conta os tempos da ignorância... agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam. POR QUÊ? Porque é certo que haverá um juízo! Tres fatos: 1) O JUIZO SERA UNIVERSAL: Deus há de julgar o mundo. Os vivos e os mortos, os grandes e os pequenos, todos serão incluídos; ninguém escapará. 2) O JUÍZO SERÁ JUSTO: Há de julgar... com justiça. Todos os segredos serão revelados. 3) O JUÍZO ESTÁ DEFINIDO, pois o dia já foi marcado e o juiz escolhido (Jo 5.27).

CONCLUSÃO: as mesmas reações de Paulo em Atenas existem em voce? Voce vê como o Apostolo a idolatria campeando nossa sociedade? Voce está conformado com o mundo ou sentindo angustia em ver homens se perdendo em sua idolatria? O que você tem feito?


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fragmentos da teologia da Trindade.




Uma das mais conhecidas declarações da Bíblia é o Grande Mandamento: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”. (Dt 6.5).

Jesus referiu-se a esse Grande Mandamento, ao dizer: “Este é o Grande Mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.38,39).

Houve um cenário, dentro do qual o Grande Mandamento foi dado pela primeira vez. Entre os judeus, esse contexto é chamado de SHEMA. O shema era o centro da liturgia judaica no Antigo Testamento. Portanto, introduz e prefacia o Grande Mandamento: “Ouve Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). O Shema separa claramente a fé religiosa do Antigo Testamento de qualquer das formas de politeísmo.

Para Israel, entretanto, o normativo era a dedicação a unidade do único Deus todo poderoso. O primeiro mandamento do decálogo reforça esse mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3).

A expressão “diante de mim” significa na minha presença. O que Deus estava dizendo é que ele não toleraria a intromissão da adoração a quaisquer outras divindades em qualquer lugar ou em qualquer época. E aí surge a pergunta:

Se Deus é um só, como pois podemos justificar a adoração de três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo?

O conceito da Trindade tem por desígnio responder a essa pergunta. A formula da Trindade é a seguinte: “Deus é um só quanto à essência e três em pessoa”. “Deus é um só quanto à essência”, isso significa, simplesmente que só existe um Ser a quem chamamos de Deus.

Por outro lado, a igreja busca ser fiel à clara revelação bíblica sobre a deidade de Cristo e sobre a deidade do Espírito Santo. Portanto, a igreja distingue três pessoas da deidade – Pai, Filho e Espírito Santo. E isso explica a segunda parte da fórmula: “E três em pessoa”. 

O pensamento de Ário.


 Ele confessava que Cristo era “Deus” e o “Filho de Deus”. Entretanto, sob cuidado escrutínio, percebeu-se que Ário tinha redefinido a palavra Deus para que a mesma se tornasse um termo virtualmente vazio. A palavra Deus no vocabulário de Ário era ambígua. Ário insistia que embora Jesus fosse “Deus” mediante um processo de adoração divina, ele era apenas um ser criado. Para Ário, Jesus era uma Ktisis, uma criatura.

Diante disso, muitos cristãos ficaram confusos. Então a igreja definiu um termo preciso que afirmava que o Filho é divino e, portanto, co-eterno e com o Pai e da mesma substancia que o Pai.

O termo teológico com o qual Ário engasgou foi um termo tomado por empréstimo da linguagem da filosofia grega: HOMOOUSIOS! A palavra homoousios significa “da mesma substancia” ou “da mesma essência”. Ário dispunha-se a dizer que Jesus era da mesma essência (homo – significa “mesma” e ousios significa “substancia”) que Deus Pai. 


Entretanto, Ário estava disposto a usar o termo grego hmoiousios, em lugar de homoousios. Note a palavra i que segue o sufixo homo. A diferença entre os termos gregos homoi e homo é a diferença que existe entre as palavras “igual” (ou similar) e “o mesmo”. Homoiousios significa a “essência semelhante ou similar”, enquanto homoousios significa “da mesma essência”.

Ou seja, Ário afirmava que embora Jesus fosse realmente semelhante a Deus, ele não pertencia à mesma essência que Deus. Mas a igreja respondeu com um retumbante “Não!” a Ário. A igreja insistia que Jesus não é meramente parecido com Deus, mas que ele é Deus. Ele é homoousios (da mesma essência, coessencial) com Deus.

O fruto da controvéria ariana do quarto século foi o Credo Niceno, que asseverou a coessencialidade da deidade e dizia sobre Jesus que ele foi “gerado, e não feito”, a fim de tirar a base de qualquer idéia da Segunda Pessoa da Trindade ser mera criatura.
Créditos: Sproul, R.C. O mistério do Espírito Santo.



terça-feira, 9 de junho de 2015

Passa a Macedônia e ajuda-nos! (Atos 16.1-10).



Introdução: Paulo tinha iniciado sua viagem em Antioquia da Síria, novamente encomendado pela igreja à graça de Deus, para nutrir e fortalecer as igrejas fundadas anos atrás, durante a primeira viagem (Atos 13 e 14). O verbo empregado por visitar (Atos 15.36) é ligado a Episkope, supervisão pastoral. Paulo se preocupava em ver as igrejas e os convertidos amadurecendo.

1)    A segunda viagem missionária.
·        Assim primeiro ele e seus companheiros passaram algum tempo em Derbe e Listra (Paulo conheceu o jovem Timóteo e o carregou com ele; Timóteo tinha uma mãe e uma avó bondosas; quando escreve aos Corintios se refere a ele como “meu filho amado” e quando escreve aos filipenses diz que não há ninguém que tenha uma mentalidade tão afim a sua (Fl 1.1; 2.19), depois em Icônio e Antioquia da Pisídia; era natural que os olhos dos missionários se voltassem ao sudoeste, para a Via Sebaste que levava a Colossos (240 Km) e depois para Éfeso, no litoral. De fato, parecerem ter percorrido um trecho dessa estrada, mas de alguma forma não definida, o Espírito Santo os impediu de pregar a Palavra na Ásia (V.6).



·        Talvez o Espírito Santo tenha dado uma forte convicção interna comum aos missionários, ou talvez tenha falado através de um profeta cristão, quem sabe o próprio Silas (Atos 15.32). Chegaram ao porto de Trôade (v.8), no mar Egeu. Certa noite em Trôade, Paulo teve um sonho ou uma visão na qual VIU um varão macedônico que estava em pé e lhe rogava, em alguma postura e apelo, talvez acenando, dizendo: “Passa à Macedônia, e ajuda-nos” (v.9).

·        Na manhã seguinte, Paulo contou sua visão aos seus companheiros, que juntos discutiram o seu significado e suas implicações, concluindo então que Deus os chamava para pregar o evangelho aos macedônios (v.10).

·        “Uma direção lhes é proibida (“quando chegaram perto do distrito da Mísia, tentaram ir para a província da Bitínia, mas o Espírito de Jesus não deixou”), a outra se lhes abre (“Passa à Macedônia, e ajuda-nos”); de um lado o Espírito diz: “Não vá”; do outro chama: “Venha”. Essa  mesma situação é experimentada por outros missionários no decorrer da história. Livingstone tentou ir para China, mas Deus o enviou para a África. Antes dele, William Carey planejava ir à Polinésia, nos mares do sul, mas Deus o guiou à Índia. Adoniran Judson foi primeiro a Índia, mas depois foi levado para a Birmânia. Portanto, ouçamos a voz do Espírito Santo!

2)    Filipos, a porta de entrada do evangelho na Europa.



·        A localização geográfica da cidade de Filipos, um ponto estratégico para a obra missionária. Situada entre o Oriente e o Ocidente, era a ponte de conexão entre os dois continentes, uma espécie de encruzilhada do mundo.

·        Filipe da Macedônia, pai de Alexandre o Grande, fundou a cidade que leva seu nome por uma razão muito particular. Há ali uma cadeia de montanhosa que divide Europa da Ásia, o oriente do ocidente. Portanto, Filipos domina a rota de Ásia a Europa. Filipe fundou essa cidade para dominar a rota do Oriente ao Ocidente. Alcançar Filipos era abrir caminhos para a evangelização de outras nações.

2.1)         Uma comerciante chamada Lídia (Atos 16:13-15).


·        Ocupava-se da venda de púrpura, um tecido muito apreciado pelos ricos da sua época. Isso significa que a sua clientela pertencia à alta sociedade. Com o seu trabalho, ela tinha condições de garantir o sustento de toda a sua família. Lídia era, também, uma mulher religiosa. O texto sagrado diz que ela era "temente a Deus", ou seja, alguém que levava a sério as questões espirituais.

·        Tinha uma vida boa, porém incompleta. Agostinho de Hipona: : "Ó Deus, tu nos criaste para ti, e nossas al­mas não encontram descanso enquanto não descansar em ti". Assim, como os passaros foram feitos para voar, o homem foi feito para se relacionar com Deus. O exemplo de Lídia nos mostra que não existe vida tão boa que não precise ser melhorada. De igual modo, não há existên­cia tão ruim que Deus não possa melhorar. . "Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração",  (Jr 29-13)

·        Quando os missionários começaram a anunciar a Palavra de Deus, muitas mulheres que estavam à beira do rio escutaram. Lídia escutou também. Mas houve uma diferença essencial: ela creu. A Bíblia diz que "o Senhor lhe abriu o coração para aten­der às coisas que Paulo dizia" (At 16.14).

·        Lídia teve a felicidade de se batizar. Ela cumpriu o man­damento do Senhor e passou a fazer parte de sua igreja. Lídia teve a satisfação de ver sua família salva. O texto diz que foi batizada "ela e toda a sua casa" (At 16.15). Lidia teve a alegria de servir a Deus. . Ela colocou sua casa e seus bens à disposição do Senhor, convidando Paulo, Silas, Lucas e Timóteo para serem seus hóspedes. Trabalhar na obra de Deus é uma das grandes venturas cristãs.

2.2)         Uma jovem escrava anônima (Atos 16.16-18). 

·        Paulo e seus amigos estavam indo para o lugar de oração; lhes saiu ao encontro uma jovem. Lucas nos conta duas coisas a seu respeito. Primeiro, ela era possessa de espírito adivinhador, ou, literalmente, ela tinha “um espírito de píton”. Tinha o espírito de clarividência.  A jovem escrava era possessa de um espírito mau.O diabo falava pela boca dela. As coisas do diabo parecem funcionar. A moça adivinhava mesmo, e seus donos ganhavam dinheiro. O diabo enriquece mas rouba a alma. O diabo oferece prazeres, mas destrói a pessoa. Segundo, sendo escrava, ela era explorada pelos seus donos, para os quais ganhava muito dinheiro adivinhando (v.16). À medida que Paulo e seus amigos seguiam seu caminho , ela corria atrás deles, gritando: Esses homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação.

·        Os gritos da jovem continuaram por muitos dias até que, finalmente, Paulo resolveu agir. Ele estava indignado, o que certamente significa que ele estava profundamente perturbado. Essa indignação o fez voltar-se para a jovem e ordenar ao espírito mau que saísse dela em nome de Jesus, o que ele fez imediatamente.

2.3)         O carcereiro romano (Atos 16:19-40). 

·        O carcereiro era visto como homem frio, cruel, capataz, enfim, procurava cumprir sua missão. No entanto, era pai de família, lutava aí para a sobrevivência deles.

·        O que será que levou esse homem se converter a Cristo? Primeiro, O carcereiro ficara sabendo que tinham expulsado os demônios daquela moça adivinhadora. Segundo, Paulo e Silas haviam apanhados, chicoteados, estavam sangrando, ninguém apareceu para livrá-los, enfrentaram tudo aquilo, por causa do nome de Jesus. Terceiro, os pés dos apóstolos estavam amarrados no tronco, estavam famintos, humilhados, sangrando, no entanto, cantavam e louvavam ao Senhor. Era uma fé que ele não conhecia, além da circunstancia, era maior do que qualquer tragédia. Quarto, a pratica da oração (v.25). Paulo tinha as pernas tortas, cabelos e olhos negros, sobrancelhas muita cheia que se emendava uma a outra, mas que tinha um olhar sublime,era ousado, agressivo ao pecado. De repente, um terremoto... Quinto, o v.28 nos mostra que o carcereiro quando percebeu que os presos iam fugir ia se matar, mas Paulo bradou para não fazer tamanho mal, pois nenhum deles iam fugir. Quando existe integridade em nossas vidas em relação ao mundo causamos impressões no mundo sem Deus.


Conclusão: O cabeça de uma casa judaica fazia a mesma oração matinal todos os dia, dando graças a Deus por não ser gentio (carcereiro), nem mulher (Lídia), nem escravo (jovem escrava). Mas aqui, os representantes de todas essas três categorias desprezadas, estavam remidos e unidos em Cristo.  

quarta-feira, 3 de junho de 2015

O concilio de Jerusalém – divisor de águas -. Atos 15.



Introdução, a questão do capítulo 15: “o pecador é salvo pela graça de Deus através do Cristo crucificado, quando ele simplesmente crê, ou seja, procura refúgio em Cristo? Será que, através de sua morte e ressurreição, Jesus Cristo fez tudo o que era necessário para a salvação? Ou somos salvos em parte pela graça de Cristo e em parte pelas nossas próprias obras e desempenho religioso? A justificação é pela fé, ou através de uma mistura de fé e obras, graça e lei, Jesus e Moisés? 

1)    Paulo e Pedro em Antioquia (Gálatas 2:11-16).
·        “alguns homens desceram da Judéia (Atos 15.1)” corresponde a “chegaram alguns da parte de Tiago”. Não que Tiago os tivesse enviado, visto que ele o nega mais tarde (Atos 15.24), mas que isso era o que afirmavam. Eles eram “fariseus” (v.5) e “zelosos da lei” (Atos 21.20).

·        E isso era o que ensinavam aos irmãos: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos”. Para eles, os crentes gentios precisavam se submeter não só ao batismo em nome de Jesus, mas também à circuncisão e à obediência a lei de Moisés. Eles tentavam misturar a lei e a graça e colocar vinho novo em odres velhos e frágeis (Lc 5.36-39). Costuravam o véu rasgado do santuário (Lc 23.45) e colocavam obstáculos no caminho novo e vivo para Deus, aberto por Jesus através da sua morte na cruz (Hb 10.19-25).  Não nos surpreende que o ensino deles tenha provocado “da parte de Paulo e Barnabé contenda e não pequena discursão com eles” (Atos 15.2).

·        O apostolo Paulo viu isso e ficou revoltado. Sua indignação aumentou quando os judaizantes conquistaram o apostolo Pedro, que também estava em Antioquia naquela época. Antes da chegada deles, como Paulo explica em Gálatas 2.11-14, Pedro “comia com os gentios”. Mas quando o partido da circuncisão chegou a Antioquia, eles o convenceram a se retrair, afastando-se dos gentios. O restante dos crentes judeus seguiram o mau exemplo de Pedro e “dissimularam com ele”, ou participaram de sua hipocrisia, e até mesmo Barnabé, apesar de tudo o que tinha visto em sua primeira viagem missionária (Atos 13 e 14),  foi levado pela “dissimulação deles”. Paulo viu que Pedro e seus seguidores “não procederam corretamente segundo a verdade do evangelho”. Assim, ele “resistiu-lhe (a Pedro) face a face, porque se tornara repreensível” e o advertiu publicamente por incoerência (Gl 2.15-16).


2)    O discurso de Pedro no Concilio de Jerusalém (Atos 15.7-11).

·        Pedro humildemente atribuiu toda iniciativa a Deus. Primeiro, ele disse: “Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem (v.7)”; Segundo, “Deus que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera (v.8, Atos 10.35, ou seja, não há obstáculo racial para a conversão); Terceiro, “Deus não estabeleceu  distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhe pela fé os corações (v.9)”, demonstrando que é a pureza interior, do coração, que torna a comunhão possível, não a pureza externa, da dieta e do ritual (Mc 7.18,19,20 e 21). Pedro continua, dirigindo-se aos judaizantes: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem vós (v.10). Pedro conclui, “cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram” (v.11).

3)    O discurso de Barnabé e Paulo.
·        e toda multidão silenciou” (v.12), passando a ouvir a Barnabé e Paulo, “que contaram quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios”. Antes, haviam dito que Deus operara “com” eles (Atos 14.27), agora, “por meio” deles, como seus agentes.

4)    O discurso de Tiago, irmão de Jesus.
·        O próximo a falar foi “Tiago, o justo”, um dos irmãos de Jesus, que provavelmente se converteu depois de ver Jesus ressuscitado (Mc 6.3, Atos 1.14 e 1 Co 15.7). Tiago era uma coluna da igreja (Gl 1.19), tão constante na oração que seus joelhos eram duros como os de um camelo, de tanto ajoelhar-se para orar.

·        O que Deus tinha feito por meio dos apóstolos conferia com o que ele havia dito por meio dos profetas (v.15). Tiago citou Amós 9:11-12 para fundamentar a sua afirmação. Deus promete restaurar o tabernáculo caído de Davi e reedificar as suas ruínas (que os olhos cristãos vem como uma profecia da ressurreição e exaltação de Cristo), de modo que, depois, um remanescente gentio procurará o Senhor. Em outras palavras, através de Cristo davídico, os gentios serão incluídos em sua nova comunidade.

Conclusão: decisão do concilio.
O que os cristãos gentios deveriam evitar? Deveriam abster das contaminações com os ídolos, das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue (Atos 15.20). A primeira exigência fazia menção a todos os casamentos ilícitos listados em Levitico 18, especialmente entre parentes de sangue. As outras três exigências se referiam a questões dietéticas que poderiam impedir refeições comunitárias entre judeus e gentios.

“Quanto à fé, devemos ser invencíveis, e mais duros, se possível, do que um diamante; mas quanto ao amor, devemos ser mansos, e mais flexíveis do que uma vara de cana ou uma folha levada pelo vento, e prontos para nos submeter a tudo”. Lutero.