domingo, 31 de março de 2024

 O que fazer diante de um Cristo ressuscitado? Jo 20.1-9 

Introdução

Jesus havia falado aos discípulos que que morreria e no terceiro dia ressuscitaria. No entanto, os discípulos não entenderam a dimensão das palavras de Jesus. Quando estava comemorando a páscoa, Jesus reúne-se com os discípulos e celebra a pascoa com eles. Pega o pão e lhe diz: “Esse é o meu corpo que será partido por vós”, e depois, pegando o cálice diz: “Este é o meu sangue que será derramado por vós”.

Sem seguida, Jesus vai ao Cenáculo onde ora com muito angustia, dizendo: “Afasta de mim esse cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mc 14.369). O cálice é o sofrimento, é a separação, é o pecado que seria derramado nele. Jesus é traído por Judas e é preso, todos os discípulos se dispersam. Naquela quinta-feira é levado ao Sinédrio e julgado pelos religiosos. Na sexta-feira é sentenciado por Pilatos...

É escarnecido pelos soldados, leva trinta e nove chicotadas que lhe cortava toda sua carne, sua carne é totalmente exposta, porque nos chicotes haviam pedaços de ferro e ossos. Carrega a cruz horizontal até o monte caveira e lá, é pregado nas mãos e nos pés. Sofrendo dores excruciantes, terríveis. Do 12 00 até as 15 00, houve escuridão sobre Jerusalém, o sol não apareceu.

As três horas da tarde bradou em alta voz: “Eloi, Eloi, lamá, sabactani”, gritando o salmo 22: “Deus meu, Deus meu, porque em desamparaste”. Em seguida gritou: “Está consumado”, ou Tetelestai, ou seja, levei sobre mim toda culpa e pecado da humanidade. Abaixou a cabeça e entregou o espirito. Nessa hora o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo.

1)    O que fazer diante de um Cristo ressuscitado?

O apostolo João diz que “no primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena, chegou ao sepulcro e viu que a pedra dá entrada tinha sido removida” (Jo 20.1). Maria Madalena que fora libertada de sete demônios, chegara ao tumulo bem cedo e não entende o que vê: a pedra removida e o corpo de Jesus não estava no tumulo. O tumulo está vazio “tiraram do tumulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram” (v.2), protesta aos discípulos.

Lhe pergunto, o que fazer diante dessa noticia: “O tumulo está vazio, o corpo de Jesus desapareceu!”. Jesus venceu a morte, a morte foi vencida. Buda (budismo) não venceu a morte, Confucio (religião oriental) não venceu a morte, Maome (islamismo) não venceu a morte. Os grandes homens do passado, todos perderam, todos morreram e estão enterrados. Mas, Jesus venceu a morte. Diz o apostolo Paulo: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1 Co 15.55).

Pedro e João saíram correndo e foram ao sepulcro. O apostolo João, por ser mais novo que Pedro, chega antes: “Ele se curvou e olhou para dentro, viu as faixas de linho ali, mas não entrou” (v.5). A palavra viu aparece três vezes, no entanto, no grego, cada viu fala sobre uma atitude diante da ressurreição de Jesus. “Ele viu as faixas de linho ali”.

No grego, a palavra viu é blepo, que indica uma olhada casual. Ou seja, João veio a tumba, olhou e viu “abaixou-se, olhou para dentro e viu ali as faixas de linho, mas não entrou” (v.5). Lhe pergunto: o que faltava? Ele abaixou, ele olhou e ele viu! Viu o que? não havia mais corpo, mas somente faixas de linho. No entanto, ele simplesmente deu uma olhada casual, sem compromisso, sem rendimento, sem confissão, sem rendição ao Senhor Jesus.

O próximo “viu” aparece no versículo 6: “Simão Pedro...entrou no sepulcro e viu as faixas de linho”. Diferente de João que simplesmente olhou ou deu um pouco de atenção, Pedro, correu direto para dentro de tumba e contemplou o que havia lá. A palavra grega é Theoreo, que sugere pensamento profundo, observação cuidadosa, como se tivesse com a mão no queijo investigando a cena da ressureição de Jesus.

Pedro olhou para aqueles panos cuidadosamente intactos, teorizando (theoreo) sobre o que teria acontecido. E mais, “...viu as faixas de linho e notou que o pano que cobria a cabeça de Jesus estava dobrado e colocado à parte”. Ou seja, as faixas usadas para envolver o corpo de Jesus, deixando-o parecido com uma múmia, ainda estavam intactas, mas eram como um casulo vazio, sem corpo. E mais: “bem como o lenço que que estivera sobre a cabeça de Jesus. Ele estava dobrado à parte, separado das faixas de linho”.

Agora, João “...que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou e viu e creu”. O verbo traduzido por “viu” vem de uma palavra grega inteiramente diferente das outras duas, “oida”, que significa ter uma percepção mental, compreender, perceber na mente o que havia acontecido. “Pois até então não haviam compreendido as escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos” (Jo 20.9).

Conclusão:

Josh Macdowell, um homem que tinha para dar errado. Veio de um lar disfuncional, pai viciado em bebidas, pai era tão obesa que não conseguia fazer nada em casa. Fui abusado sexualmente por alguém que morava com sua família. Sua mãe morreu bem cedo e, logo, ele saiu de casa para servir o exercito e fazer uma faculdade. Na faculdade zombava dos cristãos, por causa do comportamento e da fé deles. Até que um dia, um cristão lhe falou: Se você conseguir provar que Jesus não ressuscitou dentre os mortos eu deixo de ser cristão.

Assim ele fez. Estudou, pesquisou, viajou para os países da Europa: Inglaterra, França, Alemanha, estudando meticulosamente sobre a ressurreição de Jesus. Até que no final do seu estudo, ele teve que dizer em alto e bom som: Jesus ressuscitou, Jesus ressuscitou e Jesus ressuscitou. Tornou-se um escritor famoso, pregador famoso, escreveu muitos livros sobre sua fé em Cristo Jesus. É isso que Cristo faz...

 

 

terça-feira, 26 de março de 2024

 Mentalidade carnal ou Espiritual? Rm 8.1-13 

Introdução

O apostolo Paulo fez um contraponto entre a mentalidade carnal e a mentalidade espiritual (Rm 8.5-8). A mentalidade da carne é carne, levada pelos desejos, paixões; a mentalidade da carne é inimiga de Deus e não pode agradar a Deus. Agora, contudo,  quem vive no Espirito (pneuma), tem a mente voltada para o que o Espirito deseja, vive na dependência do Espirito e, a mentalidade do Espirito produz vida e paz.

O apostolo sublinha duas coisas importantes: No versículo 9, Paulo nos ensina que o que identifica o verdadeiro cristão é se ele é possuído ou habitado pelo Espirito Santo. Ele diz: “E, se alguém não tem o Espirito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8.9). Mas, todo cristão é habitado e é morada do Espirito de forma que o nosso corpo se tornou um “templo do Espirito Santo, que habita em vós” (1 co 6.19). 

O Espirito Santo veio sobre os discípulos em Atos 2, mas antes de vir, os discípulos estavam orando perseverantemente, os discípulos estavam em união, em unidade. Até que quando estavam todos reunidos no mesmo lugar, veio um som do céu, como o estrondo do mar. Em seguida, veio um vento, o Espirito Santo é livre, sopra onde quer, da forma que quer e onde quer. E, todos começaram a falar em outras línguas. O Espirito Santo derramou-se copiosamente sobre a igreja e até hoje está conosco. 

1)     Mortificação

O apostolo Paulo afirma que não estamos mais na carne (Rm 8.12), isto é, preso ao pecado, aos desejos. “...Se pelo Espirito fizerem morrer os atos do corpo, viverão...” (Rm 8.13). Ou, “melhor a fazer é dar a ela um enterro definitivo e se engajar na nova vida” (A mensagem).  É Pelo Espirito Santo que conseguimos fazer morrer os atos de pecado do nosso corpo, Paulo está afirmando que “fazer morrer” é mortificação.

Primeiro, o que é mortificação? É o reconhecimento muito claro e consciente do mal como mal, é um repudio tão decisivo e radical do mal que nenhuma imagem poderia retratá-lo tão bem quanto a de “fazer morrer”. O significado do verbo que Paulo usa é “matar alguém, entregar alguém para ser morto, especialmente no caso de sentença de morte e sua execução”. Em outro lugar, o apostolo refere-se a isso como o gesto de “crucificar a carne com as paixões e desejos” (Gl 5.24). Jesus exortou: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34). 

E o que nós temos de fazer morrer ali, são todos os atos do corpo, ou seja, todo uso do nosso corpo (olhos, ouvidos, boca, mãos e pés) que tenha como proposito servir a si mesmo e não a Deus. Ou seja, evitar aquilo que sabe ser pecado; você evita tudo o que leva ao pecado, e até o que for duvidoso. É uma guerra espiritual! Diz Paulo: “A carne milita contra o Espirito e o Espirito, contra a carne, porque são opostos entre si” (Gl 5.17).

Segundo, como se dá a mortificação? É uma questão de fazer morrer. Ou seja, nós somos responsáveis por fazer o mal morrer. Paulo acrescenta que só pelo “...Espirito ... habita em vocês...dará vida aos seus corpos mortais” (Rm 8.11) nós podemos fazer morrer os atos do corpo; o Espirito Santo é o agente e só ele tem o poder para tal. Somente ele pode dar-nos o desejo, a determinação e a disciplina para rejeitar o mal. Não obstante, somos nós que temos de tomar a iniciativa de agir.

Jesus falando sobre o pecado do adultério mental, ele diz no sermão montanha: “Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.  Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno". Mateus 5:28-30. O texto não está falando em tirar os olhos, nem mutilar a mão direita, mas mortificar os seus desejos.

Por outro lado, precisamos voltar nossa mente para as coisas que o Espirito deseja “...buscai o conhecimento do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nos objetivos do alto, e não nas coisas terrenas” (Cl 3.1-2). “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).  Assim, as coisas do alto é um contraponto com as coisas terrenas, desejos, paixões, coisas passageiras da terra. 

Em terceiro lugar, mudar a motivação para o pecado ao lembrar-se do evangelho. O versículo 12 diz: “Portanto, irmãos, temos uma obrigação, mas não para com a natureza pecaminosa”.  Esse “portanto”, refere-se à afirmação anterior, em que Paulo nos conta que fomos redimidos pela justiça de Cristo e que um dia seremos libertos por completo de todo mal e dor na ressurreição do corpo. “...aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espirito que habita em vocês” (Rm 8.11). Ou seja, recebemos a salvação, a justificação legal do nosso pecado, temos vida abundante em Cristo e seremos transformados, teremos um novo corpo imortal e incorruptível. Temos uma esperança. 

“Portanto...temos uma obrigação”, ou, “...somos devedores, não à carne”. Paulo quer dizer, se nos lembramos do que Cristo fez e fará em nosso favor, sentiremos as obrigações do amor e da gratidão de servi-lo e conhece-lo.  O que Paulo quer dizer? Que o pecado só pode ser extirpado pela raiz se nos expusermos o tempo todo ao amor inimaginável de Cristo por nós. Paulo exorta aos irmãos de Efésios: “Possam com todos os santos, compreender a largura, o cumprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo” (Ef 3. 18).

O pecado só pode desenvolver no solo da autopiedade (piedade de si mesmo, desgostos e decepções) e da valorização dos meus direitos, quando penso somente em mim. “Não estamos me dando um tratamento igualitário”, estamos sempre falando. “Não estou tendo minhas necessidades satisfeitas”. Ou “Deus me deve, as pessoas me devem; eu me devo!” No entanto, diz Paulo, você precisa lembrar de que é devedor. Banhar-se na recordação da graça de Deus aflouxará, enfraquecerá e matará o pecado no nível motivacional.

2)     Saindo do fundo do poço

Lembre-se, sua vida é uma expressão de sua mente, vale recordar o verso 5 de Romanos 8: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espirito, tem a mente voltada para que o Espirito deseja” (Rm 8.5). Então, o que você firmou em sua mente determina seu estilo de vida e personalidade. É ali que você concentra sua atenção, sua intensidade, sua mente é cativada, ou na mentalidade carnal ou na mentalidade espiritual. “O que você faz quando está sozinho, determina sua mentalidade”. 

Então, dizemos para nós mesmos coisas do tipo, como, premeditando o pecado: “Se eu fizer isso, Deus vai me castigar; é contra meus princípios cristãos;  vou pecar contra minha esposa, prejudicará as pessoas a minha volta; vou me sentir constrangido;  serei disciplinado, vai ferir minha autoestima; vou me odiar pela manhã”. Palavras ditas quando se vive uma mentalidade segundo a carne.

Contudo, o apostolo Paulo diz que tal postura não é adequada! Nada disso elimina o pecado. Equivale aplicar a lei à sua tentação e usar o medo para se conter. Qual deve ser a postura correta? Olhando não para você, mas olhando para Deus. “Veja o que Deus fez por mim! É assim que respondo a ele? Deus nos amou, enviou o seu Filho à cruz para nos salvar e enviou o seu Espirito ao nosso coração, mostrando-nos a perversidade desse pecado, motivando-nos a amar nosso salvador e afastando nosso desejo de viver de acordo com a carne.

Conclusão

John Owen pregava o evangelho ao próprio coração dessa forma: “O que foi que eu fiz? Que amor, misericórdia, sangue, graça desprezei e pisoteei? Essa é a minha retribuição ao Pai por seu amor, ao Filho por seu sangue, ao Espirito Santo por sua graça? É assim que pago ao Senhor? Denegri o coração que Cristo morreu para lavar? O que posso dizer ao querido Senhor Jesus? Dou tão pouco valor à comunhão com ele? Será que me empenharei em frustrar (o exato proposito) da morte de Cristo?” 


 

 

terça-feira, 19 de março de 2024

 Nenhuma condenação Rm 8.1-9 

Introdução

Sobre a nossa natureza humana do cristão, Martinho Lutero foi certeiro: “Pensei que o velho tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora tenho que matá-lo todos os dias”. Paulo consubstancia afirmando que: “...não pratico o que quero, e sim o que odeio” (Rm 7.15). Quando nascemos de novo, experimentamos uma verdadeira revolução na consciência, um verdadeiro asco pelo pecado “pratico o que odeio”. 

O Espirito de Deus entrou em nós e nos transformou de modo que almejemos Deus e a santidade, mas nossa “carne” ainda é poderosa o suficiente para impedir que façamos o que pede nossos novos desejos. Por isso, como disse Lutero, temos que matá-la todos os dias.

1)     Nenhuma condenação

Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). “...Não há condenação...”. Esse texto fala da nossa posição como cristão. Não estar condenado é uma expressão legal, que significa estar livre de qualquer divida ou penalidade. Ninguém tem qualquer acusação contra você. Na versão do Peterson, lemos: “Com a chegada de Jesus, o Messias, o dilema foi resolvido. Os que estão em Cristo não precisam mais viver numa nuvem escura e depressiva” (Rm 8.1 – a mensagem). 

Lá na cruz do calvário, Jesus gritou: “Tetelestai” (Jo 19.30), isto é, está pago, está consumado, estou levando sobre mim o teu pecado. Primeiro, A palavra era usada para a conclusão de uma tarefa, Jesus terminou sua obra, morrendo na cruz pelos nossos pecados. Segundo a palavra era usada para uma quitação de dívida, Jesus pagou com o seu sangue todo o preço do nosso resgaste. Terceiro, a palavra fala para a posse de direito e de uma propriedade, agora temos direito da vida eterna com Cristo. 

E o que isso significa? Significa que Deus não tem nada contra nós! Ele não encontra falha alguma em nós. Não encontra nada pelo que nos castigar. Desse modo, no momento em que vamos a Cristo Jesus, a condenação desaparece para sempre. Não há mais condenação alguma para nós – ela se foi. O profeta Isaias faz um convite: “Venham vamos refletir juntos”, depois ele afirma: “Embora seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como purpura, como a lã se tornarão” (Is 1.18).

A grande dificuldade dos cristãos se deve ao fracasso de entender esse versículo. O que acontece se nos esquecemos de que “...agora já não há condenação...”. Por um lado, sentimos muito mais culpa, indignidade e dor do que deveríamos. Disso pode vir uma grande compulsão pela necessidade de provarmos quem somos; grande sensibilidade à crítica; falta de relacionamentos; falta de confiança e alegria na oração e na adoração...

2)     Nenhuma escravidão

Porque a lei do Espirito da vida, em Cristo Jesus...” (Rm 8.2) – por meio da fé nele“...te livrou da lei do pecado e da morte” (v.2). Portanto, o Espirito Santo vem para nos libertar da escravidão ao pecado dentro do nosso coração. De modo que o versículo 1 nos diz que somos libertos da condenação; o versículo 2, que estamos sendo libertos do poder real do pecado. Em outras palavras, a salvação lida com nossa culpa legal (Rm 8.1) e como nossa corrupção interior (Rm 8.2). 

Como isso aconteceu? Nos versículos 3 e 4, o apostolo Paulo nos mostra como Deus realizou os dois aspectos da salvação (nenhuma culpa, nenhuma escravidão). Primeiro, Paulo fala que a lei não foi capaz de nos salvar por causa da nossa carne enfraquecida pelo pecado “aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne”. O ser humano nunca teve nenhum dispositivo em si para cumprir a lei de Deus, é como você mandar uma pessoa enfraquecida fazer algo, sendo que não tem força para fazer.

Segundo, diante desse fato, o que Deus fez: “Enviando o seu próprio filho, à semelhança do homem pecador”. Jesus se encarnou, habitou no meio dos homens para nos dar a salvação. Terceiro, “como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne” (Rm 8.3). “...a fim de que as justas exigências da lei fossem plenamente satisfeitas em nós” (Rm 8.4).

Quarto, o versículo 4 nos conta que tudo o que Cristo fez em nosso favor – sua vinda ao mundo, ou, sua encarnação; sua morte e ressurreição – foi a fim (com o proposito) de que pudéssemos ter uma vida santa. Ou seja, aquilo para o que Jesus vive, o proposito de sua vida inteira, é tornar-nos santos. Sempre que pecamos, acabamos por frustrar o objetivo e o proposito da vida, da morte e do ministério de Jesus Cristo!

3)     Mentalidade carnal e espiritual 

Agora o apostolo Paulo faz um contraponto entre dois tipos de mentalidades: A mentalidade carnal: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja...a mentalidade da carne é morte...a mentalidade da carne é inimiga de Deus ...não pode agradar a Deus”. Agora, que vive no Espirito “tem a mente voltada para o que o Espirito deseja...a mentalidade do Espirito é vida e paz...” (Rm 8.5-8).

Ou seja, aqueles que vivem de acordo com a carne o que importa são as coisas da carne, mas para aqueles que vivem de acordo com o Espirito o que importa são as coisas do Espirito. Então, o que você firmou a sua mente determina seu estilo de vida e personalidade. É ali que você concentra sua atenção, sua intensidade, sua mente é cativa ou da mentalidade carnal ou da mentalidade espiritual.

Alguns testes para ver nossa mentalidade:

Primeiro teste. Estou mais preocupado com a situação da minha alma, ou mais preocupado com as coisas deste mundo? Estou preocupado com a minha vida neste mundo, com a comida e o vestuário, meu time de futebol, em diversão, com carro, etc. Ou, tenho buscado o reino de Deus e a sua justiça? Posso dizer que, acima de todas minhas preocupações, interesses e ansiedades, minha maior preocupação é meu espírito, essa parte invisível que Deus colocou em mim, e meu relacionamento com ele? Olha o que disse o Salmista Davi: “Como a corça anseia por aguas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1-2). Dependendo da sua resposta, ou está na mentalidade espiritual ou carnal... 

Segundo teste: Quem é Jesus para você? Ele é essencial para sua vida? Ele está em primeiro lugar? Será que sei que estou perdido sem ele? Será que acredito que, se ele não tivesse morrido por meus pecados, eu jamais poderia conhecer a Deus? Chamar Deus de Aba Pai, que privilégio! Será que vejo no Senhor Jesus o único mediador entre Deus e os homens? No final do ministério de Jesus, muitos estavam abandonando e indo embora, por causa de suas duras palavras. Ele olhou para os discípulos e disse: “Voces também não querem ir? Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6.67-68). Será que vivo na mentalidade carnal ou espiritual? Quem é Jesus para você? 

Conclusão:

Qual é o lugar da Palavra de Deus em sua vida? Eu o leio, medito nele todos os dias? Foi o Espirito Santo que capacitou vários homens a escreverem este livro. Esses homens não eram filósofos; somos informados de que “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo” (1 Pe 1.21). Ele é obra do Espirito Santo.

E, por fim, vivemos na carne ou no Espirito? Como está a sua vida de oração? A oração não é simplesmente uma reza católica, com pedidos e mais pedidos. A oração é um desejo de conhecer a Deus; um desejo de comungar com ele, um desejo de estar na presença do Eterno, uma sede de Deus. 


 

 

terça-feira, 12 de março de 2024

 A multiforme sabedoria de Deus Ef 3.1-10 

Introdução

“...Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus” (Ef 3.11). Paulo estava preso, não era prisioneiro de Cristo, mas de Nero. Estava aguardando o julgamento. Quando ele fala “prisioneiro de Cristo”, era a convicção de que sua vida inteira, estava sob o senhorio de Cristo. E o que mais enternece é que a causa de sua prisão é a pregação do evangelho aos gentios, ele diz: “por amor de vós, gentios”. 

1)    O mistério revelado

“...o mistério que me foi dado a conhecer pela revelação” (Ef 3.3). A palavra “mistério” aparece três vezes (v.3, v.4 e v.9). Devemos reconhecer que as palavras em português e em grego não significam a mesma coisa. Em português um “mistério” é algo obscuro, secreto, enigmático; o que é misterioso é inexplicável. 

Já no grego, se referia uma verdade em que alguém tenha iniciado. Portanto, os “mistérios” cristãos são verdades que, embora estejam além da compreensão humana, foram revelados por Deus e, portanto, agora pertencem abertamente a toda igreja. Qual é o segredo aberto ou verdade revelada? Paulo diz: “Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espirito aos santos apóstolos e profetas de Deus” (Ef 3.5).

O que é esse “mistério” que esteve oculto, não revelado em todo o Antigo Testamento? “...mediante o evangelho, os gentios são coerdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e coparticipantes da promessa em Cristo” (Ef 3.6).  A fim de defini-lo com mais exatidão, Paulo reúne três expressões compostas e paralelas. Que expressões são estas? Os gentios são “coerdeiros”, “membros do mesmo corpo” e copartipantes da promessa. 

O que Paulo está declarando, afirmando é que os cristãos, tanto gentios como judeus, são agora herdeiros juntos da mesma benção, membros comuns do mesmo corpo, e participantes da mesma promessa. No capitulo 2, a situação dos gentios era: “...estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros, quanto às alianças das promessas, sem esperança e sem Deus no mundo”, mas, continua o apostolo “agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo...” (Ef 2.12-16).

2)    O chamado

Primeiro, O apostolo afirma: “Deste evangelho fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus, a mim concedida” (Ef 3.7). Desta maneira, se o primeiro dom da graça de Deus a ele foi o próprio mistério que lhe fora revelado (Ef 3.2,3), o segundo era o ministério que lhe fora confiado (“ministro”). Tudo, para o apostolo Paulo, era pela graça de Deus e o exerceria segundo a força operante do seu poder. 

Paulo considera que esta comissão ou ministério é um privilégio enorme. Ele diz: Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos...”, ou “o membro mais vil do povo santo”. Ele diz “Eu sou o menor”, ou “o mais vil”, talvez estivesse deliberadamente jogando com o significado do seu nome. Seu sobrenome “Paulus” significa “pequeno” e a tradição diz que era um homem pequeno, pernas tortas e com sobrancelhas interligadas.

“Eu sou pequeno”, talvez esteja dizendo “pequeno pelo nome, pequeno na estatura, e moral e espiritualmente menor do que o mínimo de todos os cristãos”. Ele está sendo sincero. Está profundamente consciente tanto da sua própria indignidade, pois “noutro tempo fora blasfemo, perseguidor e insolente” contra Jesus Cristo (1 Tm 1.13). 

A segunda responsabilidade é “Pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8). Pregar aqui é “anunciar as boas novas”, porque estava consciente de que o seu evangelho era uma mensagem de boas novas grandiosas, ou boas notícias para os gentios. “Insondáveis riquezas de Cristo”.  A palavra no grego é “anexniastos” que significa, literalmente “cuja pista não pode ser achada”.

Na versão grega de Jó: “Ele realiza maravilhas insondáveis...” (Jó 5.9), era aplicada às maravilhas da criação, que estão além do nosso entendimento, e o próprio Paulo já a usara em Romanos 11 “...quão insondáveis são os teus juízos...” (v.33) para os mistérios profundos do plano divino da salvação eterna.

Os tradutores e comentaristas esforçam-se para achar um equivalente dinâmico. As riquezas de Cristo, dizem eles, são “inescrutáveis”, são “inexploráveis”, são incompreensíveis, são “inexauríveis”, e são “incalculáveis”. Talvez “insondáveis” seja a tradução mais simples, pois o que está certo sobre as riquezas que Cristo tem e dá é que nunca chegaremos ao fim delas. 

Terceiro, “manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos oculto em Deus, que criou todas as coisas” (Ef 3.9). Agora a pregação do evangelho é definida, não como “boas novas”, mas, sim, como iluminar (manifestar). Quando Jesus apareceu para Paulo na entrada de Damasco lhe comissionou para pregar aos gentios: “para lhes abrir os olhos, convertê-los das trevas para a luz e da potestade de satanás para Deus a fim de que recebam o perdão dos pecados” (Atos 26.17-18).

Paulo nunca se esqueceu da experiencia na estrada de Damasco. Quando se convertera o brilho não fora apenas externo, mas também interno, de intensa luz do céu. Ele explica como acontece a iluminação: “Porque Deus que disse: de trevas resplandecerá luz -, ele mesmo resplandeceu em nossos corações” (2 Co 4.6). Portanto, devemos sempre nos lembrar na evangelização, que o príncipe das trevas mantém os homens na escuridão, e que somente pela iluminação divina é que os olhos serão abertos para ver. 

Quarto, “a intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus...” Primeiro, Deus através da revelação a Paulo, desvelou o “mistério” (judeus e gentios são membros do mesmo corpo). Segundo, Paulo, o menor de todos, é constituído ministro e anunciar o evangelho em todas partes do mundo. Terceiro a  mensagem é sobre as insondáveis riquezas de Cristo. E quarto levar os homens a serem iluminados pela palavra de Deus. E, por fim, manifestar a multiforme sabedoria de Deus. O que é a multiforme sabedoria de Deus?

“Multiforme” significa literalmente “multicolorida”, e era usada para descrever flores, coroas, tecidos bordados e tapetes trançados. Na septuaginta a tradução era “túnica adornada”, um tipo de manta ricamente ornamentada que Jacó deu para José (Gn 37.3). Assim é a igreja, uma comunidade multirracial e multicultural é como uma bela tapeçaria. Seus membros vêm de uma vasta gama de situações singulares. É a nova sociedade de Deus, é a igreja reunida. 

Conclusão

A multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). O que é a história? É o teatro; o mundo que vivemos é um grande palco e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deus é o autor da peça e dirige-a ao mesmo tempo. Ato após ato, cena após cena, a historia continua a desdobrar-se. 

Mas quem está no auditório? Quem está assistindo à peça? Quem está olhando para a igreja? “...os poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). Os anjos de Deus. Qual é o nosso erro quantos aos anjos e os demônios? Podemos dar muita importância, ou podemos subestimar esses seres.

Quanto aos anjos de Deus, ao apostolo Pedro nos conta que não entendiam plenamente o ensino dos profetas do Antigo Testamento, nem dos profetas do Novo Testamento, no que diz respeito as boas novas da salvação em Cristo Jesus “coisas até que os anjos anseiam” (1 Pe 1.12). 

Os anjos vieram a conhecer o plano da salvação pela multiforme sabedoria de Deus, a igreja. A medida em que inicia em Atos 2, quando o Espirito Santo se derramou copiosamente sobre os discípulos e a medida que a igreja cresce e desenvolve.

Nós não vemos anjos, Paulo fala que estamos assentados “nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.6). Mas somos vistos por eles, observados por eles, estão no culto, no meio da adoração, no momento da Palavra, das orações. Olham fascinados pessoas de todas as regiões do Brasil, pessoas que vem de culturas diferentes, pessoas com línguas diferentes, juntas, adorando e exaltando o nome de Jesus Cristo. Essa é a sociedade do Deus vivo. 


 

 

terça-feira, 5 de março de 2024

 Marcos, dando a volta por cima – Atos 15.36-39 

Introdução

João Marcos era primo de Barnabé (Cl 4.10) e filho de Maria. Era na casa de Maria “...mãe de João também chamado Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas em oração” (Atos 12.12). Talvez Maria fosse uma mulher relativamente rica, pois tinha pelos menos uma empregada, Rode (Atos 12.13). João (cheio da graça) era o seu nome em hebraico, como judeu e, Marcos (guerreiro) seu nome romano, mas com o tempo, predominou o nome romano.

Marcos tinha um apelido carinhoso "Colobodactylus", ou "dedo toco", é que Marcos era um homem grande com dedos desproporcionalmente pequenos - dedos curtos e grossos. Esse apelido surgiu em Roma, quando estava escrevendo o seu evangelho. 

1)     Um jovem com medo

O evangelho de Marcos fala que quando Jesus fora preso “...todos fugiram e o abandonaram. Certo jovem, vestido apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus, quando também tentaram prendê-lo. Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo”, ou “...ele fugiu nu, deixando o lençol para trás” (Mc 14.50-52). 

 
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento acreditam que Marcos é esse jovem por dois motivos. Primeiro, somente no seu evangelho esse relato é narrado, um relato autobiográfico. Segundo, é possível que Marcos estivesse dormindo quando soube do que acontecia no jardim. Só teve tempo de se cobrir com a capa (lençol) e  partiu para o Getsêmani. Como todos os discípulos, também ficou com medo e fugiu.

Possivelmente, para Marcos, tudo o que estava acontecendo era novidade: um messias fazendo milagres por onde passava e, sua mãe, uma mulher piedosa começou a segui-lo. Portanto, de inicio, acompanhava sua mãe, ia com ela onde estava o Messias; a fé, era dela, não dele. Naquela noite, o alvoroço espalhou-se entre os seguidores de Jesus. E, Marcos, levantou-se correndo da cama e dirigiu-se ao Jardim, um local conhecido pelos discípulos. 

Quando chegou presenciou o alvoroço, Jesus estava sendo preso pelos soldados romanos e todos os discípulos fugiram, com medo da prisão. Marcos, vendo que os soldados iriam prendê-lo, correu, mas o seu lençol ficou na mão do soldado e fugiu desnudo, sem roupa, para casa, envergonhado.

2)     Uma mãe piedosa

Maria, mãe de Marcos, é mencionada uma única vez nas Escrituras. Ela se destacou por sua coragem em um tempo onde a perseguição de Herodes Agripa aos cristãos estava muito grande. Ele já tinha mandado matar o apostolo Tiago e o apostolo Pedro estava preso, pronto para ser morto também.  Não obstante, os riscos, essa mulher abriu as portas de sua casa para os cristãos.  

Aliás, sua casa, transformou-se no quartel general da igreja primitiva, um lugar de bálsamo espiritual, um local de comunhão entre os irmãos, o local de culto e, um local de oração, de intercessão. Portanto, ela era um exemplo de hospitalidade e coragem; um local também de pregação do evangelho para que se expandisse em Jerusalém.

Pregar no tempo da igreja primitiva, ser testemunha de Cristo, em Jerusalém, não era nada fácil. A igreja estava sendo perseguida de todos os lados, pelos religiosos e pelo estado romano (na figura de Herodes Antipas). Agora, pensa comigo, imagine ceder a sua casa como local de reunião de cristãos, de culto, de oração! Era muita coragem, você teria essa coragem, em ceder a sua casa?

3)     Fracasso

Era a primeira viagem missionaria da igreja e o Espirito disse “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado” (Atos 13.2). Mas, também levaram consigo João Marcos. Talvez por ser primo de Barnabé e por mostrar-se um jovem crente promissor e ativo na obra do Senhor. “Chegando em Salamina, anunciavam a Palavra de Deus nas sinagogas judaicas. João Marcos os seguia para auxiliá-los” (Atos 13.5).

Mas quando chegaram para o espinhoso território da Panfília, uma cadeia de montanhas se alteava à sua frente; era uma região infestada de mosquito e febre. Devido as condições, as coisas ficaram tão duras e difíceis para João Marcos que ele perdeu o animo de continuar. E o texto diz: “...chegaram a Perge, da Panfília. Mas, João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (Atos 13.13). 

O entusiasmo do rapaz se enfraqueceu. Seu sonho se transformou em pesadelo pessoal. Sem dúvida embaraçado, ele admitiu: “Não posso continuar, vou embora”. Um comentarista o chama de “desertor”; João Crisóstomo diz “o garoto queria a mãe”.  E mais: nessa viagem o apostolo Paulo ficou doente; talvez tenha sido a malária e o começo das dores de cabeça, atingindo seus olhos.

Esse foi um péssimo momento para João Marcos desertar. Nessa viagem também o apostolo Paulo foi apedrejado e o deixaram como morto. No final das contas, ele e Barnabé aguentaram os rigores da viagem, voltaram e retrataram os esplendidos resultados.

4)     Tensão

E alguns dias depois disse Paulo a Barnabé: tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos” (Atos 15.36-37). De um lado temos Barnabé com uma disposição balsâmica, que acreditava em Marcos. Assim, como acreditou em Paulo, quando todo mundo suspeitava de sua conversão a Cristo. 

Do outro lado, temos Paulo. Um homem de grande convicção, colérico e forte compromisso com a verdade e a lealdade. Paulo examinou a questão do ponto de vista do bem geral do ministério. Enquanto que Barnabé olhou a questão do ponto de vista do bem geral de Marcos. Para Paulo: “...parecia razoável que não tomasse consigo aquele que desde Panfília se tinha apartado deles e não acompanhou naquela obra” (Atos 15.38).

O termo traduzido como “afastara” é aquele do qual obtivemos o nosso apostasia. Para Paulo, Marcos fizera mais do que recuar e ir embora... o jovem cometera apostasia. Paulo afiançava-se no livro de Proverbios: “Como dente quebrado e pé deslocado, é a confiança no desleal, no tempo de angustia”. Ou, “quem em tempos de necessidade, confia no homem desleal, é como aquele que procura morder com o dente quebrado e que se apoia num pé sem firmeza, tropeçando e caindo”.

Por causa desse desentendimento Barnabé e Paulo se separaram. Paulo estava convicto de sua decisão, enquanto que Barnabé pensava com o coração. O apostolo Paulo juntou-se a Silas e foram em direção à Siria, com o objetivo de visitar as igrejas fundadas. Enquanto que Barnabé e João Marcos foram em direção a ilha de Chipre.

Barnabé era um discipulador, um mestre na paciência, conhecia o potencial das pessoas, principalmente conhecia o ministério que Deus dera a Marcos. Coube a Barnabé a tarefa de treiná-lo, discipular e dar musculatura ao ministério a ele. Talvez, a grande dificuldade de Marcos, era sua volubilidade, ou, sempre começava e nunca terminava. Começou querendo ser discípulo de Jesus, mas correu do soldado no Getsêmani; começou sendo missionário, mas fraquejou em sua primeira experiência. 

Depois, como diz a tradição, ele foi com Pedro em Roma. Acompanhou Pedro em toda sua cruzada evangelística por Roma, anotando as histórias contadas por Pedro em seus sermões e nas conversas pessoais. O primeiro evangelho, a primeira narrativa da vida de Jesus e dos apostolos fora escrita por Marcos.  

Conclusão

Durante os últimos anos da vida de Paulo, Marcos, aquele que foi rejeitado pelo apostolo Paulo, lhe fez companhia, permanecendo ao seu lado nas horas mais difíceis. Na carta aos colossenses, Paulo escreveu que Marcos estava com ele em Roma (Cl 4.10).  Paulo também escreveu para Filemon, colocou Marcos na lista dos seus cooperados (Fm 24).

Paulo escrevendo para Timóteo, sua ultima carta antes de morrer, pediu que trouxesse Marcos “pois me é útil para o ministério” (2 Tm 4.11). Que mudança! Marcos passou a ser uma benção na obra do Senhor. O que dizer de tudo isso? O Senhor é cheio de misericórdia, cheia de graça, cheio de amor, cheio de verdade, cheio benignidade, cheio de longanimidade. E está aqui para te levantar, para te fortalecer, para te robustecer, para lhe conceder uma segunda chance. 



  

sábado, 2 de março de 2024

 “Enchei-vos do Espirito” Ef 5.18

Introdução

O apostolo Paulo exorta a igreja a não se embriagar com vinho, mas encher-se do Espirito Santo. Por quê?

O álcool não é estimulante, mas sim, depressivo. Pois deprime os centros mais altos de todo cérebro; essa parte do cérebro controla tudo o que dá ao homem autocontrole, sabedoria, discriminação, julgamento, poder para analisar tudo. O álcool tem o poder de desandar todos esses elementos...

A embriaguez esbanja! Esbanja o nosso tempo, esbanja nossa alegria, esbanja nossa energia, esbanja nossa pureza, esbanja nossa capacidade de raciocinar, nossa capacidade de calcular...

A embriaguez empobrece. O pobre bêbado vem sem nada. Olha o filho prodigo, voltando à casa do Pai: sem dinheiro, sem roupa, sem anel, sem sandálias, etc. Tentando comer bolotas dos porcos “e ninguém lhe dava nada”.

Já o Espirito Santo é o inverso, se o álcool é um depressivo, o Espirito é um estimulante. O Espirito Santo estimula o corpo (mesmo fraco), o Espirito Santo estimula a alma. O Espirito Santo estimula a mente, estimula o intelecto, estimula o coração e estimula a vontade. Tudo é estimulado pela presença do Espirito Santo, mesmo em momentos difíceis.

O álcool empobrece, tira tudo o que você tem. Já o Espirito tem enriquece, enriquece sua vida espiritual; enriquece de dons espirituais; enriquece de conhecimento de sua palavra; enriquece de poder, na oração.


1)     Como se enche do Espirito Santo?

Primeiro, quando nos reunimos, nos ajuntamos como igreja: “falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais...” (Ef 5.19).  O salmista fala desse congregar: “Quanto aos fiéis que há na terra, eles são os notáveis em que está todo o meu prazer” (Sl 16.31). a igreja primitiva sempre “se dedicava ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2.42). O salmista exulta diante do átrio do Senhor: “Como é amável o lugar da tua morada, ó Senhor dos Exércitos” (Sl 84.1).

Segundo adoração. “Cantando e louvando de coração ao Senhor” (Ef 4.19). a essência de tudo que acontece tem que ser de coração, o louvor tem que ser de todo o coração, com toda sua intensidade. Profeta Isaias: “O povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim” (Is 29.13). O profeta Joel exorta: “Voltem-se para mim de todo o coração, rasguem o coração e não as vestes” (Jl 2.12).

“De coração”, refere-se à sinceridade, ou a interioridade do louvor cristão autentico “fazendo música no coração, destinada aos ouvidos de Deus”. Quando você é cheio do Espirito Santo o teu cântico é cheio de alegria no coração, é uma celebração jubilosa, alegre dos atos poderosos de Deus.

Quando Deus abriu o mar vermelho para o seu povo passar, Moisés e todos entoaram um cântico: “Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente...o Senhor é a minha força e o meu canto, a ele devo a minha salvação! Ele é o meu Deus e o louvarei, é o Deus de meu pai, e o exaltarei! (Ex 15.1-2).

Terceiro “Gratidão”. “Dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em Nome do Nosso Senhor Jesus Cristo”. Infelizmente, muitos queixam, murmuram o tempo todo. Mas a exortação de Paulo é a gratidão. Gratidão a Deus pela vida, gratidão a Deus pela saúde, gratidão pela família, gratidão pela igreja, gratidão pela salvação, gratidão por estarmos no culto de santa ceia...

Quarto submissão. “Sujeitando-vos uns aos outros, por temor a Cristo”. Infelizmente tem gente que se diz cheio do Espirito Santo, fala em línguas, arrota santidade e até mesmo “profetiza”, no entanto, é uma pessoa agressiva, com palavras de baixo calão, pessoa amargurada e que não perdoa. Não submete à autoridade.


Conclusão: enchei-vos do Espirito

O Verbo “enchei-vos” está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa, condicional, somente para os obreiros da igreja, mas é um imperativo, é um mandamento, é uma obrigação.

O verbo “enchei-vos do Espirito” está no plural, ou seja, é para todos nós, para toda comunidade cristã, isto é, para crianças, adolescentes, adultos, anciãos, etc, todos. Em Atos, afirma: “Todos ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espirito os capacitava” (Atos 2.4).

O verbo “enchei-vos do Espirito” está na voz passiva. Isto é, deixa o Espirito te encher; ele quer te encher da sua presença. Portanto, não entristeçais o Espirito Santo, mas dá vazão a Ele pela fé, ele pode te encher, te batizar, te renovar.

O verbo “enchei-vos do Espirito Santo” está no tempo presente. No grego há dois imperativos, um que descreve uma ação única, como acontece em Caná que transformou água em vinho; e outro descreve uma ação continua. Enchei-vos do Espirito é um ato continuo e acontece todas as vezes que buscamos sua face.

Portanto, “enchei-vos do Espirito Santo, enchei-vos da sua presença”. Hoje é dia de renovar, restaurar, de se fortalecer em sua presença. Aos abatidos, ele diz: “Levante-se e seja cheio do Espirito Santo”.  Aos que o diabo lançou uma seta de acusação: “Seja cheio do Espirito Santo, tome posse do perdão que há em Cristo Jesus”. Ainda não chegaste a ser cheio totalmente, ainda tem mais, mais graça, mais poder, mais unção...