terça-feira, 19 de março de 2024

 Nenhuma condenação Rm 8.1-9 

Introdução

Sobre a nossa natureza humana do cristão, Martinho Lutero foi certeiro: “Pensei que o velho tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora tenho que matá-lo todos os dias”. Paulo consubstancia afirmando que: “...não pratico o que quero, e sim o que odeio” (Rm 7.15). Quando nascemos de novo, experimentamos uma verdadeira revolução na consciência, um verdadeiro asco pelo pecado “pratico o que odeio”. 

O Espirito de Deus entrou em nós e nos transformou de modo que almejemos Deus e a santidade, mas nossa “carne” ainda é poderosa o suficiente para impedir que façamos o que pede nossos novos desejos. Por isso, como disse Lutero, temos que matá-la todos os dias.

1)     Nenhuma condenação

Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). “...Não há condenação...”. Esse texto fala da nossa posição como cristão. Não estar condenado é uma expressão legal, que significa estar livre de qualquer divida ou penalidade. Ninguém tem qualquer acusação contra você. Na versão do Peterson, lemos: “Com a chegada de Jesus, o Messias, o dilema foi resolvido. Os que estão em Cristo não precisam mais viver numa nuvem escura e depressiva” (Rm 8.1 – a mensagem). 

Lá na cruz do calvário, Jesus gritou: “Tetelestai” (Jo 19.30), isto é, está pago, está consumado, estou levando sobre mim o teu pecado. Primeiro, A palavra era usada para a conclusão de uma tarefa, Jesus terminou sua obra, morrendo na cruz pelos nossos pecados. Segundo a palavra era usada para uma quitação de dívida, Jesus pagou com o seu sangue todo o preço do nosso resgaste. Terceiro, a palavra fala para a posse de direito e de uma propriedade, agora temos direito da vida eterna com Cristo. 

E o que isso significa? Significa que Deus não tem nada contra nós! Ele não encontra falha alguma em nós. Não encontra nada pelo que nos castigar. Desse modo, no momento em que vamos a Cristo Jesus, a condenação desaparece para sempre. Não há mais condenação alguma para nós – ela se foi. O profeta Isaias faz um convite: “Venham vamos refletir juntos”, depois ele afirma: “Embora seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como purpura, como a lã se tornarão” (Is 1.18).

A grande dificuldade dos cristãos se deve ao fracasso de entender esse versículo. O que acontece se nos esquecemos de que “...agora já não há condenação...”. Por um lado, sentimos muito mais culpa, indignidade e dor do que deveríamos. Disso pode vir uma grande compulsão pela necessidade de provarmos quem somos; grande sensibilidade à crítica; falta de relacionamentos; falta de confiança e alegria na oração e na adoração...

2)     Nenhuma escravidão

Porque a lei do Espirito da vida, em Cristo Jesus...” (Rm 8.2) – por meio da fé nele“...te livrou da lei do pecado e da morte” (v.2). Portanto, o Espirito Santo vem para nos libertar da escravidão ao pecado dentro do nosso coração. De modo que o versículo 1 nos diz que somos libertos da condenação; o versículo 2, que estamos sendo libertos do poder real do pecado. Em outras palavras, a salvação lida com nossa culpa legal (Rm 8.1) e como nossa corrupção interior (Rm 8.2). 

Como isso aconteceu? Nos versículos 3 e 4, o apostolo Paulo nos mostra como Deus realizou os dois aspectos da salvação (nenhuma culpa, nenhuma escravidão). Primeiro, Paulo fala que a lei não foi capaz de nos salvar por causa da nossa carne enfraquecida pelo pecado “aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne”. O ser humano nunca teve nenhum dispositivo em si para cumprir a lei de Deus, é como você mandar uma pessoa enfraquecida fazer algo, sendo que não tem força para fazer.

Segundo, diante desse fato, o que Deus fez: “Enviando o seu próprio filho, à semelhança do homem pecador”. Jesus se encarnou, habitou no meio dos homens para nos dar a salvação. Terceiro, “como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne” (Rm 8.3). “...a fim de que as justas exigências da lei fossem plenamente satisfeitas em nós” (Rm 8.4).

Quarto, o versículo 4 nos conta que tudo o que Cristo fez em nosso favor – sua vinda ao mundo, ou, sua encarnação; sua morte e ressurreição – foi a fim (com o proposito) de que pudéssemos ter uma vida santa. Ou seja, aquilo para o que Jesus vive, o proposito de sua vida inteira, é tornar-nos santos. Sempre que pecamos, acabamos por frustrar o objetivo e o proposito da vida, da morte e do ministério de Jesus Cristo!

3)     Mentalidade carnal e espiritual 

Agora o apostolo Paulo faz um contraponto entre dois tipos de mentalidades: A mentalidade carnal: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja...a mentalidade da carne é morte...a mentalidade da carne é inimiga de Deus ...não pode agradar a Deus”. Agora, que vive no Espirito “tem a mente voltada para o que o Espirito deseja...a mentalidade do Espirito é vida e paz...” (Rm 8.5-8).

Ou seja, aqueles que vivem de acordo com a carne o que importa são as coisas da carne, mas para aqueles que vivem de acordo com o Espirito o que importa são as coisas do Espirito. Então, o que você firmou a sua mente determina seu estilo de vida e personalidade. É ali que você concentra sua atenção, sua intensidade, sua mente é cativa ou da mentalidade carnal ou da mentalidade espiritual.

Alguns testes para ver nossa mentalidade:

Primeiro teste. Estou mais preocupado com a situação da minha alma, ou mais preocupado com as coisas deste mundo? Estou preocupado com a minha vida neste mundo, com a comida e o vestuário, meu time de futebol, em diversão, com carro, etc. Ou, tenho buscado o reino de Deus e a sua justiça? Posso dizer que, acima de todas minhas preocupações, interesses e ansiedades, minha maior preocupação é meu espírito, essa parte invisível que Deus colocou em mim, e meu relacionamento com ele? Olha o que disse o Salmista Davi: “Como a corça anseia por aguas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1-2). Dependendo da sua resposta, ou está na mentalidade espiritual ou carnal... 

Segundo teste: Quem é Jesus para você? Ele é essencial para sua vida? Ele está em primeiro lugar? Será que sei que estou perdido sem ele? Será que acredito que, se ele não tivesse morrido por meus pecados, eu jamais poderia conhecer a Deus? Chamar Deus de Aba Pai, que privilégio! Será que vejo no Senhor Jesus o único mediador entre Deus e os homens? No final do ministério de Jesus, muitos estavam abandonando e indo embora, por causa de suas duras palavras. Ele olhou para os discípulos e disse: “Voces também não querem ir? Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6.67-68). Será que vivo na mentalidade carnal ou espiritual? Quem é Jesus para você? 

Conclusão:

Qual é o lugar da Palavra de Deus em sua vida? Eu o leio, medito nele todos os dias? Foi o Espirito Santo que capacitou vários homens a escreverem este livro. Esses homens não eram filósofos; somos informados de que “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo” (1 Pe 1.21). Ele é obra do Espirito Santo.

E, por fim, vivemos na carne ou no Espirito? Como está a sua vida de oração? A oração não é simplesmente uma reza católica, com pedidos e mais pedidos. A oração é um desejo de conhecer a Deus; um desejo de comungar com ele, um desejo de estar na presença do Eterno, uma sede de Deus. 


 

 

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