terça-feira, 26 de março de 2024

 Mentalidade carnal ou Espiritual? Rm 8.1-13 

Introdução

O apostolo Paulo fez um contraponto entre a mentalidade carnal e a mentalidade espiritual (Rm 8.5-8). A mentalidade da carne é carne, levada pelos desejos, paixões; a mentalidade da carne é inimiga de Deus e não pode agradar a Deus. Agora, contudo,  quem vive no Espirito (pneuma), tem a mente voltada para o que o Espirito deseja, vive na dependência do Espirito e, a mentalidade do Espirito produz vida e paz.

O apostolo sublinha duas coisas importantes: No versículo 9, Paulo nos ensina que o que identifica o verdadeiro cristão é se ele é possuído ou habitado pelo Espirito Santo. Ele diz: “E, se alguém não tem o Espirito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8.9). Mas, todo cristão é habitado e é morada do Espirito de forma que o nosso corpo se tornou um “templo do Espirito Santo, que habita em vós” (1 co 6.19). 

O Espirito Santo veio sobre os discípulos em Atos 2, mas antes de vir, os discípulos estavam orando perseverantemente, os discípulos estavam em união, em unidade. Até que quando estavam todos reunidos no mesmo lugar, veio um som do céu, como o estrondo do mar. Em seguida, veio um vento, o Espirito Santo é livre, sopra onde quer, da forma que quer e onde quer. E, todos começaram a falar em outras línguas. O Espirito Santo derramou-se copiosamente sobre a igreja e até hoje está conosco. 

1)     Mortificação

O apostolo Paulo afirma que não estamos mais na carne (Rm 8.12), isto é, preso ao pecado, aos desejos. “...Se pelo Espirito fizerem morrer os atos do corpo, viverão...” (Rm 8.13). Ou, “melhor a fazer é dar a ela um enterro definitivo e se engajar na nova vida” (A mensagem).  É Pelo Espirito Santo que conseguimos fazer morrer os atos de pecado do nosso corpo, Paulo está afirmando que “fazer morrer” é mortificação.

Primeiro, o que é mortificação? É o reconhecimento muito claro e consciente do mal como mal, é um repudio tão decisivo e radical do mal que nenhuma imagem poderia retratá-lo tão bem quanto a de “fazer morrer”. O significado do verbo que Paulo usa é “matar alguém, entregar alguém para ser morto, especialmente no caso de sentença de morte e sua execução”. Em outro lugar, o apostolo refere-se a isso como o gesto de “crucificar a carne com as paixões e desejos” (Gl 5.24). Jesus exortou: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34). 

E o que nós temos de fazer morrer ali, são todos os atos do corpo, ou seja, todo uso do nosso corpo (olhos, ouvidos, boca, mãos e pés) que tenha como proposito servir a si mesmo e não a Deus. Ou seja, evitar aquilo que sabe ser pecado; você evita tudo o que leva ao pecado, e até o que for duvidoso. É uma guerra espiritual! Diz Paulo: “A carne milita contra o Espirito e o Espirito, contra a carne, porque são opostos entre si” (Gl 5.17).

Segundo, como se dá a mortificação? É uma questão de fazer morrer. Ou seja, nós somos responsáveis por fazer o mal morrer. Paulo acrescenta que só pelo “...Espirito ... habita em vocês...dará vida aos seus corpos mortais” (Rm 8.11) nós podemos fazer morrer os atos do corpo; o Espirito Santo é o agente e só ele tem o poder para tal. Somente ele pode dar-nos o desejo, a determinação e a disciplina para rejeitar o mal. Não obstante, somos nós que temos de tomar a iniciativa de agir.

Jesus falando sobre o pecado do adultério mental, ele diz no sermão montanha: “Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.  Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno". Mateus 5:28-30. O texto não está falando em tirar os olhos, nem mutilar a mão direita, mas mortificar os seus desejos.

Por outro lado, precisamos voltar nossa mente para as coisas que o Espirito deseja “...buscai o conhecimento do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nos objetivos do alto, e não nas coisas terrenas” (Cl 3.1-2). “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).  Assim, as coisas do alto é um contraponto com as coisas terrenas, desejos, paixões, coisas passageiras da terra. 

Em terceiro lugar, mudar a motivação para o pecado ao lembrar-se do evangelho. O versículo 12 diz: “Portanto, irmãos, temos uma obrigação, mas não para com a natureza pecaminosa”.  Esse “portanto”, refere-se à afirmação anterior, em que Paulo nos conta que fomos redimidos pela justiça de Cristo e que um dia seremos libertos por completo de todo mal e dor na ressurreição do corpo. “...aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espirito que habita em vocês” (Rm 8.11). Ou seja, recebemos a salvação, a justificação legal do nosso pecado, temos vida abundante em Cristo e seremos transformados, teremos um novo corpo imortal e incorruptível. Temos uma esperança. 

“Portanto...temos uma obrigação”, ou, “...somos devedores, não à carne”. Paulo quer dizer, se nos lembramos do que Cristo fez e fará em nosso favor, sentiremos as obrigações do amor e da gratidão de servi-lo e conhece-lo.  O que Paulo quer dizer? Que o pecado só pode ser extirpado pela raiz se nos expusermos o tempo todo ao amor inimaginável de Cristo por nós. Paulo exorta aos irmãos de Efésios: “Possam com todos os santos, compreender a largura, o cumprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo” (Ef 3. 18).

O pecado só pode desenvolver no solo da autopiedade (piedade de si mesmo, desgostos e decepções) e da valorização dos meus direitos, quando penso somente em mim. “Não estamos me dando um tratamento igualitário”, estamos sempre falando. “Não estou tendo minhas necessidades satisfeitas”. Ou “Deus me deve, as pessoas me devem; eu me devo!” No entanto, diz Paulo, você precisa lembrar de que é devedor. Banhar-se na recordação da graça de Deus aflouxará, enfraquecerá e matará o pecado no nível motivacional.

2)     Saindo do fundo do poço

Lembre-se, sua vida é uma expressão de sua mente, vale recordar o verso 5 de Romanos 8: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espirito, tem a mente voltada para que o Espirito deseja” (Rm 8.5). Então, o que você firmou em sua mente determina seu estilo de vida e personalidade. É ali que você concentra sua atenção, sua intensidade, sua mente é cativada, ou na mentalidade carnal ou na mentalidade espiritual. “O que você faz quando está sozinho, determina sua mentalidade”. 

Então, dizemos para nós mesmos coisas do tipo, como, premeditando o pecado: “Se eu fizer isso, Deus vai me castigar; é contra meus princípios cristãos;  vou pecar contra minha esposa, prejudicará as pessoas a minha volta; vou me sentir constrangido;  serei disciplinado, vai ferir minha autoestima; vou me odiar pela manhã”. Palavras ditas quando se vive uma mentalidade segundo a carne.

Contudo, o apostolo Paulo diz que tal postura não é adequada! Nada disso elimina o pecado. Equivale aplicar a lei à sua tentação e usar o medo para se conter. Qual deve ser a postura correta? Olhando não para você, mas olhando para Deus. “Veja o que Deus fez por mim! É assim que respondo a ele? Deus nos amou, enviou o seu Filho à cruz para nos salvar e enviou o seu Espirito ao nosso coração, mostrando-nos a perversidade desse pecado, motivando-nos a amar nosso salvador e afastando nosso desejo de viver de acordo com a carne.

Conclusão

John Owen pregava o evangelho ao próprio coração dessa forma: “O que foi que eu fiz? Que amor, misericórdia, sangue, graça desprezei e pisoteei? Essa é a minha retribuição ao Pai por seu amor, ao Filho por seu sangue, ao Espirito Santo por sua graça? É assim que pago ao Senhor? Denegri o coração que Cristo morreu para lavar? O que posso dizer ao querido Senhor Jesus? Dou tão pouco valor à comunhão com ele? Será que me empenharei em frustrar (o exato proposito) da morte de Cristo?” 


 

 

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