terça-feira, 29 de novembro de 2022

 Jó e o caco de telha -  Jó 2 


Introdução

No capítulo primeiro de Jó, vimos a vida do patriarca com todos os seus bens e sua linda família. Então, nos aparece a dimensão celeste quando os anjos se apresentam diante do Eterno e, junto se apresenta Satanás, no hebraico é Sah Tahn. Significa Sah Tahn “ser  adversário, resistir”. E, Deus lhe lança uma pergunta: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepressível, integro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). 

Em seguida, Satanás duvida da integridade de Jó, afirmando que se baseava nas bênçãos e na proteção que Deus lhe dava. E lança um desafio a Deus: “Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face” (Jó 1.11). E Deus, permite que o inimigo tire de Jó sua riqueza material e seus filhos. Jó perdeu tudo: seus animais, seus servos e, pior seus dez filhos. Dez filhos!

O inimigo com sua imaginação preconcebida pensou que Jó iria blasfemar, como muitos seres humanos reagem diante de certas calamidades. Mas, Jó respondeu altivamente: Eugene Peterson nos dá a resposta de Jó na paráfrase A Mensagem: Jó levantou-se, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e depois caiu no chão e adorou: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei ao ventre da terra. Deus dá, Deus toma. Bendito seja o nome de Deus. Em tudo isto Jó não pecou; não culpou nenhuma vez a Deus”. Jó 1:20-22. 

1)     Um novo ataque

Novamente os anjos celestiais comparecem diante de Deus. E novamente Deus testifica de Jó: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem integro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa” (Jó 2.3). Está vendo a palavra consumir? O termo hebraico significa “engolir”. Quando usado nesse sentido dá a idéia de uma farpa. A idéia de raspar, ou até amordaçar...

Mesmo assim, meu servo Jó continuou integro, reto e temente a Deus. Mesmo não sabendo o motivo do seu sofrimento, ele não me negou. Respondeu Satanás, diante do arrazoado de Deus: “Pele por pele!”, respondeu Satanás. Um homem dará tudo o que tem por sua vida. Estende a tua mão e fere a sua carne e os seus ossos, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face” (Jó 2.4-5).

O homem dará tudo o que tem para proteger a sua vida. Satanás havia tirado tudo de Jó: seus animais, seus servos e seus filhos. Agora, ele quer tirar a saúde de Jó. Permite que eu avance. Dê-me liberdade para quebranta-lo ao máximo, tirando a sua saúde, ele irá amaldiçoa-lo em sua face...Disse-lhe o Senhor a Satanás: “Pois bem, ele está nas suas mãos; apenas poupe a vida dele” (Jó 2.6).

2)     Doença

“Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça” (Jó 2.7). Jó sentiu uma fisgada embaixo do braço e depois um inchaço no pesco­ço. Dentro de sua boca havia mais duas feridas. Pontinhos vermelhos apareceram na testa e até no couro cabeludo, tumores malignos. Acima de tudo, seus pés estavam tão inchados que não podia calçar as sandálias. Antes do meio-dia a febre subiu bastante. A essa altura ele já perdera o apetite. Era como se estivesse se dissolvendo.  

O que Jó tinha? Varíola, cujos sintomas são: febres, doces musculares, dor de cabeça e mal-estar? Elefantíase, uma doença transmitida por um mosquito que causa inchaços pelo corpo? Enczema crônico? Ou lepra? O que sabemos é que Satanás feriu Jó. Vários sintomas da doença de Jó:

Feridas inflamadas, ulcerosas (2:7); Coceira contínua (2:8); Mudanças degenerativas na pele do rosto, desfiguração Jó 2:12;  Perda de apetite (3:24) ; Medo e depressão (3:25) ; Feridas purulentas que se abrem, coçam, racham e supuram (7:5); Vermes formados nas feridas ; (7:5) ; Dificuldade para respirar (9:18); Escurecimento da pálpebra  (16:16); Mau hálito  (19:17); Perda de peso (19:20; 33:21); Dor excruciante, contínua (30:27); Febre alta com arrepios e descoloração da pele, assim como ansiedade e diarreia (30:30).

Além de tudo isso, Jó suportou delírio, insónia e rejeição dos amigos (Jó 7:3; 29:2). Males que duraram meses. Em resumo, Jó tornou-se a personificação da miséria. Devemos lembrar que isto resultou em sua rejeição, isolamento e transferência para o depósito de lixo, como diríamos hoje. Era o lugar onde queimavam detritos, entulho e excrementos humanos da cidade. Esse veio a tornar-se o lugar da sua residência.

3)     A mulher de Jó 

 “Então Jó apanhou um caco de louça com o qual se raspava, sentado entre as cinzas” (Jó 2.8). Diante dessa cena, sua mulher lhe disse: “Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra” (Jó 2.9). Deus no verso três testemunhou a Satanás, que apesar de tudo, Jó ainda se mantinha integro. Agora a mulher incita Jó a cair na armadilha de Satanás...Deus testificara da integridade de Jó. “Diga Jó. Diga! Vamos – amaldiçoe o seu Deus!”. Tudo dependia da resposta de Jó à sua esposa. 

 Considerações sobre a mulher de Ló. Primeiro, ela também perdera dez filhos. Então, a angustia dessa mãe era profunda. Segundo ela sofrera a perda de suas riquezas e bens. Ele ficou reduzida a nada, materialmente. Terceiro, durante anos ela havia sido a esposa do “maior de todos (homens) do Oriente” (Jó 1.3). Quarto, ela perdeu seu companheiro. Não tem mais o homem que ama para participar de conversar agradáveis e boas, mas um homem cheio de enfermidade...e falido. 

Considerações sobre Jó. Primeiro, sempre tomem cuidado com suas palavras quando seu marido estiver atravessando tempos terrivelmente difíceis. O fato de passar por períodos difíceis prolongados enfraquece a maioria dos homens. Por alguma razão, as dificuldades parecem fortalecer as mulheres. Segundo, temos necessidade de palavras de confiança e encorajamento. Achamos até difícil dizer: “Preciso de você agora”. Terceiro,  Nunca sugira para comprometer a nossa integridade, mesmo que pudesse oferecer alivio temporário.

Deus disse a Satanás: “Ele conserva a sua integridade”. E a esposa perguntou exatamente isto a ele: “Ainda conservas a tua integridade?” Ele precisava que ela tivesse dito: “Jó, o que quer que faça, fique firme! Não comprometa a sua integridade. Vamos andar com Deus através de tudo isto, juntos.”

4)     Resposta de Jó

Ele respondeu: "Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal? " Em tudo isso Jó não pecou com os lábios” (Jó 2.10). O conselho de Jó era diferente: “Devemos aceitar o bem de Deus e não aceitar a adversidade?” A sentença em hebraico enfatiza o bem e a adversidade (como na RA). 

É uma pergunta retórica, não sendo feita para ser respondida, mas feita com o propósito de levar o ouvinte a refletir. Jó está pensando: “Ele não tem esse direito? Ele não é o Oleiro e nós, o barro? Ele não é o Pastor e nós, as ovelhas? Ele não é o Mestre e nós, os servos? Não é assim que funciona?”

Pare e pense: devemos pensar que só recebemos coisas boas? E esse o tipo de Deus que servimos? Ele não é um servo celestial que espera pelo estalar de nossos dedos, é? Ele é o nosso Senhor e Deus! Precisamos lembrar que o Deus que servimos tem um plano além da  nossa compreensão, apesar dos tempos difíceis como estes.”

Conclusão: alguns princípios

Primeiro, uma vez que nossas vidas estão cheias de provações, precisamos nos lembrar de que virão sempre outras. Jó admite mais tarde: “Mas o homem nasce para o enfado, como as faíscas das brasas voam para cima” (Jó 5:7). Pedro escreveu em 1 Pedro 4:12: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo.”

Segundo, uma vez que o nosso Deus é soberano, devemos nos preparar para receber bênçãos e adversidade. Por ser Deus, ele é imprevisível. Meu conselho? Não fique desiludido. Pelo fato de nosso Deus ser soberano, devemos nos preparar para as bênçãos e a adversidade



 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

 Passando pela noite escura – Jó 1.12-21

Introdução

Tendes ouvido da paciência de Jó” (Tg 5:11). Ao fazer uso do termo grego, hupomone, Tiago estava dizendo, na verdade: “Vocês ouviram falar do homem que ficou firme, suportando o fardo”. As perdas de Jó o golpearam como uma carga de tijolos de duas toneladas. O homem permaneceu firme apesar dos golpes após golpes que recebeu. Seu nome tornou-se um exemplo de perseverança heroica. Jó é uma inspiração para pais e mães que perderam seus filhos; para pacientes internados em hospitais; para pessoas que faliram e não perderam a esperança, ou a paciência.

Embora Jó não sabia do por quê do seu sofrimento, teve paciência. Jó não sabia do enredo, do que acontecera antes, da conversa entre Deus e Satanás. Deus testificou de Jó: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém como ele, irrepreensível, integro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). Satanás acredita que todo ser humano tem preço, é vendido por algo. Então, ele diz a Deus: “Então, o Senhor acha que Jó é assim por pura bondade de coração? O Senhor o mima como se fosse uma criança, cuida de tudo para que nada de mal aconteça a ele, à sua família ou à sua riqueza e ainda abençoa em tudo que ele faz! Desse modo, quem não seria fiel?” (Jó 1.9-10 – A mensagem). 

E, por fim, Satanás desafia: “Mas o que aconteceria se tirasse tudo o que ele tem? Com certeza, ele amaldiçoaria o Senhor abertamente. Sem sombra de dúvida” (Jó 1.11 A Mensagem).

1)     Noites difíceis 

O Senhor disse a Satanás: "Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele". Então Satanás saiu da presença do Senhor. (Jó 1.12). Preste atenção no ponto critico do relato bíblico: “Satanás saiu”. Ele não perdeu tempo: “Sucedeu”, “Certo dia”. Depois de algum tempo “os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete ...na casa do irmão mais velho”. Jó está em casa, com certeza, orando pelos seus filhos, levantando altar em favor de suas vidas. Talvez Jó estivesse preocupado com o seu filho mais velho, primogênito. Parecia um dia comum. Um dia como os demais. Um sol lindo, uma brisa soprando calmamente. Mas, o reino espiritual começara a se mexer...

 De repente, alguém bateu forte na porta da casa grande. Uma vez aberta a porta, a vida de Jó jamais será a mesma. Parece o telefone que toca no meio da noite ou a batida inesperada em sua porta da frente... O mensageiro entra sem ser convidado. Ele está cansado e solu­çando. Sem poder controlar suas emoções, o homem explode: “Os bois estavam arando a terra, e os burros (jumentos), pastando perto de nós, quando os sabeus atacaram. Roubaram os animais e mataram todos os trabalhadores. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu” (Jó 1.13-15 A mensagem). Eram mil bois e quinhentos jumentos... 

Enquanto ele ainda falava, outro mensageiro entra em cena. Sem hesitação, grita: “Raios caíram do céu e fulminaram as ovelhas e os pastores. Fui o único sobrevivente para contar o que aconteceu” (Jó 1. 16 A Mensagem). Eram sete mil ovelhas. Um outro o empurra, agarrando a manga de Jó: “Amo, o senhor não acreditaria, mas três grupos de caldeus invadiram a área em que estávamos preparando os camelos para a próxima viagem... Eles levaram todos os seus camelos, e antes de partir assassinaram cada um dos seus servos. Só eu escapei” (Jó 1.17). Eram três mil camelos...

Os caldeus eram habitantes ferozes e saqueadores da Mesopotâmia, eram cruéis. Sabe-se que esse povo se misturou a árabes vagabundos e, com eles, viviam do saque e do assassinato. 

Enquanto Jó procurava recuperar o ânimo, ele deve ter certa mente pensado: “Pelo menos tenho meus filhos.” Esse pensamento fora, no entanto, interrompido por outro empregado, que entrou de supetão, lutando com as lágrimas: “Seus filhos estavam numa festa na casa do irmão mais velho quando um furacão veio do deserto e destruiu a casa toda. Os jovens foram atingidos e morreram. Fui o único sobrevivente para contar o que aconteceu” (Jó 1. 18-19). Eram 10 filhos, sete homens e três mulheres...

O vento soprou no deserto, aparentemente atacando com a força de um tornado. O vento demoliu tudo em seu caminho, incluindo a casa na qual os filhos de Jó se divertiam. O tornado foi satanicamente orientado... 

As pinturas de Gustavo Doré, de 1860, tenta retrata esse momento na vida de Jó. Ambas têm o título: “Jó ouvindo sobre a sua ruina”.  Uma delas mostra o homem agoniado, com o antebraço e a palma da mão cobrindo os olhos. Sua boca está aberta, seu sofrimento é visível. Voce pode ouvir a noticia de que tudo se foi – inclusive os filhos. Tudo. Todos... 

“Foi em um domingo, 7 de setembro de 1941, que bombas caíram sobre Pearl Harbor. Voce ora e uma criança morre! Voce participa da ceia do Senhor e, ao voltar para casa, recebe a noticia de alguém que se foi? Que espécie de mundo é esse?” 

Quatro mensageiros, quatro cavaleiros do Apocalipse! Mas, o maior perturbador foi o quarto cavaleiro. Perdeu todos os seus filhos amados numa tempestade caprichosa, saída do nada, sem razão aparente. Pela primeira vez, em 35 ou 40 anos, Jó e a mulher ficaram sozinhos, sem filhos. Além disso, Deus ocultou daquele pai e daquela mãe o significado dessa situação imponderável. Ele não deu explicações. Não ofereceu consolo. O céu estava em silêncio...

Esse é um momento de desespero, calamidade humana, em todos os sentidos. Esta é a vida em sua maré baixa, o fim absoluto do caminho. O único que está apreciando a cena é a criatura sobrenatural que a provocou. Satanás e suas hostes demoníacas estão na beirada de seus assentos no império invisível do mal, vigiando ansiosamente, esperando pelo veneno que sem dúvida jorrará dos lábios daquele homem. “Ele não vai surportar isto sem amaldiçoar o seu Deus, o homem mimado que é. Tomamos tudo dele, e não restou nada a que se agarrar...” 

2)     Reação de Jó

Não sabemos como foi todo o processo de alimentação de todo o sofrimento. Deve ter sido muito difícil para Jó enterrar os dez filhos no mesmo dia. Depois de suportar golpes tão brutais, as palavras não têm grande proposito. Aliás, as tristezas de Jó não vieram uma de cada vez, mas em batalhões”. O homem talvez tenha ficado ao relento, sob as estrelas, até que o orvalho o molhasse. Finalmente, porém, falou. E quando o fez, que resposta notável! 

O versículo 20 é composto de nove palavras no texto hebraico. Essas palavras descrevem o que Jó fez, antes que o texto nos diga o que ele disse. Cinco das nove palavras são verbos. Ao ler a Bíblia, sempre preste atenção nos verbos. No versículo 20, temos 4 verbos: , “levantou-se”, “rasgou”, “rapou”, “prostrou-se”...

 Conclusão

Em primeiro lugar, Jó se ergueu do chão. Ele “se levantou”. O verbo seguinte nos diz algo esquisito.

 Ele “rasgou o seu manto”. O manto era uma peça de vestuário que se ajusta frouxamente ao corpo, como uma roupa usada por cima de outras; era a peça que o mantinha aquecido à noite. Rasgar o manto é um símbolo de tristeza profunda, luto profundo. 

Lemos então o terceiro verbo: “Rapou a cabeça”. O cabelo é sempre representado nas Escrituras como a gloria da pessoa, uma expressão do seu valor. Rapar a cabeça é, portanto, um símbolo da perda da glória pessoal.

Seu quarto ato é cair no chão, mostrando o seu sofrimento em nível aterrador. O verbo hebraico significa “cair prostrado em completa submissão e adoração”. Estava com o rosto no chão, deitado de comprido.

Satanás e os demônios ficaram boquiabertos, ao observarem um homem que reagiu a todas as adversidades com adoração; que concluiu todos os seus ais adorando. Nenhuma acusação. Nenhuma amargura. Nada de punhos cerrados contra os céus, gritando: “Como ousas fazer isto comigo, depois de ter andado contigo todos esses anos?” Nada disso.

Suas palavras foram estas: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor deu e o Senhor tomou; bendito seja o nome do Senhor”. Isso diz tudo.  NADA TEMOS AO NASCER, NADA TEMOS AO PARTIR. Tudo o que possuímos nesse intervalo é dado pelo DOADOR da vida. Ou seja, “Aquele que me deu vida e concedeu tudo por empréstimo durante a mesma decidiu (e tem esse direito) tirar tudo. Não vou levar nada comigo de forma alguma. Bendito seja o seu nome por esse empréstimo enquanto o tive. E bendito seja o seu nome por decidir removê-lo”.

Tudo o que temos é Deus quem nos deu: nossa casa, nosso carro, nosso movéis, aliás, nossos filhos, tudo é Deus, tudo é dEle. Paulo afirma em sua carta: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.7,8). 


terça-feira, 15 de novembro de 2022

 As fases da vida em Jó – Jó 1.1-12 

Introdução. Que frase sintetiza o livro de Jó: “A vida é injusta”. Quantas injustiças nos rodeiam, em todos os sentidos. O sistema de justiça é subornado; os políticos são corruptos; temos muitos desempregos; uma enfermidade que aparece no seu corpo; divórcio, traição;  muita gente passando necessidades, enfim, vemos maldades quase todos os dias diante dos nossos olhos. Seja bem vindo ao mundo de Jó.

1)     Uma cena familiar

Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto” (Jó 1:1). Seus negócios eram feitos com integridade. Ele cumpria a sua palavra. Tratava os outros com justiça. Como resultado, era respeitado pelos que o rodeavam, quer dentro ou fora da família. Era reto. Respeitava a Deus e evitava constantemente o mal. Era um homem de caráter. No que se referia à família, Jó tinha sido abençoado com sete filhos e três filhas

Jó tinha 7.000 ovelhas; grande parte da lã da ovelha era vendida. O resto podia ser tecido e transformado em roupas quentes para o inverno. Havia 3000 camelos, talvez, Jó alugava camelos para caravanas de leste ao oeste do deserto da Arábia e, também, transporte pessoal pelo deserto. Possuía mil bois, que trabalhavam em pares para arar a terra e serem abatidos para o sustento dele e seus servos. Quinhentos jumentos, utilizava e transporte e também a iguaria da época, leite da jumenta. 

Acima de tudo, Jó tinha uma família saudável e feliz. Com dez filhos adultos morando nas proximidades de sua casa. Nada de filhos pequenos, mas todos adultos. “Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemando contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente” (Jó 1.4-5).

Ao oferecer dez ofertas em nome de cada jovem adulto, ele se preocupava com a ideia de que poderia haver no coração deles uma pitada de desobediência, ou que talvez um deles tivesse cometido algum ato de desobediência a Deus. “Talvez os meus filhos tenham lá no íntimo pecado e amaldiçoado a Deus”. é profundamente zeloso – espiritualmente sensível não só em relação à sua vida, mas no que se referia à coerência da vida de seus filhos. HOMEM DE ORAÇÃO. PURO. VERDADEIRO SACERDORTE, FIEL... 

Essas reuniões familiares faziam parte da atmosfera de bem estar que dá inicio à história. Sinaliza a benção de Deus sobre a vida de Jó...

2)     De repente, tudo muda...

No versículo 5, fala da festa dos filhos de Jó e de sua oração a eles. No versículo 6, fala de uma reunião que acontece no céu. Os versículos 1 a 5 estão cheios de boas notícias, bênçãos maravilhosas, integridade nos negócios, pureza no coração, fidelidade de vida. Enquanto ele dorme, outra cena se abre para nós, a qual é desconhecida de Jó. Deus executa um plano que nos surpreender. Ele permite que aconteçam coisas que não esperamos, não desejamos...somos transportados de Uz ao terceiro céu, a fim de testemunhar sua ocorrência.

Reflita sobre a diferença entre as primeiras linhas de Jó 1.1 e Jó 1.6: “Havia um homem (...) Num dia”. Houve um homem que vivia nesta terra. Houve um dia no salão do trono de Deus. Somos levados do cenário familiar terreno para a cena desconhecida da presença de Deus no céu. “Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio com eles” (Jó 1.6). Ao olhar à sua volta, O Senhor vê seus servos angélicos que vieram para se apresentar diante dele. Mas, presente entre eles, está um intruso...Satanás. 

Alguém que não se acha selecionados. Ele é identificado como “o Satanás”, no hebraico é Sah Tahn. Significa Sah Tahn “ser  adversário, resistir”. Portanto o substantivo é no geral traduzido como “o adversário”, “o acusador”. Satanás acusa dia e noite o povo de Deus. Ele aparece de repente entre outros anjos.

Satanás não é um diabinho de corpo vermelho, carregando um garfo. Essa é uma caricatura medieval em que Satanás gostaria que você acreditasse. Ele era o arcanjo mais atraente, brilhante e poderoso que Deus já criou. Não perdeu o seu brilho e nem o seu poder. Ele é insidioso, ele atua nos bastidores. O fato de ser invisível não significa que ele não seja real. Ele tem personalidade e está ativo e envolvido numa tarefa incessante de destruir o povo de Deus e sua obra. 

3)     Satanás questiona

O Senhor Deus vê o intruso e fala com ele: “Donde vens?” (Jó 1.7). Sabemos que Deus é onisciente, sabe de todas as coisas. A pergunta de Deus poderia ter sido esta: “Diga-me de onde veio. O que está havendo?”. A resposta de Satanás é breve e parece atrevida: “De rodear a terra e passear por ela” (Jó 1.7). Satanás tem acesso a este planeta como nos céus. Nada o detém! 

O Senhor então indaga: “Observaste o meu servo Jó?” (Jó 1:8). Que título magnífico Deus deu a Jó! “Meu servo.” Ele pode ter sido considerado o “maior de todos os [homens] do Oriente” (Jó 1:3), mas o fato maravilhoso sobre Jó é que era um servo de Deus. A avaliação de Deus é impressionante: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8).  

Ao ouvir a palavra mal, a fonte do mal responde: “Porventura, Jó debalde teme a Deus?” (Jó 1:9). Em nossas palavras: “Olhe, Deus, admita o seu tratamento dele com luvas de pelica!” O Acusador continua: “Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem?” (Jó 1:10). Ou seja, ele foi protegido do perigo e seus bens da destruição. O muro divino posto ao redor desse homem é invejável. Não somente o protegeu, mas como também abençoou o trabalho de suas mãos. Quem não o adoraria nessas circunstancias? 

Vejam a personalidade do diabo: Sabemos que ele tem intelecto porque conversa com o Senhor. Ele tem emoções por mostrar antagonismo em relação a Jó. Possui também vontade porque pretende destruir Jó, na esperança de desacreditar Deus. A grande esperança de Satanás é arrasar Jó: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1.11). Ou seja,  “Se quiser saber do que ele realmente é feito, retire todo esse tratamento privilegiado e essa proteção total. Remova dele o verniz do conforto e verá que imediatamente se voltará contra você.” “E verás se não blasfema contra ti na tua face”.

Deus disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele. Então Satanás saiu da presença do Senhor”. (Jó 1:12).  Veja o bilhete de permissão que ele entrega a Satanás: “Tudo o que ele tem está em teu poder.” E ele acrescenta uma advertência: “Somente contra ele não estendas a mão” (Jó 1:12). “Não toque na sua vida. Nao toque em seu corpo, em sua alma ou sua mente. Você pode remover seus bens e atacar sua família, mas deixe o homem em paz.”

Conclusão: Princípios para a vida cristã

Primeiro, encontramos um inimigo que não podemos ver, mas ele é real. Paulo afirma: “Pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef. 6.12).

O desejo do Acusador é arruinar o seu testemunho da mesma forma que destrói a sua vida. Durante o processo, se isso significar a destruição de seus relacionamentos familiares, ele o fará.

Segundo, suportamos provações imerecidas, mas que são permitidas. A vida inclui provações que não merecemos, mas que devem, mesmo assim, ser suportadas.

Terceiro, há um plano que não compreenderemos, mas é o melhor. Nossa perspectiva é extremamente limitada. Nós temos uma visão restrita do tempo. A visão de Deus, porém, é panorâmica. O vasto plano cósmico de Deus está em operação agora, e ele não sente a necessidade (nem tem obrigação) de explicá-lo a nós. 

 

terça-feira, 8 de novembro de 2022

 Elias e o arrebatamento da igreja 2 Rs 2.1-16 

Introdução: a vinda de Jesus

Certa feita alguém perguntou a John Wesley, o que ele gostaria de estar fazendo quando Jesus voltar. Ele respondeu: "Eu gostaria de estar fazendo o que faço todos os dias, pois estou sempre aguardando a sua volta". Lutero afirmava que teremos três grandes surpresar quando chegarmos no céu: a primeira é a de estarmos lá; a segunda é encontrar pessoas que nunca imaginaria estar lá; e, não encontrar pessoas que imaginávamos que estaria lá”

Elias sabia que seria levado num redemoinho ao céu. Ele tinha certeza que seria levado aos céus. Uma pergunta: Você tem certeza que será arrebatado aos céus? No hebraico redemoinho é “num estouro, num momento, numa tempestade”. Paulo fala sobre esse grande dia: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15.52).

Jesus nos exorta: “Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro deixado. Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será levada e outra deixada. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor” (Mt 24.40-42).

1)     Antes do redemoinho 

Então, “Elias e Eliseu saíram de Gilgal”. Gilgal significa “afastar”, é o inicio da vida cristã. Foi ali que ficaram os filhos de Israel logo depois de terem cruzado o Jordão em direção a Canaã. “No décimo dia do primeiro mês o povo subiu do Jordão e acampou em Gilgal na fronteira leste de Jericó... Josué levantou doze pedras...o Senhor secou o rio Jordão como fizera com o mar vermelho...”(Js 4.19-24).  É o início da vida cristão, é o tempo em que somos novos convertidos. Quando descobrimos a segurança da casa do Senhor, comunhão, compartilhamento e somos preparados por Deus.

Depois, “Então foram para Betel”. Era o lugar de oração. Bet – el significa “casa de Deus”. Foi ali que Abraão construiu um altar e constantemente se encontrava com Deus. Em Betel “onde pela primeira vez, tinha construído um altar. Ali Abrão invocou o nome do Senhor” (Gn 13.4). Portanto, Betel é o local de levantar altares ao nosso Deus; Elias levantou vários altares em sua caminhada com Deus: Querite, Sarepta, Monte Carmelo, Monte Horebe...e você tem levantado altares ao Senhor? 

 Elias foi então para Jericó, o lugar da Batalha. Foi ali que as muralhas caíram e Deus deu uma vitória estrondosa para seu povo. Josué marchou seis dias ao redor de Jericó e no sétimo dia, as muralhas caíram.  Elias, como se voltasse ao passado, vira as muralhas caindo; ouviu o zunido das flechas, a batalha das espadas e o grito do inimigo. Mas, no final, Deus deu a vitória ao seu povo.  Dá pra você se lembrar, reviver, as batalhas de sua própria vida? 

Por fim, Elias se dirige ao Jordão, o lugar da morte, não da morte física, mas da morte do eu. Onde Jesus se batizou. No Jordão nós morremos para o nosso eu, para os nossos desejos, nossas vontades e nos entregamos totalmente ao rei dos reis. O Jordão também é o símbolo da nossa confiança em Deus depois dessa vida... Aqui, no Jordão, por mais que Elias tentasse se esquivar de Eliseu, mas continuamente falava: “Tão certo como vive o Senhor, não te deixarei”.

Então, lembrando do que aconteceu com Josué em Jericó:  Elias, tomando o seu manto, bateu com ele nas aguas do rio Jordão, e elas se separaram, formando um caminho por onde os dois passaram, atravessando o rio Jordão a seco”. Depois, perguntou ao seu discipulo:  O que posso fazer em teu favor antes que eu seja levado para longe de você”. Eliseu respondeu: Faze-me de mim o teu principal herdeiro de teu espirito profético”. Se você me vir no momento em que partir para o céu, então isso que você pediu será feito. Se não vir, não será feito”. 

Enquanto conversavam: “...um carro de fogo, com cavalos de fogo, surgiu no meio deles e separou os dois; Eliseu, admirado, viu quando Elias era levado ao céu num redemoinho! “Meu Pai! Meu Pai! Carros de Israel e seu cavaleiros!” E olhando para o céu não viu mais nada; tudo havia desaparecido”. Então, lembrando das palavras de Elias, ele se abaixa e pega o manto do profeta. Então bateu nas águas do rio com o manto e perguntou: “Onde está agora o Senhor, o Deus de Elias?”. Tendo batido nas águas, elas se dividiram e ele atravessou.

2)     Cadê Elias? Cadê a igreja? 

Diante do arrebatamento de Elias, os cinquenta profetas inquiriram Eliseu: “Olha, nós, teus servos, temos cinquenta homens fortes. Deixa-os sair à procura do teu mestre. Talvez o Espírito do Senhor o tenha levado e deixado em algum monte ou em algum vale” (2 Rs 2.16).

Mas, respondeu Eliseu: “Não mandem ninguém”. Mas, procuraram por três dias, mas não acharam. Pois, Eliseu sabia que Elias fora transladado aos céus. Transladar é transferir residência, é mudar de um lugar para o outro. A igreja será arrebatada aos céus, isto é, arrebatar é tirar com violência, ou força, arrancar, raptar. O arrebatamento de Elias pode servir como advertência aos cristãos que estão mais com os olhos neste mundo, do que no céu: “Sabes que o Senhor, hoje, tomará o teu Senhor, elevando-o por sobre a tua cabeça”. Respondeu ele. Também o sei; calai-vos” (2 Rs 2.3,5).

Tem uma pergunta: em que estado se achará a pessoa que não foi arrebatada? Em Mateus 25, na parábola das dez virgens, cinco eram prudentes, cinco loucas. As prudentes tinham óleo em sua lâmpadas, enquanto as imprudentes, não reservaram óleo em sua lâmpada. Aí, vem o noivo, as que tinham óleo foram ao encontro do noivo, as que não tinham, ficaram atemorizadas, tentaram compra óleo, mas não acharam. Elas gritavam do lado de fora: “Senhor! “Senhor! Abra a porta para nós” (Mt 25.11). Mas, já era tarde... 

Cuidado com os escarnecedores: “...nos últimos dias, surgirão escarnecedores, zombando e seguindo suas próprias paixões. Eles dirão: “O que houve com a promessa da sua vinda? (...) Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pe 3.3,8). Paulo admoesta: “Que ele fortaleça o coração de vocês para serem irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo com todos os santos” (1 Ts 3.13). Paulo ensina: “...nós os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus...” (1 Ts 4.15,16).

Apesar de não sabermos o dia e a hora (Mt 25.13), nossa reunião com ele ocorrerá por meio do arrebatamento, em que receberemos novos corpos “num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista da imortalidade...” (1 Co 15.52-53). É bom lembrar que todos os que morreram estão com o Senhor em espírito, mas quando formos arrebatados com eles, tanto eles como nós receberemos corpos glorificados para esta reunião que será no céu. 

3)     Porção dobrada do teu espírito

Antes de ser arrebatado aos céus, Elias perguntou a Eliseu: “O que posso fazer por você antes que eu seja levado para longe de você? Respondeu Eliseu: Faze de mim o principal herdeiro de teu espirito profético” (2 Rs 2.9). Jesus diz: “Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). o que falar de homens e mulher que labutaram na obra do Senhor. Poderia falar de William Carey, que deu toda sua vida para o trabalho missionário na India; o que falar de Adoniram Judson, que trabalhou muitos anos na Birmânia; o que dizer de Amy Carmichael, que labutou com crianças na India.

 Conclusão: o que tens feito com o seu dom?

Paulo no final de seu ministério, afirmou: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça...não somente a mim, mas a todos os que amam a sua vinda” (2 Tm 3.7-8).  Jesus contou uma parábola do Senhor que saiu para viajar e deixou talentos para os seus servos. O que recebeu cinco, granjeou mais cinco; o que recebeu dois, granjeou mais dois. Mas, o que recebeu um talento, cavou e escondeu na terra. Pergunta: o que você tem feito com os talentos que Deus tem lhe dado?  


  

terça-feira, 1 de novembro de 2022

 Elias e Baal-Zabube   - 2 Rs 1 

Introdução

Elias era muito conhecido por toda terra de Israel. Ele era famoso... mas não popular. Todo mundo – especialmente o rei – queria pôs as mãos naquele estranho vidente que saíra de lugar nenhum – Tisbé – lançando maldição sobre a vida deles. Deus fora com Elias no confronto com os profetas de Baal, mandando fogo sobre o altar e enviando chuva sobre Israel.

No ultimo encontro entre Elias e a Acabe, na vinha de Nabote, Elias profetizou como ele morreria: “...No local onde os cães lamberam o sangue de Nabote, também lamberão o seu sangue” (1 Rs 22). Acabe morreu exatamente do mesmo modo como Deus dissera: “Morto o rei, levaram-no a Samaria, onde o sepultaram. Quando levaram o carro junto ao açude de Samaria, os cães lamberam o sangue do rei, segundo a Palavra que o Senhor tinha dito...” (1 Rs 22).

1)     Acazias e Baal-Zebube

Acabe descansou com os seus antepassados, e seus filho Acazias foi o seu sucessor” (1 Rs 22.40). Seu filho, Acazias, o sucedeu no trono. Infelizmente, o filho era igual ao Pai e, portanto, nos dois anos que reinou, Acazias “fez o que era mau perante o Senhor”. Como era da mesma carne de seu pai e sua mãe, ele também serviu a Baal. 

Mas, nos diz o texto: “Certo diz, Acazias caiu da sacada do seu quarto no Palácio de Samaria e ficou muito ferido. Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria” (2 Rs 1.2). “Caiu da sacada...”, talvez com a queda tenha quebrado sua perna, ou ferido as costas ou tenha rompido algum órgão interno. Talvez tenha havido infecções e hemorragias internas. A queda levou a um sério ferimento ou doença. 

Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria”. Baal-Zebube significa “senhor ou deus”. Zebube significa “balançar, mover-se rapidamente de uma lado para o outro”. Na forma de substantivo significa “mosca”. Juntas, as palavras significam “deus das moscas” ou “senhor das moscas”. 

 Tal divindade era adorada pelos filisteus, na cidade bíblica de Ecrom, a mais ou menos 30 km de Jerusalém. Os cananeus depositavam oferendas perecíveis, com o passar do tempo, elas apodreciam nos altares, pois tudo aquilo virava uma verdadeira estercaria e só atraiam insetos, por isso o nome “Senhor das moscas”.  

O nome Baal-Zebube aparece somente neste capitulo do Antigo Testamento, em que é mencionado quatro vezes. Em todos os lugares está referindo-se à mesma divindade, o falso deus de Ecrom. O nome aparece novamente, porém no Novo Testamento, na forma grega, Belzebu: “Depois disso, levaram-lhe um endemoninhado que era cego e mudo, e Jesus o curou, de modo que ele pôde falar e ver. Todo povo ficou atônito e disse: Não será este o filho de Davi. Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios que ele expulsa demônios” (Mt 12.22-24). 

Não podemos dizer com certeza que este Belzebu se refere especificamente a Satanás. O nome poderia ser uma referencia a um dos príncipes dos demônios que dominava algum reino do mundo demoníaco. Mas, o deus adorado em Ecrom, Baal-Zebube, ou “Senhor das Moscas”, estava diretamente ligado ao mundo satânico dos demônios.

Acazias, diante de um futuro incerto, vai em busca de saber o futuro e não se importou com a fonte do poder que estava buscando. Tal como seus pais, ele é ímpio até os ossos. Tudo o que lhe interessava era saber o futuro e, para alcançar isso, ele se conectou ao poder de Baal-Zebube. 

Talvez, alguém possa perguntar: mas qual é o impedimento? “Este deus é apenas um pedaço de madeira. Ele não está vivo”. Mas a grande dificuldade não está no que o objeto representa e, especialmente, no que ele faz para o adorador daquele ídolo. Com certeza o ídolo em si é apenas um pedaço de matéria, mas, por ser adorado, ele se torna um ponto de habitação do mundo demoníaco.

Paulo escrevendo aos coríntios, atesta que: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).

 2)     Confronto 

“...Dispõe-te, e sobe para te encontrares com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom? Por isso, assim diz o Senhor: da cama a que subistes, não descerás, mas, sem falta, morrerás. Então, Elias partiu” (2 Rs 1.3-4).

Lá está o rei Acazias, confinado em sua cama, sem se recuperar, querendo saber o seu futuro. O Senhor entra em cena e diz: “Vá dizer a Acazias que o simples fato de ter-se decidido a fazer uma consulta a este falso deus vai lhe provocar uma doença incurável. Ele nunca se recuperará”. Os mensageiros voltaram antes da hora e o rei pergunta: “Por que vocês voltaram?” (v.5). E os mensageiros, portanto, falam do encontro que tiveram com o profeta Elias no caminho.

E o rei pergunta: “Como era o homem que os encontrou e lhes disse isso? (v.7)”. Eles responderam: “Ele vestia roupas de pelos e usava um cinto de couro” (v.8). De acordo com a aparência, o rei deduziu: “...Era o Tesbita Elias”. Elias era famoso, conhecidos, principalmente nos dias de Acabe, seu pai. Acazias conhecia a fama do profeta. Ele já ouvira seus pais falaram desse “profeta pedra no sapato”. Elias fora o empecilho do reino deles e agora lá estava ele de novo, rondando o filho. 

Acazias tenta intimidar o profeta: “...enviou o rei um capitão de cinquenta...que subiram ao profeta, pois estava assentado no cimo do monte. Disse-lhe o capitão: Homem de Deus, o rei diz: desce. Elias, porém, respondeu ao capitão de cinquenta: Se seu sou homem de Deus, desça fogo do céu e te consuma a ti e aos teus cinquentas. Então, fogo desceu do céu e o consumiu a ele e aos cinquentas” (2 Rs 1.9-10). Essa intimidação aconteceu pela segunda vez, e o capitão e os cinquentas são queimados pelo fogo (2 Rs 1.11-12). 

Agora, na terceira vez, o capitão se humilhou: “...pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-lhe, e disse-lhe: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a minha vida e a vida destes cinquenta, teus servos...” (2 Rs 1.13-14). Então, o anjo do Senhor disse a Elias: desce com este, não temas...” (2 Rs 1.15). Sem temor, Elias confronta-se com Acazias face a face. O profeta está sozinho, diante do rei mais jovem e, certamente, cercados de guerreiros armados, mas Elias era corajoso.

Repreendeu Acazias por substituir a verdadeira fonte de poder (O Senhor Deus de Israel) por uma imagem de escultura (Baal-Zebube). “Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom?”. Em seguida pronunciou a sentença final: “Da cama que subiste, não descerás, mas, sem falta, morrerás”. E a profecia é fatal: “Assim, pois, morreu, segundo a Palavra do Senhor, que Elias falara” (2 Rs 1.17).

Conclusão: heroísmo, coragem.

Vemos essas virtudes no profeta Elias. Também, Martinho Lutero, reformador do século XVI, era corajoso. Diante da dieta de Worms, convocada pelo papa Leão X, para se defender, muitos dos seus amigos insistiam para que não fosse, mas ele disse: “Não ir a Worms, eu irei a Worms nem que haja tantos demônios quanto telhas no telhado!”. Na dieta de Worms, diante da pressão católica, ele disse: “Você pode esperar de mim qualquer coisa menos medo ou abjuração. Não fugirei e muito menos me retratarei”.