terça-feira, 25 de outubro de 2022

 Elias e a vinha de Nabote – 1 Rs 21 

Introdução

O homem que muitas vezes é repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29.1). Ou, “Quem insiste no erro depois de muita repreensão, será destruído, sem aviso e irremediavelmente”. Neste versículo Deus está revelando a verdade sobre si mesmo e sobre o homem que, teimosamente, se recusa a ouvir a voz do Senhor.

O termo “homem” se refere à humanidade em sentido genérico – homens e mulheres. A pessoa em questão é aquela que “endurece a cerviz”. A versão na linguagem de hoje traduz essa expressão por “teima em não se corrigir”. Em outras palavras, trata-se da pessoa que ouve e não reage – uma pessoa ensurdecida por sua vontade inflexível. Deus diz que tal pessoa depois de muitas repreensões “será quebrantado de repente se que haja cura”.

1)     Uma linda vinha

Os desejos podem se tornar fonte de pecado e crueldade. “...Nabote...possuía uma vinha ao lado do palácio, rei de Samaria... Disse Acabe a Nabote: Dá-me a tua vinha para que me sirva de horta...” ( Rs 21.1-2). Nabote é um homem simples que tem um pequeno pedaço de terra onde plantou uma vinha. Esta vinha que fora herdada de seu pai, por acaso estava ao lado do majestoso palácio do Rei Acabe. 

A vinha estava ao lado do majestoso palácio do rei Acabe. Então, certo dia, Acabe desejou essa vinha: “Quero este pedaço de terra. Dou-lhe até outra vinha ainda melhor em troca deste pedaço de terra. Se você preferir, posso pagar em dinheiro”. Interessante, que Acabe possuía terrenos melhores do que aquele que agora cobiçava, mas seu coração pecaminoso lhe fazia desejar exatamente o que o outro possuía. Que não se lembra da história de adultério de Davi e Golias? Desejo a mulher de Urias...

Porém Nabote disse a Acabe: Guarda-me o Senhor de que eu dê a herança de meus pais” (1 Reis 21.3). De acordo com o livro de Levítico, a terra pertencia ao Senhor “A terra não poderá ser vendida definitivamente, porque ela é minha...” (Lv 25.23). Os judeus sabiam que o Senhor lhe havia dado o direito de explorar a terra como uma concessão. O livro de Números destaca esse fato: “...a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à herança da tribo de seus pais” (Nm 36.7).  

2)     Cobiça

Acabe ficou literalmente “doente de vontade” de possuir aquilo que pertencia a outro “...Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa, por causa da Palavra que Nabote lhe falara...deitou-se na sua cama, voltou o rosto e não comeu pão” (1 Rs 21.4). A palavra do Senhor a Caim cabe nesse momento: “Se todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7). Aqui “o seu desejo” se refere ao desejo dominador do pecado, que “jaz à porta”.  


Quando Acabe conta a Jezabel o motivo do seu desgosto, ela ironiza: “É ASSIM QUE VOCE AGE COMO REI EM ISRAEL?” A resposta é que quem manda mesmo é Jezabel! E, ela então, lhe assegura: “Levante-se e coma! Anime-se. Conseguirei para você a vinha de Nabote, de Jezreel” (1 Rs 21.7). Acabe deixa de ter o controle de sua vida e a entrega a Jezabel – e ela usa esse controle do jeito que ela quer! 

O que ela faz? “Escreveu cartas em nome do Rei, pôs nelas o selo do rei, e as enviou às autoridades e aos nobres da cidade de Nabote”. Qual era o conteúdo das cartas? “Decretem um dia de jejum e ponham Nabote sentado num lugar de destaque entre o povo. E mandem dois homens vadios sentar-se em frente dele e façam com que testemunhem que ele amaldiçoou tanto a Deus quanto ao rei. Levem-no para fora e apedrejem-no até a morte” (1 Rs 21,9-10). 

É importante notar que os envolvidos neste esquema não foram apenas os homens que mentiram – homens vadios, desprezíveis, filhos de belial. Mas “os anciãos e os nobres” que seguiram as instruções de Jezabel. Ou seja, o sistema inteiro era corrupto. Justiça e integridade não faziam parte desta administração ímpia. Ninguém buscou a verdade. Não passavam de um bando de mentirosos e assassinos. 

Agora veja a reação de Acabe: “Então mandaram informar a Jezabel: "Nabote foi apedrejado e está morto. Assim que Jezabel soube que Nabote tinha sido apedrejado até a morte, disse a Acabe: Levante-se e tome posse da vinha que Nabote, de Jezreel, recusou-se a vender-lhe. Ele não está mais vivo; está morto! Quando Acabe ouviu que Nabote estava morto, levantou-e e foi tomar posse da vinha” (1 Rs 21.14-16).

Acabe não pergunta como as coisas aconteceram. Não quis saber o motivo da morte de Nabote. Ele simplesmente aceita aquilo que desejava havia tanto tempo: a vinha de Nabote.“Viva durante muito tempo sob a influência de um líder imoral, não ético e idólatra, e você não ficará mais indignado com coisa alguma”.

3)     O juízo de Deus

“Então a palavra do Senhor veio ao tesbita Elias” (1 Rs 21.17). O termo “então” aparece sempre anunciando uma nova ação. No versículo 17, o texto anuncia uma ação de Deus “Você assassinou um homem e ainda se apossou de sua propriedade? E acrescentou: Assim diz o Senhor: No local onde os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberão também o seu sangue; isso mesmo, o seu sangue". O fato do Senhor permitir que certas coisas ruins aconteçam não significa que Ele está fora do processo. Ele sabe todas as coisas e atua segundo sua soberania no tempo. No seu tempo, ele vai agir. 

Acabe disse a Elias: Então você me achou, meu inimigo! Eu o achei, ele respondeu, porque você se vendeu para fazer o que o Senhor reprova” (1 Rs 21.20,21). “...porque você se vendeu”, essa palavra, contém a ideia de uma atividade constante e frequente: lidar com o mal, ou “casar”. Ou seja, Acabe se casara com uma mulher ímpia e, ao fazê-lo, também se casou com o reino do pecado e do mal. Ele abraçou isso em todas as áreas de sua vida como consequência de ter tomado Jezabel como parceira para toda vida.

E o juízo de Deus é severo: “Vou trazer desgraça sobre você. Devorarei os seus descendentes e eliminarei da sua família todos os do sexo masculino...e acerca de Jezabel o Senhor diz: os cães devorarão Jezabel junto ao muro de Jezreel. Os cães comerão os que pertencem a Acabe e que morreram na cidade, e as aves do céu se alimentarão dos que morrerem no campo” (1 Rs 21.21-24). 

Tal qual Natã diante do Rei Davi, o rei assombrado pela culpa, Elias se levanta diante do rei ímpio rei Acabe. Com um olhar inquisitivo, o profeta olha para o profundo da alma depravada daquele homem e entrega o pacote. A morte é iminente. Elias era o Monte sinai em forma humana, com um coração semelhante a uma tempestade.

E temos um parêntese: ( Nunca existiu ninguém como Acabe, que se vendeu para fazer o que o Senhor reprova, pressionado por sua mulher Jezabel. Ele se comportou da maneira mais detestável possível, indo atrás de ídolos, como faziam os amorreus, que o Senhor tinha expulsado de diante de Israel) (1 Rs 21.25,26).

 

Conclusão: restauração mudança de vida.

Quando Acabe ouviu essas palavras, rasgou as suas vestes, vestiu-se de pano de saco e jejuou. Passou a dormir sobre panos de sacos e agia com mansidão” (1 Rs 21.27). O problema não está em quão o pecador possa ser, mas se de fato há uma experiencia de arrependimento. 


 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

 Elias e Eliseu  - 1 Rs 19.15-21

Introdução:

Os tempos eram difíceis, nebulosos, com extraordinário afastamento de Deus e influencia do mundo dentro da comunidade do povo de Deus. O profeta Elias estava cansado, desanimando e deprimido, e isso lhe fazia crer que estava de fato sozinho “sou o único que sobrou e agora também estão procurando matar-me”. Elias teve um diagnostico de depressão: a) solidão, estava sozinho em Berseba; b) Suicídio “...tira a minha vida...”; c) perda de apetite “levanta-te e come”; d) sono ou insônia – duas vezes foi chamado pelo anjo e, e) autocomiseração Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais

Há momentos, que pensamos que tudo está indo pro ralo e nos desesperamos. Mas, o Senhor disse a Elias: “Que fazes aqui, ou o que você está fazendo com a sua vida”. Agora, “Saia da caverna...Unja Eliseu, filho de Safate, de Abel Meolá para suceder você como profeta... fiz sobrar ainda sete mil em Israel... cujos joelhos não se inclinaram ...cujas bocas não o beijaram” (1 Rs 19,16,18).

1)     Quando Deus chama

Quando somos jovens, estamos preocupados em construir nossos sonhos, estudar, arrumar bom emprego, fazer o futuro. Quando somos adultos, estamos no mercado de trabalho, com família organizada, com projetos em andamentos. Mas do ponto de vista de Deus, as coisas não são bem assim...Moisés estava cuidando de ovelhas, quando foi chamado por Deus. Gideão estava no lagar debulhando trigo; Davi pastoreava o rebanho de seu pai; Neemias era copeiro do rei. Pedro estava lançando as reder no mar. Mateus estava cobrando impostos na coletoria... 

E Eliseu? Vivia numa fazenda no município de Abel-Meolá (lugar de festa). Ele devia ser de uma família rica. Suas terras eram férteis. Elias o encontrou na companhia de outros homens lavrando a terra – eram doze parelhas de bois – todos estavam trabalhando – e foi entre eles que Deus chamou um para servir como profeta.

E hoje? As pessoas a quem o Senhor decide usar em sua obra são trabalhadores, pessoas que vão abrir mão de seus muitos sonhos. Os chamados podem estar num cursinho pré-vestibular, ou numa sapataria, numa fábrica, num escritório, numa universidade, numa fazenda. Estamos dispostos a abrir mão de seus próprios projetos para atender o chamado de Deus? O QUE IMPORTA NÃO É O QUE ESTAMOS FAZENDO, MAS O QUE DEUS NOS CHAMA PARA FAZER! 

2)     O chamado é urgente

Elias o alcançou e lançou sua capa sobre ele” (1 Rs 19.19). A capa era um símbolo de autoridade profética. Elias de modo algum titubeou diante da voz de Deus e cumpriu o que Deus lhe mandou.  Por outro lado, Eliseu sabia bem o que significava o ato praticado por Elias “Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias”. A um cabia a obediência em ungir, e ao outro cabia o dever de seguir imediatamente a ordem que lhe fora comunicada. 

“Deixa-me dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe e então irei contigo” (1 Rs 19.20). Em Mateus, temos algo similar: “...Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai...deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos” (Mt 8.21,22). Aqui, o discipulo somente seguiria Jesus, quando seus pais morressem e fossem sepultados. No caso de Eliseu, foi diferente. Tratava-se de alguém que “imediatamente” deixou os bois, “correu” após Elias, e demonstrou seu carinho e compromisso com os seus pais.

Conforme o próprio principio bíblico: Se alguém não é fiel com os de sua própria casa, não tem autoridade para sair por aí dizendo-se profeta de Deus. “Se alguém não cuida dos seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descente” (1 Tm 5.8).

3)     O chamado é celebração

“E Eliseu voltou, apanhou a sua parelha de boi e os matou. Queimou o equipamento para arar e cozinhar a carne e deu ao povo e eles comeram” (1 Rs 19.21).

O chamado de Deus para Eliseu fora motivo de celebração, de alegria, de regozijo! Então, ele deu uma festa de despedida e sacrificou tudo o que representava sua vida anterior ao chamado (matando mesmo!) Ouço aqui o eco das palavras de Jesus: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo...” (Lc 9.23). Não haveria como olhar para trás porque os bois haviam sido sacrificados, os aparelhos de trabalho haviam sido queimados, e tudo era passado – história de outro momento em sua vida. 

Devemos lamentar que tantos irmãos que já “sentiram o manto de Elias” sobre os seus ombros continuam divididos, sempre temerosos de sacrificar “os seus bois”. “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lc 9.62).

4)     O chamado é para servir

Depois partiu com Elias, tornando seu servo” (1 Rs 19.21). Em outros textos do Antigo Testamento, essa palavra é traduzida como “atendente” ou “auxiliar”. Como no caso do menino Samuel que “ficou servindo ao Senhor, perante o sacerdote Eli” (1 Sm 2.11). A atitude de servo requer humildade. O que é humildade? Qualidade de humilde, de quem é modesto, simples, e não expressa vaidades; simplicidade. Qualidade de quem tem consciência de suas limitações.

É fácil identificar os humildes. Eles nunca têm a pretensão de saber tudo. Enquanto, outros, acham que sabem tudo! Os humildes reconhecem que há sempre lugar para mais aprendizagem e conhecimento. Querem crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Os humildes estão prontos a admitir que podem aprender com os outros, sobretudo com aqueles que possuem mais experiencia que ele, mais tempo de ministério, mais experiencia de relacionamento com Deus.

Elias e Eliseu andaram juntos por 10 anos (um longo período de formação que parece que as pessoas lutam muito para evitar), instruindo o povo na adoração ao Deus verdadeiro, confrontando a idolatria e opondo-se à corrupção moral e social que destruía a nação. Juntos abriram a escola dos profetas, ensinando-lhes a Lei do Senhor e preparando-os para servir ao Senhor na obra do ministério. 

Eliseu estava presente quando Elias teve o confronto com Acabe acerca do assassinato de Nabote e viu como Acabe se arrependeu e humilhou perante o Senhor (1 Rs 21.17-29). Da mesma forma, estava presente, quando Elias foi enviado a Acazias, para avisá-lo das consequências de seu desejo de consultar os ídolos dos filisteus, em vez de buscar ao Senhor o Deus de Isral (2 Rs 1.1-17). Enfim, Elias acreditou em Eliseu, enquanto que Eliseu estava motivado a aprender, crescer.

 Conclusão: a lealdade de Eliseu

Eliseu fora leal a Elias até o fim. Tres vezes teve a oportunidade de deixa-lo, mas a cada uma delas respondeu: “Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma, não te deixarei” (2 Rs 2.2,4.6).



 

 

 

 

 

 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

 Elias e a depressão 1 Rs 19.1-18 

Introdução

O general Douglas McArtur. O bravo líder das forças americanas no Ásia durante a segunda guerra mundial, escreveu um artigo com quatro princípios de suma importância. Primeiro, a lei moral, que era um desejo de vencer, persistir. Segundo, Força, ou animo em meio a peleja. Terceiro, uma boa fonte de suprimento. 4) Quarto, conhecer o inimigo, ele escreveu: “Quanto mais se conhece o inimigo, maior a probabilidade de vitória”. O apostolo Paulo sabia da importância desse princípio: “pois não lhe ignoramos os desígnios” (2 Co 2.11).

Em 1 Rs 19 encontramos a estratégia de Satanás. Há qualquer coisa de inebriante na vitória; em nossa euforia de vencedores, perdemos a noção da realidade e ficamos vulneráveis às flechas devastadoras do diabo. A distancia entre o topo do Carmelo e o fundo do vale do desespero é bem curta. 

1)     Cena um: ameaça

No capitulo 18 narra a derrota dos profetas de Baal, depois Acabe sobe na carruagem e desce o monte a galope, indo até a planície de Jezreel (1 Rs 18.45). O percurso do Monte Carmelo até Jezreel era longo, por isso ele deve ter chegado em casa tarde da noite. E, diz o texto: “Ora, Acabe contou a Jezabel tudo o que Elias tinha feito e como havia matado todos aqueles profetas à espada” (1 Rs 18).

Jezabel era dominadora, cajado cor de rosa, mandona e enviou uma mensagem ao profeta Elias: “Que os deuses me castiguem com todo rigor, se amanhã nesta hora eu não fizer com a sua vida o que você fez com a deles” (1 Rs 19.2). Algumas características: Primeiro, ela toma o assunto em suas próprias mãos; segundo, ela faz o trabalho do seu marido do jeito que quer; terceiro, passar usar intimidação e esquemas quando vê seu marido fraco diante da pressão. O que Jezabel estava realmente dizendo a Elias era: “Amanhã, a esta hora, você estará morto”. 

O que fez Elias? “Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou seu servo e entrou no deserto” (1 Rs 19.4). Aqui, é o mesmo Elias que chega diante de Acabe e lhe profetiza que não iria chover, segundo a sua Palavra. É o mesmo Elias que foi abastecido no Rio Querite; é o mesmo Elias que fez a farinha e o azeite multiplicar e o seu filho ressuscitar. É o mesmo Elias do Monte Carmelo, que fogo desceu do céu e queimou todo o altar.

Mas, nesse instante, ele descuidou-se e, como se estivesse olhando do lado errado das lentes do binóculo, olhou para a circunstancias. Foi como os discípulos de Jesus, quando entraram naquele barco, enquanto Jesus despedia da multidão. O barco, em uma determinada hora, começou a ser fustigado pelas ondas do mar, porque o vento soprava contra ele. De repente, aparece alguém andando por cima das águas, os discípulos ficam aterrorizados e com muito medo. Jesus lhes disse: “Sou eu, não tenham medo” (Mt 14.27) Pedro lhe disse: “Se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas”. Jesus disse: “Vem”. Quando Pedro ia andando sobre as aguas “reparou no vento e ficou com medo”. E gritava: “Senhor, salva-me!” 

2)     Cena dois: fuga

Depois de se colocar uma distancia de aproximadamente 200 km entre si e a rainha (Berseba), Elias, ainda sentindo-se ameaçado “Se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se sentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta, toma agora, o Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais”(1 Rs 19.4). uma pergunta: Por que Elias fugiu da responsabilidade de servir a Deus e se escondeu, morto de medo, debaixo da sombra de uma arvore solitária no meio do nada? 

Primeiro, Elias não estava pensando de modo claro e realista. A ameaça não viera de Deus: fora feita por um ser carnal e ímpio que vivia uma vida sem Deus. Ele poderia ter pensado consigo: “Ei, é Deus quem está no controle dessa situação, não Jezabel. Não dê a mínima para as suas ameaças. Confie em Deus, do jeito que você tem feito todos esses anos”.

Segundo, Elias afastou-se dos relacionamentos encorajadores. A Bíblia diz que ele “deixou o seu moço” e “ele mesmo...se foi ao deserto, caminho de um dia”. Pessoas desencorajadas são pessoas solitárias. Só há espaço para uma pessoa debaixo de um zimbro no deserto. Debaixo dos galhos secos da desmotivação e solidão há somente uma pequena sombra.

Terceiro, Elias foi pego na contracorrente de uma grande vitória. Nossos momentos mais vulneráveis muitas vezes surgem logo depois de uma grande vitória, especialmente se a vitória é uma experiencia com Deus do tipo “topo do monte”. Aqueles são momentos em que precisamos armar uma barricada de defesa contra o inimigo. É como o alpinista, depois de moer os ossos subindo a montanha e, quando chega, é um sentimento indescritível; mas, o maior desafio é descer a encosta, ficam mais vulneráveis a uma queda. 

Quarto, Elias estava fisicamente exausto e emocionalmente exaurido. Ele percorreu 32 km do Monte Carmelo a Jezreel e, correu tanto que passou na frente da carruagem de Acabe (1 Rs 18.46) – uma maratona incrível, mesmo para quem está movido pelo poder do Senhor. A seguir, percorreu mais 192 quilômetros fugindo de Jezabel. Para completar, caminhou um dia inteiro pelo deserto. Não é de admirar que acabasse caindo de cansaço debaixo de uma arvore, pronto para ser levado por Deus.  

Há um velho ditado grego que diz: “Voce vai acabar quebrando o cântaro se o mantiver sempre escorado na parede”. Em outras palavras, se você estiver vivendo sob constante e forte estresse, vai terminar esmorecendo diante da pressão. Você precisa de um tempo para descansar e reanimar no Senhor.

Quinto, Elias perdeu-se na autocomiseração. O que é? Sentimento de autopiedade, de pena de si mesmo; que sente dó de si próprio. A autocomiseração é uma emoção inútil. Ela vai mentir para você. Vai exagerar. Vai leva-lo às lágrimas. Vai cultivar a “mentalidade de vítima” em sua cabeça. E, na pior das hipóteses, vai leva-lo a desejar a morte, exatamente como aconteceu com Elias. Ele disse: “tira a minha vida; não sou melhor do que os meus irmãos” (1 Rs 19.4). Quem disse que ele precisava ser? Ninguém disse que ele tinha de ser melhor que seus pais. Foi ele mesmo quem falou isso! 

Sexto, Deus vem ao encontro do profeta. “Eis que um anjo tocou e lhe disse: Levanta-te e come. Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir” (1 Rs 19.5-6). Deus não chegou com um sermão ríspido, ou moralista, mas veio socorrer o profeta. Mais tarde, “voltou segunda vez e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo” (1 Rs 19.7). Deus supre as necessidades de seus servos. “Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até chegar a Horebe, o monte de Deus. Ali entrou numa caverna e passou a noite” (1 Rs 19.8). Horebe ficava a 160 km ao sul de onde se encontrava; por isso Elias acabou percorrendo ao todo mais de 480 quilômetros depois que Jezabel o ameaçou de morte. 

Conclusão: Elias na caverna

“...entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a Palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? (1 Rs 19.9).

Elias respondeu: “...tenho sido zeloso pelo Senhor... porque os filhos de Israel deixaram a sua aliança... e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida” (1 Rs 19.10). Elias estava acreditando numa enorme mentira: “Estou sozinho aqui. Sou a única voz de Deus. E ainda estão tentando me matar” 

“Sai-te e põe-te neste monte perante o Senhor... um grande forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo...” Vento, terremoto, fogo. Mas, Deus não estava em nenhum destes fenômenos poderosos...

“...E, depois do fogo, um cicio tranquilo e suave. Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto em seu manto e, saindo, pôs-se a entrada da caverna. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: “Que fazes aqui, Elias? (1 Rs 19.12-13). Você viu o que Deus fez? Ele puxou Elias para fora da caverna da autocomiseração, da desmotivação e da depressão. E, uma vez fora da caverna, Deus lhe pergunta mais uma vez: “Que fazes aqui Elias?” 

Vai e profeta a Hazael, será o próximo rei da Síria.

Vai e profeta a Jeú, seria rei de Israel...

E unge, Eliseu, profeta em sua lugar.

“E ainda tem sete mil em Israel, cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal”

É ISSO, PRECISAMOS SAIR DO NOSSO CASULO E ARREGAÇAR AS MANGAS E FAZER A VONTADE DO NOSSO PAI.  


  

terça-feira, 4 de outubro de 2022

 Elias e a promessa de Deus – 1 Rs 18.40-46 

Introdução

Diante dos profetas de Baal, Elias admoestou o povo de Israel: “...até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o. Porém, o povo nada lhe respondeu” (1 Rs 18.21). O povo estava dividido, indeciso; alguns foram na onda de Jezabel adorando Baal, outros adoravam os postes ídolos. E, outros, hesitantes quanto ao Deus dos céus. Elias os confronta com a verdade. “Ouçam. Até quando vocês estarão mornos? Por quanto tempo vão vacilar ou hesitar? Não é possível seguir os dois caminhos. Se o Senhor é Deus, então sigam-no. Se Baal é Deus, então sigam Baal. Fiquem de um lado ou de outro. É hora de decisão”. Então, diante da oração de Elias o fogo desceu do céu e queimou todo aquele altar... 

1)     Suas promessas

Deus cumpre suas promessas. “Deus não é homem para que minta, e não é filho do homem para que mude de opinião. Acaso ele fala e não age conforme a sua Palavra? Acaso ele promete e não cumpre o que prometeu? (Nm 23.19 – a Mensagem). Portanto, Deus não é volúvel nem inconstante “... em Deus existe plena firmeza, nele não existe instabilidade...” (Tg 1.17 – a mensagem).

Quando Elias entrou em cena para anunciar a terrível seca que estava por vir e que duraria por vários anos e só acabaria “segundo a minha palavra” (1 Rs 17.1). Esta mensagem era um lembrete para Acabe (1 Reis 16.29), que se achava o ponto final das coisas, “tão certo como vive o Senhor...”, e apenas ele podia determinar o que iria acontecer.

Então, Deus cumpriu a sua palavra. Não houve nem sequer uma gota de chuva para aliviar a terra ressecada. Ela ficou seca e estéril com o passar dos meses, que se transformaram em anos. Os rios não fluíam mais, os riachos secaram, os poços secaram, os animais morreram e o rei viu-se totalmente incapaz de interferir na ação julgadora de Deus. DEUS CUMPRE SUA PROMESSA, SUA PALAVRA. CONCORDE VOCE OU NÃO, SUA PALAVRA É FINAL. 

A agenda de Deus continua virando suas páginas nas datas corretas, mesmo quando não vemos nenhum vestígio dEle. Mesmo quando surgem as maiores injustiças e dizemos “a vida não parece justa”, ou “onde está Deus”.

 E, para piorar, Deus não vê necessidade alguma de compartilhar seus caminhos com qualquer filho de Adão. E por que ele deveria? Nesse tempo nossa fé é provada “...não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós...” (1 Pe 4.12). E, parece que a promessa do Senhor não irá cumprir...

E, então, sem aviso, ele cumpre a sua palavra. No primeiro versículo de 1 reis 18 há uma sentença eloquente: “Veio a Palavra do Senhor a Elias, no terceiro ano”. Três anos! Este é um tempo demasiadamente longo para ficar sem chuva. E até difícil imaginar, não? Mas Deus estava pronto a fazer alguma coisa.

Quanto aos profetas de Baal não tinham credibilidade. Todas as orações repetitivas “Ó Baal, responde-nos”, os rituais “...se cortaram com lâminas e facas... até ficarem com o corpo todo ensanguentado”. E as práticas de Vodu “...e dançavam em volta do altar que haviam feito” haviam se mostrado inúteis. Elias, orou e fogo desceu, o povo todo “caiu de rosto em terra”, imediatamente reconheceu e disse: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” (1 Rs 18.39). Não foi preciso implorar ao povo que lançasse mão dos profetas e não deixasse que nenhum deles escapasse...todos foram mortos. 

Agora, se dermos uma olhada de novo no primeiro versículo de 1 Reis 18, vamos achar outra promessa de Deus. Elias estava mais do que pronto para ouvir esta: “Darei chuva sobre a terra”. Em momento algum, durante esses três anos de seca, vemos o profeta murmurando ou reclamando da seca, mesmo quando o riacho de Querite secou ou nas situações que tanto ele quanto o povo viveram...

2)     Promessas e promessas

A Bíblia contém mais de 7500 promessas. Mas, será que podemos reclamar para nós, pessoalmente, todas essas promessas? Não! Nem todas as promessas são condicionadas para nós. A Bíblia é a Palavra de Deus, inerrante, confiável, benéfica e autorizada. Contudo, isso não quer dizer que toda e qualquer promessa que encontramos nela tenha pertinência para os dias atuais.

Um exemplo é o de Josué 6.3-5: “Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias. Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca; no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão a trombeta...todo o povo gritará com grande grita; e o muro da cidade cairá”. 

Em Marcos 16.18 diz: “Pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhe fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”. Um pastor americano morreu em 2012 por brincar com serpentes em cima do púlpito. É perigoso clamar por uma promessa tirada do contexto, longe de seu cenário primário e distante de seu significado original. 

Agora, que promessa podemos nos apossar? “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). Se eu me recuso a confessar meus pecados, não posso esperar que o Pai Celeste e santo perdoe automaticamente minha carnalidade. Em outras palavras, não posso clamar por esta promessa do perdão de Deus até que eu faça minha parte (condição), que é confessar meus pecados.

Em segundo Cronicas 15.1-2, temos uma promessa correspondente: “O Espírito de Deus veio sobre Azarias, filho de Obede. Ele saiu para encontrar-se com Asa e lhe disse: “Escutem-me, Asa e todo o povo de Judá e de Benjamin. O Senhor está com vocês quando vocês estão com ele. Se o buscarem, ele deixará que o encontrem, mas, se o abandonarem, ele os abandonará” (2 Cro 15.1-2).  Em Jeremias 29.12-13, temos uma promessa semelhante: “Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Voces me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração” (Jr 29.12,13).

Uma outra promessa: “Como diz a Escritura: Todo o que nele confia jamais será envergonhado. Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.11-13).

Mais uma: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão...pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus chamar” (Atos 2.17-18, 39). 


 3)     Elias clama por uma promessa

É uma promessa pessoal feita por uma pessoa (Elias) numa situação especifica. Segundo, é uma promessa condicional: “Elias, vai apresentar-te a Acabe”, diz o Senhor, “darei chuva sobre a terra” (esta promessa: é a parte de Deus). Portanto, Deus não mandaria chuva até que Elias fosse a Acabe. Diante da promessa Elias dá uma ordem ao rei Acabe: “Sobe e come, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (1 Rs 18.41).

“Ouve ruído de abundante chuva”. Ainda não havia uma nuvem sequer no céu, muito menos o brilho de um raio de um som de um trovão. Então, qual era o som? Era o som da voz de Deus e da promessa feita. De fato, a palavra hebraica traduzida como “ruído” é usada com o sentido de “voz” em outra passagem. 

Primeiro, Elias se afastou “Elias, porém, subiu ao cimo do Monte Carmelo”. Uma das razões de sermos tão negligentes com a oração é que nunca preparamos um lugar para nos encontramos com Deus. Quando você quiser se aproximar do coração de Deus, será preciso se afastar do burburinho, da confusão, do barulho e das distrações.

Segundo, Elias se humilhou-se. “Encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos, sua testa tocava o chão”. A melhor atitude em oração é a atitude de humildade. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1 Pe 5.6). 

Terceiro, Elias foi especifico. “Sobe”, disse ele ao seu servo, “e olha para o lado do mar”. Elias disse ao seu servo para procurar uma coisa: sinal de chuva. Deus prometeu chuva e era isso que Elias estava esperando, confiante que Deus cumpriria suas promessas em todos os detalhes.

Quarto, Elias foi persistente. “Não há nada lá”, disse seu servo. Elias disse: “Volte para ver”. E assim por sete vezes. A maior dificuldade na oração é esperar. Porque queremos respostas rápidas.

Quinto, Elias manteve a esperança. “Na sétima vez o servo disse: eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem”. Tudo o que Elias tinha em mãos era uma pequena nuvem, não maior que a palma da mão de um homem no meio daquela imensidão de mar e céu. Diante disso, Elias disse a Acabe: “Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva não te detenha” (1 Rs 18.44). Termina lendo os vs 45 e 46.