terça-feira, 25 de agosto de 2020

 Tomé - o incrédulo. João 20.24-31

Introdução: Quem é Jesus? 


“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: “Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus.” Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la. […] Agora, parece-me óbvio que Ele não era nem um lunático nem um demônio, consequentemente, por mais estranho, assustador e inacreditável que possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é Deus.” (Cristianismo Puro e Simples)

1)     Tomé

Tomé muitas vezes é chamado de “o descrente, ou, incrédulo”. O que falar de Tomé? Ele era uma pessoa um tanto negativa. Sofria de preocupação crônica. Pensava demais em tudo. Tinha a tendência de ficar ansioso e angustiado. 


Tomé significa “o que honra a Deus”. Ele era chamado de Dídimo, que significa “algo formado de duas partes”, ou gêmeo. Aparentemente, tinha uma irmã ou irmão gêmeo que não aparece nas escrituras. Ele é mencionado apenas uma vez nos evangelhos sinópticos, Mateus, Marcos e Lucas. Seu nome simplesmente aparece na lista juntamente com o dos outro doze apóstolos. Tudo o que sabemos sobre seu caráter vem do evangelho de João.

 2)     Tomé na ressurreição de Lázaro

João menciona Tomé pela primeira vez no capitulo 11, versículo 16. É um único versículo, mas fala muito sobre o verdadeiro caráter de Tomé. “...Vamos até lá também para morrer com Jesus”.

Jesus havia saído de Jerusalém, pois sua vida estava em risco naquela cidade, e “novamente, se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João Batista batizava no principio; e ali permaneceu” (Jo 10.40). Grandes multidões foram ouvir Jesus pregar. João diz que “muitos ali creram nele” (v.42). As pessoas estavam abertas para o evangelho. As almas começaram a ser convertidas. Jesus pode ministrar livremente, sem a oposição dos lideres religiosos de Jerusalém.

Porém, esse tempo no deserto foi interrompido por um acontecimento. João escreve: “Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta” (Jo 11.1). Betânia ficava nas cercanias de Jerusalém. Jesus se hospedava sistematicamente com aquele família e havia formado um relacionamento próximo e afetivo com Lazaro e suas irmãs. “Senhor, está enfermo aquele a quem amas” (v.3).

Assim, Jesus esperou mais dois dias, de modo que, quando chegou a Betãnia, Lázaro já havia falecido quatro dias (v.39). Jesus sabia exatamente quando Lázaro havia morrido. “Depois disse aos seus discípulos: vamos outra vez para Judéia” (v.7). Mas, os discípulos se assustaram: “Mestre, ainda agora os judeus procuraram apedrejar-te, e queres voltar para lá” (v.8).

A resposta de Jesus é interessante. “Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” (VS. 9-10). Em outras palavras, não havia necessidade de eles moverem-se furtivamente, como se fossem criminosos. Ele estava decidido a fazer seu trabalho em plena Luz do dia, pois é isso que se faz para não tropeçar. 

 “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo” (v.11) Novamente, os discípulos não discernem: “Senhor, se dorme, estará salvo” (v.12). “Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Jesus lhes disse claramente: “Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele” (VS. 13-15).

Aqui que aparece Tomé: “Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele”. (v.16). Ou, “...Vamos até lá também para morrer com Jesus”. (NVT).

Trata-se de um comentário pessimista, o que é típico de Tomé. No entanto, é um pessimismo heróico. Estava certo de que Jesus rumava diretamente para um apedrejamento. Contudo, se era isso que o Senhor estava decidido a fazer, Tomé estava firmemente resoluto a segui-lo e morrer com ele.

Um otimista teria dito algo como: “Vamos lá; vai dar tudo certo. O Senhor sabe o que está fazendo. Ele diz que não vai tropeçar, vai dar tudo certo. Mas o pessimista diz: “ele vai morrer e nós vamos morrer com ele”. Pelo menos tinha coragem de ser leal, mesmo diante de seu pessimismo.  “Tudo bem, vamos lá, vamos morrer”. Ele não se iludia, achando que seguir Jesus seria fácil. Tudo o que podia ver eram as garras da morte prestes a prendê-lo. Mas seguiu a Jesus com uma coragem inabalável.

3)    Tomé e a duvida

Depois da morte de Jesus, todos os discípulos estavam em profundo desalento. Os discípulos não creram na ressurreição até que viram Jesus. Marcos 16.10-11 diz que depois de Maria Madalena ter visto Jesus, “partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam. Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram” (v.13).

 “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: seu eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei”. 

O que Tomé pede é a demonstração mais pessoal e concreta que ele podia imaginar. Precisava haver evidencia convincente de que o Jesus que morrera estava em genuína continuidade com o pretenso Jesus ressurreto.

A crucificação era o método mais cruel de execução. Era reservado aos escravos, aos traidores e aos inimigos públicos. A vitima era colocada numa cruz, suas mãos e pés eram pregados. Para adiantar a morte, por causa de algum feriado, os soldados quebravam as pernas, impossibilitando o condenado de respirar em pouco tempo, morria.

Quando se aproximaram de Jesus, para quebrarem  suas pernas, já estava morto. Um dos soldados pressionou sua lança curta por baixo da caixa torácica, perfurando o pericárdio, fazendo com que sangue a água fluíssem do lado de Jesus. Então, o corpo de Jesus, tinha feridas singulares. TOMÉ SABIA DISSO. E foi a razão por que ele exigiu ver e tocar não somente nas mãos e pés de Jesus, mas também a ferida no seu lado.

“Passado oito dias, , estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pos-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não seja incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” 

4)    Senhor meu e Deus meu!

As testemunhas de Jeová acham difícil aceitar esse versículo em seu sentido literal. Para eles, Jesus não é Deus mas um deus menor. Mas, sabemos que Tomé chamou Jesus de Senhor e Deus!

 Mas, por quê Tomé chamou Jesus de “Senhor meu e Deus meu”? Talvez nesta semana,lembrou-se da noite em que Jesus foi traído e quando Ele disse a Filipe: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Também, lembrou-se, da insistência de Jesus em que Deus lhe confiara todo julgamento, a fim de que “todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai” (Jo 5.23). Em outro momento, Jesus declarou: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58). E mais: “O filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o filho também semelhantemente o faz” (Jo 5.19).

Talvez, nessa semana, Tomé, lembrou-se, do milagre que Jesus operou em Marcos 2. Um paralitico, carregado por quatro homens, descendo pelo telhado, aonde estava Jesus. Jesus olhou para o paralitico e disse: “Filho, os teus pecados está perdoados” (Mc 2.5). Os religiosos murmuravam: “Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus”. Jesus respondeu: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralitico: estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: levanta-te, e toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados, a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mc 2.10-11).

Conclusão

“Senhor meu e Deus meu”. Ele estava com o Pai, mas se encarnou, tornou-se humano, sofreu com uma morte vicária, a morte de um cordeiro redentor. Tomé levou o evangelho até a India. Há igrejas no sul da India cujas tradições remetem ao começo da era cristã. As tradições mais fortes afirmam que ele foi martirizado por sua fé ao ser atravessado com uma lança. 

 

domingo, 23 de agosto de 2020

 

Fugindo de Deus – Jn.2.1-10

 

Introdução

No capítulo 1.17 do profeta Jonas, diz: “Deus designou que um grande peixe engolisse Jonas”. O verbo “designar” é usado várias vezes no livro, por exemplo, quando Deus designou que uma planta crescesse e depois morresse, capítulo 4.

O designio de Deus é insondável, inescrutável. Situações acontecem em nossas vidas repentinamente. Veio uma tempestade no barco aonde estava Jonas, subitamente. Não era uma tempestade normal, mas divina.

1)    Jonas foge

A ordem de Deus para Jonas era: “Vai a Nínive e prega a minha palavra”. Mas, ele desobedeceu e foi em direção de Társis. Agora, encontramos Jonas desesperado, afundado nas profundezas do mundo, “até os fundamentos dos montes”, longe de qualquer ajuda ou esperança. 


O movimento de Jonas é descendente – descendo até Jope, depois até um navio, logo até o porão, depois até o fundo do mar. Depois de ter descido até o fundo, Jonas caiu em si. Como Jacó, caiu em si, no vale do Jaboque, diante da face do Senhor (Gn 32). Como Pedro caiu em si, depois de ter negado Jesus por três vezes, etc

Somente quando chegamos ao fundo do poço, quando tudo desmorona, quando todos os nossos esquemas e recursos se exaurem, que viramos os olhos para Deus. Percebemos, portanto, que Jesus é tudo o que precisamos quando Jesus é tudo o que temos.

O caminho para cima, primeiramente, é para baixo. Quando chegamos ao fundo do poço é que encontramos o lugar que habitualmente qprendemos os maiores segredos sobre a graça de Deus.

Aí, Jonas começa a orar e falar da misericórdia de Deus (Chesed), que é traduzida por amor inabalável ou graça.

 2)    Graça (chesed)


a)     Encontramos a graça quando passamos pelo deserto do mal moral.

Em nossa sociedade o lema que todo tipo de valor moral é construído socialmente, não existe, portanto, uma moral absoluta, uma idéia Nieztchiana. No entanto, a oração de Jonas reconheceu que “Tu (O Senhor) me lanças nas profundezas, no coração dos mares” (v.3). JONAS SABIA QUE A JUSTIÇA DIVINA EXISTIA E QUE ELE A MERECIA.

b)    Encontramos a graça em nossa impotência espiritual

Devemos admitir não apenas nossos pecados, mas também o fato de que não podemos nos livrar ou nos purificar deles. No versículo 6, Jonas diz que está afundado até o “submundo” “cujas trancas se fecharam sobre mim para sempre”; o v.5 expõe: “eis que as águas me cercaram até as profundezas da alma, o abismo me cercou...”

Ele percebe que está condenado e permanentemente barrado por seu pecado e rebelião, e não há nenhuma forma possível de abrir os portões por si mesmo ou de pagar a dívida.

c)     Encontramos a graça no alto custo da salvação que Deus provê.

Não apenas, uma mas duas vezes em sua oração, Jonas olha não apenas o céu, mas para “TEU SANTO TEMPLO” (V.4).   “...Poderia contemplar o teu santo templo uma vez mais” E, depois olha para “o templo da tua santidade” (v.7).

 Porquê? Jonas sabia que era de cima do propiciatório que Deus prometera falar conosco (Ex 25.22). Dentro da arca ficava as tabuas dos Dez mandamentos. No dia da expiação, um sacerdote aspergia o sangue do sacrifício expiatório pelos pecados do povo sobre o propiciatório (Lv 16.14-15).

Como nos aproximamos de Deus? A lei de Deus não nos condena? Sim, ela nos condenaria, não fosse pelo sangue do sacrifício expiatório aspergido sobre o propiciatório, sobre os dez mandamentos, que nos protege dessa condenação.

Três verdades: SOMOS INCAPAZES MORALMENTE, INCAPAZES DE SALVAR A NÓS MESMOS E PASSIVEIS DE SERMOS SALVOS. Apenas por meio de medidas extremas e de altíssimo custo a graça é possível, quando acreditamos plenamente em todas essas três verdades básicas.

Conclusão

Nenhum coração humano se atreverá a acreditar nessa graça tão gratuita e de custo tão alto, a menos que ela seja sua única esperança. Um grito de desespero: “as trancas se fecharam sobre mim para sempre”. JONAS ESTÁ PERDIDO, CONDENADO E INCAPAZ DE DESTRANCAR AS PORTAS E SUA PRISÃO. Mas, “porém, tu me levantas da cova, ó Senhor, meu Deus” (v.6).

A verdadeira libertação é quando uma pessoa vem a reconhecer seu pecado e o confessa diante de Deus. O relacionamento é restaurado. Ele termina dizendo: “A salvação vem somente do Senhor” (Jn 2.9).

 

 

terça-feira, 18 de agosto de 2020


Mateus, o publicano. Lucas 5.27-32.

Introdução

Como vimos nessa série sobre os apóstolos de Cristo, mais da metade dos discípulos eram pescadores da Galiléia, ou, homens comuns. Portanto, eles não faziam parte da elite religiosa, nem eram conhecidos por terem um alto grau de instrução. Jesus intencionalmente ignorou os estudados e influentes, e escolheu homens que, na maioria, eram considerados da ralé!

É assim a logica divina. “...ele chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4). “Da boca de pequeninos e crianças de peito (Deus suscitou) força” (Sl 8.2). “Ele humilha os orgulhosos; rebaixa a cidade arrogante e a lança ao pó. Os pobres a pisoteiam, e os necessitados caminham sobre ela” (Is 26.5-6). Deus disse a Israel: “Deixarei no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o Nome do Senhor” (Sf 3.12). Em Ezequiel, Deus diz: “Assim diz o Senhor Soberano: Tire sua coroa coberta de joias, pois o antigo sistema está pra mudar. Os humildes serão exaltados, e os orgulhosos, humilhados” (Ez 21.26).

Os líderes religiosos do tempo de Jesus eram lideres cegos guiando outros cegos (Mt 15.14); quando Jesus veio e fez milagres diante dos seus olhos, ainda assim não o consideraram Jesus como Messias. Em vez disso, viu-o como inimigo. E desde o começo, desde a primeira vez que Jesus pregou em Nazaré, na Sinagoga, procuraram um modo de mata-lo (Lc 4.28-29).

Por quê essa perseguição ao ministério de Jesus? Eles acreditaram nos milagres de Jesus. Cada ato de Jesus saltava diante dos seus olhos; e, mais ainda, eram milagres feitos diante da multidão, diante dos olhos do povo. Alguns lideres invejosos, tentaram atribuir os milagres de Jesus ao poder de Satanás (Mt 12.24). Portanto, o que irritava os lideres religiosos não eram os milagres. Mas, não toleravam serem chamados de PECADORES. Não iriam reconhecer que eram pobres, cegos, cativos e oprimidos (Lc 4.18).

  1)    Mateus – presente de Deus

Em Marcos 2.14, ele é chamado por seu nome judeu, “Levi, filho de Alfeu”. Lucas refere-se a ele como “Levi” em Lucas 5.27-29, e como Mateus quando apresenta a lista dos doze em Lucas 6.15 e Atos 1.13. Então, é provável que Levi (o significado de Levi é ligado, unido, vinculado a alguma coisa ou alguém) tinha sido seu nome antes de receber seu chamado, e que Mateus tenha sido seu nome como discípulo – assim, o novo nome passou a ser um símbolo e uma lembrança da mais importante mudança ocorrida em seu coração e em sua vida.

Pouco sabe sobre a personalidade de Mateus. A única coisa da qual temos certeza é que ele era um homem muito tímido e retraído. Em todo o seu evangelho, ele menciona seu próprio nome em apenas duas ocasiões (quando relata seu chamado, e quando apresenta a lista dos doze apóstolos).

Sua profissão era coletor de impostos, ou publicano. Os coletores de impostos eram as pessoas mais desprezadas de Israel. Eram odiados e rejeitados por toda sociedade judaica. Eram mais odiados que os Herodianos e mais digno de desprezo do que os soldados romanos que haviam ocupado israel. Em essência, os publicanos eram homens que compravam do Imperador romano o direito de cobrar impostos e que depois extorquiam do povo de Israel o dinheiro para encher os cofres romanos e seus próprios bolsos. 

Havia dois tipos de coletores de impostos, os GABBAI E OS MOKHES. Os gabbais eram coletores de impostos gerais; impostos sobre propriedades, rendas e o imposto censitário que todo adulto deveria pagar, conforme sua renda. Os mokhes, porém, coletavam impostos sobre importação e exportação; colocavam cabines de pedágio nas estradas e pontes e taxavam animais de carga e eixos dos carros de transporte. Suas tributações, com frequência eram, autoritária e injustificadas.

 Havia dois tipos de mokhes – os grandes coletores e os pequenos. O grande ficava nos bastidores e contratava outros para arrecadarem impostos para ele (Zaqueu era um grande mokhe – “maioria dos publicanos” Lc 19.2). Mateus, era evidentemente, um pequeno mokhe, trabalhava numa coletoria onde tratava diretamente com as pessoas (Mt 9.9).

Enfim, o publicano era aquele que as pessoas viam e do qual mais se ressentiam. Era pior dentre os piores. Qualquer judeu de bem, em sã consciência, jamais escolheria ser um coletor de impostos. Ele havia, sem duvida alguma, se afastado não apenas do seu próprio povo, mas também de seu Deus. Afinal, tendo em vista que não podia frequentar a Sinagoga e era proibido de oferecer sacrifícios e adoração no templo, na realidade, encontrava-se em pior situação do que um gentio, sem Deus.

2)    Chamado

“Partido Jesus dali (Cafarnaum), viu um homem chamado Mateus na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9. 9) Porque Mateus – um publicano – deixou tudo para seguir Jesus? 


Qualquer que fossem as experiências de sua alma atormentada por causa da profissão que havia escolhido, bem no fundo de seu ser, Mateus era um judeu que conhecia o Antigo Testamento. Era um homem espiritualmente faminto, assim ele foi afligido por uma fome espiritual que o estava corroendo por dentro e, assim, Mateus inicia sua busca.

Então,  conhecendo profundamente o Antigo Testamento, porquanto no seu evangelho tem 99 citações. São mais vezes do que Marcos, Lucas e João juntos. Ele cita trechos da lei, dos salmos e dos profetas, ou seja, de todas as partes do Antigo Testamento.

Também, Mateus acreditava no verdadeiro Deus. Ele residindo em Cafarnaum – torna absolutamente certo que ele conhecia Jesus antes de ser chamado. O céu havia sido aberto (conforme Jesus falou pra Natanael) sobre Cafarnaum aos olhos de todos, e os anjos “subiam e desciam” sobre o Filho do homem.

 Leprosos foram limpos, os demônios dos possessos foram expulsos, os cegos voltaram a ver, os paralíticos sendo levantados; uma mulher foi curada de uma doença de mais de 12 anos, e uma outra, filha de um cidadão distinto – Jairo, príncipe da Sinagoga – foi ressuscitada. Os evangelistas relatam como as pessoas “Se admiravam, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! Como glorificavam a Deus dizendo:  “Nunca tal vimos”, ou “Hoje, vimos prodígios” (Lc 5.26). O próprio Mateus concluiu sua narrativa da ressurreição da filha de Jairo com a seguinte observação: “E espalhou-se aquela noticia por todo aquele país” (Mt 9.26).

3)    Um banquete

“Mais tarde, Levi ofereceu um banquete em sua casa, em honra de Jesus. Muitos cobradores de impostos e outros convidados comeram com eles” (v.29). 


Mateus convidou muitos de seus colegas publicanos e vários outros párias da sociedade para conhecerem Jesus. Ele estava tão empolgado de ter encontrado o Messias que desejava apresentar Jesus para todos que conhecia. Assim, ele organizou um grande banquete em homenagem a Jesus e convidou todas essas pessoas.  Mas, “os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Porque comeis e bebeis com publicanos e pecadores? Respondeu-lhes Jesus: os são não precisam de médicos e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento”.

Por que Mateus convidou coletores de impostos e pessoas marginalizadas? Pois eram o único tipo de gente que ele conhecia. Eram os únicos que se relacionavam com um homem como Mateus. Assim, os seus únicos amigos eram criminosos, vagabundos, prostitutas e gente dessa laia. De acordo com o relato de Mateus, Jesus e seus discípulos foram de bom grado e comeram com eles.

 Portanto, Jesus veio em busca de pessoas doentes e que precisavam de um médico. Ele não tinha vindo para chamar hipócritas ao arrependimento, mas sim os pecadores. Nada Jesus podia fazer pela elite religiosa, enquanto seus membros teimassem em manter a aparência piedosa e dissimulada (Lc 18.10-14) Contudo, pessoas como Mateus que estavam dispostas a confessar seus pecados, seriam perdoadas e saradas.

Conclusão:

A tradição diz que Mateus pregou aos judeus tanto em Israel como em outros lugares durante muitos anos antes de ser martirizado por sua fé. Ele foi queimado numa fogueira.



Bibliografia

Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarthur - Editora Thomas Nelson
O Treinamento dos doze - CPAD A.B. Bruce CPAD
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Biblia de Estudo King James

terça-feira, 11 de agosto de 2020

 Natanael, o apostolo sem dolo – Jo 1.45-51

Introdução

Natanael, o companheiro mais chegado de Filipe, aparece nas quatro listas dos doze como Bartolomeu. Bartolomeu é um sobrenome hebraico que significa “filho de Tolmai”. Natanael quer dizer “Deus deu”. Assim, ele é Natanael, filho de Tolmai ou Natanael Bar-Tolmai.

Os evangelhos não contêm detalhes sobre a origem, o caráter, ou a personalidade de Natanael. O evangelho de João mostra Natanael em apenas duas passagens: João 1, que traz o relato de seu chamado, e João 21.2, onde indica-se que ele foi um dos que voltou para a Galileia e foi pescar com Pedro depois da ressurreição de Jesus. Portanto, Pedro, André, Tiago, João, Filipe e Natanael e Tomé, eram pescadores.

Então, de acordo com João 21.2, Natanael era da pequena cidade de Caná da Galiléia, lugar em que Jesus realizou seu primeiro milagre ao transformar agua em vinho (Jo 2). Caná ficava bem próxima de Nazaré, a cidade onde Jesus se criou. Ele foi levado até Jesus, após o encontro de Filipe com Jesus. Assim, como André conduziu Pedro a Jesus, Filipe conduziu Natanael a Jesus. De acordo com Joao 1.45: “Então, Filipe encontrou Natanael”. Filipe era próximo de Natanael e sabia do anseio do coração do amigo: o Messias.

1)    Amor pelas escrituras

“Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas” (Jo 1.45). Com toda certeza Natanael ficaria curioso com a noticia de que Jesus era Aquele sobre o qual Moisés e os profetas Haviam falado nas escrituras. “O Senhor, suscitará um profeta como eu no meio de ti, dentre teus próprios irmãos; e a ele ouvireis” (Dt 18.15).

Isso provavelmente indica que Natanael e Filipe estudavam o Antigo Testamento juntos. Talvez, tenham ido juntos ao deserto para ouvir João Batista. Possuíam um interesse comum pelo cumprimento da profecia do Velho Testamento. Filipe sabia que a noticia sobre Jesus iria empolgar Natanael.

Observe que Filipe não disse: “Encontrei um homem que tem um plano maravilhoso para a sua vida!”. Também, não disse: “Encontrei um homem que resolverá as suas dificuldades pessoais e conjugais e dará sentido à sua vida”. Não apelou para Natanael tomando por base como Jesus tornaria melhor a vida dele. Mas, Filipe falou de Jesus como o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, pois sabia que Natanael estudava com avidez as escrituras. 


Portanto, Natanael sabia o que dizia as escrituras, de modo que, quando viu seu cumprimento, ele o reconheceu. Ele sabia sobre Aquele a respeito do qual Moisés e os profetas haviam escrito e reconheceu Jesus como o cumprimento das escrituras. “Examinam as escrituras...elas de mim testificam” (Jo 5.39). Filipe lhe disse: “É Jesus, o Nazareno, filho de José”. Jesus era um nome comum – no aramaico, Y shua. Trata-se do mesmo nome traduzido como “Josué”. Seu significado expressivo é “Deus é salvação”; ou, “ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).

2)    Preconceito

O v.46 nos revela um pouco mais do caráter de Natanael. Não obstante, seu estudo meticuloso das escrituras, sua fidelidade e sua devoção a Deus, ele era humano. Eis sua resposta: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa”. 


Ele poderia ter dito: “De acordo com que li no Antigo Testamento o profeta Miquéias diz que o Messias virá de Belém (Mq 5.2) e não de Nazaré”. “Mas Filipe, o Messias é identificado com Jerusalém pois irá reinar lá”. Contudo, do fundo do seu preconceito vêm as palavras que escolheu “De Nazaré pode vir alguma coisa boa”.

Por quê tanto preconceito? Afinal, Caná não era uma cidade de muito prestigio! Era uma cidade fora de mão, enquanto Nazaré pelo menos ficava numa intersecção de estradas. Para irem do Mediterrâneo à Galiléia, as pessoas passavam por Nazaré. Agora, ninguém jamais “passava” pela pequena Caná. Mas, para muitos, Nazaré era uma cidade tosca, de uma cultura pouco requintada e nada cortês. Então, ninguém esperava que qualquer coisa boa pudesse sair de lá.

Hoje em dia, muitos veem o cristianismo como Natanael via Nazaré. O cristianismo era de Nazaré na época e continua sendo hoje. As pessoas adorava desdenhar do cristianismo  e suas afirmações acerca de quem é Cristo, do que ele tem feito e do que pode fazer em seu favor.  Gente que se diz importante diz: “Ah, o cristianismo. Sei bem como é. Fui criado dentro dele, percebi muito cedo  que não era para mim e já tenho minha opinião formada”. Portanto, Jesus continua sendo de Nazaré.

 O que diferencia o cristianismo das demais religiões e formas de pensamento é: todas as outras religiões dizem que, se quiser encontrar Deus, se quiser se aperfeiçoar, se quiser ter uma consciência mais elevada, se quiser conectar-se com o divino, não importa como ele seja definido, você tem DE FAZER ALGUMA COISA. Tem de reunir suas forças, seguir as regras, libertar a mente para então enchê-la e tem de ficar acima da média.  ENQUANTO O CRISTIANISMO diz: “Não, Jesus veio FAZER em seu lugar o que você não podia fazer por si próprio”.

John Bunyan, em seu livro Guerra Santa, retrata as forças do Messias vindo para trazer o evangelho à cidade da Alma Humana. Elas concentraram seu ataque na entrada do ouvido, pois a fé vem pelo ouvir. Porém diabolôs e suas forças, desejava manter Alma Humana cativa ao inferno. Assim, Diabolus decidiu atacar colocando um guarda especial na entrada do ouvido. O guarda que escolheu foi o velho Sr. Preconceito, um sujeito irado e de péssima disposição. De acordo com Bunyan, fizeram do Sr. Preconceito capitão daquela porta e colocaram sob o seu comando sessenta homens, chamados de homens surdos; homens que apresentavam uma vantagem para aquele serviço, uma vez que não faziam caso de nenhuma palavra dos capitães e nem dos soldados.

John Bunyan usou a imagem da surdez. O apostolo Paulo empregou a metáfora da cegueira. “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.3-4). Ensurdecidos e Cegados pelo preconceito a verdade, não entenderam a mensagem. As coisas ainda são assim nos dias de hoje.

Felizmente, seu preconceito não foi forte o suficiente para impedi-lo de chegar a Cristo: “Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê” (v.46). Essa é a forma de lidar com o preconceito: confrontá-lo com os fatos.

3)    Sinceridade de coração

O mestre já conhecia Natanael. Ele “não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo 2.25). Jesus viu Natanael vindo em sua direção e disse sobre ele: “Eis um verdadeiro israelita em que não há dolo!” (Jo 1.47). 


Essas palavras dizem muito sobre o caráter de Natanael. Desde o principio, ele possuía um coração puro. Tinha imperfeições pecaminosas e seu entendimento era prejudicado por certo grau de preconceito. No entanto, em seu coração não havia má-fé. Ele não era hipócrita. Seu amor a Deus era sincero e sem malicia. Jesus refere-se a ele como um “verdadeiro israelita”. A palavra usada no texto grego é alethos, que significa “autentico, genuíno”.

Sua sinceridade era o que o definia como autentico israelita. Grande parte  dos israelitas do tempo de Jesus não eram pessoas autenticas, e, sim hipócritas. Eram falsos. Em romanos 9.6-7 o apostolo Paulo diz: “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”. Em Romanos 2.28-29, ele escreve: Pois ser judeu exteriormente ou ser circuncidado não torna ninguém judeu de fato. Judeu verdadeiro é quem o é no íntimo, e circuncisão verdadeira é a do coração, feita pelo Espírito, e não pela letra da lei, recebendo assim a aprovação de Deus, e não das pessoas”.

Conclusão: “Como o Senhor sabe a meu respeito?”, perguntou Natanael. Jesus respondeu: “Vi você sob a figueira antes que Filipe o chamasse” (v.48). Qual o significado dessa figueira? É bem certo que fosse o lugar aonde Natanael ao para estudar e meditar sobre as escrituras. Era uma espécie de recanto particular, ao ar livre, ficar a sós.

Para Natanael, isso bastou: “Mestre, tú és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (v.49). Ao que Jesus respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade, vos digo, que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem (Jo 1.50-51). Jacó teve um sonho no qual havia “uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28.12). Jesus é a escada, o véu do templo foi rasgado, os nossos pecados foram perdoados. 


A tradição nos diz que Natanael pregou o evangelho na Persia e na India. Quanto a sua morte tem várias narrativas: diz que ele foi amarrado dentro de um saco e lançado ao mar; e foi crucificado. Mas, que morreu martirizado.

 Bibliografia


Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarthur - Editora Thomas Nelson
O Treinamento dos doze - CPAD A.B. Bruce CPAD
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Biblia de Estudo King James
Encontro com Jesus Timothy Keller - Editora Vida Nova

 

 

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Filipe, o mestre dos impossíveis. Jo 14.1-12

 

Introdução

Nas quatro listas dos apóstolos, o quinto nome e cada uma delas é o de Felipe “escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu (Natanael); Mateus e Tomé...”. Ao que parece, que Filipe era o líder do segundo grupo de quatro discípulos”.

Filipe é um nome grego e significa “aquele que gosta de cavalos”. A civilização grega havia se espalhado por toda região do Mediterrâneo depois das conquistas de Alexandre, o grande e muitas pessoas do Oriente Médio haviam adotado a língua, a cultura e os costumes gregos.

1)    Naturalidade

O apostolo Filipe “era de Betsaida, cidade de André e Pedro” (Jo 1.44). É bem certo que Filipe tenha crescido frequentando a mesma Sinagoga de Pedro e André. Em função do relacionamento existente entre eles e os filhos de Zebedeu – Tiago e João -, é possível que Filipe tivesse crescido com os quatro. Existe evidencia bíblica de que Filipe, Natanael e Tomé eram todos pescadores da Galiléia, pois em João 21, depois da ressurreição de Jesus, quando os apóstolos voltaram para a Galiléia e Pedro disse: “vou pescar”, outros que estavam lá responderam “também nós vamos contigo”.

De acordo com João 21.2, faziam parte desse grupo “Simão Pedro, Tomé, chamado Didimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos”. O mais provável é que os outros dois “dois dos seus discípulos” fossem Filipe e André, pois em outras ocasiões são sempre vistos na companhia desses homens citados neste texto.

Se esses sete homens – Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Natanael e Tome – eram todos pescadores profissionais, então é possível eu fossem todos amigos chegados e companheiros de trabalho muito antes de seguirem a Cristo. Portanto, a metade dos apóstolos, vieram  de uma pequena região, trabalhavam na mesma ocupação e eram conhecidos e amigos uns dos outros bem antes de se tornarem discípulos.

Surge uma pergunta: Por que Jesus não escolheu pessoas diferentes para serem seus discípulos? Afinal, seriam apóstolos, suas testemunhas, seus representantes, com plenos poderes de falar e agir em seu nome! Seria de pensar que ele iria percorrer toda terra em busca dos homens mais talentosos e qualificados. Mas, em vez disso, ele separou um pequeno grupo de pescadores, um grupo de homens diferentes, porém com pontos em comum, sem talentos especiais, com aptidões medianas e que já se conheciam.

“Lembrem-se, irmãos, de que poucos de vocês eram sábios aos olhos do mundo ou poderosos ou ricos quando foram chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas que o mundo considera loucura para envergonhar os sábios, assim como escolheu as coisas fracas para envergonhar os poderosos. Deus escolheu coisas desprezadas pelo mundo, tidas como insignificantes, e as usou para reduzir a nada aquilo que o mundo considera importante. Portanto, ninguém jamais se orgulhe na presença de Deus” (1 Co 1.26-29). 


Como era Filipe? Simão, sanguinário; André, tímido; Tiago e João, filhos do trovão...e Filipe? Todas as cenas em que Filipe aparece encontram-se no evangelho de João. Ele era um tipo de pessoa completamente diferente. Ao juntar as peças do que o apostolo relata sobre ele, temos a impressão de que Filipe era a típica “pessoa de processos”. Era um sujeito ligado em fatos e números. Era do tipo de pessoa que, dentro de qualquer setor, costuma ser considerada “estraga prazeres, tacanha, por vezes alguém sem uma visão mais ampla. Era pragmático e cínico – e um derrotista.

2)    Chamado

Em João 1, Jesus chamou André, João e Pedro, foram chamados no deserto onde estavam sentados, aos pés de João Batista. O apostolo João escreve: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou Filipe, a quem disse: “Segue-me” (Jo 1.43). Jesus procurou-o e convidou-o para juntar-se aos outros discípulos. 


Vejam, Pedro, André e João, haviam de, certa forma, encontrado Jesus. Eles haviam sido dirigidos por ele via João Batista. Assim, essa é a primeira vez que o próprio Jesus de fato procurou e encontrou um dos apóstolos. Filipe já possuía um coração que estava procurando, algo mais. Essa busca interior dele fica evidente na maneira como que ele respondeu a Jesus: “Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o nazareno, filho de José” (Jo 1.45).

É obvio que Filipe e Natanael, assim como os quatro primeiros discípulos, haviam estudado e estavam buscando o Messias. Assim, quando Jesus abordou Filipe e disse: “Segue-me”, seus ouvidos, seus olhos e seu coração já estavam abertos e preparados para segui-lo. “Achamos”. Pela graça de Deus, ele havia procurado fielmente em verdade. Então, ele o achou-o, na verdade, foi encontrado por Jesus.

Filipe não apenas tinha um coração que estava buscando o Senhor, como também possuía um coração de um evangelista. Sua primeira reação ao se deparar com Jesus foi encontrar seu amigo Natanael e falhar-lhe do Messias. Quando alguém se torna um verdadeiro seguidor de Cristo, o primeiro impulso dessa pessoa é querer encontrar um amigo e apresenta-lo ao Senhor.

3)    Comida para cinco mil

Aqui, em João 6, descobrimos como era o homem natural de Filipe. Já sabemos que ele estudava o Antigo Testamento. Sabemos que ele havia interpretado as escrituras literalmente e crido no Messias. Assim, quando o Messias abordou-o e disse: “Segue-me”, ele aceitou Jesus imediatamente e seguiu-o sem hesitar. Esse era o lado espiritual de Filipe. Seu coração tinha a disposição correta. Era um homem de fé. NO ENTANTO, com frequência era um homem de fé frágil

Neste capítulo, João descreve como uma grande multidão foi atrás de Jesus e encontrou-o na encosta de uma montanha, junto com seus discípulos. De acordo com Mateus 14.15, o fim da tarde se aproximava, as pessoas precisavam comer. João 6.5 diz: “ONDE PODEMOS COMPRAR PÃO PARA ALIMENTAR TODA ESSA GENTE? ” Por que ele escolheu justamente Filipe para fazer-lhe essa pergunta? João relata que “dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava ara fazer” (v.6).

Ao que parece, Filipe era o administrador apostólico – aquele que fazia as contas. Estava encarregado de providenciar as refeições e cuidar dos aspectos logísticos. Judas era o tesoureiro (jo 13.29), mas Filipe era responsável pela coordenação da compra e distribuição de refeições e suprimentos. Era o tipo de pessoa que em toda reunião diz: “Não creio que seja possível fazermos isso –o mestre dos impossíveis”.

Respondeu-lhe Filipe: “Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço”. Ou “Mesmo que trabalhássemos vários meses, não teríamos dinheiro suficiente para dar alimento a todos” (NVT). Em vez de pensar: “Que ocasião maravilhosa! Jesus vai ensinar essa multidão. Que tremenda essa oportunidade para o Senhor! Mas, tudo o que o pessimista Filipe pode ver foi a impossibilidade da situação.

Ora, Filipe estava presente quando o Senhor transformou água em vinho (Jo 2.20). Já havia presenciado uma porção de vezes como Jesus havia curado pessoas, feito atos portentosos. No entanto, quando viu a imensa multidão, começou a sentir sobrepujado pelo impossível. E quando Jesus testou sua fé, ele respondeu com evidente incredulidade: “Não tem jeito”.

Ele deveria ter dito: “Senhor, se você deseja alimentá-los, então alimente-os Eu vou ficar aqui e ver o que o Senhor vai fazer. Sei que tu podes faze-lo, Senhor! Afinal, tu és o Deus de Abraão: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se for capaz este é o número de descendentes que você terá” (Gn 15.5). Outrossim, é o Deus de Elias: “Não tenha medo! Pois assim diz o Senhor, Deus de Israel: Sempre haverá farinha na vasilha e azeite no jarro, até o dia em que o Senhor enviar chuva” (1 Rs 17.13-14).

Uma luz surgiu, André encontrou um menino com dois peixes e cinco pães e levou-o até Jesus: “aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que adianta isso tudo para tanta gente” (NVT). Portanto, Filipe perdeu a oportunidade de ver a recompensa da fé. Conforme Jesus ensinou “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível” (Mt 17.20). 

Conclusão:

Jesus estava se despedindo dos seus discípulos no cenáculo (João 14), disse que iria para o Pai e que não perturbasse seus corações. Então, acrescentou: “e vós sabeis o caminho para onde vou”. Então, Tomé perguntou: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho”? (v.5). Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, eu sou a verdade, eu sou a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (v.6). Ou seja, o único caminho do céu é Jesus! E, depois acrescentou: “Se vocês realmente me conhecessem, saberiam quem é o meu Pai. Mas, de agora em diante, vão conhecer e ver o Pai” (v.7).FOI NESSE MOMENTO QUE FILIPE FALOU: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (v.8). Jesus perguntou: “Não cres que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai e o Pai está em mim; crede ao mesmo por causa das mesmas obras” (vs. 10-11).

A tradição conta que Filipe foi morto por apedrejamento, em Heliopolis, na Frígia, oito anos depois do martírio de Tiago. Antes de sua morte, multidões foram levadas a Cristo por intermédio de sua pregação. 

 Bibliografia


Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarthur - Editora Thomas Nelson
O Treinamento dos doze - CPAD A.B. Bruce CPAD
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Biblia de Estudo King James
Encontro com Jesus Timothy Keller - Editora Vida Nova