quarta-feira, 25 de dezembro de 2019



5 atos de bondade que mudaram a história



O passado está cheio de guerras, conflitos políticos e eventos macabros — mas também de atos bondosos que mudaram o rumo de acontecimentos importantes.

A carta que salvou a vida da escritora Jane Austen em 1783

Em 1783, Jane Austen tinha 7 anos de idade e foi enviada para Oxford junto com a irmã, Cassandra, para a casa de uma de suas primas, Jane Cooper. Lá, as irmãs teriam aulas com uma tutora chamada Ann Cawley, que mais tarde se mudaria para Southampton, no sul da Inglaterra, levando as crianças consigo.

Em Southampton, Jane e Cassandra ficaram gravemente doentes com o que era conhecido na época como "dor de garganta pútrida", que poderia ser o que hoje conhecemos como difteria ou tifo.

Jane estava tão doente que quase morreu, mas sua tutora, Cawley, por alguma razão inexplicável, não alertou os pais da jovem.

A escritora Helen Amy explica que a prima das garotas, Jane Cooper, decidiu escrever à tia, contando que a vida da pequena Jane Austen estava em perigo, o que fez com que as senhoras Austen e Cooper viajassem a Southampton para resgatar as crianças e tratá-las.

As irmãs Austen se recuperaram sob o cuidado da mãe em casa, e as três garotas jamais retornaram à tutela da senhora Cawley.

"Se sua prima não tivesse intervido a tempo, Jane Austen teria morrido e o mundo teria perdido seu talento extraordinário", explica Amy.  




Como Anne Frank foi salva por Miep Gies e seus companheiros da perseguição nazista entre 1942 e 1944

Depois que Adolf Hitler e o partido Nazista chegaram ao poder, em 1933, a família judia de Anne Frank decidiu fugir para a Holanda por causa do crescente antissemitismo na Alemanha.

Em 6 de julho 1942, quando o país estava sob ocupação alemã, o casal Otto e Edith Frank e suas filhas Margot e Anne passaram a viver escondidos no sótão da oficina de Otto em Amsterdã. Logo, mais judeus também se abrigaram no esconderijo.

A família recebeu ajuda de várias pessoas que trabalhavam para Otto Frank, entre elas a da assistente Miep Gies, que havia começado a trabalhar para Frank em 1933.
Durante os dois anos e 35 dias que a família viveu no esconderijo, Gies (e outros) visitavam frequentemente o abrigo trazendo comida, mantimentos e as notícias do que acontecia lá fora.

A amizade e bondade de Gies permitiram que Anne Frank tivesse tempo suficiente para escrever seu diário, registrando as experiências e pensamentos da jovem durante seu cativeiro.

Em 4 de agosto de 1944, todos os que estavam escondidos no sótão foram presos, após alguém avisar a polícia alemã que havia judeus escondidos na rua Prinsengracht, 263. A identidade do delator nunca foi descoberta. 

Todos os capturados foram mandados primero para o campo de concentração provisório de Westerbork, e depois transferidos para Auschwitz. Anne e sua irmã Margot foram levadas ao campo Bergen-Belsen, na Alemanha, que manteve cerca de 4.000 judeus prisioneros, a maioria holandeses.

Ali, submetidas a condições anti-higiênicas e com pouca comida, as meninas contraíram tifo. As duas morreram em 1945, apenas uma semana antes da libertação daquele campo. Após a prisão dos Frank, foi Gies que descobriu o diário de Anne e o guardou, sem ler, esperando uma oportunidade de devolvê-lo à jovem. Infelizmente, isso nunca aconteceu, e Gies deu o diário a Otto, o único membro da família a sobreviver à guerra, em julho de 1945.

Mais tarde, Otto lembraria: "Comecei a ler o diário devagar, só algumas páginas por dia. Mais que isso era impossível, porque as memórias dolorosas me atormentavam. Foi uma revelação para mim. O diário mostrava uma Anne completamente diferente à filha que eu havia perdido. Não tinha ideia de como seus pensamentos e sentimentos eram profundos".

O diário de Anne Frank foi publicado em junho de 1947 na Holanda e se tornou um dos livros mais famosos e vendidos de todos os tempos.




A visita de Elizabeth Fry à prisão de Newgate, em 1913

Até maio de 2017, a britânica Elizabeth Fry estampava as notas de 5 libras esterlinas (a imagem foi depois substituída pela de Winston Churchill) como uma homenagem por seu projeto filantrópico da reforma do setor feminino da prisão de Newgate, em Londres.

Fry (1780-1845) nasceu em uma família cristã quaker rica e logo casou com o comerciante Joseph Fry, com quem teve 11 filhos.

Até o começo do século XIX, Fry já havia se atentado à difícil situação social da época, distribuindo doações aos pobres e fundando uma escola dominical de sucesso para crianças.
Quando a família se mudou para East Ham, ao leste de Londres, em 1809, Fry inaugurou uma escola para garotas carentes e organizou um programa de vacinação infantil nas cidades próximas.


Mas seu projeto para reformar Newgate só seria idealizado em 1813, quando Fry visitou o cárcere para distribuir roupas entre as prisioneiras. Ela decidiu fazer a visita depois que o missionário Stephen Greellet a avisou das condições precárias da vida na prisão.

Fry ficou horrorizada com o estado do lugar, especialmente quando viu duas mulheres tirando a roupa de um bebê morto para poder vestir uma criança viva.
Quando Fry voltou à Newgate, em 1816, pouca coisa tinha mudado. A historiadora Rosalind Crone descreveu a situação dizendo que as mulheres eram "animais selvagens", frequentemente "bêbadas e violentas".

"Elizabeth tomou uma atitude. Organizou uma escola e elegeu um administrador para cuidar dos presos. Também arranjou trabalhos para as mulheres e criou a 'Associação de Mulheres de Newgate', cujos membros visitavam diariamente a prisão para supervisar a administração e oferecer instrução religiosa e educação para os prisioneiros".

"Foram estabelecidas novas regras, proibindo a mendicância, falar palavras inapropriadas, apostas e jogos de azar, entre outros vícios. As mulheres se ofereciam como voluntárias e Elizabeth ganhou o apoio da prisão e das autoridades da cidade", conta Crone.

O trabalho que Fry realizou na prisão ganhou reconhecimento público com a fundação do Refúgio de Elizabeth Fry para mulheres prisioneiras soltas em 1849. Hoje, ela é lembrada como ativista social, ministra quaker, escritora e mãe. 



Como Harriet Tubman salvou pelo menos 300 pessoas da escravidão entre 1850 e 1861

Harriet Tubman nasceu em Maryland, Estados Unidos, com o nome de Araminta "Menta" Rose, em 1822. Seus pais eram escravizados e pertenciam à família Brodess.

Nessa época, alguns Estados nos EUA consideravam escravos como "propriedades" e sem direitos: o bem-estar de um escravo importava apenas quando se poderia afetar sua produtividade.

Menta foi forçada a trabalhar a partir dos 5 anos de idade. Ela frequentemente era emprestada a famílias vizinhas que a maltratavam e, aos 12 anos, já era submetida a duras jornadas de trabalho no campo. Em 1849, já perto de completar 30 anos, ela escapou sozinha para a Pensilvânia, o Estado vizinho livre da escravidão.
"Ninguém sabe como ela fugiu", explica Sophie Beal, colaboradora da BBC History Extra, "mas Menta provavelmente escapou usando uma via subterrânea secreta que escravos e simpatizantes do abolicionismo conheciam".

Nessa rota, os chamados "condutores" guiavam os escravos fugitivos entre esconderijos no caminho para norte dos Estados Unidos, onde encontrariam liberdade. Foi nessa época que Menta mudou seu nome para Harriet, provavelmente para esconder os registros de sua fuga.

Quando chegou na Filadélfia, Tubman encontrou rapidamente um trabalho doméstico e fez amigos abolicionistas. Mas ainda não se sentia completamente a salvo.

Havia caçadores de escravos na região e, apenas um ano depois de sua chegada, o Ato dos Escravos Fugitivos de 1850 obrigava autoridades locais a devolver fugitivos a seus donos. Quem tivesse ajudado os escravos também seria penalizado.


Apesar dessas condições, nos 11 anos seguintes Harriet fez 19 viagens para resgatar 70 escravos, incluindo seus familiares, da costa leste de Maryland. Ela também ensinou a muitos outros, com instruções detalhadas, sobre como poderiam escapar. Estima-se que ao todo ela resgatou 300 pessoas da escravidão.

Beal explicou mais sobre a coragem de Tubman: "Depois de juntar dinheiro no início do ano, Harriet viajava para Maryland no outono ou inverno, épocas em que as noites eram mais longas e as pessoas ficavam mais em casa. Ela então se infiltrava nas plantações para buscar escravos que estavam prontos para escapar".

"Como os escravos tinham folga aos domingos, Harriet os resgatava no sábado à noite. Assim, os donos não notariam a ausência até segunda-feira, o que dava uma vantagem aos fugitivos e atrasava publicações sobre a fuga nos jornais".

A bravura de Tubman não se limitava a ajudar escravos a escapar para os Estados do norte: posteriormente, ela se tornaria a primeira mulher a liderar um ataque armado na Guerra Civil americana.

Tumban se tornou um ícone da luta pela abolição e, em 2016, o governo dos EUA anunciou que celebraria sua figura na moeda local.




Os conselhos de Luz Long a Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936

É comum ouvir falar que Jesse Owens, que ganhou quatro metalhas de ouro para os EUA nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, foi discriminado por Adolf Hitler, que se negou a apertar a mão do atleta.

Hoje, sabe-se que o ditador não se negou a apertar a mão do corredor deliberadamente: ele já tinha decidido anteriormente que só apertaria a mão de atletas alemães, e somente no primeiro dia dos jogos. Mas o ministro do armamento alemão, Albert Speer, confirmou que Hitler estava "muito irritado" com as vitórias de Owens.

Apesar da hostilidade de Hitler, um ato de gentileza fez diferença na história de Owens naqueles Jogos: ele possivelmente não teria ganhado uma de suas medalhas de ouro sem o conselho de Carl Ludwig 'Luz' Long, atleta alemão de salto em distância.

No dia 4 de agosto de 1936, em uma rodada classificatória, o recordista mundial Owens havia queimado suas duas primeiras tentativas, e só tinha mais uma chance para tentar chegar à final do salto em distância.

Long, que era titular do recorde europeu, aconselhou o colega sobre como superar a fase de classificação. Ele sugeriu que, como a distância classificatória era de apenas 7,1 metros e Owens conseguia alcançar mais de 8 metros, o atleta deveria saltar alguns centímetros para trás da marca tradicional, para se assegurar que não cometeria uma falta.

Owens teve sucesso em sua próxima tentativa e ganhou a medalha de ouro com um salto 8,06 metros, enquanto Long ganhou a prata.

Mais tarde, Owens escreveu sobre os Jogos Olímpicos de 1936: "O que mais me lembro é a amizade com Luz Long. Apesar de ser meu rival mais forte, foi ele que me aconselhou a ajustar meu salto na rodada classificatória, e por isso me ajudou a ganhar".

O recorde mundial de Owens ficou imbatível durante 25 anos, e seu desempenho nas Olimpiadas é considerado um duro golpe na intenção de Adolf Hitler de usar os Jogos para demonstrar sua crença na superioridade ariana.




terça-feira, 17 de dezembro de 2019



Quando Deus age. Et 7


Introdução: uma densa neblina

Imagine você nadando num enorme lago e depois de nadar uma determinada distancia fica envolvido numa densa neblina. E, agora? Voce está preso nessa neblina escura, e não consegue visualizar nada, ninguém. No ato de desespero, você começa a nadar de volta para as margens da lagoa, mas nunca chega, a neblina não lhe dá visão de nada!

A essa altura, você perdeu totalmente rumo. O coração acelera, o braço cansa, você tenta boiar para manter as forças. Mas, você perde que a noite se aproxima, naquele silencio ensurdecedor da lagoa, tenta ouvir alguém, algum barulho, vozes. Se apenas pudesse ouvir uma voz, ainda que abafada...

Essa imagem remete e Jó. Sentado nas ruínas do que fora antes uma linda e prospera paisagem. Tudo o que lhe servia de sustento desaparecera. Estava arruinado. Ele vê sepulturas recém cavadas de seus filhos, diante de seus olhos, numa colina desolada, varrida pelos ventos. Perdera tudo, até a sua saúde. Sentou-se sobre as cinzas de sua vida – destroçada, solitário, sem direção. Não ouvia sequer a voz de Deus.

“Depois disto passou Jó a falar, e amaldiçoou o seu dia natalício. Disse Jó: Pereça o dia em que nasci e a noite que disse: Foi concebido um homem. Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela?” (Jó 31.1-3,11).

1)    O tempo do homem e de Deus
Nós estamos num pequeno espaço no lago enevoado da vida chamado presente. Nos limitamos ao passado, presente e futuro. Se quisermos saber a hora, o minuto, ou o segundo, olhamos no relógio. Se queremos saber o dia ou o mês, o ano ou o século, olhamos o calendário.

Deus, no entanto, não é nada disso. Ele vive e se move para fora da esfera do tempo, terreno – além do tique-taque dos nossos relógios – além da pagina virada do nosso calendário. Deus não tem noite. Deus não tem dia. Deus não tem mês. Deus não tem ano. Deus não tem passado, presente ou futuro.

O Salmista diante da sua pequenez, ele ora: “Mostra-me, Senhor, como é breve meu tempo na terra; mostra-me que meus dias estão contados e que minha vida é passageira. A vida que me deste não é mais longa que alguns palmos, e diante de ti toda a minha existência não passa de um momento; na verdade, o ser humano não passa de um sopro” (Sl 39.4-5)

O nosso tempo, portanto, passa numa sequência de telas, movendo-se do passado, presente e futuro, quase como num filme. Mas, não Deus. “Santo, Santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que ERA, QUE É E QUE AINDA VIRÁ” (Ap. 4.8).  Ele vê todo o filme da nossa vida de uma vez, num lampejo, juntamente com milhões de outros seres humanos espalhados pelos quatro cantos da terra.

“Os teus olhos me viram a substancia ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16).

Mediante um único olhar Deus sabe o que vai acontecer no mundo e como a história terminará. Mas os seres humanos presos ao tempo só podem compreender de maneira mais primitiva: DEIXANDO O TEMPO CORRER. Só depois de a história ter seguido o seu curso, iremos entender como “todas as coisas cooperam para o bem” (Rm 8.28). 



2)    Deus versus Ester
O livro de Ester é o último livro histórico do Antigo Testamento, o próximo é o livro de Jó. É o único livro que não aparece o nome de Deus e nem aparece qualquer oração; ele sequer é citado no Novo Testamento. Então, somos tentados a  pensar que Deus está mesmo ausente, contudo, as marcas de Deus, ou suas pegadas, estão por toda parte dessa belíssima história.

Senão vejamos: Deus agindo na vida de Mardoqueu e Ester; depois agindo no coração do rei Assuero; até mesmo quando Hamã tornou-se a segunda pessoa mais importante do reino da Pérsia. Então, todo o livro histórico de Ester é descrito na perspectiva da sua soberania divina, nada escapa da sua potente mão!

Quando chegamos no terceiro capítulo e vimos o vale escuro que é a ascensão de Hamã, balançamos a cabeça num gesto de desaprovação, como se falássemos: “Não! Não faça isso; tu vais se arrepender! Esse Hamã é um homem mal, sanguinário, preconceituoso, descendente de amalequitas, tem um ódio profundo contra os judeus e a intenção dele é mata-los, todos! ” QUEREMOS QUE DEUS O DETENHA, MAS NÃO OUVIMOS A SUA VOZ...

Então, a neblina se adensa enquanto observamos Hamã colocar o alicerce para o extermínio de todos os judeus no reino da Pérsia e das 127 províncias. Vemos, pasmados, o rei Assuero entregar o seu anel nas mãos de Hamã e o decreto da morte sendo enviado por toda terra...

Se vivêssemos nesse lago silencioso, teríamos indagado: “Onde está Deus? ” Elie Wiesel, o premiado escritor de holocausto, conta, em seu livro “Noite”, como ele, quando criança, ouviu os sons medonhos da morte, viu cenas terríveis de pessoas sendo mortas, sentiu o cheiro de carne queimada vindo do forno. Chocado com tudo aquilo, ele ouviu um homem atrás dele gemer: “Onde está Deus? Onde ele está? ” 



Vamos aos fatos: Ouvimos sermões sobre José e também sobre Moisés, mas nunca ouvimos um sermão sobre os 400 anos de escravidão no Egito. Ouvimos sermão sobre Ana, uma grande mulher de oração, mas raramente ouvimos um sermão sobre os dias de Eli: “...naqueles dias a palavra do Senhor era rara; as visões não eram frequentes” (1 Sm 3.1).

Então, a vida está cheia de períodos de silencio. Muitos. Mas esses períodos de silencio de Deus são tão significativos como aqueles em que ele fala. Durante esse período, precisamos de tempo em oração para ouvirmos a voz de Deus.

Veja algumas partes do hino 126 da harpa cristã:
Quem quiser de Deus ter a coroa
Passará por mais tribulação
Às alturas santas ninguém voa
Sem as asas da humilhação

Os mais belos hinos e poesias
Foram escritos em tribulação
E do céu, as lindas melodias
Se ouviram, na escuridão

3)    Kairós
Vimos, no capítulo 6, que o rei não conseguia dormir. Quando foi a última vez que isso se tornou manchete? “O REI NÃO CONSEGUIU DORMIR A NOITE PASSADA”. No misterioso tempo de Deus, ocorrem coisas sutis que só o coração sensível apreende. Por que depois da noite mal dormida, o rei perguntou “quem está no pátio do rei”? Era justamente Hamã! O rei o chama para entrar e diz: “Como devemos honrar alguém? ” Hamã pensa: Quem melhor do que eu para ser honrado? Mas o rei honra Mardoqueu. Deus agindo...

É fácil prever que o ano de 2020 será muito parecido com o atual (2019) e com o que veio antes dele (2018); quando na verdade, as chances de que será completamente diferente. Quando as coisas começarem a mudar, lembre-se, é Deus agindo...

“Veio, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester. No segundo dia, durante o banquete do vinho, disse o rei a Ester: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te darás, o que desejar cumprir-se-á, ainda que seja metade do reino” (Et 7.1-2). Qual é a tua petição? Já era a segunda vez que o rei fizera essa pergunta: quando ela se apresentou no pátio do rei e ele apontou-lhe o cetro e, depois, no primeiro banquete. Mas, Ester não lhe respondeu por que não estava na hora. Sabia quando agir e quando esperar.

E, você tem essa sensibilidade? Sabe quando deve escutar? Sabe quando falar e quando calar-se? Tem a sabedoria de calar até o momento certo? Salomão escreveu em Eclesiastes: “...Há tempo para todo proposito debaixo do céu... tempo de estar calado e tempo de falar” (Ec 3.1,7)

Então, Ester tomou coragem para fazer a sua petição: “Se conto com o favor do rei, e se lhe parecer bem atender meu pedido, poupe minha vida e a vida de meu povo. Pois eu e meu povo fomos vendidos para sermos destruídos, mortos e aniquilados. Se fosse apenas o caso de termos sido vendidos como escravos, eu teria permanecido calada, pois não teria cabimento perturbar o rei com um assunto de tão pouca importância” (v.4).

QUEM É ESSE? (V.5). Ester poderia ter dito: “você estava presente quando Hamã propôs esse crime hediondo. Você lhe deu o anel para selar o decreto. Como é que diz agora: quem é esse? Abra os olhos! ”

Mas, quem sabe quantos documentos Assuero assinou naquele dia? Quem sabe quantos assuntos importantes do governo estavam em sua mente? O rei tinha várias decisões a tomar e possivelmente agiu de boa-fé, acreditando na conversa de Hamã. Tantos povos faziam parte do reino da Pérsia!

Mas, Deus está agindo. Deus pode mover o coração de um rei e de toda uma nação. Tem poder para derrubar a antes impenetrável cortina de ferro. Ele pode mudar o coração obstinado do marido. Nenhuma barreira é alta demais, nenhum abismo largo demais para Deus, porque ele não está limitado pelo espaço ou pelo tempo, pelo visível ou invisível. Ele é o Todo-Poderoso.

“A tua justiça é firme como as altas montanhas; e teus juízos, insondáveis como o fundo dos oceanos” (Sl 36.6)

Ao compreender que o seu momento chegara, Ester nem hesitou: “O adversário e inimigo é este mau Hamã. Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha” (Et 7.6). O velho Hamã não tivera um de seus melhores dias. As ultimas horas nada lhe acrescentaram. Em primeiro lugar, anunciou diante de toda cidade honrarias a Mardoqueu e, agora, a própria rainha o acusa diante do rei; ele está completamente apavorado, e com razão.

Conclusão:

“eis que junto à casa de Hamã a forca de vinte metros que ele preparou para EMardoqueu...Então disse o rei: enforcai-o nela. Enforcaram, pois, Hamã na forca... então o furor do rei se aplacou” (Et 7.9,10).

Algumas lições do Salmo 37:
NÃO te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade. Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura (vs. 1 e 2). Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado.Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.
E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia.
Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos (vs. 3-7). 

   




terça-feira, 10 de dezembro de 2019


O que vai sempre volta. Et 6


Introdução: o que é bumerangue?
Peça de madeira chata e em forma de cotovelo, usado como armas pelos povos aborígenes da Austrália, e concebido para voltar para perto da pessoa que a lançou após descrever uma curva. Figuradamente é: faca de dois gumes.

1)    Tudo o que parecer perdido, não está.
Mardoqueu poderia ter-se desesperado diante situação na Pérsia. Senão, vejamos os fatos: O rei era um autoritário, sem piedade nenhuma e não tinha qualquer interesse pelos judeus. Além disso, Hamã – primeiro ministro da Pérsia, odiava abertamente os judeus era antissemita, nazista até o ultimo fio de cabelo, ele os desprezava. Quanto a Ester, quando o rei soubesse que era judia, a vida dela talvez terminasse num instante; embora, no dia seguinte ela havia marcado um jantar com o rei e Hamã, nada ainda era previsto. Finalmente, Hamã estava construindo uma forca, “mande fazer uma forca, de mais de vinte metros de altura” (Et 5.14), planejando matar Mardoqueu no dia seguinte.


2)    Quando ninguém, notar, Ele nota.
No capítulo 2, vimos que Mardoqueu descobriu uma conspiração para matar o rei Assuero: “...Bigtã e Teres, dois oficiais do rei que guardavam a entrada...indignados e tramavam uma maneira de tirar a vida de Assuero” (Et 2.21). Quando Mardoqueu soube da conspiração, ele contou a Ester. Por ser rainha, ela passou a informação ao rei. O rei “...depois de investigado a informação e apurada a verdade” (Et 2.23), Bigtã e Teres foram mortos antes de ter oportunidade de eliminar o rei.

No entanto, Mardoqueu não ganhou nenhuma recompensa, nenhum presente pelo seu ato de coragem. Parecia que ninguém tinha notado ou lembrado. Ele continuou com a sua vida simples, sem recompensa ou apreciação...

Mas, “naquela noite”, o rei não conseguia dormir e pediu que trouxessem o livro dos registros históricos, o diário da corte, para que pudesse ler. Durante a leitura deparou com o registro do incidente em que Mardoqueu descobriu a conspiração e Bigtã e Teres, os dois eunucos da corte, guardas da entrada do palácio, que haviam planejado assassinar o rei Assuero” (Et 6.1-2).

O rei, sofrendo de insônia, ouve a leitura das crônicas, provavelmente esperando que isso o ajudasse a adormecer. Enquanto escuta, porém, ouve a recapitulação do incidente em que a sua vida foi ameaçada e o homem chamado Mardoqueu denunciara a conspiração. “Pare” diz ele ao secretário. “Espere”.

“Então disse o rei: que honras e distinções se deram a Mardoqueu por isso? “Nada lhe foi feito”, responderam os servos do rei que o serviam” (Et 6.3). Vejam a providência divina: enquanto toda cidade dormia, o rei se sentia inquieto. Ou seja, de todas as noites para sofrer insônia, aquela era justamente a noite! O rei desconhecia o plano para matar Mardoqueu.

“NAQUELE NOITE”. É assim que Deus age no último momento, ele entra e faz o inesperado. Quando ninguém parece notar nem se importar, ele nota e se importa “Naquela noite”. Neste momento, ele move o coração do rei, que repentinamente compreende que deve sua vida e seu trono esse judeu desconhecido chamado Mardoqueu.

Em meio a tudo isso que lhe aconteceu, Mardoqueu nunca procurou vingar-se. Nunca tentou prejudicar Hamã, mesmo quando teve oportunidade, mesmo quando Hamã se encontrava fácil de ser atingido. Ele nem sequer falou contra o homem.

“PORQUE DEUS NÃO É INJUSTO PARA FICAR ESQUECIDO DO VOSSO TRABALHO E DO AMOR QUE EVIDENCIASTE PARA COM O SEU NOME, POIS SERVISTES E AINDA SERVIS AOS SANTOS” (Hb 6.10).
Deus não é injusto para ficar esquecido”. Quando ninguém mais nota, fique certo, Deus nota. Quando ninguém mais lembra, Deus registra. O salmista nos diz que o Senhor “conheces bem todas as minhas angústias; recolheste minhas lágrimas num jarro e em teu livro anotaste cada uma delas” (Sl 56.8). No Salmo 30.5, lemos: “O choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem com o amanhecer”. Tem um ainda na minha história e na sua, veja o que nos disse Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça e não haja frutos nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação” (Hc 3.17).

3)    Quando tudo parece que vai bem, tome cuidado!
Sempre que as coisas aparentam estar maravilhosa, é melhor que você espie para ver o que está vindo ao seu encontro, lá na esquina. Que pena que Hamã não conhecia esse principio! É possível que tivesse conhecido, mas a sua presunção ofuscou sua memória. “O orgulho precede a destruição; a arrogância precede a queda” (Pv 16.18).



O rei se pôs a imaginar o que poderia ser feito para agradecer a grande coragem desse homem: “...quem está no pátio? Ora, Hamã tinha entrado no pátio exterior da casa do rei, para dizer que se enforcasse a Mardoqueu na forca que ele, Hamã, lhe tinha preparado” (Et 6.4-5).

O sol mal surgiu no horizonte e eis ali Hamã, precipitando para o palácio o mais cedo possível para ser o primeiro a ter uma audiência com o rei e acabar com o inimigo odiado. De repente, do pátio interno, vem a voz do rei: “Chamem-no. Digam a Hamã para entrar”. Hamã, pensou consigo mesmo, “Esta é a minha oportunidade, a forca está quase pronta, é hoje que o meu inimigo vai ser pendurado”. Hamã entra no pátio do rei...

“Quando Hamã entrou, o rei perguntou a ele: o que seria correto fazer a um homem a quem o rei quer homenagear”(Et 6.6). Ou, “o que devo fazer para honrar um homem que muito me agrada”.

Quando o rei faz a pergunta, em quem Hamã pensa imediatamente? “Hamã pensou: A quem o rei desejaria honrar senão a mim? Afinal, sou a segunda pessoa do seu reino. Este é o meu momento, exulta. Então, vamos ver o que poderia ser feito para mim? ”

“...quanto ao homem a quem agrada ao rei honrá-lo, tragam as vestes reais de que o rei costuma usar, e o cavalo em que o rei costuma andar montado, e tenha na cabeça a coroa real; entreguem-se as vestes e o cavalo às mãos dos mais nobres príncipes do rei; e vistam delas aquele a quem o rei deseja honrar; levem-no a cavalo pela praça da cidade, e diante dele apregoem: Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar” (Et 6.7-9).

Então, respondeu o rei: “Pois faça exatamente isso. Não perca tempo. Pegue a roupa e o cavalo e faça o que você sugeriu ao judeu Mardoqueu, que está sempre ali perto da porta do palácio. E não se esqueça de nenhum detalhe que você sugeriu” (v.10).
QUERO QUE O PRINCIPE MAIS IMPORTANTE FAÇA O ANUNCIO. Portanto, Hamã, quero que você leve o cavalo pela cidade e apregoe a grandiosidade do homem montado nele” (v. 11).

Mardoqueu, sentado no cavalo do rei, com as vestes reais, com a coroa do rei na cabeça, ele era o homem mais surpreso do reino. Ele não era orgulhoso, nem vingativo. Não ficou sussurrando: “Fale um pouco mais alto, não estou ouvindo”. Mardoqueu não abriu a boca.

Como são raras as pessoas que podem ser promovidos a uma posição de importância sem se autopromover, ou ansiar pela luz dos holofotes, ou exigir o centro do palco.
Depois, “Mardoqueu voltou para a porta do rei”. Uma frase curta, fácil de esquecer. É como se ele dissesse: “Se na providencia de Deus, essas coisas forem destinadas a mim, elas saberão achar-me. Mas devem procurar-me, porque não farei isso. Os que as conferem conhecem o meu endereço “porta do rei” e lá me encontrarão”.

NÃO IMPORTA O QUE LHE ACONTEÇA, LEMBRE-SE “DO ABISMO DE QUE FOI RESGASTADO” VAI DESCOBRIR QUE O MELHOR LUGAR NESTA TERRA CONTINUA ENDO AQUELE QUE FICA PERTO DAS SUAS RAIZES.

4)    Quando nada parece justo, é porque é justo!
“...depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo para casa, angustiado e de cabeça coberta. Contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, o que lhe tinha sucedido...”(Et 6.12).

Da ultima vez que Hamã foi para casa, ele estava se gabando da sua importância. Agora entra furtivamente pela porta, resmungando e choramingando com o que lhe acontecera. Pessoas como Hamã sempre culpam outros pelo seu infortúnio, raramente dizem: “Deus me deu uma grande lição” ou, “Fui humilhado com isto” ou, “ganhei mediante esta perda” ou, “Deus esmagou o meu espírito, mas agradeço por ter aprendido a confiar nele”.

Em vez disso, elas constantemente afirmam: “Se não fosse por causa desse indivíduo...” ou, “se ele não tivesse dito...” ou, “se aquela pessoa não tivesse feito isso...” ou, “se a firma não fizesse...” e assim por diante.

Sua esposa profetizou, sem ela perceber: “...se Mardoqueu, perante o qual já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás” (v.13).

Conclusão:
Deus não havia ignorado a Hamã ou ao seu projeto de matar Mardoqueu e os judeus. Deus ouvira as suas declarações, o orgulho do seu coração, os motivos violentos e preconceituosos por trás das suas decisões. Deus estava invisível, mas não se encontrava fora de contato ou passivo. O QUE VAI SEMPRE VOLTA.