terça-feira, 29 de dezembro de 2020

         Os sonhos não envelhecem. Js 14.6-12


     Introdução: Atitudes negativas diante da vida.


         Sensação de inutilidade. “Eu não sirvo para ajudar ninguém. Sou um estorvo na vida dos outros. Por que continuo a viver?” O poeta alemão Goethe escreveu: “Vida inútil é morte prematura”.


         Autopiedade. Ninguém se preocupa mais comigo. Porque ainda não morri? Por que devo me preocupar com os outros? Se alguém precisasse de mim, teria vindo pedir ajuda”. Autopiedade produz acusação. Acusação produz amargura. E a amargura afasta as outras pessoas.


         Medo. Eu preciso tomar muito cuidado. Preciso evitar todos os riscos e perigos. O mundo é um lugar perigoso, com toda a sorte de maldades: doenças, crimes, tragédias causadas pela natureza. O medo, porém, é um ladrão que rouba a nossa alegria e nossa paz.


         Remorso. Trata-se de uma mistura de culpa e arrependimento por escolhas mal feitas, ou, uma “angustia corrosiva que surge de um sentimento de culpa por erros passados: autocensura”. É a atitude de sempre olhar por cima dos ombros para o passado com um longo e profundo suspiro, pensando: Se ao mesmo eu tivesse... Se ao menos eu não tivesse...”. 



       Portanto, esse texto da Palavra de Deus está num momento muito especial da história de Israel. Pois os israelitas haviam deixado quatrocentos anos de escravidão, indo em direção em direção a Canaã. Depois de três meses de viagem e, as portas de Canaã, Moisés envia doze espias, para que avaliem a condição da terra que receberiam como herança da parte de Deus. Dos doze, dez voltam assustados em virtude dos gigantes que viram na terra, enquanto que dois espias, Josué e Calebe, disseram ao povo que Deus daria aquela terra que manava leite e mel. 


   Agora, depois de quarenta e cinco anos, a segunda geração, está diante da terra de Canaã, não mais Moisés que lidera o povo, mas,  sim, Josué.

1)  1)  Calebe – Homem da montanha.


      Calebe aparece pela primeira vez ao lado de Josué e mais dez homens (Nm 13:1-2 e 6). Deus acabara de livrar a nação de Israel da escravidão no Egito e conduzira o povo através do deserto sob a liderança de Moisés. Eles acamparam em uma região deserta chamada Cades-Barnéia, ao sul da terra prometida, a terra de Canaã. Lá, a nação escolheu 12 homens que fariam o reconhecimento do território a ser conquistado. 

        Moisés deu as seguintes instruções aos homens: Vejam como é a terra e decubram se seus habitantes são fortes ou fracos, poucos ou muitos. Observem em que tipo de terra vivem , se é boa ou ruim. As cidades tem muralhas ou são desprotegidas como campos abertos? A terra é fértil ou pobre? A região tem muitas arvores? Façam todo o possível para trazer de volta amostras das colheitas que encontrarem” (Nm 13.18-20).     

    Quando chegaram aos vale de Escol, cortaram um ramo com um só cacho de uvas tão grande que dos deles precisaram carrega-lo numa vara. Levaram também amostras de romãs e figos. (Nm 13.23).  



    Os homens voltaram quase um mês e meio depois. Os lideres de Israel se reúnem para ouvir o relatório. Os doze homens chegam à reunião carregados de uvas, romãs e histórias fantásticas sobre a incrível diversidade de frutos e riquezas daquela terra. 

“  Lugares altos com chuva abundante para regar os vinhedos; desertos para os rebanhos; colinas para arvores frutíferas, grãos e azeitonas; vales viçosos para colheitas; vales áridos para figos; um imenso lago de águas frescas com peixes em profusão; uma fértil planície costeira, um grande número de fonte de água límpida”.



2) 2) Mas ... o povo que vive ali é poderoso (Nm 13.28).

      Os enaquins eram pessoas de grande estatura. Diante disso, os cananeus criaram esta expressão: “QUEM É CAPAZ DE ENFRENTAR OS FILHOS DE ENAQUE?”  E, como isso não bastasse, aqueles homens de grande estatura construíram cidades enormes com muros gigantescos e impenetráveis. E mais: havia um grande numero deles... 


“   Os amalequitas vivem no Neguebe, e os hititas, Jebuseus e amorreus vivem na região montanhosa. Os cananeus vivem perto do litoral do Mar Mediterrâneo e no vale do Jordão” (Nm 13.29).

    Em meio ao desespero, um homem de quarenta anos chamado Calebe deu um passo à frente e calou a multidão, e disse: “Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos, em verdade temos a capacidade de conquistar essa terra!” (Nm 13.30).  Mas os dez homens incrédulos disseram (Nm 13.31-33).

     Podemos tentar imaginar a conversa durante a reunião: _Calebe, você viu as mesmas coisas que os outros viram? _ Sim. _ Faz ideia do tamanho daqueles homens? _ Sim. Mas vocês se esqueceram da grandiosidade de Deus? Lembram-se do que ele fez com os egípcios? Lembram-se do mar Vermelho? Deus disse que nos daria essa terra. Então, porque estamos com os joelhos bambos, medindo os inimigos e preocupando-nos com cidades fortificadas? Temos Deus ao nosso lado.

O   Os homens, porém, que haviam ido com ele disseram: “não podemos atacar aquele povo; é mais forte do que nós” (Nm 13.31). “Vimos também os gigantes (...) diante de quem parecíamos gafanhotos, a nós e a eles” (Nm 14.6-9). Mas, o povo não quis ouvir Calebe e Josué, por isso toda essa geração iria perecer no deserto, menos Josué e Calebe.


3) 3) Quarenta e cinco anos depois

A primeira e a mais importante qualidade de Calebe era a sua devoção incondicional ao Senhor. Observe o que Josué diz acerca de Calebe, nada menos que tres vezes. Nos versículos 8,9 e 14, lemos que Calebe foi inteiramente fiel ao Senhor. Entre todos os grandes homens e mulheres da Bíblia, Calebe é a única pessoa de quem foi dito: “você foi inteiramente fiel ao Senhor”.

  “Eu tinha 40 anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barneia para fazer o reconhecimento da terra de Canaã. Eu voltei e lhe dei um relatório verdadeiro. Mas meus irmãos israelitas que foram comigo assustaram o povo de tal maneira que eles se encheram de medo. De minha parte, segui o Senhor, meu Deus, de todo o coração” (Js 14.7-8). 

A  A segunda qualidade era a fé inabalável nas promessas de Deus. No versículo 6, Calebe inicia seu discurso desta forma: “você sabe o que  o Senhor disse a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, sobre mim e você”. Deus prometera dar a terra de Canaã a Israel, e prometera uma parte especial dela a Calebe. Isso era tudo que ele necessitava para por o exercito em marcha. Durante 45 anos, Calebe sonhou com Hebrom!  


“ A terra de Canaã na qual você caminhou será herança permanente para você e seus descendentes, pois você seguiu o Senhor, meu Deus, de todo o coração” (v.9). 

A A terceira qualidade era a humildade autentica. Humildade é considerar os outros mais importante do que nós. No capitulo 13 de Numeros, Calebe foi a primeira voz a transmitir boas noticias. Josué deu-lhe todo o apoio necessário, mas Calebe  foi corajoso ao dizer que o povo deveria tomar posse da terra e confiar no Senhor. Ao longo dos quarenta anos de peregrinação no deserto, vemos um grande numero de disputas pelo poder, ouvimos falar de muitas murmurações, mas esse líder forte e natural não se envolveu em nada disso.


 AA quarta qualidade é a atitude de entusiasmo. “Dê-me, pois, a região montanhosa...”. Dê-me esse desafio. Eu não fiquei com medo quando tinha quarenta anos, e estou pronto para essa batalha aos 85 anos! Deus era o meu Deus naquele época, e é o meu Deus agora. Deixe-me enfrentá-los! 



C  Conclusão: “Calebe expulsou de Hebrom os tres enaquis: Sesai, Aimã e Talmai, descendentes de Enaque. Dali avançou contra o povo de Debir...” (Js 15.14-15).  


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 A coragem de Maria – Lc 1.26-45

Introdução 


Estamos diante de um dos personagens mais complexos da história, Maria. Não, pelo que lemos nas escrituras, mas pela personagem construída ao longo da história pela igreja católica. Mas, quando olhamos para o texto da anunciação, muito de Maria se assemelha a nós, ou não. Porque ela ainda não conhecia a pessoa terrena de Jesus, e recebe uma mensagem a respeito dEle. Basicamente é a mensagem do evangelho, descrevendo quem é Jesus e o que ele fará.

1)    Anunciação

O que aprendemos com o anjo sobre quem é Jesus? A mensagem o chama de Filho do Altissimo. No Antigo Testamento, chamava-se de filho a alguém que se assemelhasse muito com outra pessoa ou que cresse nela com fervor. “Ele é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hb 1.3). Em João 8, Jesus chama os lideres religiosos de filhos do diabo porque mentiam como ele “...quando mente fala a sua própria língua, pois é mentiroso e o pai da mentira” (Jo 8.44).

No entanto, o titulo representa muito mais do que o simples fato de Jesus ser um seguidor de Deus, porque o anjo acrescenta: “Ele reinará eternamente sobre a descendência de Jacó” (v.33). ETERNAMENTE? Em seguida – talvez sabendo que Maria não consegue acreditar nos próprios ouvidos – ele repete a declaração de outro modo: “...seu reino não terá fim”. 



Então o anjo diz: “...O PODER DO ALTISSIMO TE COBRIRÁ COM A SUA SOMBRA; POR ISSO AQUELE QUE NASCERÁ SERÁ SANTO E SERÁ CHAMADO FILHO DE DEUS”(V.35). Deus poderia ter enviado um anjo poderoso, sob forma de um homem, mas esse não teria sido humano. Poderia ter escolhido um individuo extremamente talentoso e piedoso que exemplificasse tudo que Deus queria que os seres humanos fossem, mas essa pessoa não teria sido divina. Nascido de uma mulher, Jesus era completamente humano, concebido pelo Espírito Santo, era ao mesmo tempo, completamente Deus.

 “Antes de tudo, havia a Palavra, a Palavra presente em Deus, Deus presente na Palavra. A Palavra de Deus, desde o principio à disposição de Deus. A Palavra tornou-se carne, e veio perto de nós. Nós vimos a glória com nossos olhos, uma glória única: o Filho é como o Pai, Sempre generoso, autentico do inicio ao fim” (Jo 1.1,14).

“...Darás o nome de Jesus”. Que quer dizer “Deus que salva”. Os fundadores de todas as demais religiões vêm ao mundo na condição de seres humanos, como guias para nos mostrar o caminho da salvação. Nenhum deles – Maomé, Buda, Confúcio, etc – JAMAIS AFIRMOU SER DEUS OU MESMO UM REDENTOR OU SALVADOR. No entanto, a Bíblia sustenta que Jesus é o caminho da salvação, vivendo a vida que você deveria viver e até morrendo a morte que você deveria morrer por seus pecados. 



Observe, por exemplo, as palavras de Isabel para Maria. No versículo 45, ela chama Maria de bem-aventurada por crer nas coisas “que lhe foram faladas da parte do Senhor”. Isso é espantoso. Como pode o filho ainda não nascido (nem concebido ele fora!) de Maria ser o Senhor que lhe enviara a mensagem sobre o próprio nascimento?

Portanto, ou você afirma que Jesus Cristo é, como a Biblia diz, o Deus criador singular que veio em carne – o que torna o cristianismo uma revelação melhor de Deus do que as outras religiões -, ou você é obrigado a declarar que ele estava errado ou mentindo, o que faz seguidores uma revelação pior de Deus. Mas o cristianismo não pode ser uma religião como as demais.

Maria, uma moça pobre, camponesa, além disso enfrentará a desgraça com a noticia que o anjo lhe deu. No entanto, essa simples camponesa, uma menina humilhada, gravida e solteira é hoje um dos seres humanos mais famosos da história humana. O que a torna tão extraordinária? O modo como reagiu e sua mensagem. Ela faz quatro coisas:

 A PRIMEIRA DELAS É PENSAR

Logo após a aparição do anjo, o texto diz: “Mas, ao ouvir essas palavras, ela ficou muito perturbada  e começou a pensar que saudação seria essa” (Lc 1.29). A expressão COMEÇOU A PENSAR significa usar a lógica, raciocinar com intensidade. Quer dizer que Maria tentava descobrir como tudo isso poderia ser verdade.

A noticia com certeza não se encaixava no que sabia, porque a mensagem dizia que um ser humano seria divino. A idéia de que o Deus do Monte Sinai se tornaria humano era impossível para a razão e repugnante para a sensibilidade moral dos judeus. Como fora difícil aos discípulos aceitarem a ressurreição de Jesus!

O Deus criador do universo está entrando no útero de uma moça para nascer como ser humano através dela. Assim, a anunciação toma de assalto todas as narrativas e exige um duro trabalho intelectual. Maria não se esquiva, foge disso. Pondera as evidencias, pesa a consistência interna das afirmações e conclui que é verdade. 



MARIA EXPRESSOU SUA DÚVIDA

Ela questiona o anjo: “Como acontecerá, já que sou virgem”. Ou seja, como pode ter um filho se não faz sexo? Isso mostra a disposição para ser sincera acerca de suas incertezas e questionamentos. Há dois tipos de duvidas: as desonestas e as honestas.

As desonestas são ao mesmo tempo orgulhosas e covardes; demonstrando desdém e arrogância. Como: “Que idéia maluca!” e ir embora,  ou, “Isso é impossível”, ou uma versão contemporânea “Que burrice”. No entanto, as duvidas sinceras são humildes, porque levam você a indagar, não erguer um muro apenas. E, quando você propõe uma pergunta sincera, fica vulnerável de certa forma. A pergunta de Maria para o anjo na verdade solicita informações e deixa aberta para a possibilidade de uma boa resposta que talvez mudasse seus pontos de vista.

 Se ela nunca tivesse expressado uma duvida que fosse, o anjo jamais teria pronunciado uma das grandes declarações da Bíblia “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Quanto mais você estiver disposto a expressar suas duvidas com sinceridade e humildade, quanto mais apresentar questionamentos francos, mais longe você e as pessoas a seu redor chegarão.

CUMPRA-SE EM MIM A TUA PALAVRA

Após ouvir que “para Deus nada é impossível”, ela age. Voce crê em Deus, Maria? Sim. Bem, se há um Deus que criou o mundo, libertou o seu povo e o protegeu durante séculos, por que ele não pode fazer isso? E isso fez sentido para ela. Por isso Maria diz: “... Aqui está a serva do Senhor, cumpra-se em mim a tua palavra...” (Lc 1.38). 



As vezes as pessoas comentam: “Gostaria de ser cristão, mas terei de fazer isso? Serei obrigado a abrir mão daquilo? Terei de orar, deixar de lado o sexo, desistir do meu emprego, mudar meus pontos de vista/ Na versão King James, lemos: “Eis aqui a serva do Senhor; que se realize em mim tudo conforme a tua palavra”.

“Quando se trata de seguir a Jesus, o mais difícil de entregar é entregar-se a si mesmo. Deus chega para Abraão e ordena: Abraão, sai da tua terra, da terra dos caldeus, e segue-me. Abraão pergunta: Onde estou indo. Ao que Deus responde apenas: eu lhe mostrarei mais tarde. Deus quer que Abraão abra mão do direito de determinar por si próprio a melhor maneira de viver.

A decisão de Maria era aceitar e acolher essa criança e tudo o que viesse com ela. O que custou de verdade ter “Deus conosco” em seu meio” (Mt 1.23)?O que custou estar com ele? A resposta do texto é coragem. E disposição para fazer a vontade dele a qualquer preço.

 Conclusão: Maria visita Isabel - comunhão

Quando Maria chega as montanhas da Judéia para passar algum tempo com Isabel, em sua saudação a criança no ventre de Isabel se agitou de alegria. Logo, Isabel lhe diz: “Bendito és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre” ()v.42). Maria não parece compreender o que está passando até visitar outra irmã na fé e elas conversam e adoram juntas. 


Maria irrompe um cântico magnifico, ele costuma ser chamado de Magnificat. Ela se põe adorar e exaltar a Deus de todo coração: “...a minha alma engradece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”(vs. 46,47).


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 Disciplina na igreja 1 Co 5.1-13 


Introdução

No passado, as igrejas aplicavam a disciplina de forma autoritária e vingativa; atualmente, a disciplina é quase totalmente negligenciada. Temos no Novo Testamento inúmeras passagens sobre disciplina cristã: Hebreus 12.1-14; Mateus 18.15-17; 1 Corintios 5.1-11; Galatas 6.1; 2 Tessalonicenses 3.6-15; 1 Timóteo 1.20; 1 Timóteo 5.19-20 e Tito 3.9-11. Vejam as admoestações do apostolo Paulo: “Para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho utraje praticou...” (1 Co 5.2); “Seja ... entregue a Satanás” (1 Co 5.3-5); “Não vos associásseis com ... esse tal” (1 Co 5.9-11); “Que vos aparteis...” (2 Ts 3.6); “Notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado”(2 Ts 3.14-15); Repreende-os na presença de todos” (1 Tm 5.20); “Foge também destes” (2 Tm 3.5); “Evita o homem faccioso” (Tt 3.10). E Jesus? “E, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mt 18.17).

1)    O Caso da igreja de Corinto

“...de toda parte se ouvem comentários de que há impureza entre vós, e uma espécie de imoralidade que não se observa nem mesmo entre pagãos...a ponto de alguém manter relações sexuais com a mulher do seu pai” (1 Co 5.1). 



Imoralidade é porneia, que significa literalmente “procurar prostituta”. A palavra veio a designar, qualquer comportamento sexual que trangride a norma cristã, isto é, todo relacionamento sexual antes do casamento ou depois do casamento, com uma pessoa que não seu marido, ou esposa. Ou, todas as violações do sétimo mandamento.

O que causa estupor em Paulo, é a ausência de total, entre os Coríntios, de uma sensibilidade adequada diante de um pecado especifico, que realmente provê aos inimigos do cristianismo um motivo ainda mais forte para amaldiçoar e ridicularizar as suas afirmações. 


 Uma igreja enferma, imagine os cristãos de joelhos em grupos de recuperação, ouvindo sermões sobre quebrantamento e graça, sendo confortados em seu pecado, mas nunca confrontados. Imagine essas pessoas, feitas à imagem de Deus, sendo perdidas no pecado porque ninguém as corrige. Esse é o estupor de Paulo. Uma membresia de uma igreja nos Estados Unidos: 5% não existem, 10 % não podem ser achados, 25 % não a frequentam, 50% aparecem no domingo, 70% não assistem a reunião de oração, 90% não realizam o culto domestico e 95% nunca compartilharam o evangelho com os outros.

Uma igreja viva, que tivesse em si o poder de sua cabeça, teria se levantado como um único homem, concentrando-se em um ato de humildade e luto, tal como uma família na morte de um de seus membros.

A necessidade da disciplina

“...expulsar da comunhão aquele que assim procede?” (v.2). O homem deve ser retirado do meio da comunidade de fé e adoração. Isso é excomunhão; proibição de participar da ceia do Senhor e, portanto, exclusão completa da comunhão. Por que era necessário tal disciplina tão absoluta? Para o bem tanto do individuo, quanto da comunidade cristã.

A disciplina para o bem da pessoa (vs. 3-5)

O homem estava perdido no pecado pensando que Deus aprovava o caso que ele tinha com a esposa de seu pai. Alexandre e Himeneu “os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1 Tm 1.20), pensavam que tudo estava bem ao blasfemarem de Deus. Mas nenhuma dessas pessoas estava em uma boa situação diante de Deus.

Portanto, a necessidade da disciplina resume-se melhor na frase: “a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (v.5). Esta é a perspectiva certa em relação à nossa atitude para com todos os homens em qualquer lugar – a sua salvação.

 Paulo coloca o procedimento disciplinar em três contextos: A autoridade total de Jesus Cristo como Senhor (“Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”), a presença corporativa de toda comunidade em Corinto (“junto vós e o meu espírito”) e o controle do Senhor sobre tudo o que Satanás tem permissão para fazer, mesmo a um cristão rebelde (“entregue a Satanás para destruição da carne”).

“Entreguem esse homem a Satanás, para que a carne dessa pessoa seja destruída, mas seu espírito salvo no dia do Senhor” (v.5). Lembrem-se de Davi, durante um ano não compôs nenhum salmo, ou do Sumo Sacerdote Josué, quieto diante da acusação de Satanás. Ou seja, a pessoa fica vulnerável ao inimigo, antes era protegida e privilegiada por Deus. 


Dentro da comunidade do povo de Deus, quando ela é excluída de tal segurança, é o mesmo que ser largado, indefeso e desamparado, no território ocupado pelo inimigo. O choque profundo de tal experiência pode produzir algo semelhante a um ataque cardíaco.

Cuidado com o fermento

Um dos aspectos da guarda da Pascoa era a solene busca e destruição de todo fermento, antes da festa começar. Fazia-se a remoção de todo fermento antes que a vitima da Pascoa fosse oferecida no templo. Apesar, do cordeiro sacrificado, Jesus, ainda havia fermento na comunidade cristã “...Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda massa?”. 


Um pecador persistente, pego em inflação, que continua sendo aceito sem disciplina dentro da comunidade cristã, mancha todo o corpo. Tal como os judeus celebravam a libertação da escravidão rejeitando o fermento, os cristãos devem celebrar continuamente a libertação do pecado sem nenhum compromisso com as mesmas coisas das quais foram libertados. Fomos criados para portar a imagem de Deus, transmitir seu caráter à sua criação.

 Espera-se que os cristãos sejam santos, não por causa de nossa própria reputação, mas por causa da reputação de Deus. “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-os em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pe 2.12).

Somos o povo da páscoa, e Aleluia é o nosso hino, isto é, vivemos no outro lado da cruz e da ressurreição e, portanto, certos hábitos estão simplesmente fora de questão; se nos apegarmos a eles, não podemos celebrar verdadeiramente, nem no culto publico, nem no decorrer de nossa vida diária.

O mundo anseia por ver uma igreja assim, uma igreja que leva o pecado a sério, que desfruta plenamente o perdão, e que, em seus momentos de reunião, mistura uma celebração cheia de alegria com um respeito sensível da presença e da autoridade de Deus.

Conclusão: o que acontecerá senão praticarmos a disciplina na igreja?

Uma igreja sem disciplina dificilmente pode ser considerada uma igreja

Quando a disciplina deixa uma igreja, Cristo a acompanha. Se não podemos dizer o que algo não é, também não podemos dizer o que ele é 



Qual será a tua colheita?


Sobre os rochedos irá murchar,

Ou nas estradas se desperdiçar,

Entre os espinhos vai se perder,

Ou nas campinas há de crescer.

 

Há sementeiras, pois, de amargor,

Há de remorsos e de negro horror,

Há de vergonha e de confusão,

Há de miséria e perdição

 

Vale-me tu, grande Semeador!

Faz prosperar todo meu labor;

Quero servir-te, meu Rei Jesus,

Quero contigo ceifar em luz.

 

Oh! Qual há de ser, além,

A ceifa do mal ou bem?

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 A ressurreição de Jesus e nós – Jo 20. 1-16 

Introdução

1)    A ressurreição e Mateus

Os autores dos evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João – descrevem a ressurreição de Jesus por ângulos diferentes, mas há um elemento que não falta em nenhuma dessas histórias: a sensação do fascínio, perplexidade, surpresa. Ninguém esperava a ressurreição de Jesus, embora ele fizera previsões explicitas “e começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria” (Mc 8.31).

Mateus apresenta-nos Maria Madalena e uma que ele chama de “a outra Maria”. No domingo logo cedo, elas vão fazer uma visita ao tumulo onde, na sexta-feira de tarde, tinham visto José de Arimatéia colocar o corpo crucificado de Jesus. Quando chegam ao tumulo, de repente “um forte terremoto; na sequencia, veem o brilho de um relâmpago, que na verdade era um anjo”.

Essa mistura de terremoto com relâmpago faz os soldados romanos, que tomavam conta do tumulo, abandonarem o plantão “...tomados de grande pavor e ficaram paralisados de medo, como mortos” (Mt 28.4). Mas as duas Marias estão ali de pé e ouvem o anjo, que lhes fala duas coisas: “Não temais” e “Ele ressuscitou” (vs. 5 e 6). Em seguida, o anjo lhes dá um recado que devem levar aos discípulos “ide caminhando depressa e anunciai aos seus discípulos que ele ressuscitou dentre os mortos...estará com eles na Galiléia”. 

Mas são obrigadas a parar ao ouvir alguém que as cumprimenta: “Alegrai-vos” (Mt 28.9). E, notando um tom de cordialidade no cumprimento, caem de joelhos diante de Jesus ressurreto. A primeira atitude diante do Cristo ressurreto foi cair de joelho em atitude de temor e reverencia. Mas também houve certa dose de intimidade naquela reação, pois elas se atreveram a abraçar-lhe os pés e “o adoravam” (v.9). 



 Juntos – reverencia a adoração, ficar de joelhos e tocar e abraçar os pés de Jesus, não anda uma sem a outra. A reverencia precisa banhar-se nas aguas da intimidade, para que não se transforme num elemento estético e frio e desligado da realidade. A intimidade precisa mergulhar nas aguas da reverencia, para que não se transforme em emoção eufórica. Então, Jesus confirma o que o anjo já tinha falado: “Não temas”.

2)    A ressurreição em João

O apostolo João, faz algo diferente dos outros evangelistas (Jo 20.1-19). Ele começa com Maria Madalena  que chega ao tumulo no domingo pela manhã e não entende nada do que vê. Ela descobre que o tumulo está vazio e logo tira a conclusão  mais obvia numa situação daquela – roubo. “Tiraram do tumulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram” (Jo 20.2).

Então Maria sai contando tudo a Pedro e ao “outro discípulo”, João. Na mesma hora, os dois saem em disparada para o tumulo. Assim, o “outro discípulo” “correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. E inclinando-se, viu as faixas de linho ali, mas não entrou” (v.5).  A palavra “viu” aparece três vezes nesse relato, e a cada vez, é usada uma palavra diferente do texto grego original. 



O primeiro “viu” aparece no versículo 5: “Ele viu as faixas de linho ali”. No original, a palavra grega é Blepo, que indica uma olhada casual. João veio à tumba, olhou e viu. Mas ele estava dando uma olhada casual “abaixou-se, olhou para dentro e viu ali as faixas de linho, mas não entrou” (v.5).

O próximo aparece no versículo seis: “Simão Pedro... entrou no sepulcro e viu as faixas de linho”. Pedro, com seu jeito inimitável, correu direito para dentro da tumba e contemplou o que havia lá. O termo aqui vem da palavra theoreo, que sugere pensamento profundo, ou uma observação cuidadosa. Pedro olhou para aqueles panos observando-os cuidadosamente, teorizando sobre o que teria acontecido, para tentar chegar à conclusão. 


 “...Também viu ali as faixas de linho e notou que o pano que cobria a cabeça de Jesus estava dobrado e colocado à parte”. Ou seja, o texto original dá entender que as faixas usadas para envolver o corpo, deixando-o parecido com uma múmia, ainda estavam intactas, mas eram como um casulo vazio, sem corpo. Outra coisa, o lenço usado para cobrir a cabeça mantinha o formato como se ainda estivesse envolvendo uma cabeça, mas não havia cabeça nenhuma.

Agora chegamos ao terceiro “viu” citado no versículo oito. Depois o outro discípulo, João, que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou. Ele viu e creu. O verbo traduzido por “viu” vem de uma palavra grega inteiramente diferente das outras duas, oida, que significa ter uma percepção mental, compreender, perceber na mente o que havia acontecido. “Pois até então não haviam compreendido as escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos” (v.9).

No entanto, “Maria continuava do lado de fora do sepulcro, chorando” (v.11). Então, abaixando-se para olhar dentro do tumulo, ela vê dois anjos. “Então os anjos perguntaram: Mulher, por que choras?” Ela lhes explica a razão e em seguida se vira ainda dentro de seu campo de visão periférica, repara na figura de um homem, não o reconhece e supõe ser o jardineiro.

ENTÃO ELE PRONUNCIA SEU NOME: “MARIA” (V.16). Ela enxerga Jesus e responde: “Raboni” – mestre. O termo raboni denota a mistura de uma profunda reverencia pela pessoa (Rabino) com uma intimidade afetiva, como “meu mestre querido”. 


Conclusão:

O medo é a reação mais mencionada no contexto da ressureição, seis vezes nos quatro relatos. A palavra medo inclui todas as emoções que surgem quando se fica apavorado, desorientação, incapacidade de saber o que vai acontecer em seguida e a constatação de que existe algo mais que não pensávamos existir. Mas esse “algo mais” é Deus.

 O temor do Senhor é a expressão bíblica mais comum que traduz a percepção repentina ou gradual que a presença ou revelação de Deus introduz na nossa vida.

O temor do Senhor deixa-nos em estado de alerta, de olhos bem abertos. O temor do Senhor nos impede de pensar que sabemos todas as coisas. E, portanto impede que fechemos nossa mente e nossa capacidade de perceber o que é novo.

O temor do Senhor impede que nos comportemos com arrogância, destruindo ou violando algum aspecto  do que é belo, verdadeiro ou bom e que nos passa despercebido ou fica acima da nossa capacidade de compreensão.

O Temor do Senhor é medo, sem o elemento do pavor. Por isso, ele muitas vezes vem acompanhado por uma palavra tranquilizadora: “Não Temas”. Transforma o medo em temor do Senhor. 



 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

 Jonas e Deus . Jn 4


Introdução:  Jonas

É compreensível que, a principio, Jonas não quisesse ir pregar na Assíria. No entanto, quando ele finalmente anunciou que o julgamento de Deus estava próximo, houve um arrependimento em massa. Em resposta a isso, Deus suspendeu a pena e não destruiu a cidade.

Isso nos levaria a esperar que o livro terminasse no capítulo 3 com uma nota de triunfo, uma afirmação do tipo “e Jonas retornou a sua terra regozijando-se”. Mas, “o que Deus fez foi tão terrível para Jonas que ele ardeu em fúria” (Jn 4.1). “Isso tudo deixou Jonas aborrecido e muito irado” (NVT).

1)    Por quê?

No versículo 2, ele diz: “Senhor, não foi isso que falei quando ainda estava na minha terra natal?” Ou seja, “Eu sabia que tu poderias fazer algo assim! Essas pessoas são más e só mudaram porque ficaram com medo. Elas não se converteram e começaram a ter adorar. Simplesmente prometeram que começarão a mudar -  e tu concedes misericórdia a elas por isto. É bom que seja um Deus de misericórdia, mas desta vez foste longe demais!”

O nome YAHWEH, traduzido por “Senhor”, não aparece desde o capítulo 2, mas agora literalmente clama: “Ai, YAHWEH!”. É o mesmo nome que ele se revelou a Moisés no Sinai, é justamente o nome do pacto entre Deus e Israel, que Jonas tem em mente. Em outras palavras, “Como podes cumprir suas promessas de preservar seu povo e, ao mesmo tempo, mostrar misericórdia aos inimigos de seu povo!” Lutero chamou Jonas de “santo esquisito, singular. Se fosse por ele, invejaria toda e qualquer parte na graça e no amor de Deus”. 



 TEM MAIS?

Quando ele diz que quer morrer (Jn 4.3) e Deus, com extraordinária gentileza, repreende-o por sua raiva desmedida (v.4), então a coisa está num nível mais profundo, o coração.

Na realidade, quando Jonas diz: “sem isso não tenho vontade de continuar a viver”, ele está dizendo que perdeu algo que havia substituído Deus como a principal alegria, razão e o amor de sua vida. ELE TINHA UM RELACIONAMENTO COM DEUS, MAS HAVIA ALGO QUE VALORIZAVA MAIS DO QUE O SENHOR. Sua fúria explosiva mostra que ele está disposto a descartar seu relacionamento com Deus, se não conseguir o que tanto preza. 


Quando a pessoa diz: “Eu não vou te servir, Deus, se tu não me deres tal coisa X”. Então, esse x é o seu ponto mais crucial, seu maior amor, seu verdadeiro deus, a coisa que mais confia e descansa. A outro disse Jesus: Segue-me. Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus.

 Mau uso da Bíblia

Quando começa a repreender o Senhor, Jonas cita para Deus as palavras do próprio Deus. Elas estão em Exôdo 34.6,7: YAHWEH, YAHWEH, Deus compassivo e misericordioso, longanimo, cheio de amor, paciente e fiel; que persevera em seu amor dedicado a milhares, e perdoa a malignidade, a rebelião e o pecado” No entanto, ele faz uma leitura seletiva da Bíblia, ignorando a ultima parte de Exodo 34.7, na qual está escrito que Deus não deixa “culpados sem castigo”. 


 É uma mensagem simplista, de um Deus que ama a todos sem julgar o mau. Ele usa o texto para justificar sua indignação desmedida, raiva e amargura desproporcionais. SEMPRE QUE LEMOS A BIBLIA PARA NOS SENTIR JUSTOS E SÁBIOS AOS NOSSOS PROPRIOS OLHOS, ESTAMOS USANDO A BIBLIA PARA NOS FAZER DE TOLOS OU COISA PIOR, UMA VEZ QUE A BIBLIA DIZ QUE A MARCA DOS TOLOS PERVERSOS É SER “SABIOS A SEUS PROPRIOS OLHOS” (Pv. 26.12).



SOMENTE ESTAMOS LENDO A BÍBLIA DE FORMA CORRETA QUANDO ELA NOS HUMILHA, NOS CRITICA E NOS ENCORAJA COM O AMOR E A GRAÇA DE DEUS, APESAR DE NOSSAS FALHAS.

2)    E, Deus? Paciente 


Jonas pregou em Ninive que em quarenta dias, Deus iria destruir a cidade. Mas, então, a cidade não foi destruída. Por que Deus estendeu sua misericórdia a eles? Da mesma medida que a misericórdia foi estendida a Jonas dentro daquele peixe, mas a memoria de Jonas era curta, e se recusa em ver o bem dos ninivitas.

Apesar de tudo, Deus é paciente com ele. Desta vez, ele não envia uma tempestade violenta; ao contrário, começa aconselhá-lo: “Achas bom que sintas tanta ira” (Jn 4.4). Muitos pensam que depois da conversão tudo se torna às mil maravilhas, mas Paulo fala de dois homens que lutam dentro dele – o velho homem e o novo homem -. Jonas mostra isso explicitamente.

Deus que chora 

Quando Jonas vê que Deus começa a ter misericórdia de pecadores, fica ofendido. Depois disso, Jonas decide ficar perto da cidade, fazendo para si um abrigo temporário “queria ver o que aconteceria com a cidade” (v.5).

 Para deixar Jonas mais confortável – a tradição afirma que Jonas era calvo -, Deus designou “uma espécie de mamoneira” (BKJ), também conhecida como Mamona, que cresce rápido e fornece sombras com suas folhas largas. E “Jonas ficou bastante alegre por causa da planta” (Jn 4.6). Mas, “no dia seguinte” (BKJ), Jonas ficou chocado e zangado quando Deus enviou um verme para roer e fazer murchar o pé de mamona.

Aí Jonas murmura: “Inacreditável, além de tudo o que já aconteceu, mais isso? Por que Deus não pode me dar um tempo? A ira de Jonas ganha forças junto seu desespero: “Estou zangado e abatido o suficiente para morrer” (Jn 4.9).

Mas, Deus responde: “Tu tiveste compaixão da planta” (v.10). Em outras palavras, Deus está dizendo: “Você chorou por ela, Jonas. Seu coração se apegou a planta . Então, o que Deus está dizendo, em essência, é: Voce chora por plantas, mas eu tenho compaixão por pessoas”.

Deus chora pela maldade e perdição de Nínive. Quem dedica seu amor a alguém só consegue ser feliz se esse alguém for feliz. A aflição dessa pessoa, também se torna sua aflição. Genesis 6.6 diz que, quando Deus viu a maldade que reinava na terra “seu coração se encheu de dor”, Deus olhando para Israel, que se afunda no mal e no pecado, e falando que o coração dele se comove por dentro dele: “Como posso desistir de você, Efraim? Como posso te entregar nas mãos de outros, Israel? Meu coração se comove dentro de mim; a minha compaixão se torna cálida e suave” (Os 11.8).

Conclusão: Deus é generoso

A compaixão de Deus não é somente um conceito, mas, sim, uma realidade. É intrigante o fato que ele fala desses pagãos violentos e pecadores como pessoas “que não sabem diferenciar a mão direita da esquerda” (Jn 4.11). O que é isso? Eles estão espiritualmente cegos, perderam-se no caminho e não tem a menor idéia da fonte de suas dificuldades ou o que fazer a respeito delas.

 Há muitas pessoas que não tem ideia alguma de por que eles deveriam viver, do sentido de sua vida, tampouco tem qualquer parâmetro para distinguir o certo do errado.

Deus está dizendo a Jonas: Estou chorando e lamentando por esta cidade – por que você não está? Se é meu profeta porque não tem a mesma compaixão que eu? Jonas não chorou pela cidade, mas Jesus, o verdadeiro profeta, sim.

Quando Jesus viu a cidade de Jerusalém chorou sobre ela e disse: “Se você, mesmo você, apenas soubesse neste dia o que lhe traria a paz – mas agora isso está oculto aos seus olhos... porque você não reconheceu o tempo da vinda de Deus para você” (Lc 19). “Jerusalém, Jerusalém... quantas vezes desejei reunir seus filhos, como uma galinha ajunta seus filhotes sob as asas e vocês não estavam dispostos” (Lc 13.34).


 Biblografia

Timothy Keller - O profeta pródigo - Vida Nova

Isaltino Gomes Coelho Filho - Jonas Nosso Contemporâneo - Juerp

Eugene Peterson - A vocação espiritual do pastor - Textus

Biblia King James Atualizada  - Abba Press e BV filmes

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

 

QUATRO MENTIRAS QUE MEUS PROFESSORES ME CONTARAM




Eu frequentei uma faculdade secular que, em geral, não acreditava em mim – e sou grata pela experiência. As ideias e as pessoas me ensinaram, desafiaram e refinaram de formas que ainda hoje as reconheço e aprecio diariamente.

Mesmo assim, apesar de todas as instruções inteligentes que recebi, ano após ano, também senti as persuasões cada vez mais fortes, mas sutis, da doutrina, artimanha e astúcia humanas (Ef 4.14). Os ventos de doutrina e opiniões levantados contra o conhecimento de Deus (2Co 10.5) sopraram nas salas de aula, demonstrações no campus, publicações escolares, organizações estudantis e conversas no corredor.

Mesmo para nós que seguimos a Cristo, essas mentiras persuasivas podem ser desorientadoras se não estivermos preparados para elas. Se mantivermos nossa guarda e prepararmos nossas mentes, no entanto, firmemente orientados para a verdade, até mesmo suas mentiras podem refinar nossa fé e nos posicionar para ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13-14).

Quatro mentiras com as quais lutei no campus

Se quisermos entrar nos campi universitários e influenciá-los em direção a Cristo (e não permitir que eles nos influenciem em relação ao mundo), devemos ir preparados. A sala de aula e o ambiente da faculdade podem ser um lugar perigoso para os cristãos, especialmente os jovens. Na esperança de preparar a todos nós para enfrentarmos e resistirmos aos perigos, abaixo estão quatro mentiras que aprendi a combater no campus da minha faculdade.

1. Somente a religião requer fé

Desde o primeiro dia de aula de inglês ou ciências, os professores costumam estruturar o currículo do semestre com base na premissa “divisiva” de que algumas pessoas têm fé e outras não. Normalmente, essa suposição postula a fé em Deus contra o naturalismo ou o ateísmo, como se as últimas cosmovisões não exigissem várias crenças em si.

Na realidade, essas teorias postulam crenças fracamente fundamentadas sobre a origem do universo, o significado da vida, a experiência de temor ou admiração, a base da dignidade humana e a justificativa para qualquer padrão moral universal que defina o errado como errado. A observação científica, por si só, não produziu muitas de suas conclusões.

Entre uma série de outras afirmações baseadas na fé, quase todas as pessoas que encontramos também proporão a crença em forças que não podemos ver fisicamente. Nunca tive um professor negando a existência do invisível. Cada um abrangia a realidade dos átomos, vento, magnetismo, gravidade e as extensões da galáxia, todos imperceptíveis ao olho humano. Acreditamos nessas forças percebendo seus efeitos e procurando a causa – assim como Deus agora é invisível para nós, mas acreditamos nele por suas obras (Rm 1.19-20). Além disso, cada professor confiava em relatos históricos de todos os tipos de pessoas e eventos para os quais temos muito menos testemunhas corroborantes do que a Bíblia.

A questão, portanto, não é se teremos fé, mas em que colocaremos nossa fé. A questão não é nem mesmo se colocaremos nossa fé em evidências, mas sim em quais evidências colocaremos nossa fé – evidências empíricas apenas, ou a interseção de evidências históricas, lógicas, morais e filosóficas nas quais o Cristianismo sempre foi baseado.

Em última análise, quando se trata da fé em Cristo, o problema não é uma falta de evidência confiável, mas uma inclinação para suprimir, por nossa própria injustiça, o que Deus já deixou claro para nós (Rm 1.18-19).

2. A verdade absoluta não existe

Mesmo aqueles que aceitam a inevitabilidade da fé podem argumentar que não existe uma verdade absoluta na qual colocar nossa fé. Mas, é claro, essa é uma afirmação da verdade absoluta em si mesma.

Outros sugerem que nossas inclinações para certos pontos de vista os tornam automaticamente pouco confiáveis. Eles podem acusar a influência da família, da cultura e das experiências de nos encorajar a seguir nossas crenças – e podem estar certos. Mas se essas influências nos obrigassem a acreditar que a Terra era redonda, isso a tornaria menos verdadeira? E nos tornaria preconceituosos e mesquinhos compartilhar as razões de nossa crença com colegas que ensinaram desde a infância que a Terra é plana?

Devemos examinar absolutamente tudo em que somos obrigados a acreditar, testando a confiabilidade de cada afirmação contra o que Deus revelou (1Ts 5.21; At 17.11). Mas devemos resistir à mentira de que nossa inclinação para acreditar em algo necessariamente o torna falso. Simplesmente sugerir que as experiências pessoais nos influenciam em direção a uma determinada crença é uma crença influenciada nas experiências pessoais. Jesus Cristo é a própria verdade (Jo 14.6) e ensinou que as pessoas que são da verdade ouvirão e crerão em sua voz (Jo 18.37).

3. Siga sua própria verdade

Alguns abraçam a necessidade da fé e a realidade da verdade absoluta, mas nos instruem a olhar para dentro, em vez de externamente, para encontrá-los. Muitos grupos de estudantes e movimentos em campi universitários anunciam a mensagem de que a busca mais nobre da vida e única esperança de contentamento é “viver sua verdade” como “você a faz” e “seguir seu coração” – ou seja, usar todo e qualquer desejo de seu carne para definir sua identidade, julgar a moralidade e justificar o comportamento vergonhoso.

Essa cruzada encobre a tentação subjacente que nosso inimigo tem causado há séculos: entregar-nos à sensualidade, luxúria e impureza para que possamos nos tornar insensivelmente endurecidos de coração (Ef 4.18-19; Rm 1.24-25). Enganados a ver os limites de Deus como uma alegria sufocante em vez de esbanjá-la em abundância, somos continuamente encorajados a buscar as tentações do mundo longe dele para nos satisfazer.

E ainda, no fundo de cada conta bancária, com desespero sobre padrões inatingíveis de beleza, nos solitários corredores da fama, e ao nascer do sol, após cada festa destrutiva, permanece a tristeza que embrulha o estômago de descobrir este mundo não pode, afinal, nos satisfazer. Quando estamos mais ancorados e governados pelas areias movediças do que sentimos, em vez de na rocha do que é verdadeiro, o inimigo nos encurrala no vazio do pecado, na ansiedade do desamparo e na exaustão do descontentamento.

A Escritura adverte que governar a vida pelo próprio pensamento, longe de nos iluminar, na verdade obscurece nosso entendimento e nos afasta da vida de Deus (Ef 4.17-18). É em nosso Criador que vivemos, nos movemos e temos nosso ser (At 17.28), e são os seus desejos, não os nossos próprios contraditórios, que são bons, confiáveis e duradouros até o fim.

4. A cultura sempre progride

A coragem, o ímpeto, a criatividade e a inovação tecnológica dos estudantes universitários os posicionam para ter uma influência impressionante no mundo – uma das muitas razões pelas quais a igreja se beneficia muito por investir e ser afiada por eles.

Em meus dias de faculdade, fui inflamada para a aventura pelo horizonte aberto de possibilidades – particularmente aquelas que me chamavam para dar minha vida pelo bem eterno do mundo. Mas também vi muitos atraídos para a corrente cultural da opinião popular de formas que contradiziam a palavra de Deus. Mascaradas como “o caminho do progresso” e “o lado certo da história”, este é na verdade o caminho largo que leva à destruição (Mt 7.13). Como C.S. Lewis advertiu décadas atrás,

“Se você estiver no caminho errado, progredir significa dar meia-volta e voltar para o caminho certo; e, nesse caso, o homem que volta mais cedo é o homem mais progressista. . .”. É bastante claro que a humanidade tem cometido um grande erro. Estamos no caminho errado. E se for assim, devemos voltar. Voltar é o caminho mais rápido.

Em todas as fases da vida, devemos ser corajosos para combater o bom combate da fé (1Tm 6.12) – não, em última análise, contra as pessoas que somos chamados a amar, mas contra as forças espirituais do mal sobre as trevas atuais (Ef 6.12). E em resposta a qualquer oposição zombeteira ou beligerante, podemos lembrar que buscamos a recompensa não do louvor humano nesta vida, mas do bom prazer de Deus naquele que está por vir (Gl 1.10).

Não deixe ninguém te enganar

Que ninguém vos engane de forma alguma (2Ts 2.3). Não coloque sua fé e esperança em professores instruídos. Não se deixe persuadir pelos argumentos sempre mutantes dos colegas descrentes em seu feedde mídia social. Não desanime por expectativas presunçosas de que o secularismo e a ciência estão acabando com a fome e a necessidade de Deus em nosso mundo. E não se surpreenda com as provações ardentes ao se firmar em suas crenças (1Pe 4.12).

Em vez disso, olhe especialmente para os professores de fé sábios – os autores inspirados das Escrituras, líderes fiéis de sua igreja, testemunhas caminhando ao seu lado (Hb 12.1) e a própria Palavra de Deus, Jesus Cristo (Jo 1.1). Ore por sabedoria (Tg 1.5). Em seguida, torne-se um professor e testemunha da verdade. E, por fim, irradie alegria provando que você encontrou o tesouro da verdade pelo qual vale a pena abandonar tudo mais (Mt 13.44), provando com seu amor a verdade em que você acredita (Jo 13.35).

Por: Kaitlin Miller. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Four Lies My Teachers Told Me.

Original: Quatro mentiras que meus professores me contaram. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.