terça-feira, 30 de novembro de 2021

 Libertando das cadeias do Egito Ex. 7.1-6 


Introdução:

Nos cinemas do Brasil está em cartaz o flime: “Eternos” da Marvel. O que vem a mente é mais um filme de super heróis, como Batman, Homem Aranha, Capitão América, etc. São seres que protegem a terra há sete mil anos e precisam lutar contra os desviantes. Mas, no desenrolar do filme, a sutileza é onipresente. O mal está por toda parte, os homens são fracos e subserviente, são seres assustados. Os heróis são esquisitos e cada um vai viver sua vida na humanidade, do jeito que quer. Um deles se casa com outro homem e juntos adotam um filho. O herói, no final, é um vilão, que quer a destruição da terra. O que se percebe que o filme é um relato de como o mundo é, em si, enganoso.

1)    O império do Egito

Os hebreus viviam no Egito como escravos. Havia mais de quatrocentos anos. Nessa época, o Egito era, uma potencia mundial, a mais temida pelos povos. Dominando o cenário e a imaginação de povos próximos e distantes numa sociedade totalitária governada por um ditador que todos criam ser um deus. O esplendor que cercava esse deus-ditador lhe dava credibilidade: arquitetura suntuosa, arte deslumbrante, tudo magnificente, tudo feito de ouro.

Contudo, o esplendor era inteiramente externo; por dentro, o palácio estava infestado de vermes – abuso, crueldade, superstição, degradação. Os hebreus estavam lá, no meio de tudo isso, mas alheios e impotentes, no lado mais fraco. Será que alguns ainda perseveravam na fé dos patriarcas? Talvez sim, mas, para a maioria, o centro de todo o poder era o Egito. Depois de 430 anos naquela terra, a memoria de Abraão, Isaque e Jacó caira quase inteiramente no esquecimento. 

Vejam o que Moisés pergunta para Deus: “Quando eu chegar diante dos hebreus e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e ele me perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?” (Ex 3.13). Para que o povo de Deus possa reconhecer a revelação e operação de Deus como Eu Sou o que Sou e responder a elas, é necessário que veja como , esse lamaçal de mentiras e opressão faraônica como ele é de fato, como um grande mal, contudo, não um mal definitivo.

É nesse ponto que entram em cena as dez pragas. Elas foram usadas para revelar a futilidade do mal, para purificar a mente dos hebreus de toda admiração invejosa do mal, ou para purificar as portas da percepção, mais ainda, segundo o apostolo Paulo, abrir os olhos das pessoas, porque “o deus deste século cegou o entendimento dos descrentes para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo” ( 2 Co 4.4).  Então, cada uma das pragas serviu de água, sabão e alvejante para efetuar uma limpeza completa. 

 2)    Discernindo

Quando nossa mente e nosso espirito sucumbem ao domínio do mal, e não apenas aos seus efeitos físicos, passamos a ser controlados por poderes demoníacos. As dez pragas foram uma forma complexa de EXORCISMO, uma explosão de Libertando a imaginação dos hebreus do domínio do mal. Como disse o apostolo Paulo: “...nossa luta não é contra seres humanos, e sim contra principados e potestades...contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12) 

Agora, os hebreus teriam liberdade de ouvir e seguir seu Salvador e adorar a Deus “em espirito e em verdade” (Jo 4.24). Quando Moisés começou a trabalhar com seus irmãos e irmãs hebreus, eles sofriam de uma “ânsia de espirito” (Ex 6.9), ou “angustia” (NVI), e a única “verdade” à qual tinham acesso era essa grande mentira egípcia.

Mas, o Egito e o Faraó não eram o “mundo real”. Eram o mundo real desfigurado, profanado, endemoninhado. As dez pragas descontruiriam essa fraude gigantesca, item por item, peça por peça, até que não sobrasse nada para cativar a imaginação do povo de Deus. O povo de Deus precisava de uma cirurgia radical para extirpar esse mundo profano, desfigurado e longe de Deus. A intenção era que, ao deixar o Egito, o povo tivesse não apenas fisicamente liberto da opressão, mas também, mentalmente. Como no diz o apostolo Paulo: “Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu filho amado”(Cl 1.13).

3)    Quem vencerá?

Quem está no controle de tudo? Quem dirige os acontecimentos da vida? Quem é o Senhor do mundo? Por acaso é o deus Rá – deus sol -, corporificado por Faraó? Ou, é Yahweh, ou “Eu sou o que Sou”, representado por Moisés? Cada uma das dez pragas fala dessa questão, como se fosse um final de Copo do Mundo para saber quem será o vencedor. Dois modos de vida estão em jogo, dois estilos de ver o mundo, e serão dez confrontos. 

 A primeira praga é quando o Nilo transforma-se em sangue. Hapi, que significa “fonte do Nilo”, é o deus da fertilidade, era associado de modo próximo ao Nilo. Sem o rio Nilo, não havia fertilidade no Egito, logo, não havia mais Egito. Contudo, o Senhor transforma o Nilo em sangue (Ex 7.19-21). Logo, todo tipo de vida, em aguas, pereceu. 

A segunda praga foi de rã, a deusa Heket, também, como Hapi, é ligada à fertilidade. Ela tinha cabeça de rã, mas as rãs pertencem ao Senhor, que lhes dá ordem (Ex 8.1-6). O touro era outro símbolo da fertilidade, com santuários em todo o Egito. O Deus Ápis era venerado em Mênfis, contudo, não fora capaz de resistir à praga sobre os rebanhos  (Ex 9.1-7). 

Talvez se esperasse que Shekhmet, deusa das pragas, com cabeça de leoa, curasse a epidemia de feridas (v.8-11). Nut, deusa do céu, não foi capaz de impedir as pragas de granizo (Ex 10.12-15). Acreditava-se que a cada dia, Ra, o deus Sol, navegasse pelo mar celeste em uma embarcação à noite, descia ao mundo dos mortos antes de ressurgir vitorioso ao amanhecer. Mas durante a nona praga (Ex 10.21-23) ele não ressurgiu. Os três dias de escuridão foram sinal claro de que havia sido derrotado. 

Cada praga sucessiva deixa evidente a impotência humilhante de Faraó. Moisés, profeta de Yahweh, desencadeia e depois repele cada uma das dez pragas. A tal “soberania” é sistematicamente desintegrada, arruinada. Ou seja, Faraó não é tudo isso, bam bam bam, que tanto se anunciava. Moisés ridiculariza o soberano do Egito “Para que narres ao teu filho e aos teus filhos de teus filhos como zombei do poder que havia no Egito... todos vós sabereis que Eu sou Yahweh” (Ex 10.2).

Ou, para usar outra imagem, as pragas são como a produção de uma peça teatral com dez cenas, a nação toda reunida para assistir, todos atentos a qualquer gesto. Em cada uma das cenas, uma bola de aço gigantesca. Balançando de uma grande altura, despedaça mais uma parte do modo de vida egípcio. Cada golpe, é uma demolição, reduzindo, humilhando o mito da invulnerabilidade egípcia, soberano do Egito. Para o povo que está assistindo, é possível que a sucessão de pragas tenha adquirido uma qualidade cósmica de desenho animado à medida que a bola de demolição faz seu trabalho:

·        Sangue (Bam!)

·        Rãs (Bam!)

·        Piolhos (Bam!)

·        Moscas (Bam!)

·        Pestilencia (Bam!)

·        Ulceras (Bam!)

·        Chuvas de pedra (Bam!)

·        Gafanhotos (Bam!)

·        Trevas (Bam!)

·        Morte (Bam!)

Faraó fora sarcástico: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel” (Ex 5.2). Portanto, cada golpe soltava o laço da mentira egípcia-faraónica que dominava o mundo e prendia o povo, até não mais restar mais que um montão de escombro, lixos e corpos.

Conclusão:

Na história de Êxodo, os hebreus estão sendo preparados para a salvação; para continuarem na vida de salvação, precisam de imaginação disciplinada e refinada, livre de sujeira, do fedor e do abuso no qual viveram por tanto tempo; livre para ouvir a palavra da graça e do perdão, para reconhecer o mundo de providencia e benção, para viver uma vida livre de obediência e adoração jubilosa. 


terça-feira, 23 de novembro de 2021

 Quem é o Senhor? Yahweh ou Faraó? Êxodo 5 


Introdução: Quando o comunismo “quase” engoliu a igreja na Romênia. Esse pais viveu longos anos debaixo de um regime socialista de Nicolau Ceausescu e Helena, sua mulher. Houve uma perseguição ao cristianismo, perseguição politica e miséria econômica. O governo usava meninas, adolescentes para se prostituirem. Mas, Deus usou seu povo para acabar com essa opressão, a partir de 15 de dezembro de 1889. O governo perseguiu o pastor de uma pequena  igreja de oitenta membros e todos se uniram para proteger o pastor da igreja. Os soldados começaram então a fuzilar os crentes. Uma moça da Assembleia de Deus, saiu correndo  gritando pelas ruas “Deus existe, Deus existe, Liberdade e liberdade”. E, em 25 de dezembro de 1889 o governo socialista caiu, foram mortos pela população do país.

1)    Deus ou Faraó

No começo do capitulo 5, lemos: “Assim diz Yahweh, o Senhor, Deus de Israel: deixa meu povo partir, para que possam celebrar uma festa em meu louvor, no deserto” (Ex 5.1). E o Faraó responde: “Quem é Yahweh para que ouça a sua voz e deixe Israel partir? Não conheço Yahweh, tampouco permitirei que os israelitas siam de minha terra” (Ex 5.2). 

“Senhor” é Yahweh ou adonai, mais tarde no século VI Jeová, revelado por Ele a Moisés no terceiro capitulo, v.14. O Faraó está dizendo: “Quem é esse Yahweh? Nunca ouvi falar dele. Por que deveria obedecer-lhe?” Faraó era considerado um deus no Egito. Era adorado. Estruturas e estatuas colossais com seu nome se elevavam no céu azul do Egito. A vida e a morte dependiam do seu estalar de dedos. 

O Faraó pergunta: “Quem é o Senhor?” as pragas e o Êxodo são a resposta de Deus, aliás, Faraó não indagou! Deus envia, para mostrar que Ele é o Senhor, dez pragas, tira a vida de todos os primogênitos do Egito e abre o Mar Vermelho e afim de declarar: “Eis quem sou. Eis o que posso fazer. Sou o Senhor. Sou o Senhor do Egito – e até mesmo de você, Faraó”. A expressão “Eu sou o Senhor” aparece diversas vezes: (Ex 6.2,6,8,29; 7.5,17;10.2; 12.12; 14.4; 15.26; 20.2; 29.46; 31.13).

A pergunta de Faraó é: “Quem é o Senhor para eu lhe obedeça”. De modo enfático e repetido, Deus responde: “EU SOU O SENHOR” é uma declaração do controle de Deus sobre os seres humanos, a natureza, a história e outros “deuses” – e uma declaração de que é loucura se rebelar.

Êxodo 7.5 afirma que o Êxodo será uma revelação para o Egito: “E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando eu estender minha mão contra o Egito e tirar de lá os israelitas”. Em Exôdo 9.15,16 vai ainda mais longe: “Porque eu poderia ter estendido a mão, ferido você e seu povo com uma praga que o teria eliminado da terra”. Em outras palavras, “eu poderia ter agido de modo muito mais fácil para mim e muito mais rápido para meu povo”. “Mas”, ele prossegue, “eu levantei com este proposito: mostrar-lhe meu poder e fazer que meu nome seja proclamado em toda terra”. Ou seja, toda terra saberá que existe um só Senhor.

Também, para o povo de Deus. Veja: “Suponhamos que eu vá aos israelitas e lhes diga: O Deus de seus pais me enviou a vocês, e se eles perguntarem: Qual é o nome dEle? Que lhes direi?” (Ex 3.13). Uma vez que, na Bíblia, o nome de uma pessoa representa a pessoa, “Qual é o nome dele!”, é uma forma de perguntar: “Quem é esse Deus? Ele é digno de confiança? Ao  que parece, esses quatrocentos anos fizeram o povo de Deus se esquecer de Deus. Para eles, Deus não significa coisa alguma. Então, diante das duvidas de Moises (Ex 5.22-23), Deus reponde: “Agora você verá o que farei a Faraó” (Ex 6.1). “Voce verá”. É um ato de revelação para Moisés e para o povo escravizado por Faraó.

2)    Dificuldades no caminho

A principio, Moisés e Arão são bem recebidos por Israel (Ex 4.29-31). Todos se empolgam com que Deus fará. Em vez de as coisas melhorarem, porém, ficam mais difíceis. Moisés e Arão vão ao Faraó e lhe dizem para deixar os israelitas realizarem uma festa no deserto (Ex 5.1). O Faraó diz não! Moisés e Arão parecem surpresos com essa resposta. Então, Faraó torna a tarefa do povo mais difícil. Agora, o povo tem que juntar a palha para os tijolos e, ainda assim, manter a cota de produção (Ex 5.6-9). 

 As ordens são transmitidas pela cadeia de comando, do Faraó para os feitores egípcios e deles para os capatazes israelitas (Ex 5.10-14). Em seguida, as queixas percorrem o caminho inverso na cadeia de comando (Ex 5.15-16). Ou seja, os capatazes vão até Faraó, contudo, ele permanece firme em sua decisão:   “Preguiçosos, é o que vocês são! Preguiçosos! Por dizem: Iremos oferecer sacrifícios ao Senhor. Agora voltem ao trabalho. Não receberão palha alguma, mas produzirão a mesma cota de tijolos” (Ex 5.17-18). Ou seja, voltem ao trabalho, a culpa é de vocês; em vez das coisas melhorarem, ficam mais difíceis.

3)    A quem servimos?

No versículo 9, Faraó retrata Deus como um mentiroso. Deus prometeu libertação, mas Faraó declara que essa é uma esperança falsa. Ele diz: “tornem o trabalho mais pesado, para que cumpram suas tarefas  e não deem atenção a mentiras”. De acordo com Faraó, a mensagem de que Deus libertará o seu povo é mentira. É mentira porque Faraó reina sobre o Egito. Esse é seu império, e sua Palavra é lei. Quem é o Senhor comparado com o poderoso Faraó?

No inicio do capitulo, Moisés e Arão disseram ao Faraó: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: deixa meu povo ir” (Ex 5.1). Em Êxodo 5.10, os feitores e capatazes vão ao povo e dizem: “Assim diz o Faraó”. Portanto, “Assim diz o Senhor” e “Assim diz o Faraó” são apresentados em oposição, como potestades com o mesmo poder. Deus diz aos israelitas precisam descansar mais (adoração no deserto), enquanto que Faraó diz que os israelitas precisam trabalhar mais. Deus diz: precisar adorar mais. Faraó diz: precisam trabalhar mais.

Em nossa língua, temos algo semelhante no termo “serviço”. Servir tem o sentido de trabalhar, mas também de prestar culto a Deus. Portanto, “trabalho” em Exodo 5.9, 11 (palha e tijolos), “cumpram suas tarefas” e “servos” nos versículos 15 e 16 correspondem. Ao mesmo tempo que “culto” em Êxodo 4.23: “Deixe meu filho ir, para que me sirva/preste culto”. A questão é: a quem serviremos? 

 Aquele para quem você trabalha é, no fim das contas, aquele a quem você adora. A quem você está tentando agradar? De quem você deseja receber aprovação ou de quem você está se esforçando desesperadamente para evitar a desaprovação? De seu chefe? De seus pais? De si mesmo? Ou de Deus? Quem você teme quando erra? A quem você é tentado a mentir ou exagerar a fim de impressionar? De quem é a desaprovação que o faz sentir-se arrasado? As respostas indicarão quem você verdadeiramente adora.

Conclusão:

“Sei que o rei do Egito não os deixará ir, a não ser que uma poderosa mão o force” (Ex 3.19). Então, se você não conhece o Senhor, não confiará nele quando não for capaz de entender o que ele está fazendo e quando os planos dele não correspondem aos seus. Em vez disso se queixará.

“Que o Senhor olhe para vocês e os julgue! Você nos tornaram odiosos para Faraó e seus oficiais e puseram nas mãos deles uma espada para que nos matem” (Ex 5.21). capatazes se queixando...

E o próprio Moisés se queixa para Deus: “Porque maltrataste este povo? Por que me enviaste? Desde que me dirigi ao Faraó para falar em teu nome, ele tem maltratado este povo, e tu de modo algum libertaste teu povo” (Ex 5.22-23).

A demora no cumprimento das promessas de Deus revela o coração do seu povo. Quando lhe foram prometidas as bênçãos ficaram empolgados. Mas, “quando se viram em dificuldade”, começaram a se queixar de Deus (v.19). A demora os prova; suas queixas mostram que eles também não conhecem o Senhor.

As circunstancias adversas revelam as verdadeiras afeições de seu coração, mostram que você ama as bênçãos de Cristo mais do ama a Cristo. Só confia nele quando ele lhe dá o que você quer. Mas não confia nele quando vem as dificuldades, o que significa que, nas verdade, não confia nele em momento algum. 


terça-feira, 16 de novembro de 2021

 Deus e Eu – Ex. 3.1-14

Introdução:  “Ignorância acerca de Deus, tanto de seus caminhos como da prática da comunhão com ele, está na raiz de boa parte da fraqueza da igreja em nossos dias...Hoje, consiste em coloca-lo certa distancia, se não negá-lo completamente... cristãos modernos, preocupados em manter práticas religiosas em um mundo irreligioso, permitiram, eles próprios, que Deus se tornasse distante... membros da igreja que olham para Deus pela extremidade errada do telescópio ...pigmeus” J.I.Pacher, O conhecimento de Deus.  

A advertência do falecido teólogo sobre cristãos pigmeus que reduziram Deus teria sido relevante para os israelitas no Egito. Os israelitas se multiplicaram, mas foram escravizados. No entanto, os capítulos 1 e 2, mal fazem menção ao nome de Deus. Em Êxodo 2.23, o clamor dos israelitas chega a Deus, mas o texto NÃO afirma que dirigiam esse clamor a ele. Em resposta ao clamor que sobe, contudo, agora Deus diz: “Eu desci” (Ex 3.8).

Hoje, as pessoas gostam de definir Deus à sua maneira. Pense naqueles que dizem: “Não sou religioso, mas sou espiritual”, ou “creio que Deus seja semelhante a ...” Na verdade, o que estão dizendo é: “Não quero que ninguém me fale o que pensar a respeito de Deus. Decidirei por minha conta como ele é. Eu o (a) imaginarei como me parece melhor” 

Contudo, Deus não é um conceito que podemos moldar conforme nossa vontade. Deus é. Deus é uma realidade – a realidade suprema. Portanto, nessa passagem, Deus diz: “Eu sou o que sou” (Ex 3.14). Deus define a si mesmo. Deus – e não nossa imaginação – determina e anuncia quem ele será e como ele será.  Mas, afinal, como ele é? Quem ele é?

1)    Acima de nós

Enquanto Moisés cuida do rebanho de seu sogro, vai parar no deserto perto de Horebe (Ex 3.1). Ali, bem uma sarça em chamas (v.2). Costumamos chama-la “sarça ardente”. Mas a única coisa que sabemos ao certo a seu respeito é que ela não estava ardendo! “Embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo”. Ou seja, o fogo não estava queimando a sarça. Um fogo com frequência nos atrai para perto dele, e esse fogo atrai Moisés (Ex.3.3).

Em seguida, Deus chama Moisés de dentro dela: “Moisés! Moisés...não se aproxime. Tire as sandálias dos pés...” (Ex 3.4-5). É necessário que Moisés remova suas sandálias. Uma pergunta: Por que? O texto responde: “Pois o lugar em que você está é terra santa” (Ex 3.5). O termo “santo” significa “diferente” ou “separado”. Deus não é semelhante a nós. Ele é santo, glorioso, majestoso.

Depois, Deus se revela como Deus. Até aqui, Moisés se depara com uma sarça que fala, mas agora é informado: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó” (Ex 3.5). O impulso natural e imediato de Moisés é esconder o rosto, “pois teve medo de olhar para Deus”. Essa é a reação correta, pois em êxodo 33.20 Deus dirá a Moisés: “Voce não poderá ver minha face, pois ninguém poderá ver minha face e continuar vivo”. ATÉ MESMO OS GLORIOSOS SERAFINS, QUE NÃO TEM PECADO ALGUM, COBREM O ROSTO NA PRESENÇA DE DEUS (IS 6.2). DEUS ESTÁ ACIMA DE NÓS. 

2)    Em nosso meio

Veja, porém, o que Deus diz a Moisés nesse encontro: “De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto estão sofrendo” (Ex 3.7). Deus está acima de nós, mas também está em nosso meio. Só daremos valor a sua presença conosco se, primeiro, nos enchermos de temor reverente de sua superioridade. Deus está presente no meio de seu povo, mesmo que seu povo não perceba sua presença. Está próximo o suficiente para ver, ouvir e se preocupar. 

A maioria de nós sabe como é sentir-se esquecido por Deus. Voce clama por causa do seu sofrimento, como fizeram os israelitas (vs. 7-9). E tem a impressão, talvez como eles tiveram, de que Deus não ouve ou não se importa. Mas Deus diz: “...tenho visto... tenho ouvido...estou preocupado”. Aliás, Deus vai além: “Eu desci” (v.8).

Pode-se dizer que ele arregaçou as mangas para se envolver com a história do seu povo. Vai salvar o seu povo a fim de poder  leva-los “para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura”, como prometeu (v.8).  Agora, a parte difícil para Moisés é Exodo 3.10: “Agora, portanto, vai. Eu te envio ao Faraó, para que tires meu povo, os israelitas do Egito”. Eis a questão: “Tenho visto... tenho ouvido... estou preocupado”. No entanto, VOCE ESTÁ DISPOSTO A SE COLOCAR NA BRECHA, SENDO MEU INSTRUMENTO?

3)    Quem sou eu?

“Moisés, porém, respondeu a Deus: Quem sou eu para ir ao Faraó e tirar os israelitas do Egito”? (Ex 3.11). Ele sente inadequado em razão de sua fraqueza (“quem sou eu”), do poder do Faraó (“para ir ao Faraó”) e do tamanho da tarefa (“e tirar os israelitas do Egito”). 

Quem sou eu? Hoje a identidade se tornou liquida e maleável. Antes, sua identidade era determinada pelo lugar em que você havia crescido e quem seus pais eram. Agora, porém, podemos nos inventar e reinventar quase que diariamente. Mudamos de carreira. Mudamos de um lugar para outro. Temos identidades online. A desintegração da família, da identidade nacional e da crença em Deus significa que nos tornamos a própria medida de nossa vida.

Para Moisés, o questionamento de sua identidade foi desencadeado por uma tarefa que ele sentiu incapaz de realizar. Hoje, certas identidades construídas tornam-se intensas demais. A incidência da depressão está mais alta que nunca, o que se deve, em parte, à fragilidade de nossa percepção de quem somos, que nos leva a avaliar e reavaliar constantemente nossa identidade e lidar com a incapacidade de viver à altura dela. 

Portanto, a pergunta chave é: “Quem sou eu?” E a resposta de Deus é: “estarei com você” (v.12). Deus está dizendo a Moisés que sua identidade está ligada à identidade de Deus. Moisés pergunta: “Quem sou eu para ir a Faraó?” Mas, Deus diz: “Estarei com você”. Deus é quem faz a diferença. Moisés não precisa de mais autoestima (“você consegue, você é forte, você foi “filho da filha de Faraó”, etc, etc), mas precisa de mais consciência da presença de Deus. “Não há nada que diga a verdade a nosso respeito como cristão tanto quanto nossa vida de oração” Martin L. Jones 

Conclusão: “Eu sou o que Sou”

Moisés diz: “Quem sou eu?” E Deus afirma: “Estarei com você”. O que nos leva à pergunta: Quem é Deus? Quem é o “eu” que estará com Moisés? “Suponhamos que eu vá aos israelitas e lhes diga: O Deus de seus pais me enviou a vocês, e eles perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?” Portanto, Deus revela seu nome a Moisés: “Eu sou o que sou. É isso que você deve dizer aos israelitas: Eu sou me enviou a vocês” (Ex 3.14).

No versículo 15, “Eu sou o que sou” revela seu nome: “O Senhor”. Esse é o termo “YHWH” ou com as vogais “YAHWEH”, esse termo é usado 6700 vezes no Antigo Testamento, enquanto que “Elohim” aparece 2500 ocorrências no Antigo Testamento. “Eu sou o que sou”, pode ser traduzida das seguintes formas: 

“Eu sempre fui quem eu sempre fui”. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Ex 3.6), sempre agirá de forma coerente com seu histórico. É o mesmo Deus que apareceu para Abraão em Ur dos Caldeus, é o mesmo Deus de Isaque, o mesmo Deus de Jacó, o mesmo Deus de José. É o Deus da aliança.

“Eu sou o que sou”. Deus define a si mesmo, em vez de ser moldado por outros ou por seu relacionamento com eles. Deus não é limitado por fatores externos. Nada nem ninguém podem obriga-lo a ser ou fazer algo contra sua vontade. Contudo, Deus é limitado por seu caráter e por suas promessas.

“Eu serei o que serei”. Deus determinará o futuro ou Deus será aquilo que importa no futuro. Ele é o Alfa e o Omega. É o que Deus que era, é, e há de vir. 


Bibliografia

Bíblia Sagrada - Nova Versão Internacional - Editora Hagnos
Êxodo para Você - Tim Chester - Editora Vida Nova 
A maldição do Cristo Genérico - Eugene Peterson - Editora Mundo Cristão

 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

 Ideologia de Gênesis – Gn 1.1-27 

Introdução

Vivemos a modernidade liquida, significa nada mais se mantém como sólido. A Cosmovisão da sociedade é baseada no evolucionismo. Os valores estão invertidos, a verdade relativizada e, hoje, tudo é permitido. O numero de divórcios aumentam consideravelmente; o numero de pessoas do mesmo sexo se casando é assustador. Hoje, a ideologia de gênero tem conseguido espaço em todas as camadas da população brasileira. Por isso que precisamos da ideologia de Genesis.

1)    A criação do mundo

O livro de Genesis é o livro dos começos, do principio de todas as coisas “No principio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A figura de Deus domina o primeiro capitulo da Bíblia. Seu nome aparece 35 vezes nos 31 versiculos  do primeiro capitulo. O termo usado para Deus é Elohim que indica sua majestade, poder infinito e excelência. 

Em Genesis 1.1 afirma que Deus criou a matéria em um ato. O vocábulo “bara”, traduzido por “criou” só se usa em conexão com a atividade de Deus e significa criar do nada, ou criar algo completamente novo, sem precedentes. A palavra “barra” encontra-se em Genesis 1.1,21 e 27 e se refere à criação da matéria, da vida animal e do ser humano. “Pela fé, entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê foi feito do que é aparente” (Hb 11.3). Observe a progressão da criação do mundo:

Primeiro dia, Deus criou a luze viu que a luz era boa (v.4). “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca”. Sl 33.6
Segundo dia, Separou a terra das aguas e “viu que ficou bom” (v.10).

Terceiro dia, surgimento dos continentes e aparecimento da vegetação (v.12).

Quarto dia, colocou os corpos celestes no firmamento e “viu que ficou muito bom” (v.18). Sol, lua e as estrelas. “Os colocou no firmamento dos céus para alumiar a terra” (Gn 1.17). 

Quinto dia, criou os animais aquáticos e as aves e “viu que ficou bom” (v.21).

Sexto dia, criou os mamíferos e o homem “viu que ficou bom” (v.25). 

Observações:  A terra se move 66.600 milhas por hora em sua órbita em volta do Sol. Essa velocidade é exatamente a necessária para equiparar o repuxo gravitacional do sol e manter a terra na distancia certa para que nela viceja a vida.  UM CIENTISTA CALCULOU SE A TERRA FOSSE 10% MAIOR OU 10%  MENOR DO QUE É, SERIA UM LUGAR DESOLADO.

O ângulo de inclinação do eixo da terra – 23.5 graus relativo ao sol – dando uma bela variação de estações ao hemisfério. Se a inclinação fosse aumentada para 25 graus, o verão seria muito mais quente e o inverno muito mais frio, resultando na devastação da vida vegetal da terra. Ficaríamos torrados como Vênus ou congelados como Marte. 

Olha o Sol é uma criação surpreendente – não há nada que a humanidade possa fazer para o sol, bom ou mau. Não podemos torna-lo mais brilhante nem ofuscar o seu brilho, fazê-lo maior ou menor. Se nós decidíssemos, como raça humana, que queríamos destruir o sol, não haveria nada que pudéssemos fazer para tanto. Nenhum tipo de arma feita pelo homem chegaria perto do sol, antes, seria incinerada milhões de quilômetros antes de chegar. 

Olha a Lua. A lua é como “um serviço de quarto” para limpar os oceanos e as praias dos continentes. Sem as ondas criadas por ela, haveria pouquisssimo movimento nas aguas. As praias e lagos se tornariam grandes depois de lixo. Seria impossível viver perto do mar. 

O ozônio bloqueia a radiação do sol potencialmente causadora de câncer. A atmosfera faz um escudo protegendo a terra de meteoros, queimando até 70.000 toneladas de lixo espacial por ano. Ela contem 78 por cento de nitrogênio e 21 por cento de oxigênio – exatamente perfeito para a vida.

2)    A criação do homem e da mulher

Enfim, Deus viu tudo o que criara e declarou “tudo havia ficado muito bom” (v.31). Depois de criar tudo no mundo e declarar que era bom, o Senhor criou um único ser humano e declarou pela primeira vez “Não é bom” (Gn 2.18). Surge uma pergunta: Deus criou o homem de maneira incorreta? Não. “Não é bom que o homem esteja só”. 

Deus colocou um ser humano solitário em um jardim onde havia tudo para satisfazer às suas necessidades físicas, e, mesmo assim, chegou a esta conclusão: “Ele ainda necessitava de alguma coisa”. Então, o criador disse: “Farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”. Observe estes dois verbos: “auxilie” e “corresponda”.

“Alguém que lhe auxilie e lhe corresponda” (Gn 2.18). A palavra “auxiliadora” em nosso idioma tem o sentido de serviçal. Mas, para os hebreus, o significado não era esse. A palavra “ezer” encerra a idéia de suprir algo crucial que está faltando e na maioria das vezes se refere a Deus “certamente Deus é o meu auxilio; é o Senhor que me sustém” (Sl 54.4).

“Que lhe corresponda”, ou “que lhe seja conveniente”. Nos diz o texto: “O Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete”. O Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu. Trouxe-os ao homem paa ver como os chamaria, e o homem escolheu um nome para cada um deles. Deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens. O homem, porém, continuava sem alguém que o ajudasse e o completasse  (Gn 2.18-20).

Aqui, Adão deve ter reconhecido que cada animal tinha um par correspondente. Mas, com certeza viu também que nenhum animal criado por Deus lhe serviria de companhia. Teria de acontecer um milagre. Teria de ser formada uma criatura completamente diferente...

Então o Senhor Deus o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. Dessa costela o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe ao homem. “Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”. Gênesis 2:21-23 

O respeitado comentário de Mattew Henry faz esta observação muito incisiva: “A mulher foi feita da costela de Adão; não foi feita da cabeça para dominá-lo, nem dos pés para ser pisada por ele, mas de um dos lados para ser igual a ele, ser protegida sob seus braços, e perto do coração para ser amada”. Vai um pouco mais além: “Se o homem é a cabeça, a mulher é a coroa do marido, a coroa da criação visível. O homem foi refinado do pó, mas a mulher foi duplamente refinada, recebeu um refino a mais da terra”.

Tão logo se “recuperou da cirurgia”, Adão abriu os olhos e viu a mulher. O texto hebraico é enfático; as primeiras palavras de Adão poderiam, portanto, ser traduzida assim: “Ora, ate que enfim, finalmente”. A declaração de Adão: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” é a base da expressão hebraica para descrever proximidade, unicidade ou intimidade. Ela transmite a idéia de que ela é capaz de satisfazer tudo o que ele deseja.

Conclusão: as três áreas importantes da vida

Primeiro, memória. Em Dt 6, temos o Shema: “Ouve, ó Israel: Yahweh, o nosso Deus, é o único Deus...ensinarás com todo zelo e perseverança a teus filhos... quando estiver sentado em sua casa, quando estiver andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (vs. 7).  A palavra tem que ser ensinada aos nossos filhos.

Segundo, entendimento. Entender quem é. Tem gente que passa a vida sem saber verdadeiramente sua identidade. “Todo que é chamado pelo meu Nome, que criei para minha glória e alegria, e aos quais dei forma” (Is 43.7). 

Vontade: “Acima de todas as coisas, guarde seu coração, pois ele dirige o rumo de sua vida. Evite toda conversa maldosa; afaste-se das palavras perversas. Olhe sempre para frente; mantenha os olhos fixos no que está diante de você. Estabeleça um caminho reto para seus pés; permaneça na estrada segura. Não se desvie nem para a direita nem para a esquerda; não permita que seus pés sigam o mal. Provérbios 4:23-27 


terça-feira, 2 de novembro de 2021

 A verdade que liberta – Jo 8.31-36

Introdução

Hoje, fala-se, em liberdade de expressão. Tivemos essa semana no Brasil um episódio com o jogador Mauricio, jogador de vôlei, que fez uma postagem no seu Istagram com a imagem do filho do Superman beijando outro homem. Ele escreveu embaixo da foto: “A é só um desenho, nada é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar...”. Por causa dessa postagem ele foi demitido do seu time de futebol.  

E a liberdade? O lema da revolução francesa era: “liberte, egalite e fraternite”, ou seja, liberdade, igualdade e fraternidade. Portanto, liberdade é um grito da alma humana...Certa vez perguntaram a um novelista algum tema especial em seus livros: “Sim, liberdade. Como alcançar a liberdade é a minha obsessão, todos os meus livros falam sobre isso”.

1)    Jesus e a liberdade

Jesus Cristo é retratado no Novo Testamento como o supremo libertador. Ele disse que viera: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos... libertar os oprimidos” (Lc 4.18). . E acrescentou mais adiante: “Se o filho os libertar, vocês de fato serão livres” (Jo 8.36). Do mesmo modo, o apostolo Paulo escreveu: “Foi para liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5.1). 

Liberdade é hoje uma palavra moderna para “salvação”. Ser salvo por Jesus Cristo é ser liberto. Mas, o mundo gosta mais do termo “liberdade”, mas não muito do termo “salvação”. Diante do termo “salvação” alguns reagem com constrangimento e mudam de assunto o mais rápido possível. Para outros, esses termos “pecado” e “salvação” fazem parte de um vocabulário religioso tradicional, ultrapassado. Para um terceiro grupo, causa confusão, ignorância, porque não sabem como essa palavra “salvação” deveria ser definida.

 2)    Do que somos libertos?

A salvação é a libertação da culpa e do julgamento de Deus.

Não somos apenas pecadores, mas pecadores culpados (“sou pecador desde quando nasci, desde que me concebeu minha mãe” Sl 51.6). a nossa consciência assim nos diz. O nosso pecado provoca a ira de Deus e nos coloca sob o seu justo julgamento (“...mas as iniquidades de vocês fazem separação entre vocês e o seu Deus” Is 59.1). Ou seja, Deus odeia o mal e se recusa a comprometer-se com ele. 

Ninguém que não tenha sido perdoado é livre. Se eu não tivesse certeza do perdão de Deus não poderia olhar para o seu rosto nem, certamente para o rosto de Deus. Eu desejaria fugir e me esconder como Adão e Eva, fizeram no Jardim do Éden. Um novelista ateu pouco antes de morrer deixou escapar: “O que mais invejo nos cristãos é o seu perdão; eu não tenho ninguém para me perdoar”

“Mas”, como Davi clamou no Salmo 130.4: “Contigo está o perdão”. A única maneira de sermos libertos da culpa e do julgamento é por meio de Jesus Cristo. Quando Cristou entrou em nosso mundo, ele tornou-se um de nós, assumindo a nossa natureza. Na cruz ele se identificou com o nosso pecado e a nossa culpa. Nos merecíamos morrer – ele morreu a nossa morte em nosso lugar.   

A salvação é a libertação do cativeiro opressor de nossa própria autocentralidade.

O pecado é o EU, e salvação é a libertação do Eu. “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). A ordem de Deus é que o coloquemos em primeiro lugar, depois nosso próximo, enfim, nós. O pecado faz reversão de tudo: eu primeiro, depois o próximo (Quando isso me convém) e depois, Deus, em algum lugar ... 

A definição favorita de Lutero era “HOMO IN SE INCURVATUS” (O homem curvado em si mesmo). Na década de 60, Malcom X, frequentemente falava da “pequena e escura masmorra do meu próprio ego”. Jesus certa vez disse a alguns crentes judeus: “Digo-lhe a verdade: todo aquele que vive pecando é escravo do pecado” (Jo 8.34).

Cremos, que há somente uma maneira de se livrar dessa prisão ou escravidão: por meio de Jesus Cristo. O Jesus vivo por meio do seu Espírito, pode entrar em nossa personalidade, estabelecer-se ali como nosso convidado permanente, subjugar nossos desejos pecaminosos e transformando à sua imagem de glória em gloria “...somos transformados, de glória em gloria, na sua própria imagem, como pelo Senhor, que é o Espirito” ( 2 Co 3.18).

A salvação é a libertação de nossos temores paralisantes

No mundo antigo, as pessoas ficam paralisadas pelo medo. Acreditavam em certos “poderes” dominavam suas vidas e seu destino. Hoje, muitas pessoas ficam aterrorizadas pelo medo. Há o medo da doença, da dor, da invalidez, da incapacidade, do desemprego, das dificuldades financeiras e das privações.

Há também os poderes ocultos, os principados e as potestades do mal. Há ainda os temores irracionais e supersticiosos. As pessoas ainda cruzam os dedos e batem na madeira, fazem sinal da cruz, temem quando vem um gato preto. Tem pessoas que recusam a “dormir no décimo terceiro quarto andar de um hotel”, ou tem medo da sexta feira 13. Outros, a maioria das pessoas lê mais horoscopo do que a Bíblia toda semana. 

Há também o medo da morte. O autor do Novo Testamento refere-se a “aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo poder da morte” (Hb 2.15).  Sem Jesus Cristo o medo da morte e da decomposição é extremamente difundido. Woody Alen tipifica esse terror, na verdade, ele ainda conta piadas acerca disso: “Não que eu não tenha medo de morrer, eu simplesmente não quero estar lá quando isso acontecer”. Depois explica: “...ela é absolutamente assustadora em seu terror e transforma as conquistas de qualquer pessoa em algo totalmente sem sentido”.

Mas, Jesus Cristo, tem a chave para a liberdade, porque ele morreu para nos libertar da culpa, ressuscitou para nos libertar do EU e foi exaltado para nos libertar do medo. Então, onde estão as coisas que tememos? Deus as colocou debaixo dos pés de Jesus Cristo:

Ele exerceu esse poder em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nas regiões celestiais, acima de todo principado, potestade, poder, domínio e de todo nome que se possa mencionar, não só no presente século, mas também no vindouro. E sujeitou todas as coisas debaixo dos pés de Cristo e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja”. (Ef 1.20-22).

“Tenho aprendido que os temores são como fungos, crescem mais rapidamente no escuro. Portanto, precisamos trazê-los para a luz, especialmente para a luz da suprema vitória de Jesus Cristo – sua morte, ressurreição e exaltação”.

Conclusão

Nossa esperança cristã é “individual” e “coletiva”. Individualmente recebemos a promessa de que teremos corpos ressuscitados como o corpo de Jesus: “...este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E quando este corpo corruptível se revestir da incorruptibilidade e o que o mortal se revista da imortalidade...tragada foi a morte pela vitória” ( Co 15-53-54).

Coletiva, cremos que Jesus Cristo, voltará num evento cósmico de magnificência espetacular “Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus e os mortos em Cristo ressuscitarão ...nós os vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens para o encontro com o Senhor...” (1 Ts 4.16-17).