terça-feira, 27 de dezembro de 2022

 O perdão que restaura – Sl 32

Este Salmo de Davi exemplifica sua experiencia com o pecado e o perdão de Deus. Aqui, vemos o pecado cometido com Bate Seba e todos os expedientes usados por Davi. “Mas o home que comete adultério não tem juízo; qualquer pessoa que  assim procede a si mesmo se destrói” (Pv 6.32). como, diz o Sl 42, o abismo chama outro abismo, Davi mandou matar Urias, o marido de BateSeba, casou-se com ela e encobriu o seu pecado. Neste caso, Davi cometeu três pecados: adultério, homicídio e dissimulação.

1)     A beatitude do perdão

“Bem-aventurado”, quando somos perdoados por Deus. Que felicidade pode ser comparada aquele homem que antes, prisioneiro da culpa e esmagado pela mão de Deus, agora é restaurado e perdoado por Deus. “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos, bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (Rm 4.6-8). Quais são as beatitudes de alguém perdoado por Deus:

Primeiro, “Feliz é aquele cuja transgressão é perdoada”. A palavra “transgressão”, no original é rebelião, ou passar dos limites e se rebelar contra Deus. Para retirar o pecado, o Salvador suou sangue e suportou o castigo da lei; o que lhe custou a vida. O perdão de Deus lavou não apenas os pecados de Davi, mas também silenciou a culpa que o atormentava. 

Segundo, “Feliz é aquele cujo pecado é coberto”, ou “apagado”. “Pecado” é sair do caminho, é errar o alvo, não viver dentro dos padrões determinados por Deus. Quando o pecado é coberto, apagado, o fracasso e o vazio são supridos pela plenitude do Senhor. A expiação de Cristo é a propiciação, a cobertura, o encerramento do pecado, agora somos aceitos no amado e desfrutamos de um bem aventurança consciente, um antegozo do céu. 

Terceiro, “Feliz é aquele a quem o Senhor não atribui iniquidade” (v.2). A palavra “iniquidade” significa depravação ou distorção moral, bem como comportamento tortuoso e perversão. Quando o Senhor “não imputa”, significa que ele não atribui culpa, absolve. Ou seja, quando confessamos nossos pecados, Deus cancela a divida e remove de seus registros, isto é, essas dividas “não contam mais”, pois, Jesus, nosso substituto pagou por elas na cruz.

Quarto, “Feliz é aquele em cujo espirito não há dolo”. Ou, “...em cuja alma não há hipocrisia”. A maior hipocrisia de todas é a negação do pecado por parte daquele que não foi perdoado. O dolo tem a ver com dissimulação, e Davi tentou encobrir seus pecados e fingir que nada havia acontecido, mas o Senhor o disciplinou até ele confessar que havia pecado. 

2)     Consequências do pecado

Davi adulterou, assassinou, dissimulou e fingiu que nada tinha acontecido. Insensatamente tentou manter as aparências. Escondeu o seu pecado, e isso por quase um ano. Mesmo sendo açoitado pela culpa, mesmo sendo esmagado sob a mão de Deus, manteve nariz empinado, dura cerviz...foi definhando até que Deus enviou o profeta Natã para confrontá-lo.

Ele diz “Enquanto mantive meus pecados escondidos, meus ossos se definhavam e minha alma se agitava em angustia” (v.3). O pecado tem um efeito devastador no corpo. O pecado é um azorrague impiedoso; é um chicote implacável que atormenta o homem e o leva adoecer física, emocional e espiritualmente. O pecado é uma serpente, e aqueles que o encobrem mantém aquecido esse animal venenoso para que possa picar com mais violência e espalhar seu veneno e malignidade de modo eficaz. 

“Pois dia e noite a tua mão pesava sobre mim” (v.4). A mão de Deus pode ser a nossa fonte de maior consolo ou a vara da nossa disciplina mais severa, e Deus pode tanto nos amparar em seus braços como pesar sobre nós a sua mão. O pecado é maligníssimo, pois promete prazer e paga com desgosto, oferece liberdade e escraviza, fala de vida e mata. O pecado oculto não pode coexistir com a paz interior.

“As minhas forças se desvaneceram como a seiva em tempo de seca” (v.4). o pecado abate o espírito, entristece o coração e enfraquece o corpo, fazendo o nosso vigor tornar-se como uma relva no deserto, crestada pelo calor do sol.

 3)     A importância da confissão

“Confessei-te o meu pecado”. No Salmo 51, Davi também confessa: “Tem piedade de mim, ó Deus, segundo a tua misericórdia; conforme a tua grande clemencia, apaga minhas transgressões” (v.1). A confissão é o caminho do perdão. Ao ser confrontado pelo profeta Natã, Davi não foge mais. Ele confessa seu pecado e não oculta mais a sua iniquidade. Destampa as cavernas da alma, espreme o pus infecto que o debilitava e permite que a Palavra de Deus lancete os abscessos de seu coração. 

A escritura diz: “Aquele que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas aquele que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13). Duas coisas: Aquele que encobre, jamais prosperará; aquele que confessa e deixa alcançará o favor do Senhor”. Perdoar é “remover um fardo”; o perdão é retratado no dia da expiação simbolicamente o bode “carregava os pecados do povo para o deserto” (Lv 16.20-22).

4)     Caminhos do perdão

Depois do perdão, ele declara: “...todos os que tem fé em ti orem a ti, enquanto pode ser encontrado...” (V.6). quando escondemos nossos pecados nos tornamos “...como cavalos ou mulas, que não possuem compreensão...” (v.9). Mas, quando nos submetemos à Palavra de Deus e nos arrependemos e confessamos nosso pecado, isso estimula outras pessoas a buscarem a Deus e a fazerem suplicas a ele.

“...quando as muitas águas se levantarem, elas não os alcançarão”. As águas transbordam, as tempestades açoitam, os ventos furiosos fuzilam, mas quem está em paz com Deus, pacificado pelo perdão divino, é poupado desse diluvio.

“Tú és o meu abrigo seguro...”(v.7). antes Deus lhe pesava a mão, agora Deus é o seu refugio, meu lugar seguro. Davi não diz: “Tu és um abrigo seguro”, como se fosse um lugar entre muitos, ou “Tu és o abrigo”, como se fosse o único, mas ele disse: “Tú és o meu abrigo seguro”. “Ele é meu”; “Ele é o meu pastor” (Sl  23); “O Senhor é a minha luz e a minha salvação: a quem temerei?” (Sl 27.1).

 Conclusão

Duas coisas:

Primeiro, o pecado embrutece o homem e tira o seu entendimento “Não sejas como o cavalo ou a mula, que não possuem compreensão, mas precisam ser controlados com o uso de freios e rédeas, caso contrário não poderá obedecer” (v.9). Por causa do pecado, o homem criado à imagem de Deus, comporta-se como um cavalo e uma mula que precisa de freios para governa-los.

Segundo, quando um homem esconde seu pecado, automaticamente ele foge e tem medo de Deus, mas quando se arrepende, confessa e abandona o seu pecado, e seus ouvidos tornam-se inclinados a ouvir a instrução divina. 


 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

 Jó e a depressão - Jó 3 

Introdução

O terceiro capitulo de Jó não é fácil, é raro a gente vê alguém pregando em cima desse texto. Se esta história fosse transformada em filme, você e sua família assistindo, quando chegasse a essa parte da história iriam apertar o botão para acelerar a fita; não gostariam que seus filhos assistissem. O capitulo primeiro fala do pai de família Jó e todas as suas propriedades; depois, toda sua provação, perdeu tudo e, pior, seus dez filhos morreram. Agora, no terceiro, vemos um homem totalmente mergulhando em angustia...

Será que a vida cristã é isenta de dificuldades, tudo é maravilhoso na vida do crente? Maravilhoso significa confortável, saudável, todas as contas pagas, nenhum dívida, nenhuma doença, casamento feliz com filhos bem comportados, um emprego satisfatório, etc...e a expectativa de nada além de bênçãos, sucesso e prosperidade para sempre...

Mas, sabemos que pela história de Jó, enfrentamos, sim, dificuldades. Diante disso Jó afirma, para sua esposa: “Voce fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal? Em tudo isso Jó não pecou com seus lábios” (Jó 2.10). Mas, no capitulo 3 temos um quadro sombrio da alma de Jó, não aparece mais o Jó resistente: “Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação” (Jó 3.26). O que aconteceu? Ele, felizmente, nos lembra que até a pessoa piedosa pode ficar deprimido. 


1)     Alma angustiada

Algo precisamos saber sobre o livro de Jó. Primeiro, neste ponto das Escrituras em hebraico, a poesia substitui a prosa. No prólogo, os capítulos 1 e 2 do livro de Jó são escritos em prosa, como aparecem na sua Bíblia, um estilo narrativo e comum. Mas, ao chegar ao terceiro capitulo de Jó no hebraico, você começa a ler poesia. Portanto, o estilo muda de narrativo para uma composição metrificada. Ele permanece assim até o sexto versículo do capitulo 42. 

Segundo, a explosão de Jó não é principalmente devida ao seu sofrimento físico. É mais emocional, incentivada pela sua perda de contato com Deus. Seu sofrimento, sua falência, suas feridas dolorosas não o forçam a dizer o que diz aqui em Jó 3. Não se trata de vagueações noturnas devidas à sua inquieta­ção...Jó está no fundo do poço, porque perdeu seu Amigo.

Durante muitos anos. Deus parecia íntimo. Enquanto o negocio cresceu, as caravanas de camelo se multiplicaram, grandes colheitas foram ceifadas e o lucro começou a entrar aos borbotões, abençoando-o e sua família com enorme prosperidade, Jó e Deus permaneceram juntos e íntimos. Andaram de mãos dadas, até aquele dia terrível em que tudo foi pelos ares. As trevas vieram quando os céus se tornaram de metal. Quando Deus não andou mais com ele na fresca da tarde. Quando Deus não falou mais com ele, nem o confortou com palavras ...Por que tanto sofrimento, Deus? 

Jó está transtornado, arrasado, destituído de toda alegria... Este é um esboço simples (e deprimente!) de Jó 3:  Jó lamenta seu nascimento (Jó 3:1-10).  Jó deseja que tivesse morrido ao nascer (Jó 3:11-19).  Jó quer agora morrer (Jó 3:20-26). “Depois disso, passou Jó a falar e amaldiçoou o seu dia natalício”

Olhando para esses versículos, talvez você pense: “Ah! está vendo? Satanás disse que ia amaldiçoar a Deus e tinha razão”. Examine a questão com cuidado. Ele não está amaldiçoando a Deus, está amaldiçoando o dia do seu nascimento. Há uma grande diferença entre as palavras: “Por que nasci” e “Não creio mais no Senhor, Deus”. Jó está dizendo: “Estou total e completamente só. Lamento ter um dia respirado. Lamento ter sido concebido no ventre materno”. “Apaguem o dia que nasci. Esqueça a noite em que fui concebido! Que aquele dia seja transformado em trevas, e que Deus, lá em cima, esqueça o que aconteceu” (Jó 3.1-2).A mensagem). 

A primeira palavra nos obriga a uma pausa: “Depois disto”. Pare e faça um retrospecto. O homem está sentado no depósito de lixo da cidade, com a cabeça raspada, a mulher torcendo as mãos em agonia, os três amigos sentados e olhando em silêncio durante sete dias e sete noites, e nenhuma esperança do alto. Depois de tudo isso ele abriu a boca e disse: “Desejaria não ter nascido.”

Encontramos nesse trecho alguns verbos chamados jussivos na sintaxe hebraica. Pense neles como “verbos que expressam desejo”. Eles representam o que Jó estava almejando - que isto possa acontecer, que aquilo possa acontecer, que isto possa ter lugar, que aquilo possa ter lugar, que essas coisas ocorram. O verbo jussivo aparece como um desejo a quem pode satisfazer esse desejo:  

Versículo 3: “Pereça o dia.” Versículo 4: “Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele.” Versículo 5: Reclamem-no as trevas e a sombra de morte; habitem sobre ele nuvens; espante-o tudo o que pode enegrecer o dia.” Versículo 6: “Não se regozije ela entre os dias do ano; não entre na conta dos meses.” (Tire-o do calendário, esqueça a data do meu nascimento.) versículo 7: “Seja estéril aquela noite, e dela sejam banidos os sons de júbilo.” Versículo 8: “Amaldiçoem-na aqueles que sabem amaldiçoar o dia.” Versículo 9: “Escureçam-se as estrelas do crepúsculo matutino dessa noite.” Jó está desejando que tudo isso tivesse acontecido.

Por que ele diria tais coisas? Ele está deprimido! “Não quero nada com esta coisa chamada vida.” É interessante notar que o suicí­dio não entrou em sua mente. Nenhuma tentativa, nenhuma palavra a esse respeito, uma vez que era algo absolutamente estranho à vida do indivíduo fiel.

Agora veja o que ele diz no versículo 3. Jó não só lamenta o dia do seu nascimento, como a sua concepção. “Pereça o dia em que nasci.” E, em bom estilo poético, ele retrocede nove meses: “E a noite em que se disse: Foi concebido um homem!” Em nossa época de abortos feitos com facilidade e frequência, não é notável que ele não tivesse chamado a concepção de “tecido”? ou de uma massa de protoplasma? Jó chama a multiplicação microscópica de células vivas de “homem”, porque a vida começa na concepção. No momento em que o espermatozoide entra no óvulo - vida! 

Quando chegamos ao âmago de sua sombria perspectiva, encontramos estas palavras: “Amaldiçoem-na aqueles que sabem amaldiçoar o dia” (v. 8). Jó não tem muita prática de amaldiçoar, então oferece aos que estão familiarizados com essas palavras profanas para lançarem a maldição por ele. Acrescenta também que são aqueles que “sabem excitar o monstro marinho [leviatã]”. O que é leviatã? “um monstro marinho representado como um adversário”. A definição, entretanto, retrocede um tanto. Mais especificamente, leviatã era um monstro marinho de sete cabeças da mitologia do antigo Oriente Próximo.

Jó, embora lamentando por não ter perecido na concepção e triste por ter vivido para ver o dia de seu nascimento, faz uma pergunta penetrante: “Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? Por que houve regaço que me acolhesse? E por que peitos, para que eu mamasse?” Jó 3:11,12 A ultima frase todos entendemos como o processo de amamentação da mãe. Agora “regaço que me acolhesse” refere-se ao processo do pai patriarcal pegando o filho depois do nascimento, a criança era colocada nos joelhos e recebia a benção do pai.

 Jó concluiu o seu lamento dirigindo-se aos seus medos e pavor. “Aquilo que temo me sobrevêm, e o que receio me acontece.” Ele resume então a sua desgraça: “Qual é o sentido da vida quando ela não faz mais sentido? Por que Deus permite que vivamos, se fechou todas as saídas?” (Jó 3.25, a mensagem). “O pior dos meus medos tornou-se realidade; o que eu mais temia aconteceu” (Jó 3.26, a mensagem).

1. Não tenho descanso.

2. Não tenho sossego.

3. Não tenho repouso.

4. E já me vem grande perturbação.

Fim do discurso!

Conclusão

Primeiro, há dias escuros demais para que o sofredor possa ver a luz. Segundo, há experiências de tal forma extremas que os atingidos não conseguem sentir esperança. Terceiro, há vales profundos demais para que os angustiados encontrem alívio. Nesse ponto, parece que não há mais razão para prosseguir.

Corrie Ten Boom, que foi levada no campo de concentração nazista, disse: “Não há poço tão profundo que ele não seja mais profundo ainda.”. Portanto, as boas novas é que Deus não só está lá, mas também que ele se importa. 


terça-feira, 29 de novembro de 2022

 Jó e o caco de telha -  Jó 2 


Introdução

No capítulo primeiro de Jó, vimos a vida do patriarca com todos os seus bens e sua linda família. Então, nos aparece a dimensão celeste quando os anjos se apresentam diante do Eterno e, junto se apresenta Satanás, no hebraico é Sah Tahn. Significa Sah Tahn “ser  adversário, resistir”. E, Deus lhe lança uma pergunta: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepressível, integro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). 

Em seguida, Satanás duvida da integridade de Jó, afirmando que se baseava nas bênçãos e na proteção que Deus lhe dava. E lança um desafio a Deus: “Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face” (Jó 1.11). E Deus, permite que o inimigo tire de Jó sua riqueza material e seus filhos. Jó perdeu tudo: seus animais, seus servos e, pior seus dez filhos. Dez filhos!

O inimigo com sua imaginação preconcebida pensou que Jó iria blasfemar, como muitos seres humanos reagem diante de certas calamidades. Mas, Jó respondeu altivamente: Eugene Peterson nos dá a resposta de Jó na paráfrase A Mensagem: Jó levantou-se, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e depois caiu no chão e adorou: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei ao ventre da terra. Deus dá, Deus toma. Bendito seja o nome de Deus. Em tudo isto Jó não pecou; não culpou nenhuma vez a Deus”. Jó 1:20-22. 

1)     Um novo ataque

Novamente os anjos celestiais comparecem diante de Deus. E novamente Deus testifica de Jó: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem integro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa” (Jó 2.3). Está vendo a palavra consumir? O termo hebraico significa “engolir”. Quando usado nesse sentido dá a idéia de uma farpa. A idéia de raspar, ou até amordaçar...

Mesmo assim, meu servo Jó continuou integro, reto e temente a Deus. Mesmo não sabendo o motivo do seu sofrimento, ele não me negou. Respondeu Satanás, diante do arrazoado de Deus: “Pele por pele!”, respondeu Satanás. Um homem dará tudo o que tem por sua vida. Estende a tua mão e fere a sua carne e os seus ossos, e com certeza ele te amaldiçoará na tua face” (Jó 2.4-5).

O homem dará tudo o que tem para proteger a sua vida. Satanás havia tirado tudo de Jó: seus animais, seus servos e seus filhos. Agora, ele quer tirar a saúde de Jó. Permite que eu avance. Dê-me liberdade para quebranta-lo ao máximo, tirando a sua saúde, ele irá amaldiçoa-lo em sua face...Disse-lhe o Senhor a Satanás: “Pois bem, ele está nas suas mãos; apenas poupe a vida dele” (Jó 2.6).

2)     Doença

“Saiu, pois, Satanás da presença do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça” (Jó 2.7). Jó sentiu uma fisgada embaixo do braço e depois um inchaço no pesco­ço. Dentro de sua boca havia mais duas feridas. Pontinhos vermelhos apareceram na testa e até no couro cabeludo, tumores malignos. Acima de tudo, seus pés estavam tão inchados que não podia calçar as sandálias. Antes do meio-dia a febre subiu bastante. A essa altura ele já perdera o apetite. Era como se estivesse se dissolvendo.  

O que Jó tinha? Varíola, cujos sintomas são: febres, doces musculares, dor de cabeça e mal-estar? Elefantíase, uma doença transmitida por um mosquito que causa inchaços pelo corpo? Enczema crônico? Ou lepra? O que sabemos é que Satanás feriu Jó. Vários sintomas da doença de Jó:

Feridas inflamadas, ulcerosas (2:7); Coceira contínua (2:8); Mudanças degenerativas na pele do rosto, desfiguração Jó 2:12;  Perda de apetite (3:24) ; Medo e depressão (3:25) ; Feridas purulentas que se abrem, coçam, racham e supuram (7:5); Vermes formados nas feridas ; (7:5) ; Dificuldade para respirar (9:18); Escurecimento da pálpebra  (16:16); Mau hálito  (19:17); Perda de peso (19:20; 33:21); Dor excruciante, contínua (30:27); Febre alta com arrepios e descoloração da pele, assim como ansiedade e diarreia (30:30).

Além de tudo isso, Jó suportou delírio, insónia e rejeição dos amigos (Jó 7:3; 29:2). Males que duraram meses. Em resumo, Jó tornou-se a personificação da miséria. Devemos lembrar que isto resultou em sua rejeição, isolamento e transferência para o depósito de lixo, como diríamos hoje. Era o lugar onde queimavam detritos, entulho e excrementos humanos da cidade. Esse veio a tornar-se o lugar da sua residência.

3)     A mulher de Jó 

 “Então Jó apanhou um caco de louça com o qual se raspava, sentado entre as cinzas” (Jó 2.8). Diante dessa cena, sua mulher lhe disse: “Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra” (Jó 2.9). Deus no verso três testemunhou a Satanás, que apesar de tudo, Jó ainda se mantinha integro. Agora a mulher incita Jó a cair na armadilha de Satanás...Deus testificara da integridade de Jó. “Diga Jó. Diga! Vamos – amaldiçoe o seu Deus!”. Tudo dependia da resposta de Jó à sua esposa. 

 Considerações sobre a mulher de Ló. Primeiro, ela também perdera dez filhos. Então, a angustia dessa mãe era profunda. Segundo ela sofrera a perda de suas riquezas e bens. Ele ficou reduzida a nada, materialmente. Terceiro, durante anos ela havia sido a esposa do “maior de todos (homens) do Oriente” (Jó 1.3). Quarto, ela perdeu seu companheiro. Não tem mais o homem que ama para participar de conversar agradáveis e boas, mas um homem cheio de enfermidade...e falido. 

Considerações sobre Jó. Primeiro, sempre tomem cuidado com suas palavras quando seu marido estiver atravessando tempos terrivelmente difíceis. O fato de passar por períodos difíceis prolongados enfraquece a maioria dos homens. Por alguma razão, as dificuldades parecem fortalecer as mulheres. Segundo, temos necessidade de palavras de confiança e encorajamento. Achamos até difícil dizer: “Preciso de você agora”. Terceiro,  Nunca sugira para comprometer a nossa integridade, mesmo que pudesse oferecer alivio temporário.

Deus disse a Satanás: “Ele conserva a sua integridade”. E a esposa perguntou exatamente isto a ele: “Ainda conservas a tua integridade?” Ele precisava que ela tivesse dito: “Jó, o que quer que faça, fique firme! Não comprometa a sua integridade. Vamos andar com Deus através de tudo isto, juntos.”

4)     Resposta de Jó

Ele respondeu: "Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal? " Em tudo isso Jó não pecou com os lábios” (Jó 2.10). O conselho de Jó era diferente: “Devemos aceitar o bem de Deus e não aceitar a adversidade?” A sentença em hebraico enfatiza o bem e a adversidade (como na RA). 

É uma pergunta retórica, não sendo feita para ser respondida, mas feita com o propósito de levar o ouvinte a refletir. Jó está pensando: “Ele não tem esse direito? Ele não é o Oleiro e nós, o barro? Ele não é o Pastor e nós, as ovelhas? Ele não é o Mestre e nós, os servos? Não é assim que funciona?”

Pare e pense: devemos pensar que só recebemos coisas boas? E esse o tipo de Deus que servimos? Ele não é um servo celestial que espera pelo estalar de nossos dedos, é? Ele é o nosso Senhor e Deus! Precisamos lembrar que o Deus que servimos tem um plano além da  nossa compreensão, apesar dos tempos difíceis como estes.”

Conclusão: alguns princípios

Primeiro, uma vez que nossas vidas estão cheias de provações, precisamos nos lembrar de que virão sempre outras. Jó admite mais tarde: “Mas o homem nasce para o enfado, como as faíscas das brasas voam para cima” (Jó 5:7). Pedro escreveu em 1 Pedro 4:12: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo.”

Segundo, uma vez que o nosso Deus é soberano, devemos nos preparar para receber bênçãos e adversidade. Por ser Deus, ele é imprevisível. Meu conselho? Não fique desiludido. Pelo fato de nosso Deus ser soberano, devemos nos preparar para as bênçãos e a adversidade



 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

 Passando pela noite escura – Jó 1.12-21

Introdução

Tendes ouvido da paciência de Jó” (Tg 5:11). Ao fazer uso do termo grego, hupomone, Tiago estava dizendo, na verdade: “Vocês ouviram falar do homem que ficou firme, suportando o fardo”. As perdas de Jó o golpearam como uma carga de tijolos de duas toneladas. O homem permaneceu firme apesar dos golpes após golpes que recebeu. Seu nome tornou-se um exemplo de perseverança heroica. Jó é uma inspiração para pais e mães que perderam seus filhos; para pacientes internados em hospitais; para pessoas que faliram e não perderam a esperança, ou a paciência.

Embora Jó não sabia do por quê do seu sofrimento, teve paciência. Jó não sabia do enredo, do que acontecera antes, da conversa entre Deus e Satanás. Deus testificou de Jó: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém como ele, irrepreensível, integro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1.8). Satanás acredita que todo ser humano tem preço, é vendido por algo. Então, ele diz a Deus: “Então, o Senhor acha que Jó é assim por pura bondade de coração? O Senhor o mima como se fosse uma criança, cuida de tudo para que nada de mal aconteça a ele, à sua família ou à sua riqueza e ainda abençoa em tudo que ele faz! Desse modo, quem não seria fiel?” (Jó 1.9-10 – A mensagem). 

E, por fim, Satanás desafia: “Mas o que aconteceria se tirasse tudo o que ele tem? Com certeza, ele amaldiçoaria o Senhor abertamente. Sem sombra de dúvida” (Jó 1.11 A Mensagem).

1)     Noites difíceis 

O Senhor disse a Satanás: "Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele". Então Satanás saiu da presença do Senhor. (Jó 1.12). Preste atenção no ponto critico do relato bíblico: “Satanás saiu”. Ele não perdeu tempo: “Sucedeu”, “Certo dia”. Depois de algum tempo “os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete ...na casa do irmão mais velho”. Jó está em casa, com certeza, orando pelos seus filhos, levantando altar em favor de suas vidas. Talvez Jó estivesse preocupado com o seu filho mais velho, primogênito. Parecia um dia comum. Um dia como os demais. Um sol lindo, uma brisa soprando calmamente. Mas, o reino espiritual começara a se mexer...

 De repente, alguém bateu forte na porta da casa grande. Uma vez aberta a porta, a vida de Jó jamais será a mesma. Parece o telefone que toca no meio da noite ou a batida inesperada em sua porta da frente... O mensageiro entra sem ser convidado. Ele está cansado e solu­çando. Sem poder controlar suas emoções, o homem explode: “Os bois estavam arando a terra, e os burros (jumentos), pastando perto de nós, quando os sabeus atacaram. Roubaram os animais e mataram todos os trabalhadores. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu” (Jó 1.13-15 A mensagem). Eram mil bois e quinhentos jumentos... 

Enquanto ele ainda falava, outro mensageiro entra em cena. Sem hesitação, grita: “Raios caíram do céu e fulminaram as ovelhas e os pastores. Fui o único sobrevivente para contar o que aconteceu” (Jó 1. 16 A Mensagem). Eram sete mil ovelhas. Um outro o empurra, agarrando a manga de Jó: “Amo, o senhor não acreditaria, mas três grupos de caldeus invadiram a área em que estávamos preparando os camelos para a próxima viagem... Eles levaram todos os seus camelos, e antes de partir assassinaram cada um dos seus servos. Só eu escapei” (Jó 1.17). Eram três mil camelos...

Os caldeus eram habitantes ferozes e saqueadores da Mesopotâmia, eram cruéis. Sabe-se que esse povo se misturou a árabes vagabundos e, com eles, viviam do saque e do assassinato. 

Enquanto Jó procurava recuperar o ânimo, ele deve ter certa mente pensado: “Pelo menos tenho meus filhos.” Esse pensamento fora, no entanto, interrompido por outro empregado, que entrou de supetão, lutando com as lágrimas: “Seus filhos estavam numa festa na casa do irmão mais velho quando um furacão veio do deserto e destruiu a casa toda. Os jovens foram atingidos e morreram. Fui o único sobrevivente para contar o que aconteceu” (Jó 1. 18-19). Eram 10 filhos, sete homens e três mulheres...

O vento soprou no deserto, aparentemente atacando com a força de um tornado. O vento demoliu tudo em seu caminho, incluindo a casa na qual os filhos de Jó se divertiam. O tornado foi satanicamente orientado... 

As pinturas de Gustavo Doré, de 1860, tenta retrata esse momento na vida de Jó. Ambas têm o título: “Jó ouvindo sobre a sua ruina”.  Uma delas mostra o homem agoniado, com o antebraço e a palma da mão cobrindo os olhos. Sua boca está aberta, seu sofrimento é visível. Voce pode ouvir a noticia de que tudo se foi – inclusive os filhos. Tudo. Todos... 

“Foi em um domingo, 7 de setembro de 1941, que bombas caíram sobre Pearl Harbor. Voce ora e uma criança morre! Voce participa da ceia do Senhor e, ao voltar para casa, recebe a noticia de alguém que se foi? Que espécie de mundo é esse?” 

Quatro mensageiros, quatro cavaleiros do Apocalipse! Mas, o maior perturbador foi o quarto cavaleiro. Perdeu todos os seus filhos amados numa tempestade caprichosa, saída do nada, sem razão aparente. Pela primeira vez, em 35 ou 40 anos, Jó e a mulher ficaram sozinhos, sem filhos. Além disso, Deus ocultou daquele pai e daquela mãe o significado dessa situação imponderável. Ele não deu explicações. Não ofereceu consolo. O céu estava em silêncio...

Esse é um momento de desespero, calamidade humana, em todos os sentidos. Esta é a vida em sua maré baixa, o fim absoluto do caminho. O único que está apreciando a cena é a criatura sobrenatural que a provocou. Satanás e suas hostes demoníacas estão na beirada de seus assentos no império invisível do mal, vigiando ansiosamente, esperando pelo veneno que sem dúvida jorrará dos lábios daquele homem. “Ele não vai surportar isto sem amaldiçoar o seu Deus, o homem mimado que é. Tomamos tudo dele, e não restou nada a que se agarrar...” 

2)     Reação de Jó

Não sabemos como foi todo o processo de alimentação de todo o sofrimento. Deve ter sido muito difícil para Jó enterrar os dez filhos no mesmo dia. Depois de suportar golpes tão brutais, as palavras não têm grande proposito. Aliás, as tristezas de Jó não vieram uma de cada vez, mas em batalhões”. O homem talvez tenha ficado ao relento, sob as estrelas, até que o orvalho o molhasse. Finalmente, porém, falou. E quando o fez, que resposta notável! 

O versículo 20 é composto de nove palavras no texto hebraico. Essas palavras descrevem o que Jó fez, antes que o texto nos diga o que ele disse. Cinco das nove palavras são verbos. Ao ler a Bíblia, sempre preste atenção nos verbos. No versículo 20, temos 4 verbos: , “levantou-se”, “rasgou”, “rapou”, “prostrou-se”...

 Conclusão

Em primeiro lugar, Jó se ergueu do chão. Ele “se levantou”. O verbo seguinte nos diz algo esquisito.

 Ele “rasgou o seu manto”. O manto era uma peça de vestuário que se ajusta frouxamente ao corpo, como uma roupa usada por cima de outras; era a peça que o mantinha aquecido à noite. Rasgar o manto é um símbolo de tristeza profunda, luto profundo. 

Lemos então o terceiro verbo: “Rapou a cabeça”. O cabelo é sempre representado nas Escrituras como a gloria da pessoa, uma expressão do seu valor. Rapar a cabeça é, portanto, um símbolo da perda da glória pessoal.

Seu quarto ato é cair no chão, mostrando o seu sofrimento em nível aterrador. O verbo hebraico significa “cair prostrado em completa submissão e adoração”. Estava com o rosto no chão, deitado de comprido.

Satanás e os demônios ficaram boquiabertos, ao observarem um homem que reagiu a todas as adversidades com adoração; que concluiu todos os seus ais adorando. Nenhuma acusação. Nenhuma amargura. Nada de punhos cerrados contra os céus, gritando: “Como ousas fazer isto comigo, depois de ter andado contigo todos esses anos?” Nada disso.

Suas palavras foram estas: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor deu e o Senhor tomou; bendito seja o nome do Senhor”. Isso diz tudo.  NADA TEMOS AO NASCER, NADA TEMOS AO PARTIR. Tudo o que possuímos nesse intervalo é dado pelo DOADOR da vida. Ou seja, “Aquele que me deu vida e concedeu tudo por empréstimo durante a mesma decidiu (e tem esse direito) tirar tudo. Não vou levar nada comigo de forma alguma. Bendito seja o seu nome por esse empréstimo enquanto o tive. E bendito seja o seu nome por decidir removê-lo”.

Tudo o que temos é Deus quem nos deu: nossa casa, nosso carro, nosso movéis, aliás, nossos filhos, tudo é Deus, tudo é dEle. Paulo afirma em sua carta: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.7,8). 


terça-feira, 15 de novembro de 2022

 As fases da vida em Jó – Jó 1.1-12 

Introdução. Que frase sintetiza o livro de Jó: “A vida é injusta”. Quantas injustiças nos rodeiam, em todos os sentidos. O sistema de justiça é subornado; os políticos são corruptos; temos muitos desempregos; uma enfermidade que aparece no seu corpo; divórcio, traição;  muita gente passando necessidades, enfim, vemos maldades quase todos os dias diante dos nossos olhos. Seja bem vindo ao mundo de Jó.

1)     Uma cena familiar

Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto” (Jó 1:1). Seus negócios eram feitos com integridade. Ele cumpria a sua palavra. Tratava os outros com justiça. Como resultado, era respeitado pelos que o rodeavam, quer dentro ou fora da família. Era reto. Respeitava a Deus e evitava constantemente o mal. Era um homem de caráter. No que se referia à família, Jó tinha sido abençoado com sete filhos e três filhas

Jó tinha 7.000 ovelhas; grande parte da lã da ovelha era vendida. O resto podia ser tecido e transformado em roupas quentes para o inverno. Havia 3000 camelos, talvez, Jó alugava camelos para caravanas de leste ao oeste do deserto da Arábia e, também, transporte pessoal pelo deserto. Possuía mil bois, que trabalhavam em pares para arar a terra e serem abatidos para o sustento dele e seus servos. Quinhentos jumentos, utilizava e transporte e também a iguaria da época, leite da jumenta. 

Acima de tudo, Jó tinha uma família saudável e feliz. Com dez filhos adultos morando nas proximidades de sua casa. Nada de filhos pequenos, mas todos adultos. “Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemando contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente” (Jó 1.4-5).

Ao oferecer dez ofertas em nome de cada jovem adulto, ele se preocupava com a ideia de que poderia haver no coração deles uma pitada de desobediência, ou que talvez um deles tivesse cometido algum ato de desobediência a Deus. “Talvez os meus filhos tenham lá no íntimo pecado e amaldiçoado a Deus”. é profundamente zeloso – espiritualmente sensível não só em relação à sua vida, mas no que se referia à coerência da vida de seus filhos. HOMEM DE ORAÇÃO. PURO. VERDADEIRO SACERDORTE, FIEL... 

Essas reuniões familiares faziam parte da atmosfera de bem estar que dá inicio à história. Sinaliza a benção de Deus sobre a vida de Jó...

2)     De repente, tudo muda...

No versículo 5, fala da festa dos filhos de Jó e de sua oração a eles. No versículo 6, fala de uma reunião que acontece no céu. Os versículos 1 a 5 estão cheios de boas notícias, bênçãos maravilhosas, integridade nos negócios, pureza no coração, fidelidade de vida. Enquanto ele dorme, outra cena se abre para nós, a qual é desconhecida de Jó. Deus executa um plano que nos surpreender. Ele permite que aconteçam coisas que não esperamos, não desejamos...somos transportados de Uz ao terceiro céu, a fim de testemunhar sua ocorrência.

Reflita sobre a diferença entre as primeiras linhas de Jó 1.1 e Jó 1.6: “Havia um homem (...) Num dia”. Houve um homem que vivia nesta terra. Houve um dia no salão do trono de Deus. Somos levados do cenário familiar terreno para a cena desconhecida da presença de Deus no céu. “Certo dia os anjos vieram apresentar-se ao Senhor, e Satanás também veio com eles” (Jó 1.6). Ao olhar à sua volta, O Senhor vê seus servos angélicos que vieram para se apresentar diante dele. Mas, presente entre eles, está um intruso...Satanás. 

Alguém que não se acha selecionados. Ele é identificado como “o Satanás”, no hebraico é Sah Tahn. Significa Sah Tahn “ser  adversário, resistir”. Portanto o substantivo é no geral traduzido como “o adversário”, “o acusador”. Satanás acusa dia e noite o povo de Deus. Ele aparece de repente entre outros anjos.

Satanás não é um diabinho de corpo vermelho, carregando um garfo. Essa é uma caricatura medieval em que Satanás gostaria que você acreditasse. Ele era o arcanjo mais atraente, brilhante e poderoso que Deus já criou. Não perdeu o seu brilho e nem o seu poder. Ele é insidioso, ele atua nos bastidores. O fato de ser invisível não significa que ele não seja real. Ele tem personalidade e está ativo e envolvido numa tarefa incessante de destruir o povo de Deus e sua obra. 

3)     Satanás questiona

O Senhor Deus vê o intruso e fala com ele: “Donde vens?” (Jó 1.7). Sabemos que Deus é onisciente, sabe de todas as coisas. A pergunta de Deus poderia ter sido esta: “Diga-me de onde veio. O que está havendo?”. A resposta de Satanás é breve e parece atrevida: “De rodear a terra e passear por ela” (Jó 1.7). Satanás tem acesso a este planeta como nos céus. Nada o detém! 

O Senhor então indaga: “Observaste o meu servo Jó?” (Jó 1:8). Que título magnífico Deus deu a Jó! “Meu servo.” Ele pode ter sido considerado o “maior de todos os [homens] do Oriente” (Jó 1:3), mas o fato maravilhoso sobre Jó é que era um servo de Deus. A avaliação de Deus é impressionante: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8).  

Ao ouvir a palavra mal, a fonte do mal responde: “Porventura, Jó debalde teme a Deus?” (Jó 1:9). Em nossas palavras: “Olhe, Deus, admita o seu tratamento dele com luvas de pelica!” O Acusador continua: “Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem?” (Jó 1:10). Ou seja, ele foi protegido do perigo e seus bens da destruição. O muro divino posto ao redor desse homem é invejável. Não somente o protegeu, mas como também abençoou o trabalho de suas mãos. Quem não o adoraria nessas circunstancias? 

Vejam a personalidade do diabo: Sabemos que ele tem intelecto porque conversa com o Senhor. Ele tem emoções por mostrar antagonismo em relação a Jó. Possui também vontade porque pretende destruir Jó, na esperança de desacreditar Deus. A grande esperança de Satanás é arrasar Jó: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1.11). Ou seja,  “Se quiser saber do que ele realmente é feito, retire todo esse tratamento privilegiado e essa proteção total. Remova dele o verniz do conforto e verá que imediatamente se voltará contra você.” “E verás se não blasfema contra ti na tua face”.

Deus disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não encoste um dedo nele. Então Satanás saiu da presença do Senhor”. (Jó 1:12).  Veja o bilhete de permissão que ele entrega a Satanás: “Tudo o que ele tem está em teu poder.” E ele acrescenta uma advertência: “Somente contra ele não estendas a mão” (Jó 1:12). “Não toque na sua vida. Nao toque em seu corpo, em sua alma ou sua mente. Você pode remover seus bens e atacar sua família, mas deixe o homem em paz.”

Conclusão: Princípios para a vida cristã

Primeiro, encontramos um inimigo que não podemos ver, mas ele é real. Paulo afirma: “Pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef. 6.12).

O desejo do Acusador é arruinar o seu testemunho da mesma forma que destrói a sua vida. Durante o processo, se isso significar a destruição de seus relacionamentos familiares, ele o fará.

Segundo, suportamos provações imerecidas, mas que são permitidas. A vida inclui provações que não merecemos, mas que devem, mesmo assim, ser suportadas.

Terceiro, há um plano que não compreenderemos, mas é o melhor. Nossa perspectiva é extremamente limitada. Nós temos uma visão restrita do tempo. A visão de Deus, porém, é panorâmica. O vasto plano cósmico de Deus está em operação agora, e ele não sente a necessidade (nem tem obrigação) de explicá-lo a nós.