Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
a unidade que está nos destruindo. A W. Tozer
A Unidade que está nos Destruindo – A. W. Tozer
Quando unir-se e quando dividir-se, eis a questão, e uma resposta abalizada exige a sabedoria de um Salomão.
Alguns resolvem o problema de maneira simples e prática: Toda união é boa e toda divisão é má. Muito fácil. Mas esta maneira simplista de tratar do assunto ignora as lições de história e se esquece das profundas leis espirituais que regem a vida do homem.
Se os homens bons desejassem a união e os maus a divisão. ou vice-versa, isso simplificaria as coisas para nós. Ou se pudesse ser mostrado que Deus sempre une e o diabo sempre divide, seria fácil encontrar nosso caminho neste mundo confuso. Mas as coisas não são assim.
Dividir o que deve ser dividido e unir o que deve ser unido faz parte da sabedoria. A união de elementos heterogêneos jamais é boa mesmo que possível, nem a divisão arbitrária de elementos semelhantes. Isto se aplica certamente tanto às coisas morais e religiosas, como às políticas e científicas.
Deus foi quem fez a primeira divisão, quando separou a luz das trevas no momento da criação. Esta divisão estabeleceu a regra para todo o comportamento divino na natureza e na graça. A luz e as trevas são incompatíveis. Tentar ter ambas no mesmo lugar ao mesmo tempo é tentar o impossível e o resultado será sempre nulo, nem uma nem outra, mas obscuridade e escuridão.
No mundo dos homens, atualmente são poucos os contornos que se destacam. A raça acha-se decaída. O pecado trouxe confusão. O trigo cresce junto com o joio, as ovelhas e os cabritos coexistem, as terras dos justos e injustos ficam lado a lado na paisagem, a missão tem o bordel como vizinho.
As coisas, porém, não serão sempre assim. Está chegando a hora em que as ovelhas serão separadas dos cabritos, o joio do trigo. Deus dividirá novamente a luz das trevas e todas as coisas se agruparão segundo a sua espécie, O joio irá para o fogo junto com o joio, e o trigo para o celeiro com o trigo. A névoa se levantará como acontece com a neblina e todos os contornos surgirão nítidos. O inferno será sempre reconhecido como inferno e o céu irá revelar-se como o lar de todos os que possuem a natureza do Deus único.
Aguardamos com paciência essa hora. Enquanto isso, para cada um de nós e para a igreja onde quer que apareça na sociedade humana, a pergunta repetida deve ser: Com o que devemos unir-nos e do que separar-nos? A questão de coexistência não existe aqui. O trigo cresce no mesmo campo com o joio, mas deve haver polinização mútua entre eles? As ovelhas pastam junto aos cabritos, mas devem procurar cruzamento entre as espécies? Os injustos e os justos gozam da mesma chuva e do mesmo sol, mas devem esquecer suas profundas diferenças morais e casar-se?
A resposta popular a estas perguntas é afirmativa. Unir-se sempre e os homens serão irmãos apesar de tudo. A unidade é tão preciosa que preço algum é demasiado para alcançá-la e nada é suficientemente importante para manter-nos separados. A verdade é sufocada para celebrar a festa de casamento do céu e do inferno, e tudo isso a fim de apoiar um conceito de unidade que não se baseia na Palavra de Deus.
A igreja iluminada pelo Espírito não aceita isso. Num mundo caído como o nosso a unidade não é um tesouro que deva ser comprado ao preço da transigência. A lealdade a Deus, a fidelidade à verdade e à preservação de uma boa consciência são jóias mais preciosas do que o ouro de Ofir ou os diamantes extraídos da mina. Por causa dessas jóias homens sofreram a perda de propriedades, a prisão e até a morte; por elas, mesmo em épocas recentes, por trás das várias cortinas, os seguidores de Cristo pagaram até o último centavo o preço de sua devoção e morreram silenciosamente, desconhecidos e não aplaudidos pelo grande mundo, mas conhecidos de Deus e caros ao seu coração paterno. No dia em que forem declarados os segredos de todas as almas, eles irão apresentar-se para receber as obras feitas no corpo. Esses são certamente filósofos mais sábios do que os seguidores religiosos da unidade sem significado, que não possuem coragem suficiente para colocar-se contra as modas correntes e que clamam por irmandade só porque tal coisa acha-se no momento em foco.
"Divida e conquiste" é o refrão cínico dos líderes políticos maquiavélicos, mas Satanás sabe também como unir e conquistar. A fim de colocar uma nação de joelhos o ditador em potencial precisa primeiro uni-la. Através de apelos repetidos ao orgulho nacional ou à necessidade de vingar-se de alguma injustiça passada ou presente, o demagogo consegue unir a população à sua volta. Depois disso é fácil dominar os militares e submeter o legislativo. Segue-se então, na verdade, uma unidade quase perfeita, mas trata-se da unidade do curral ou do campo de concentração. Vimos isto acontecer várias vezes neste século, e o mundo irá vê-la uma vez mais quando as nações da terra se unirem sob o Anticristo.
Quando as ovelhas confusas começam a cair num despenhadeiro, a ovelha que quiser salvar-se individualmente precisa separar-se do rebanho. A unidade perfeita em tal momento só pode significar destruição total para todos. A ovelha sábia, para salvar sua própria pele, se afasta.
O poder se encontra na união de coisas homogêneas e na divisão das heterogêneas. Talvez aquilo que precisamos nos círculos religiosos de hoje não seja mais união, mas uma certa divisão sábia e corajosa. Todos desejam a paz, mas pode ser que o reavivamento use a espada.
domingo, 12 de junho de 2011
avivamentos - semente do pentecostalismo no Brasil.
OS AVIVAMENTOS.
A principal matriz do protestantismo norte-americano foi o puritanismo. Os puritanos, que estavam entre os primeiros colonizadores dos futuros Estados Unidos, chegaram à Nova Inglaterra a partir de 1620, estabelecendo-se inicialmente em Massachusetts e, depois, em Connecticut. Esses puritanos calvinistas, que eventualmente criaram a Igreja Congregacional, davam muito ênfase à experiência de conversão. Somente tornavam-se membros plenos das igrejas aqueles que podiam dar um testemunho público e crível da conversão. Asssim, em sua fase inicial o puritanismo foi marcado por uma grande intensidade religiosa, uma espécie de contínuo avivamento. Essa característica do puritanismo haveria de influenciar fortemente as diferentes manifestações do protestantismo norte – americano.
O auge do despertamento ocorreu na Nova Inglaterra, que há décadas vinha orando por essa visitação. Dois nomes ficaram permanentemente ligados ao evento. O primeiro é o de Jonathan Edwards (1703-1758), jovem pastor da Igreja Congregacional de Northampton, em Massachusetts. Outro importante personagem associado ao Primeiro Grande Despertamento foi pregador inglês George Whitefield (1714-1770), que em 1740 fez uma memorável turnê evangelística através de várias colônias, encerrando-a na Nova Inglaterra.. Whitefield, um calvinista convicto que inicialmente havia trabalhado com John Wesley, pregou quase todos os dias a auditórios que chegavam a 8 mil pessoas. Essa campanha produziu um enorme impacto em todas as colônias, tornando-se o primeiro evento de amplitude “nacional” da história dos Estados Unidos.
Passado o período da emancipação política (1776), irrompeu um novo avivamento, que veio a ser muito mais duradouro e influente que o anterior. O Segundo Grande Despertamento começou por volta de 1800, novamente entre os presbiterianos, na localidade de Cane Ridge, em Kentucky. Além do mais vasto e complexo, esse despertamento diferiu do primeiro em outros aspectos importantes. Enquanto o avivamento anterior limitou-se essencialmente aos presbiterianos e congregacionais, este atingiu todas as denominações, especialmente os batistas e os metodistas, que tiveram um crescimento vertiginoso e tornaram-se os maiores grupos protestantes da América do Norte. Outra diferença foi a geográfica e social: enquanto o primeiro despertamento ocorreu em áreas urbanas próxima ao litoral, o segundo irrompeu na chamada “fronteira”, a região rural do meio-oeste com sua população móvel e sua instável organização social. Uma terceira diferença entre os dois avivamentos diz respeito à sua teologia. Enquanto o movimento do século XVII teve uma base solidamente calvinista, com sua ênfase na incapacidade humana e na iniciativa soberana de Deus, o Segundo Despertamento revelou um orientação nitidamente arminiana, dando grande destaque ao potencial da escolha e decisão do ser humano. Essa característica, que combinava com os ideais de liberdade e iniciativa individual da jovem nação, encontrou sua expressão mais eloqüente no avivalista Charles G. Finney (1792-1875). Finney acreditava que o avivamento poderia ser produzido pelo uso de técnicas que incluíam apelos insistentes e carregados de emoção, aconselhamento pessoal dos decididos e séries prolongadas de reuniões evangelísticas.
As campanhas de avivamento, pretendiam, através da emoção, da ameaça do inferno, provocar a decisão da pessoa por Cristo. Nos cânticos, nas orações, se buscavam um clima de emocionalismo que levasse o individuo a sentir a presença de Deus convidando-o insistemente a tomar a sua decisão. Portanto, há muita semelhança entre os avivamentos e o movimento pentecostal. Este último, partindo de uma busca de avivamento, chega ao batismo no Espírito Santo, ao falar em línguas, ao dom de curas, profecias, etc. Para as Igrejas Históricas, que tinham com prática os avivamentos essas práticas pentecostais eram consideradas demasiadas, provocando a perda da ordem, do equilíbrio, e portanto eram conseqüentemente rejeitadas. Essa é a causa doutrinária que motivou a separação do movimento pentecostal e o surgimento de suas igrejas.
É importante notar que “no Brasil, os verdadeiros herdeiros do reavivamento tradicional norte-americano são os pentecostais que mantiveram a ênfase no emocionalismo e a disposição de intinerância evangélica”.
A principal matriz do protestantismo norte-americano foi o puritanismo. Os puritanos, que estavam entre os primeiros colonizadores dos futuros Estados Unidos, chegaram à Nova Inglaterra a partir de 1620, estabelecendo-se inicialmente em Massachusetts e, depois, em Connecticut. Esses puritanos calvinistas, que eventualmente criaram a Igreja Congregacional, davam muito ênfase à experiência de conversão. Somente tornavam-se membros plenos das igrejas aqueles que podiam dar um testemunho público e crível da conversão. Asssim, em sua fase inicial o puritanismo foi marcado por uma grande intensidade religiosa, uma espécie de contínuo avivamento. Essa característica do puritanismo haveria de influenciar fortemente as diferentes manifestações do protestantismo norte – americano.
O auge do despertamento ocorreu na Nova Inglaterra, que há décadas vinha orando por essa visitação. Dois nomes ficaram permanentemente ligados ao evento. O primeiro é o de Jonathan Edwards (1703-1758), jovem pastor da Igreja Congregacional de Northampton, em Massachusetts. Outro importante personagem associado ao Primeiro Grande Despertamento foi pregador inglês George Whitefield (1714-1770), que em 1740 fez uma memorável turnê evangelística através de várias colônias, encerrando-a na Nova Inglaterra.. Whitefield, um calvinista convicto que inicialmente havia trabalhado com John Wesley, pregou quase todos os dias a auditórios que chegavam a 8 mil pessoas. Essa campanha produziu um enorme impacto em todas as colônias, tornando-se o primeiro evento de amplitude “nacional” da história dos Estados Unidos.
Passado o período da emancipação política (1776), irrompeu um novo avivamento, que veio a ser muito mais duradouro e influente que o anterior. O Segundo Grande Despertamento começou por volta de 1800, novamente entre os presbiterianos, na localidade de Cane Ridge, em Kentucky. Além do mais vasto e complexo, esse despertamento diferiu do primeiro em outros aspectos importantes. Enquanto o avivamento anterior limitou-se essencialmente aos presbiterianos e congregacionais, este atingiu todas as denominações, especialmente os batistas e os metodistas, que tiveram um crescimento vertiginoso e tornaram-se os maiores grupos protestantes da América do Norte. Outra diferença foi a geográfica e social: enquanto o primeiro despertamento ocorreu em áreas urbanas próxima ao litoral, o segundo irrompeu na chamada “fronteira”, a região rural do meio-oeste com sua população móvel e sua instável organização social. Uma terceira diferença entre os dois avivamentos diz respeito à sua teologia. Enquanto o movimento do século XVII teve uma base solidamente calvinista, com sua ênfase na incapacidade humana e na iniciativa soberana de Deus, o Segundo Despertamento revelou um orientação nitidamente arminiana, dando grande destaque ao potencial da escolha e decisão do ser humano. Essa característica, que combinava com os ideais de liberdade e iniciativa individual da jovem nação, encontrou sua expressão mais eloqüente no avivalista Charles G. Finney (1792-1875). Finney acreditava que o avivamento poderia ser produzido pelo uso de técnicas que incluíam apelos insistentes e carregados de emoção, aconselhamento pessoal dos decididos e séries prolongadas de reuniões evangelísticas.
As campanhas de avivamento, pretendiam, através da emoção, da ameaça do inferno, provocar a decisão da pessoa por Cristo. Nos cânticos, nas orações, se buscavam um clima de emocionalismo que levasse o individuo a sentir a presença de Deus convidando-o insistemente a tomar a sua decisão. Portanto, há muita semelhança entre os avivamentos e o movimento pentecostal. Este último, partindo de uma busca de avivamento, chega ao batismo no Espírito Santo, ao falar em línguas, ao dom de curas, profecias, etc. Para as Igrejas Históricas, que tinham com prática os avivamentos essas práticas pentecostais eram consideradas demasiadas, provocando a perda da ordem, do equilíbrio, e portanto eram conseqüentemente rejeitadas. Essa é a causa doutrinária que motivou a separação do movimento pentecostal e o surgimento de suas igrejas.
É importante notar que “no Brasil, os verdadeiros herdeiros do reavivamento tradicional norte-americano são os pentecostais que mantiveram a ênfase no emocionalismo e a disposição de intinerância evangélica”.
sábado, 4 de junho de 2011
elucubrações da vida!
É a primeira que estou escrevendo subjetivamente neste blog. Tenho lançado alguns insights no objetivo de compartilhar conhecimentos nessa rede mundial de computadores. Antes, tenho que confessar: sou leigo na frente de um computador! Todavia, quero escrever algo subjetivamente nesse blog, quero... Mas o que? Não sei! Poderia falar de mim, da minha esposa amada ou das minhas filhas! Ou, talvez da vida minha vida pastoral...Bom o que eu sei sobre mim? Se dependesse de mim, não saberia nada. Sei algo sobre a minha pessoa, porque Alguém me disse quem eu era! Até então, vivia desorientado, desnorteado, sem rumo...como disse Jean Paul Satre, em naúsea: "como um meteorito jogado no espaço, sem rumo". Quem me desnudou? IAWEH! Sim: "Eu sou". Essa expressão diretamento do hebraico, seria:"eu serei o que serei". Em outras palavras, AQUELE QUE É! Somente Ele para dizer sobre mim. Agora sei quem sou eu! Quem sou eu? Meu nome por enquanto é João Vicente Pereira, nasci em Jaboticabal SP, mas residi um bom tempo da minha vida na cidade de Pirangi; cidadezinha pacata onde tive uma infancia maravilhosa, minha mãe ainda reside em Pirangi, minhas irmãs: Daniela (caçula) e Maria (mais velha que eu); depois mudei-me para Ribeirão Preto (1990) e fui morar com o meu irmão mais velho José Vicente e sua esposa Eliane Maria Lucena e seus filhos: Mateus (arteiro), Michele (minha moreninha), Milene (branquinha) e Daniel (sossegado); foram anos maravilhosos, de crescimento, novas amizades, maturidade e também o melhor fato que aconteceu na minha vida: conversão, conheci Jesus Cristo. É justamente aqui que volto ao inicio de tudo: quem sou eu? Depois da minha conversão, encontrei-me! Sou filho, não mais criatura; fui lavado, meus pecados foram perdoados; fui santificado, era de Deus agora; Justificado, Jesus morreu na cruz pelos meus pecados, embora não merecesse. Hoje sei que sou eu: salvo em Cristo Jesus, vivendo a vida de Cristo em mim, com minha familia e indo em direção ao céu...
quinta-feira, 2 de junho de 2011
a linha Magica - William J. Benett
A Linha Mágica
"Era uma vez uma
viúva que tinha um filho chamado Pedro. O menino era forte e são, mas não
gostava de ir à escola e passava o tempo todo sonhando acordado.
- Pedro, com o que você está sonhando a uma hora
destas? - perguntava-lhe a professora.
- Estava pensando no que serei quando crescer -
respondia ele.
- Seja paciente. Há muito tempo para pensar nisso.
Depois de crescido, nem tudo é divertimento, sabe? - dizia ela.
Mas Pedro tinha dificuldades para apreciar qualquer
coisa que estivesse fazendo no momento, e ansiava sempre pela próxima. No
inverno, ansiava pelo retorno do verão; e no verão, sonhava com passeios de
esqui e trenó, e com as fogueiras acesas durante o inverno. Na escola, ansiava
pelo fim do dia, quando poderia voltar para casa; e nas noites de domingo,
suspirava dizendo: "Se as férias chegassem logo!" O que mais o
entretinha era brincar com a amiga Lise. Era companheira tão boa quanto
qualquer menino, e a ansiedade de Pedro não a afetava, ela não se ofendia.
"Quando crescer, vou casar-me com ela", dizia Pedro consigo mesmo.
Costumava perder-se em caminhadas pela floresta,
sonhando com o futuro. Ás vezes, deitava-se ao sol sobre o chão macio, com as
mãos postas sob a cabeça, e ficava olhando o céu através das copas altas das
árvores. Uma tarde quente, quando estava quase caindo no sono, ouviu alguém
chamando por ele. Abriu os olhos e sentou-se. Viu uma mulher idosa em pé à sua
frente. Ela trazia na mão uma bola prateada, da qual pendia uma linha de seda
dourada.
- Olhe o que tenho aqui, Pedro - disse ela,
oferecendo-lhe o objeto.
- O que é isso? - perguntou, curioso, tocando a fina
linha dourada.
- É a linha da sua vida - retrucou a mulher. - Não
toque nela e o tempo passará normalmente. Mas se desejar que o tempo ande mais rápido,
basta dar um leve puxão na linha e uma hora passará como se fosse um segundo.
Mas devo avisá-lo: uma vez que a linha tenha sido puxada, não poderá ser
colocada de volta dentro da bola. Ela desaparecerá como uma nuvem de fumaça. A
bola é sua. Mas se aceitar meu presente, não conte para ninguém; senão, morrerá
no mesmo dia. Agora diga, quer ficar com ela?
Pedro tomou-lhe das mãos o presente, satisfeito. Era
exatamente o que queria. Examinou-a. Era leve e sólida, feita de uma peça só.
Havia apenas um furo de onde saía a linha brilhante. O menino colocou-a no
bolso e foi correndo para casa. Lá chegando, depois de certificar-se da
ausência da mãe, examinou-a outra vez. A linha parecia sair lentamente de
dentro da bola, tão devagar que era difícil perceber o movimento a olho nu.
Sentiu vontade de dar-lhe um rápido puxão, mas não teve coragem. Ainda não.
No dia seguinte na escola, Pedro imaginava o que fazer
com sua linha mágica. A professora o repreendeu por não se concentrar nos
deveres. "Se ao menos", pensou ele, "fosse a hora de ir para
casa!" Tateou a bola prateada no bolso. Se desse apenas um pequeno puxão,
logo o dia chegaria ao fim. Cuidadosamente, pegou a linha e puxou. De repente,
a professora mandou que todos arrumassem suas coisas e fossem embora,
organizadamente. Pedro ficou maravilhado. Correu sem parar até chegar em casa.
Como a vida seria fácil agora! Todos seus problemas haviam terminado. Dali em
diante, passou a puxar a linha, só um pouco, todos os dias.
Entretanto, logo apercebeu-se que era tolice puxar a
linha apenas um pouco todos os dias. Se desse um puxão mais forte, o período
escolar estaria concluído de uma vez. Ora, poderia aprender uma profissão e
casar-se com Lise. Naquela noite, então, deu um forte puxão na linha, e acordou
na manhã seguinte como aprendiz de um carpinteiro da cidade. Pedro adorou sua
nova vida, subindo em telhados e andaimes, erguendo e colocando a marteladas
enormes vigas que ainda exalavam o perfume da floresta. Mas às vezes, quando o
dia do pagamento demorava a chegar, dava um pequeno puxão na linha e logo a
semana terminava, já era a noite de sexta-feira e ele tinha dinheiro no bolso.
Lise também mudara-se para a cidade e morava com a
tia, que lhe ensinava os afazeres do lar. Pedro começou a ficar impaciente
acerca do dia em que se casariam. Era difícil viver tão perto e tão longe dela,
ao mesmo tempo. Perguntou-lhe, então, quando poderiam se casar.
- No próximo ano - disse ela. - Eu já terei aprendido
a ser uma boa esposa.
Pedro tocou com os dedos a bola prateada no bolso.
- Ora, o tempo vai passar bem rápido - disse, com
muita certeza.
Naquela noite, não conseguiu dormir. Passou o tempo
todo agitado, virando de um lado para outro na cama. Tirou a bola mágica que
estava debaixo do travesseiro. Hesitou um instante; logo a impaciência o
dominou, e ele puxou a linha dourada. Pela manhã, descobriu que o ano já havia
passado e que Lise concordara afinal com o casamento. Pedro sentiu-se realmente
feliz.
Mas antes que o casamento pudesse realizar-se, recebeu
uma carta com aspecto de documento oficial. Abriu-a, trêmulo, e leu a noticia
de que deveria apresentar-se ao quartel do exército na semana seguinte para
servir por dois anos. Mostrou-a, desesperado, para Lise.
- Ora - disse ela -, não há o que temer, basta-nos
esperar. Mas o tempo passará rápido, você vai ver. Há tanto o que preparar para
nossa vida a dois!
Pedro sorriu com galhardia, mas sabia que dois anos
durariam uma eternidade para passar.
Quando já se acostumara à vida no quartel, entretanto,
começou a achar que não era tão ruim assim. Gostava de estar com os outros
rapazes, e as tarefas não eram tão árduas a princípio. Lembrou-se da mulher
aconselhando-o a usar a linha mágica com sabedoria e evitou usá-la por algum
tempo. Mas logo tornou a sentir-se irrequieto. A vida no exército o entediava
com tarefas de rotina e rígida disciplina. Começou a puxar a linha para
acelerar o andamento da semana a fim de que chegasse logo o domingo, ou o dia
da sua folga. E assim se passaram os dois anos, como se fosse um sonho.
Terminado o serviço militar, Pedro decidiu não mais
puxar a linha, exceto por uma necessidade absoluta. Afinal, era a melhor época
da sua vida, conforme todos lhe diziam. Não queria que acabasse tão rápido assim.
Mas ele deu um ou dois pequenos puxões na linha, só para antecipar um pouco o
dia do casamento. Tinha muita vontade de contar para Lise seu segredo; mas
sabia que se contasse, morreria.
No dia do casamento, todos estavam felizes, inclusive
Pedro. Ele mal podia esperar para mostrar-lhe a casa que construíra para ela.
Durante a festa, lançou um rápido olhar para a mãe. Percebeu, pela primeira
vez, que o cabelo dela estava ficando grisalho. Envelhecera rapidamente. Pedro
sentiu uma pontada de culpa por ter puxado a linha com tanta freqüência. Dali
em diante, seria muito mais parcimonioso com seu uso, e sé a puxaria se fosse
estritamente necessário.
Alguns meses mais tarde, Lise anunciou que estava
esperando um filho. Pedro ficou entusiasmadíssimo, e mal podia esperar. Quando
o bebê nasceu, ele achou que não iria querer mais nada na vida. Mas sempre que
o bebê adoecia ou passava uma noite em claro chorando, ele puxava a linha um
pouquinho para que o bebê tornasse a ficar saudável e alegre.
Os tempos andavam difíceis. Os negócios iam mal e
chegara ao poder um governo que mantinha o povo sob forte arrocho e pesados
impostos, e não tolerava oposição. Quem quer que fosse tido como agitador era
preso sem julgamento, e um simples boato bastava para se condenar um homem.
Pedro sempre fora conhecido por dizer o que pensava, e logo foi preso e jogado
numa cadeia. Por sorte, trazia a bola mágica consigo e deu um forte puxão na
linha. As paredes da prisão se dissolveram diante dos seus olhos e os inimigos
foram arremessados à distância numa enorme explosão. Era a guerra que se
insinuava, mas que logo acabou, como uma tempestade de verão, deixando o rastro
de uma paz exaurida. Pedro viu-se de volta ao lar com a família. Mas era agora
um homem de meia-idade.
Durante algum tempo, a vida correu sem percalços, e
Pedro sentia-se relativamente satisfeito. Um dia, olhou para a bola mágica e
surpreendeu-se ao ver que a linha passara da cor dourada para a prateada. Foi
olhar-se no espelho. Seu cabelo começava a ficar grisalho e seu rosto
apresentava rugas onde nem se podia imaginá-las. Sentiu um medo súbito e
decidiu usar a linha com mais cuidado ainda do que antes. Lise dera-lhe outros
filhos e ele parecia feliz como chefe da família que crescia. Seu modo
imponente de ser fazia as pessoas pensarem que ele era algum tipo de déspota
benevolente. Possuía um ar de autoridade como se tivesse nas mãos o destino de
todos. Mantinha a bola mágica bem escondida, resguardada dos olhos curiosos dos
filhos, sabendo que se alguém a descobrisse, seria fatal.
Cada vez tinha mais filhos, de modo que a casa foi
ficando muito cheia de gente. Precisava ampliá-la, mas não contava com o
dinheiro necessário para a obra. Tinha outras preocupações, também. A mãe
estava ficando idosa e parecia mais cansada com o passar dos dias. Não
adiantava puxar a linha da bola mágica, pois isto sé aceleraria a chegada da
morte para ela. De repente, ela faleceu, e Pedro, parado diante do túmulo,
pensou como a vida passara tão rápido, mesmo sem fazer uso da linha mágica.
Uma noite, deitado na cama, sem conseguir dormir,
pensando nas suas preocupações, achou que a vida seria bem melhor se todos os
filhos já estivessem crescidos e com carreiras encaminhadas. Deu um fortíssimo
puxão na linha, e acordou no dia seguinte vendo que os filhos já não estavam
mais em casa, pois tinham arranjado empregos em diferentes cantos do país, e
que ele e a mulher estavam sós. Seu cabelo estava quase todo branco e doíam-lhe
as costas e as pernas quando subia uma escada ou os braços quando levantava uma
viga mais pesada. Lise também envelhecera, e estava quase sempre doente. Ele
não agüentava vê-la sofrer, de tal forma que lançava mão da linha mágica cada
vez mais freqüentemente. Mas bastava ser resolvido um problema, e já outro
surgia em seu lugar. Pensou que talvez a vida melhorasse se ele se aposentasse.
Assim, não teria que continuar subindo nos edifícios em obras, sujeito a
lufadas de vento, e poderia cuidar de Lise sempre que ela adoecesse. O problema
era a falta de dinheiro suficiente para sobreviver. Pegou a bola mágica, então,
e ficou olhando. Para seu espanto viu que a linha não era mais prateada, mas
cinza, e perdera o brilho. Decidiu ir para a floresta dar um passeio e pensar
melhor em tudo aquilo.
Já fazia muito tempo que não ia àquela parte da
floresta. Os pequenos arbustos haviam crescido, transformando-se em árvores
frondosas, e foi difícil encontrar o caminho que costumava percorrer. Acabou
chegando a um banco no meio de uma clareira. Sentou-se para descansar e caiu em
sono leve. Foi despertado por uma voz que chamava-o pelo nome: "Pedro!
Pedro!"
Abriu os olhos e viu a mulher que encontrara havia
tantos anos e que lhe dera a bola prateada com a linha dourada mágica.
Aparentava a mesma idade que tinha no dia em questão, exatamente igual. Ela
sorriu para ele.
- E então, Pedro, sua vida foi boa? - perguntou.
- Não estou bem certo - disse ele. - Sua bola mágica é
maravilhosa. Jamais tive que suportar qualquer sofrimento ou esperar por
qualquer coisa em minha vida. Mas tudo foi tão rápido. Sinto como se não
tivesse tido tempo de apreender tudo que se passou comigo; nem as coisas boas,
nem as ruins. E agora falta tão pouco tempo! Não ouso mais puxar a linha, pois
isto só anteciparia minha morte. Acho que seu presente não me trouxe sorte.
- Mas que falta de gratidão! - disse a mulher. - Como
você gostaria que as coisas fossem diferentes?
- Talvez se você tivesse me dado uma outra bola, que
eu pudesse puxar a linha para fora e para dentro também. Talvez, então, eu
pudesse reviver as coisas ruins.
A mulher riu-se. - Está pedindo muito! Você acha que
Deus nos permite viver nossas vidas mais de uma vez? Mas posso conceder-lhe um
último desejo, seu tolo exigente.
- Qual? - perguntou ele.
- Escolha - disse ela. Pedro pensou bastante. Depois
de um bom tempo, disse: - Eu gostaria de tornar a viver minha vida, como se
fosse a primeira vez, mas sem sua bola mágica. Assim poderei experimentar as
coisas ruins da mesma forma que as boas sem encurtar sua duração, e pelo menos
minha vida não passará tão rápido e não perderá o sentido como um devaneio.
- Assim seja - disse a mulher. - Devolva-me a bola.
Ela esticou a mão e Pedro entregou-lhe a bola prateada. Em seguida, ele se
recostou e fechou os olhos, exausto.
Quando acordou, estava na cama. Sua jovem mãe se
debruçava sobre ele, tentando acordá-lo carinhosamente.
- Acorde, Pedro. Não vá chegar atrasado na escola.
Você estava dormindo como uma pedra!
Ele olhou para ela, surpreso e aliviado.
Tive um sonho horrível, mãe. Sonhei que estava velho e
doente e que minha vida passara como num piscar de olhos sem que eu sequer
tivesse algo para contar. Nem ao menos algumas lembranças.
A mãe riu-se e fez que não com a cabeça.
Isso nunca vai acontecer disse ela. As lembranças são
algo que todos temos, mesmo quando velhos. Agora, ande logo, vá se vestir. A
Lise está esperando por você, não deixe que se atrase por sua causa.
A caminho da escola em companhia da amiga, ele observou
que estavam em pleno verão e que fazia uma linda manhã, uma daquelas em que era
ótimo estar vivendo. Em poucos minutos, estariam encontrando os amigos e
colegas, e mesmo a perspectiva de enfrentar algumas aulas não parecia tão ruim
assim. Na verdade, ele mal podia esperar."
Do Livro: O LIVRO DAS VIRTUDES
Assinar:
Postagens (Atom)