terça-feira, 30 de agosto de 2022

 Elias e o Querite – 1 Rs 17.1-7 

Introdução

Tempos difíceis, desolação, abandono ao Deus de Israel, adoração à Baal, etc. Até que aparece Elias de Tisbé e diz: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou” (1 Rs 17.1). “Face” é expressão de proximidade e de intimidade e entrega toda mensagem: “Não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra”.  A falta de chuva, seca, era uma das maneiras de Deus aplicar sua disciplina ao seu povo, diante do desvio de fé. “Depois de um longo tempo, no terceiro ano de seca...” (1 Rs 18.1), ou seja, foram três anos, sem orvalho e sem uma gota de chuva, trazendo danos, enfermidades, secas e mortes ao povo.

1)     “Retira-te daqui....Querite”

Elias está no Holofote, no meio da cena, nos principais “jornais”, na boca de todo mundo. Afinal, ele enfrentou o Rei Acabe e Jezabel. Mas, Deus lhe ordenara sua retirada imediatamente. Como assim? Talvez Elias tivesse cogitado: “Senhor, tem certeza de que não está confundido as coisas? Quero dizer, acabo de sair do palácio. Não Vai querer que uma pessoa de nível tão alto vá se esconder atrás de umas pedras, não é mesmo?” E insistindo:  “Tenho certeza de que tudo não passa de um mal-entendido, Senhor. Sei que nunca ordenarias que eu fosse para um lugar tão remoto.” 

Mas Deus conhecia bem Elias. Para tornar-se líder do jeito que Deus desejava, Elias deveria passar algum tempo sozinho, ouvindo atento a voz divina. Para torna-se um líder capaz, eficiente, não poderia apenas contar  com suas próprias palavras ou força. Precisaria contar com o poder do Todo-Poderoso. E havia apenas uma maneira de chegar a este nível: estando a sós com Deus. “Vá e esconda-se!” ordena o Senhor. Você está disposto a obedecer-lhe?

“...esconde-se junto à torrente de Querite...”. A palavra esconder dá a idéia de ocultar, de estar ausente de propósito. “Fique oculto, Elias”. Disse Deus “desapareça”. Moisés passou quarenta anos no deserto de Midiã; Jacó passou cartoze anos em Harã, trabalhando para o seu sogro; José teve que passar um tempo na prisão egípcia até que Deus o elevasse ao governo do Egito; e Paulo, depois da sua conversão, passou três anos na Arábia. 

A torrente de Querite seria um pequeno córrego que só apresentava correnteza em época de chuva. Devia localizar-se em um lugar deserto, para que Acabe não achasse o profeta. “Querite” significa “cortar, colocar no tamanho certo”. Esse termo é utilizado em dois sentidos: ser cortado (separado) dos outros e, também no sentido de aparelhar uma peça de madeira para construção, deixando-o no tamanho correto a ser usado.

Assim, enquanto esteve em Querite, o homem que fora um porta voz de Deus, seria “cortado” dos holofotes, das atividades. Ao mesmo tempo, seria “aparelhado” e “colocado no tamanho certo”. Em 1 Reis 17.1, ele é descrito como “Elias, o Tesbita”, se colocando diante do rei para entregar a mensagem de Deus. E, no versículo 24, depois de ter passado pela prova do Querite, ele é visto homem de Deus “Agora sei que tú és um homem de Deus e que a palavra do Senhor, vinda da tua boca, é a verdade”.

2)     A provisão de Deus

Voce beberá do riacho, e dei ordens aos corvos para o alimentarem”. Algumas perguntas: Por que Deus escolheria uma ave de rapina para sustentar seu profeta? Por que um animal que se alimenta de carniça, que é predatório e repelente? Por que Deus usaria uma ave considerada imunda segundo a lei: “Estas são as aves que vocês considerarão impuras, das quais não poderão comer porque são proibidas: a águia, o urubu...o corvo...” (Lv 11.13). 

Esta não é a primeira vez que o corvo é mencionado como instrumento de Deus para cumprir seus propósitos. Noé soltou um corvo da arca para verificar se as aguas diluvianas já haviam minguado na superfície da terra (Gn 8.6-7); Jó é questionado por Deus: “Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus pintainhos gritam a Deus e andam vagueando por não terem o que comer? (Jó 38.4); o próprio Senhor Jesus Cristo lançou mão dos corvos para ilustrar a provisão de Deus: “Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não tem dispensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta. Quanto mais valeis do que as aves!” (Lc 12.24).

Certamente Deus queria ensinar a Elias que ele é Jeová-Jiré (“O Senhor proverá – Gn 22.14). E para fazer isso ele usa quem quer, quando quer e como quer, todo poder vem do Senhor. Ou como escreveu Petersen: “Deus cuidará de você, mas não seja muito exigente quanto aos garçons que forem usados pelo Senhor”

3)     Quando o riacho seca

“Algum tempo depois, o riacho secou-se por falta de chuva” (1 Rs 17.7). O riacho do Querite durante algum tempo manteve um volume de agua suficiente para suprir o profeta Elias e tudo que estava adjacente. Contudo, ele percebeu que o riacho estava encolhendo, diminuindo, com o passar do tempo. Então, numa manhã, não havia mais água, só areia molhada. Os ventos quentes logo eliminaram até mesmo a umidade, e a areia endureceu sem água, o riacho secou. 

Esta experiencia do Querite lhe parece familiar? Num momento, você conhecia a alegria de uma segurança financeira, o negocio estava indo bem, razoavelmente bem, obrigado; até que o riacho secou. Ou, o seu casamento aparentemente, nos trancos e barrancos, estava indo nos conformes; até que o riachos secou. Ou, sua saúde, estava tudo em cima, fez um monte de exame e não deu nada; mas o riacho secou.

Por que o riacho seca?

Primeiro, Elias precisava aprender a relacionar-se com os outros. Ele era solitário. A sua semelhança com João Batista se deve também a este fato (João 1.20-21). O relacionamento com pessoas traz tensões e dificuldades; por isso para alguns a vida isolada é bem mais fácil. Mas o profeta não foi chamado para pregar aos corvos, e sim aos homens. “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios” (Rm 12.10).

Segundo, Quando o riacho seca, ele ficou mais atento à voz de Deus. Mesmo estando em lugar desértico, não era difícil Elias já ter se acostumado com o suprimento diário: “Os corvos lhe traziam pão e carne de manhã e de tarde, e ele bebia água do riacho” (1 Rs 17.6). Muitas vezes não queremos aceitar certas mudanças de Deus para nós, daí a necessidade de uma fonte secar, obrigando-nos, por uma questão de sobrevivência, a mudar de rumo. 

Terceiro, foi para ensinar mais sobre Deus. A sabedoria de Deus é multiforme, Deus não gosta de monotonia. Por isso, Querite não poderia revelar tudo a respeito de Deus; no Querite o profeta aprendeu que Deus é provedor, mas havia muitas outras coisas que o profeta precisava aprender sobre o Senhor.

 Conclusão

Quando nosso riacho seca, ficamos indignados: “Como é que Deus foi me esquecer”. No entanto, quando nosso riacho seca, duas coisas são certas: 1) Deus está vivo; 2) Ele sabe o que está fazendo! O profeta Isaias enfatiza o cuidado de Deus sobre nós:

“Sião, porém, disse: O Senhor me abandonou, o Senhor me desamparou. Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você! Veja, eu gravei você nas palmas das minhas mãos” (Is 49.13-16).

Em nosso riacho seco, Deus nos diz: “Voce está escrito nas palmas das minhas mãos. Você está diante de mim o tempo todo”. Ou, haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama...” Infelizmente, muitas mulheres fazem exatamente isso. Bebês são deixados em lixeiras, crianças recém nascidas são abandonadas e, ás vezes, vitimas de abuso, torturadas e mortas. Contudo, Deus não! ELE NUNCA SE ESQUECE DE NÓS, NUNCA... 

Paulo afirma: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou a angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? ...Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos, nem os demônios, nem o presente ou futuro, nem quaisquer poderes, nem altura e nem profundidade...será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Rm 8.35-39).

Pare e agora e dê uma olhada nas palmas de suas mãos. Agora, imagine que elas são as mãos de Deus e que você está bem ali. A Biblia Viva registra Isaias 49.16 da seguinte forma: “O nome de Israel está gravado em minhas mãos”. 


 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

 Elias, o Tisbita – 1 Rs 17.1

Introdução

Voce já ouviu falar de um lugar chamado “Tisbé”? Pois é, o texto diz: “Ora, Elias de Tisbe, em Gileade...” (1 Rs 17.1). Tisbé era o fim do mundo, onde Judas perdeu as botas! Se você achou que a nossa cidade – Posto da Mata – era o fim do mundo, mas, pelo menos dá pra localizá-la no mapa ou no vídeo do google. E Tisbé? Nem nos mapas geográficos desse período a gente acha, somente Gileade. Um comentarista afirma: “O termo tesbita se refere a um nativo de certa cidade de nome Tisbé, ou algo similar... a localização dessa cidade é desconhecida. 

1)     O mundo que Deus vê

Por 120 anos, os israelitas tinham vivido sob o reinado de três reis: Saul, Davi e Salomão. Temos algumas percepções sobre eles: Saul, era orgulhoso, arrogante, dono de si, nunca dependera no seu reinado totalmente de Deus e, até mesmo nos últimos dias de sua vida, ao invés de consultar a Deus, consultou uma feiticeira. Davi, “homem segundo o coração de Deus”, no entanto, cometeu adultério com Bate Seba. E, Salomão, filho de Davi, cheia da sabedoria de Deus, mas que no final da sua vida corrompeu com mulheres pagãs desviando o seu coração do Eterno (1 Rs 11.4, ler).

Depois da morte de Salomão, seu filho Roboão, assume o poder, mas preferiu ouvir os jovens do que os anciãos! De tal modo que iniciou uma guerra civil entre as dez tribos -Israel - e o as duas tribos – Judá -; consequentemente causando uma divisão. Roboão era rei de Judá e Jeroboão, rei de Israel. Essa divisão permaneceu até que amos os reinos caíssem diante de invasores estrangeiros, e judeus foram levados ao cativeiro em 722 a.C (Norte) e 586 a.c (Sul). 

De inicio da divisão até o cativeiro de Israel, um período de aproximadamente de 200 anos, o reino do Norte teve 19 monarcas e todos eles foram ímpios. Ou seja, dezenove lideres nacionais, em sucessão, fazendo “o que era mau perante o Senhor”. Por exemplo, o primeiro rei do norte, Jeroboão, fez dois bezerros de ouro em Betel e Dã (1 Rs 12.28-32) para impedir a ida do povo em Jerusalém para adorar o Senhor e colocou sacerdotes que não eram da tribo de Levi. 

 O reino do sul, por outro lado, esteve sob a liderança de 17 reis durante um período de 300 anos. Oito desses reis fizeram “o que era reto perante o Senhor”, mas nove deles foram ímpios que não serviram a Deus nem andaram com ele.

Já haviam se passado 58 anos desde a morte de Salomão. Nada menos de sete reis reinaram durante esse período – todos, sem exceção, tinham sido maus reis: 1) Jeroboão, fez dois bezerros de ouro, um em Betel e outro em Dã; 2) Roboão, filho de Salomão, edificou altares a vários ídolos “...construiram altares idólatras, colunas sagradas e postes sagrados...havia no país até prostitutos cultuais...” (1 Rs 14.23-24). 3) Abias – andou em todos os pecados nos quais tinham andado o seu pai (1 Rs 15.3).

E a lista continua: 4) Baasa – seguiu orientação religiosa dado por Jeroboão: “Fez o que o Senhor reprova, andando nos caminhos de Jeroboão e nos pecados que ele tinha levado Israel cometer” (1 Rs 15.34). 5) Elá – era beberrão – costumava promover orgias e numa delas foi assassinado (1 Rs 16.9). 6) Nababe – seguiu o caminho de pecado e idolatria dos outros reis. E, por fim, Acabe e Jezabel: O Texto diz: “Acabe, filho de Onri, fez o que o Senhor reprova, mais do que qualquer outro antes dele.... mas também se casou com Jezabel, rei dos sidônios, e passou a prestar culto a Baal e a adorá-lo” (1 Rs 16.30-31).  

Este evento nos dá uma pista da importância dessa mulher na história de Israel, pois em nenhum outro evento antes desse tempo temos a menção do nome das esposas dos reis. Agora, temos o nome do rei, que é comum, mas também, o nome da esposa, Jezabel. Por quê?

Primeiro, ela era o parceiro dominante no casamento. Quem realmente mandava no reino era Jezabel. O governo do rei era, no sentido mais real, um governo de saias, ou “cajado rosa”. Segundo ela foi a missionária, ou precursora da adoração a Baal, aliás, que era o deus da fertilidade, da chuva, que controlava as estações do ano. O pai de Jezabel era Etbaal, era de rei de Sidom. 

2)     O homem que Deus chama

A primeira coisa que exige nossa atenção é o nome de Elias. A palavra hebraica para Deus é El e Elohim, etc. Assim, o nome de Elias significa “O Senhor é o meu Deus”, ou “Jeová é Deus”.

A segunda coisa era que Elias era de Tisbé, cidade que ficava em Gileade, isto é, ao lado leste do Rio Jordão. Era um local solitário, com lindas paisagens, um ambiente rural, onde seus habitantes provavelmente eram rudes, queimados do sol e fortes. Nunca foi um lugar de educação, sofisticação e diplomacia. E muitos acham que a aparência de Elias tinha tudo haver com a sua terra natal: “Era um homem que usava vestes de pelos e tinha um cinto de couro...” (2 Rs 1.8). 


Os hábitos do profeta Elias beiravam o grosseiro e o áspero, o violento e o severo, os profetas são sempre assim. O que dizer de Amós boiadeiro e catador de sicômoros? O que dizer do esquisitão profeta Ezequiel? O que dizer de João Batista? E o que mais....De John Kinox, de Martinho Lutero, João Calvino, D.L Mody, etc

De uma hora para outra, o profeta Elias está diante do Rei Acabe. Sem um momento de hesitação, aparentemente sem medo ou relutância. Ele não segue protocolo, não se apresenta ou faz qualquer deferência à presença real. Ele não tem nenhuma sofisticação, educação ou treinamento, nem segue os modos da corte. Simplesmente se apresenta diante do Rei Acabe com uma palavra de Deus...

Ele chega e diz: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra”, ou “Assim como vive o Senhor o Eterno, o Deus de Israel, a quem sirvo, nos próximos anos haverá uma severa seca no país. Não cairá uma gota de orvalho ou uma gota de chuva enquanto eu não ordenar” (A mensagem).

Primeiro ele diz: “Tão certo como vive o Senhor”, diante de um tempo de idolatria, de abandono, ele fala que o Senhor vive; Segundo, “perante cuja face estou”, “face é a presença do Senhor”, um homem de Deus anda com Deus, ouve Deus falar, sente sua presença; Terceiro, “nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha Palavra”. Era de fato uma palavra de julgamento. Há dois tipos de pregação do evangelho: enfatizar o amor de Deus e julgamento de Deus. 

Elias se colocou na brecha: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei” (Ez 22.30). Deus está buscando, como buscou no passado: Abraão, Isaias, Jacó, Paulo, Timóteo, etc

Nosso Senhor está procurando pessoas que façam diferença. Ousamos não sumir contra a cor do fundo ou nos misturar com o cenário neutro desse mundo. Às Vezes é preciso procurar por muito tempo e com bastante cuidado para encontrar alguém que tenha coragem de se levantar em nome de Deus.

Conclusão:

Deus busca pessoas especiais em tempos difíceis. Deus não encontra no palácio ou na corte. Quando Jesus se referiu a João Batista ele disse: “Que tipo de homem vocês foram ver no deserto? Um caniço que qualquer brisa agita? Um homem vestido com roupas caras? Não, quem vestes roupas caras mora em palácios. Acaso procuravam um profeta? Sim, ele é mais que um profeta”. (Mt 11.7-8-9). Mas, Deus encontrou Elias em Tisbé. Tinha que ser corajoso para dizer “Tão certo como vive o Senhor”. 


 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

 A onipresença de Deus – Sl 139 

Durante algumas semanas vislumbramos alguns atributos de Deus. Iniciamos falando sobre o Deus trino, um Deus único mas que se manifesta em três pessoas: Pai, Filho e Espírito. Depois conhecemos um pouco mais de Deus nas manifestações dos seus nomes no decorrer da história bíblica, como Elohim o Deus criador e YHWH, o Deus pessoal. Em seguida, miramos nossos olhos para sua beleza, sua santidade, que adorna todos os seus atributos, pois Ele é “Santo, Santo, Santo”. E, depois, na experiencia aterradora do profeta Isaias diante da santidade de Deus “...Eu vi o Senhor assentado no trono...”(Is 6).

Em seguida, vimos a majestade de Deus, sua grandeza, sobre toda criação: mares, continentes, ilhas, nações, estrelas, lideres humanos, etc. E, vimos também a “ira de Deus”, e suas manifestações no decorrer da história humana. Depois da ira, recebemos uma chuva “da graça de Deus”, a graça que salva o mais vil pecador, a graça que antes de Deus dizer haja luz, disse “haja cruz”. Por fim, vimos sua bondade para conosco, em todos os momentos, em todas as circunstancias da vida, da criação, da natureza, em tudo, Deus é bom, e o tempo Ele é bom. Hoje, vamos ponderar sobre sua onipresença, sua presença continua, que enche todos os espaços do mundo.

1)     O que é onipresença?

Onipresença significa que Deus é “todo presente”. Ele está próximo, ou, “próximo a, perto de, neste lugar”, isto é, todo lugar. Ele está junto a tudo e a todos. Aqui e onde quer que você esteja. Se você pergunta: “Ó Deus, onde estás?” Então ele reponde: “Estou onde você está; aqui; junto a você; estou próximo a todos os lugares”. ~

Se houvesse fronteiras capazes de conter Deus, se existisse algum lugar em que ele não estivesse, esse lugar marcaria os confins, ou os limites de Deus. E, se tivesse limites, ele não poderia ser o Deus infinito. Por ser infinito, não há como medir Deus em sentido algum. Sendo infinito, enche tudo, todavia, não está contido no tudo, assim como o vinho e a água podem ser contidos no frasco.

 Ele está desde as alturas do céu até o fundo das profundezas, em cada ponto do mundo e ao redor do mundo, mas não está limitado por ele, e sim, além dele. Portanto, o céu e a terra estão submersos nele, bem como todo o espaço: “...o céu dos céus não o pode conter...” (2 Cro 2.6). Deus, portanto, é incomensurável em ser, não pode contê-lo.

Como humanos, pensamos em termos geográficos ou astronômicos; em anos luz, metros, polegadas, quilômetros (mil km, dois mil km), hectares de terra ou léguas. Pensamos em Deus como alguém que habita o espaço, o que não acontece. Em vez disso, ele contém o espaço, de modo que o espaço está em Deus. As escrituras dizem: “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura também lá estás” (Sl 139.7-8). Onde houver qualquer coisa, até no inferno – a presença de Deus tem de existir. 

2)     Alienação

Jesus morreu na cruz, ressuscitou ao terceiro dia e está assentado à direita de Deus, e disse: “...estarei sempre com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Porque ele é Deus, e Deus, sendo Espírito, pode estar em toda parte ao mesmo tempo. Contudo, estamos longe da presença de Deus. Como assim! Você não afirmou que Deus está em todo lugar? Sim, mas moralmente estamos separados de Deus. “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus...” (Is 59.2). 

Não existe lugar a que você possa ir e não encontrar o Senhor. O Salmista diz: “Mesmo que eu diga as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz” (Sl 139.11-12). Portanto, não existe lugar a que possamos ir, porque “Senhor tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longes percebe os meus pensamentos” (Sl 139.2).

Coloquemos duas criaturas na mesma sala. Se fosse possível colocar um macaco e um anjo na mesma sala, não haveria nenhuma compatibilidade, nenhuma amizade, comunhão, acordo, conversa; ali só existiria distância. O anjo reluzente e o macaco a salivar e a produzir sons ininteligíveis estariam muito mais longe um do outro.

Da mesma forma, Deus e o homem, por causa do pecado, são diferentes. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, mas o homem pecou e se tornou diferente de Deus em sua natureza moral. E, por ser diferente, a comunhão está interrompida. A Bíblia chama de incompatibilidade entre Deus e o homem. Enquanto Deus é “Santo, Santo e Santo” o homem é pecador “Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). 

No livro de Efésios Paulo expõe a alienação do mundo em três prisões: pecado, o mundo, o diabo. “Vocês estão mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espirito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, segundo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira” (Ef 2.1-3).

E no capitulo 4 de Efésios, Paulo mostra como vivem os alienados: “Eu lhes digo com a autoridade do Senhor: não vivam mais como os gentios, levados por pensamentos vazios e inúteis. A mente deles está mergulhada na escuridão. Andam sem rumo, alienados dá vida que Deus dá, pois são ignorantes e endurecem o coração para ele. Tornaram-se insensíveis, vivem em função dos prazeres sensuais e praticam avidamente toda espécie de impureza” (Ef 4.17-19).

Adão, depois de pecar, fugiu e se escondeu da presença de Deus (Gn 3.8). Agora, será que tem como fugir de um Deus Onipresente? Então, por que Deus perguntou: “Onde está você?” (Gn 3.9). Deus sabia onde Adão estava, contudo era Adão que não sabia onde estava! Deus conhecia o paradeiro de Adão e Eva, mas o próprio Adão já não era mais o mesmo, se perdera. E Jonas que recusou a obedecer rebelando-se, alienando o próprio coração, tomou um navio para fugir da presença de Deus. 

As pessoas inventam toda sorte de diversão por não conseguirem conviver consigo mesmas sabendo que estão alienados de Deus. São incapazes de viver sabendo que há um disparate moral a lhes manter o senso de infinito distanciamento entre a própria alma e o deus que é a sua vida e luz. Então, enchem a cara com bebida, com trabalho, com prostituição, com jogos, viagens, shows, alucinógenos, etc...

3)     Esperança

Não houvesse no inferno fogo algum “...o verme nunca morre, e o fogo não se apaga” (Mc 9.48), ele já bastaria como inferno porque as criaturas morais estão separadas para sempre do brilho da face de Deus. E se não houvesse ruas de ouro, nem muro de jaspe, nem anjos, nem harpas, nem seres viventes, nem anciãos, ou mar de vidro, o céu bastaria como céu, pois contemplamos a face do Senhor, e seu nome figurará na nossa fronte. “Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas...eles não precisarão de luz de candeia, nem da luz do Sol, pois o Senhor Deus os iluminará” (Ap 22.4-5)

Deus enviou o seu Filho ao mundo (Jo 3.16), ele se encarnou, era tanto Deus como homem, aliás, cem por cento Deus e cem por cento homem, mas sem pecado. A fim de poder, com a sua morte, tirar o homem da alienação de Deus. Pedro ao abordar o assunto, afirma que Deus nos deixou as promessas do evangelho: “...para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4). 


O que isso significa? Que, quando o pecador volta ao lar, arrependido e crendo em Cristo para salvação, Deus implanta parte da própria natureza no coração desse antigo pecador. O novo nascimento, portanto, não é uma adesão a uma igreja, não é ser batizado, não abandonar este ou aquele hábito, embore todo mundo acabe abandonando os maus hábitos. O novo nascimento é uma implantação da vida divina no coração humano.

Conclusão:

Se o grande Deus Todo-Poderoso depositasse a gloriosa natureza celestial do anjo no macaco, de um salto o animal se poria de pé, apertaria a mão do anjo e o chamaria pelo seu nome. Mas, enquanto tiver a natureza de macaco e o outro, de anjo, não poderá haver nada entre eles... 


  

terça-feira, 9 de agosto de 2022

 Deus é bom o tempo todo Sl 23 

Introdução

Qual é o tamanho do nosso Deus? A imagem que temos de Deus vai dizer qual é o seu tamanho. A igreja sempre foi forte ou fraca, dependendo da sua concepção de Deus. Infelizmente, não enxergamos Deus como ele é. O Salmista diz: “Ó magnifiquem o Senhor comigo” (Sl 34.3). “Magnificar” pode significar duas coisas: “deixar maior do que é” ou “enxergar a grandiosidade que algo tem”. Portanto, quando o Salmista convida “Magnifiquem o Senhor”, está nos incentivando a tentar enxergar algo próximo da grandiosidade que ele tem.

1)     Deus é bom ...

Quem é Deus? Deus é bondoso, gracioso, benigno e benevolente. Deus é tudo isso infinitamente. Por que afirmo tal coisa? Porque a infinitude é um atributo divino. Para Deus é impossível ser qualquer coisa e não ser infinitamente o que ele é....O sol é possível brilhar, mas não infinitamente, porque ele não contém toda a luz que existe. A montanha é possível ser grande, mas não infinitamente grande. Um anjo pode ser bom, mas não infinitamente bom...só Deus reivindica para si a infinitude.

Deus é essencialmente bom; não apenas bom, mas é a própria bondade; na criatura, a bondade é uma qualidade acrescentada; em Deus, é a sua essência. Ele é infinitamente bom; na criatura a bondade é uma gota, mas em Deus há um oceano infinito ou um infinito ajuntamento de bondade. “Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe  dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem” (Mt 7.10-11). 

Quando digo que Deus é bom, quero dizer que ele tem um coração cuja bondade é infinita e para a qual não existem limites. Outrossim, em Deus “em Deus não mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17). O Deus que foi, ele é. O que Deus é e era, ele será. Os querubins cantam dia e noite sem cessar: “Santo, santo é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir” (Ap. 4.8). Jamais haverá alguma alteração em seu ser.

 2)     O tempo todo é bom

A bondade de Deus é manifestada na criação. Tome a mais elevada criatura de Deus – o homem – mais visível se torna a bondade de Deus. Deus por sua bondade nos criou. Por isso tem abundantes motivos para dizer com o Salmista: “Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso foi formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl 139.14). Um ateu americano comunista, estava sentado na mesa da cozinha alimentando sua criança de poucos meses. Ele observava, aquela pessoa em miniatura que exigia tanta atenção, até que, começou a prestar atenção no formato da orelha, tão singularmente e perfeitamente designada para cumprir sua missão de detectar e conduzir ondas sonoras. A partir desta observação, deixou de ser ateu e tornou-se cristão. 

A bondade do Senhor, determina o sono restaurar o corpo cansado! “Eu me deito e durmo, e torno a acordar, porque é o Senhor que me sustém” (Sl 3.5). “...suas misericórdias são inesgotáveis, renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lm 3.22-23). Que bondosa a sua provisão, dar aos olhos cílios e sobrancelhas para protege-los.

A bondade de Deus é manifestada nas criaturas. “Os olhos de todos estão voltados para ti, e tu lhes dá o alimento no devido tempo. Abres a tua mão e satisfazes os desejos de todos os seres vivos” (Sl 145.15-16). Sejam as aves do céu, os animais das matas ou os peixes do mar, foi feita abundante provisão para suprir todas as suas necessidades. “Observem as aves dos céus: não semeiam e nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta...” (Mt 6.26). Deus “dá alimento a toda carne, porque a sua benignidade dura para sempre” (Sl 136.25). Realmente “a terra está cheia da bondade do Senhor” (Sl 33.5).

A bondade de Deus é manifestada na variedade de prazeres naturais que ele providenciou para suas criaturas. Deus poderia ter se satisfeito em saciar nossa fome sem que os alimentos fossem agradáveis ao paladar, mas revestiu os diferentes tipos de carne, vegetais e frutas; com seus aromas, cheiros e gostos alternados. A maciez da maçã e seu gosto diferenciado; o cheiro do café impregnando todo o ambiente, etc. 

 A bondade de Deus é manifestada nas variedades das lindas flores com suas cores e folhagens que encantam o nosso mundo e o nosso olfato e com seus doces perfumes. Imagine o mundo sem as rosas e temos mais de 100 espécie de rosas espalhadas pelo mundo. Ou a Cala ou lily (copo de leite) usada muito em casamentos; a formosa Pluméria, o magnifico girassol, o Crisântemo ou flor de ouro,  e o que falar das lindas orquídeas, as hortênsias, as tulipas...etc.  E, mais, imagine o nosso mundo sem os pássaros com suas diversidades e seus cantos todas as manhãs...isso é bondade de Deus impregnada no mundo. 

A bondade de Deus  é manifestada na vinda do Filho de Deus, Jesus Cristo. Seu ministério terreno curando, salvando, abrindo os olhos dos cegos, fazendo paralitico andar e ressuscitando mortos e trazendo-os a vida. A bondade é manifestada em sua morte por nós, em nosso lugar. E em sua ressurreição, nos dando a esperança da vida eterna. Não somente isso, mas sermos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo Jesus, nosso Senhor.

A bondade é manifestada quando Deus responde nossas orações. Embora não somos merecedores, somos pecadores, Deus responde nossas orações por ser bom. Quantas orações que fizemos a Deus foram respondidas! Quantas angustias enfrentamos e Deus sempre esteve presente. Isso tudo é por causa da sua bondade, de sua benignidade, de sua afável benevolência, ele age assim, ele é assim! Eis a fonte de tudo. 

3)     A bondade e a severidade de Deus

Contudo, não nos deixemos afogar em tanto sentimentalismo. Deus não é apenas bom. Também é severo. Romano fala da severidade de Deus: “Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22). O texto afirma que, porque Israel se afastou dele, Deus foi severo com a nação e cortou-a temporariamente da boa oliveira, enxertando os gentios em seu lugar. Considere, então, a bondade e a severidade de Deus. E nos exorta: “Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para com você, desde que permaneça na bondade dele. De outra forma, você também será cortado” (Rm 11.22).

Deus é bom para com todos que aceitam a sua bondade. Para os que a rejeitam, não há nada que o Todo Poderoso possa fazer, pois concedeu ao homem o direito de escolha. “Hoje lhes dei a escolha entre a vida e a morte, entre bênçãos e maldições...” (Dt 30.19).

Mas, quanto aqueles que se submetem a sua bondade desfrutam da presença do Filho de Deus em nós e essa presença é manifestada pela simpatia e empatia. A palavra simpatia vem de dois termos: “pathos” que significa “sentir ou sofrer com frequência” e “sim” quer dizer “junto”, como a sinfonia. Portanto, simpatia é Deus sentindo e sofrendo conosco. A empatia, é a capacidade de se projetar em outra pessoa e sentir o que ela sente.

Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus e fazer propiciação pelos pecados do povo. Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados” (Hb 2.17-18).

Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4.15-16).

São passagens repletas de empatia. Não só o Senhor se compadece de nós em nossa miséria, como também é capaz de se projetar em nós, para saber como nos sentimos e poder senti-lo conosco.

Conclusão: ousadia

Toda bondade de Deus e com o sacrifício de seu filho por nós, nos transporta para uma vida de oração. E o Lutero era o exemplo maior de ousadia na oração na história da igreja. Quando iniciava sua oração, orava com tamanha abnegação, tamanha humildade, tamanho sentimento de penitencia (arrependimento), que as pessoas ficavam com dó dele. Mas, a medida que ele prosseguia, sua oração ganhava contornos de tamanha ousadia que seus ouvintes acabavam temendo por ele. 


terça-feira, 2 de agosto de 2022

 A graça de Deus Lc 15.11-23 

Introdução

Quando somos confrontados com a justiça de Deus (ou a ira de Deus), somos sentenciados a morte “Pois o salário do pecado é a morte...”(Rm 6.23). Ou seja, a desaprovação de Deus chega ao ponto da condenação, separação eterna de Deus. Deus tem de se opor ao homem, pois o homem se apresenta acompanhado de seu pecado. Ainda assim, a bondade divina anseia por derramar benção até sobre quem não a merece. Essa benção é a graça.

1)     A lei e a graça

Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo”(Jo 1.17). Criamos a impressão, quando lemos esse versículo, que Moisés só conhecia a lei, e Cristo, apenas a graça. Agora, pensar que, pelo fato de a lei ter sido dada por seu intermédio, Moisés desconhecia por completo a graça é interpretar errado o versículo Genesis 6.8: “...Noé achou graça diante do Senhor”. Ou seja, antes da lei de Moisés. 

Depois que a lei foi dada aos homens, depois de Moisés passar 40 dias e 40 noites em cima do Monte (Ex 19), de Deus estender a mão no meio do fogo e da tempestade e com o dedo gravar os dez mandamentos nas tabuas de pedra, está escrito: “...achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome” (Ex 33.17). Deus não lidou com Moisés baseado na lei, mas na graça. Moisés diz: “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faça saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos” (Ex 33.13).

Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8). A graça não flui e reflui como a maré, não chega como um temporal. Deus tem sempre de agir como ele mesmo. Antes e depois do diluvio, quando a lei foi dada aos homens e depois que isso aconteceu. Graça é um atributo divino, ou seja, algo que Deus é. NÃO HÁ MAIOR MEDIDA DELA DO QUE JAMAIS HOUVE, COMO NUNCA HAVERÁ MAIS GRAÇA DO QUE EXISTE HOJE.

2)     A graça que traz a salvação

Ninguém foi salvo no passado, ninguém é salvo hoje e ninguém jamais será salvo, a não ser pela graça. Antes de Moisés, ninguém nunca foi salvo, a não ser pela graça. Depois de Moisés e antes da cruz, depois da cruz e desde que aconteceu a cruz, durante toda essa dispensação, durante qualquer dispensação, em qualquer lugar, em qualquer tempo, ninguém nunca foi salvo a não ser pela graça. 

A GRAÇA SEMPRE VEM POR JESUS CRISTO. A lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça não chegou no nascimento de Cristo, mas, sim, no velho plano traçado por Deus: “Por que Deus amou o mundo...” Na época em que Adão e Eva não tinham filhos, Deus os poupou pela graça. E, quando já contavam com seus dois meninos (Abel e Caim), um imolou o cordeiro e disse: “Vejo a frente o cordeiro de Deus”.

A GRAÇA NÃO CHEGOU QUANDO CRISTO NASCEU NUMA MANJEDOURA. Nem quando ele foi batizado por João Batista no Rio Jordão e depois ungido pelo Espírito Santo. Ela não chegou quando ele morreu em uma cruz, nem quando ressuscitou dentre os mortos. A graça veio desde os primórdios por meio de Jesus Cristo “...o cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Ap 13.8). Tendo sido manifesta na cruz do calvário em sangue, lágrimas, suor e morte abrasadores...

Todos nós recebemos graça em alguma medida. A mulher mais vil do mundo; o homem mais pecador e sanguinário do mundo. Vejam a história de John Newton, que era traficante de escravos em seu navio negreiro, e numa noite se converteu ao Senhor. Quando alguém varre a casa, parte da poeira que recolhe é preta, parte é cinza, mas tudo é sujeira removida pela vassoura. Deus enxerga algum de moral com coloração cinza, outros com coloração bem escura, mas é tudo sujeira da mesma forma, a ser removida pela graça de Deus. 

3)     A graça é como Deus

Graça é a bondade de Deus, a benignidade do coração divino, sua boa vontade, sua benevolência cordial. Ela é como Deus. Ele é assim o tempo todo. Sempre o encontrará gracioso, em todo o tempo e para com todas as pessoas eternamente. Jamais você se defrontará com qualquer crueldade em Deus, com qualquer ressentimento, ou rancor, ou má vontade, pelo simples fato de inexistirem Nele. “...em quem não poder existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). Acreditamos em inferno, bem como em julgamento, por rejeitarem deliberadamente a mensagem do evangelho. Ainda assim, haverá graça, Deus continuará sendo gracioso...

A graça é infinita. Tentamos medir a infinitude por nós mesmos, não por Deus. Ele nunca mede a si mesmo tendo por modelo qualquer outra coisa em si mesmo. Ou seja, Deus não mede sua graça comparando com a sua justiça, ou misericórdia em comparação com o seu amor. Deus é todo um.

Mas, ele mensura a sua graça tendo por parâmetro o nosso pecado. “...a graça de Deus... transbordou ainda mais para muitos” (Rm 5.15). Ou, “...onde aumentou o pecado transbordou (superabundou) a graça” (Rm 5.20). Ele diz “transbordou”, mas Deus não tem medida, O homem, sim. Então, quando diz: “transbordou a graça” não significa que a graça transborda muito mais que qualquer outra coisa em Deus, mas, sim, em nós. Não importa quanto pecado um homem cometeu, a graça transborda na vida desse homem em sentido literal e verdadeiro.

Portanto, a graça de Deus não é limitada. Se só tivesse uma quantidade limitada, ele não seria Deus. Não deveríamos usar a palavra “quantidade” porque significa “uma medida” e não se pode medir Deus em sentido algum. Medidas, aliás, dizem respeito aos seres humanos, e as coisas criadas. Por exemplo, a lua está a 384 mil quilômetros de distancia da terra. Deus, por sua vez, nunca dá explicação para ninguém do que é...

4)     A graça e a cruz

Então, se desejamos conhecer essa graça infinita, temos que nos colocar à sombra da cruz. Precisamos estar onde Deus libera graça. A graça fluiu do seu lado ferido. A graça que fluiu da cruz salvou Abel – a mesma graça que salva você hoje. “...Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6). Pedro afirmou: “...debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Paulo diz em sua carta: “...a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” ( 1 Co 1.18). 

A lei pode ser dada aos homens por Moisés, e só a lei podia vir por intermédio de Moisés. Mas, a graça, veio por meio de Jesus Cristo, desde o principio: “No principio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo 1.1). Porque não havia mais ninguém que sendo Deus, fosse capaz de morrer. Ninguém mais podia se revestir da carne e ainda ser o Deus infinito. “E o verbo se encarnou e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e vimos a sua gloria, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).

E, Paulo, vai mais longe: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2.6-8). Não poderia ser apenas divino, pois tinha de ser também homem. Se fosse somente humano, não poderia salvar; então, humano e divino. Um feito histórico, praticada uma única vez: “Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitas pessoas"(Hb 9.28).

Conclusão

A Bíblia conta a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-14). Um jovem ingrato, pródigo, inconsequente, pediu sua parte na herança de seu pai. Então, ele vai para uma terra distante e gasta tudo, irresponsavelmente. Quando lhe falta, vai apascentar porcos, queria mesmo alimentar-se da lavagem dos porcos. Mas, de algum modo ele sobreviveu. Até que “caiu em si” (Lc 15.17).

Até então, agira fora de si, mas agora caiu em si. O jovem pensa na casa do pai, certo de que ele não mudara “Quantos trabalhadores do meu Pai tem pão com fartura, e eu aqui morro de fome” (Lc 15.17). O filho prodigo não é um apostata ou um pecador. Mas é um retrato da raça humana, do homem sem Deus. Os homens saíram para os chiqueiros dos porcos em Adão e retornaram em Cristo, seu Filho.

O Pai não muda. Apesar dos insultos, das injustiças, dos nossos pecados, da vergonha de ser abandonado e trocado pelo mundo vil. E, quando volta, descobre que o Pai não mudou, continua sendo o mesmo Pai que era quando foi embora.... 

Quando ele voltou, o Pai, correu e envolveu-o nos braços, acolheu-o, vestiu-o e pos anel em seu dedo e disse: “...este meu filho estava morto e voltou à vida...” Lc 15.24).