terça-feira, 2 de agosto de 2022

 A graça de Deus Lc 15.11-23 

Introdução

Quando somos confrontados com a justiça de Deus (ou a ira de Deus), somos sentenciados a morte “Pois o salário do pecado é a morte...”(Rm 6.23). Ou seja, a desaprovação de Deus chega ao ponto da condenação, separação eterna de Deus. Deus tem de se opor ao homem, pois o homem se apresenta acompanhado de seu pecado. Ainda assim, a bondade divina anseia por derramar benção até sobre quem não a merece. Essa benção é a graça.

1)     A lei e a graça

Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo”(Jo 1.17). Criamos a impressão, quando lemos esse versículo, que Moisés só conhecia a lei, e Cristo, apenas a graça. Agora, pensar que, pelo fato de a lei ter sido dada por seu intermédio, Moisés desconhecia por completo a graça é interpretar errado o versículo Genesis 6.8: “...Noé achou graça diante do Senhor”. Ou seja, antes da lei de Moisés. 

Depois que a lei foi dada aos homens, depois de Moisés passar 40 dias e 40 noites em cima do Monte (Ex 19), de Deus estender a mão no meio do fogo e da tempestade e com o dedo gravar os dez mandamentos nas tabuas de pedra, está escrito: “...achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome” (Ex 33.17). Deus não lidou com Moisés baseado na lei, mas na graça. Moisés diz: “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faça saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos” (Ex 33.13).

Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8). A graça não flui e reflui como a maré, não chega como um temporal. Deus tem sempre de agir como ele mesmo. Antes e depois do diluvio, quando a lei foi dada aos homens e depois que isso aconteceu. Graça é um atributo divino, ou seja, algo que Deus é. NÃO HÁ MAIOR MEDIDA DELA DO QUE JAMAIS HOUVE, COMO NUNCA HAVERÁ MAIS GRAÇA DO QUE EXISTE HOJE.

2)     A graça que traz a salvação

Ninguém foi salvo no passado, ninguém é salvo hoje e ninguém jamais será salvo, a não ser pela graça. Antes de Moisés, ninguém nunca foi salvo, a não ser pela graça. Depois de Moisés e antes da cruz, depois da cruz e desde que aconteceu a cruz, durante toda essa dispensação, durante qualquer dispensação, em qualquer lugar, em qualquer tempo, ninguém nunca foi salvo a não ser pela graça. 

A GRAÇA SEMPRE VEM POR JESUS CRISTO. A lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça não chegou no nascimento de Cristo, mas, sim, no velho plano traçado por Deus: “Por que Deus amou o mundo...” Na época em que Adão e Eva não tinham filhos, Deus os poupou pela graça. E, quando já contavam com seus dois meninos (Abel e Caim), um imolou o cordeiro e disse: “Vejo a frente o cordeiro de Deus”.

A GRAÇA NÃO CHEGOU QUANDO CRISTO NASCEU NUMA MANJEDOURA. Nem quando ele foi batizado por João Batista no Rio Jordão e depois ungido pelo Espírito Santo. Ela não chegou quando ele morreu em uma cruz, nem quando ressuscitou dentre os mortos. A graça veio desde os primórdios por meio de Jesus Cristo “...o cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Ap 13.8). Tendo sido manifesta na cruz do calvário em sangue, lágrimas, suor e morte abrasadores...

Todos nós recebemos graça em alguma medida. A mulher mais vil do mundo; o homem mais pecador e sanguinário do mundo. Vejam a história de John Newton, que era traficante de escravos em seu navio negreiro, e numa noite se converteu ao Senhor. Quando alguém varre a casa, parte da poeira que recolhe é preta, parte é cinza, mas tudo é sujeira removida pela vassoura. Deus enxerga algum de moral com coloração cinza, outros com coloração bem escura, mas é tudo sujeira da mesma forma, a ser removida pela graça de Deus. 

3)     A graça é como Deus

Graça é a bondade de Deus, a benignidade do coração divino, sua boa vontade, sua benevolência cordial. Ela é como Deus. Ele é assim o tempo todo. Sempre o encontrará gracioso, em todo o tempo e para com todas as pessoas eternamente. Jamais você se defrontará com qualquer crueldade em Deus, com qualquer ressentimento, ou rancor, ou má vontade, pelo simples fato de inexistirem Nele. “...em quem não poder existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). Acreditamos em inferno, bem como em julgamento, por rejeitarem deliberadamente a mensagem do evangelho. Ainda assim, haverá graça, Deus continuará sendo gracioso...

A graça é infinita. Tentamos medir a infinitude por nós mesmos, não por Deus. Ele nunca mede a si mesmo tendo por modelo qualquer outra coisa em si mesmo. Ou seja, Deus não mede sua graça comparando com a sua justiça, ou misericórdia em comparação com o seu amor. Deus é todo um.

Mas, ele mensura a sua graça tendo por parâmetro o nosso pecado. “...a graça de Deus... transbordou ainda mais para muitos” (Rm 5.15). Ou, “...onde aumentou o pecado transbordou (superabundou) a graça” (Rm 5.20). Ele diz “transbordou”, mas Deus não tem medida, O homem, sim. Então, quando diz: “transbordou a graça” não significa que a graça transborda muito mais que qualquer outra coisa em Deus, mas, sim, em nós. Não importa quanto pecado um homem cometeu, a graça transborda na vida desse homem em sentido literal e verdadeiro.

Portanto, a graça de Deus não é limitada. Se só tivesse uma quantidade limitada, ele não seria Deus. Não deveríamos usar a palavra “quantidade” porque significa “uma medida” e não se pode medir Deus em sentido algum. Medidas, aliás, dizem respeito aos seres humanos, e as coisas criadas. Por exemplo, a lua está a 384 mil quilômetros de distancia da terra. Deus, por sua vez, nunca dá explicação para ninguém do que é...

4)     A graça e a cruz

Então, se desejamos conhecer essa graça infinita, temos que nos colocar à sombra da cruz. Precisamos estar onde Deus libera graça. A graça fluiu do seu lado ferido. A graça que fluiu da cruz salvou Abel – a mesma graça que salva você hoje. “...Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6). Pedro afirmou: “...debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Paulo diz em sua carta: “...a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” ( 1 Co 1.18). 

A lei pode ser dada aos homens por Moisés, e só a lei podia vir por intermédio de Moisés. Mas, a graça, veio por meio de Jesus Cristo, desde o principio: “No principio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo 1.1). Porque não havia mais ninguém que sendo Deus, fosse capaz de morrer. Ninguém mais podia se revestir da carne e ainda ser o Deus infinito. “E o verbo se encarnou e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e vimos a sua gloria, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).

E, Paulo, vai mais longe: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem...a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2.6-8). Não poderia ser apenas divino, pois tinha de ser também homem. Se fosse somente humano, não poderia salvar; então, humano e divino. Um feito histórico, praticada uma única vez: “Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitas pessoas"(Hb 9.28).

Conclusão

A Bíblia conta a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-14). Um jovem ingrato, pródigo, inconsequente, pediu sua parte na herança de seu pai. Então, ele vai para uma terra distante e gasta tudo, irresponsavelmente. Quando lhe falta, vai apascentar porcos, queria mesmo alimentar-se da lavagem dos porcos. Mas, de algum modo ele sobreviveu. Até que “caiu em si” (Lc 15.17).

Até então, agira fora de si, mas agora caiu em si. O jovem pensa na casa do pai, certo de que ele não mudara “Quantos trabalhadores do meu Pai tem pão com fartura, e eu aqui morro de fome” (Lc 15.17). O filho prodigo não é um apostata ou um pecador. Mas é um retrato da raça humana, do homem sem Deus. Os homens saíram para os chiqueiros dos porcos em Adão e retornaram em Cristo, seu Filho.

O Pai não muda. Apesar dos insultos, das injustiças, dos nossos pecados, da vergonha de ser abandonado e trocado pelo mundo vil. E, quando volta, descobre que o Pai não mudou, continua sendo o mesmo Pai que era quando foi embora.... 

Quando ele voltou, o Pai, correu e envolveu-o nos braços, acolheu-o, vestiu-o e pos anel em seu dedo e disse: “...este meu filho estava morto e voltou à vida...” Lc 15.24).

     

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