A graça de Deus Lc 15.11-23
Introdução
Quando somos confrontados com a justiça de Deus (ou a ira de
Deus), somos sentenciados a morte “Pois
o salário do pecado é a morte...”(Rm 6.23). Ou seja, a desaprovação de Deus
chega ao ponto da condenação, separação eterna de Deus. Deus tem de se opor ao
homem, pois o homem se apresenta acompanhado de seu pecado. Ainda assim, a bondade
divina anseia por derramar benção até sobre quem não a merece. Essa benção é a
graça.
1)
A
lei e a graça
“Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo”(Jo 1.17). Criamos a impressão, quando lemos esse versículo, que Moisés só conhecia a lei, e Cristo, apenas a graça. Agora, pensar que, pelo fato de a lei ter sido dada por seu intermédio, Moisés desconhecia por completo a graça é interpretar errado o versículo Genesis 6.8: “...Noé achou graça diante do Senhor”. Ou seja, antes da lei de Moisés.
Depois que a lei foi dada aos homens, depois de Moisés passar
40 dias e 40 noites em cima do Monte (Ex 19), de Deus estender a mão no meio do
fogo e da tempestade e com o dedo gravar os dez mandamentos nas tabuas de
pedra, está escrito: “...achaste graça
aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome” (Ex 33.17). Deus não lidou
com Moisés baseado na lei, mas na graça. Moisés diz: “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faça saber
neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos”
(Ex 33.13).
“Deus é o mesmo ontem,
hoje e eternamente” (Hb 13.8). A graça não flui e reflui como a maré, não chega
como um temporal. Deus tem sempre de agir como ele mesmo. Antes e depois do
diluvio, quando a lei foi dada aos homens e depois que isso aconteceu. Graça é
um atributo divino, ou seja, algo que Deus é. NÃO HÁ MAIOR MEDIDA DELA DO QUE
JAMAIS HOUVE, COMO NUNCA HAVERÁ MAIS GRAÇA DO QUE EXISTE HOJE.
2)
A
graça que traz a salvação
Ninguém foi salvo no passado, ninguém é salvo hoje e ninguém jamais será salvo, a não ser pela graça. Antes de Moisés, ninguém nunca foi salvo, a não ser pela graça. Depois de Moisés e antes da cruz, depois da cruz e desde que aconteceu a cruz, durante toda essa dispensação, durante qualquer dispensação, em qualquer lugar, em qualquer tempo, ninguém nunca foi salvo a não ser pela graça.
A GRAÇA SEMPRE VEM POR JESUS CRISTO. A lei foi dada por meio
de Moisés, mas a graça não chegou no nascimento de Cristo, mas, sim, no velho
plano traçado por Deus: “Por que Deus amou o mundo...” Na época em que Adão e
Eva não tinham filhos, Deus os poupou pela graça. E, quando já contavam com
seus dois meninos (Abel e Caim), um imolou o cordeiro e disse: “Vejo a frente o
cordeiro de Deus”.
A GRAÇA NÃO CHEGOU QUANDO CRISTO NASCEU NUMA MANJEDOURA. Nem
quando ele foi batizado por João Batista no Rio Jordão e depois ungido pelo
Espírito Santo. Ela não chegou quando ele morreu em uma cruz, nem quando
ressuscitou dentre os mortos. A graça veio desde os primórdios por meio de
Jesus Cristo “...o cordeiro que foi morto
desde a criação do mundo” (Ap 13.8). Tendo sido manifesta na cruz do
calvário em sangue, lágrimas, suor e morte abrasadores...
Todos nós recebemos graça em alguma medida. A mulher mais vil do mundo; o homem mais pecador e sanguinário do mundo. Vejam a história de John Newton, que era traficante de escravos em seu navio negreiro, e numa noite se converteu ao Senhor. Quando alguém varre a casa, parte da poeira que recolhe é preta, parte é cinza, mas tudo é sujeira removida pela vassoura. Deus enxerga algum de moral com coloração cinza, outros com coloração bem escura, mas é tudo sujeira da mesma forma, a ser removida pela graça de Deus.
3)
A
graça é como Deus
Graça é a bondade de Deus, a benignidade do coração divino,
sua boa vontade, sua benevolência cordial. Ela é como Deus. Ele é assim o tempo
todo. Sempre o encontrará gracioso, em todo o tempo e para com todas as pessoas
eternamente. Jamais você se defrontará com qualquer crueldade em Deus, com
qualquer ressentimento, ou rancor, ou má vontade, pelo simples fato de
inexistirem Nele. “...em quem não poder
existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). Acreditamos em inferno,
bem como em julgamento, por rejeitarem deliberadamente a mensagem do evangelho.
Ainda assim, haverá graça, Deus continuará sendo gracioso...
A graça é infinita. Tentamos medir a infinitude por nós
mesmos, não por Deus. Ele nunca mede a si mesmo tendo por modelo qualquer outra
coisa em si mesmo. Ou seja, Deus não mede sua graça comparando com a sua
justiça, ou misericórdia em comparação com o seu amor. Deus é todo um.
Mas, ele mensura a sua graça tendo por parâmetro o nosso pecado. “...a graça de Deus... transbordou ainda mais para muitos” (Rm 5.15). Ou, “...onde aumentou o pecado transbordou (superabundou) a graça” (Rm 5.20). Ele diz “transbordou”, mas Deus não tem medida, O homem, sim. Então, quando diz: “transbordou a graça” não significa que a graça transborda muito mais que qualquer outra coisa em Deus, mas, sim, em nós. Não importa quanto pecado um homem cometeu, a graça transborda na vida desse homem em sentido literal e verdadeiro.
Portanto, a graça de Deus não é limitada. Se só tivesse uma quantidade
limitada, ele não seria Deus. Não deveríamos usar a palavra “quantidade” porque
significa “uma medida” e não se pode medir Deus em sentido algum. Medidas,
aliás, dizem respeito aos seres humanos, e as coisas criadas. Por exemplo, a
lua está a 384 mil quilômetros de distancia da terra. Deus, por sua vez, nunca
dá explicação para ninguém do que é...
4)
A
graça e a cruz
Então, se desejamos conhecer essa graça infinita, temos que nos colocar à sombra da cruz. Precisamos estar onde Deus libera graça. A graça fluiu do seu lado ferido. A graça que fluiu da cruz salvou Abel – a mesma graça que salva você hoje. “...Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6). Pedro afirmou: “...debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Paulo diz em sua carta: “...a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” ( 1 Co 1.18).
A lei pode ser dada aos homens por Moisés, e só a lei podia
vir por intermédio de Moisés. Mas, a graça, veio por meio de Jesus Cristo,
desde o principio: “No principio era o
verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus” (Jo 1.1). Porque não
havia mais ninguém que sendo Deus, fosse capaz de morrer. Ninguém mais podia se
revestir da carne e ainda ser o Deus infinito. “E o verbo se encarnou e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e
vimos a sua gloria, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).
E, Paulo, vai mais longe: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou com usurpação o ser
igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homem...a si mesmo se humilhou, tornando-se
obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2.6-8). Não poderia ser apenas
divino, pois tinha de ser também homem. Se fosse somente humano, não poderia
salvar; então, humano e divino. Um feito histórico, praticada uma única vez: “Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício
uma única vez, para tirar os pecados de muitas pessoas"(Hb 9.28).
Conclusão
A Bíblia conta a parábola do filho pródigo (Lc 15.11-14). Um
jovem ingrato, pródigo, inconsequente, pediu sua parte na herança de seu pai.
Então, ele vai para uma terra distante e gasta tudo, irresponsavelmente. Quando
lhe falta, vai apascentar porcos, queria mesmo alimentar-se da lavagem dos
porcos. Mas, de algum modo ele sobreviveu. Até que “caiu em si” (Lc 15.17).
Até então, agira fora de si, mas agora caiu em si. O jovem
pensa na casa do pai, certo de que ele não mudara “Quantos trabalhadores do meu Pai tem pão com fartura, e eu aqui morro
de fome” (Lc 15.17). O filho prodigo não é um apostata ou um pecador. Mas é
um retrato da raça humana, do homem sem Deus. Os homens saíram para os
chiqueiros dos porcos em Adão e retornaram em Cristo, seu Filho.
O Pai não muda. Apesar dos insultos, das injustiças, dos nossos pecados, da vergonha de ser abandonado e trocado pelo mundo vil. E, quando volta, descobre que o Pai não mudou, continua sendo o mesmo Pai que era quando foi embora....
Quando ele voltou, o Pai, correu e envolveu-o nos braços, acolheu-o,
vestiu-o e pos anel em seu dedo e disse: “...este meu filho estava morto e
voltou à vida...” Lc 15.24).
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