terça-feira, 26 de julho de 2022

 A ira de Deus Rm 1.18-32 

Introdução

Como poderia aquele que é a soma de todas as excelências olhar com igual satisfação para a virtude e o vício, para a sabedoria e a tolice? Como poderia aquele que é infinitamente Santo ficar indiferente ao pecado e Se negar a manifestar a sua “severidade” (Rn 11.22) para com ele? Como poderia aquele que tem prazer no que é puro e nobre deixar de detestar e de odiar o que é impuro e vil?

1)     Um avivamento na América

A América estava passando nos idos de 1740 por um grande avivamento. Ninguém tinha visto um avivamento desta dimensão. Então, em 08 de julho de 1741, Jonathan Edwards pregou o seu mais famoso sermão já proferido na história da América. Esse sermão, “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, apresenta a verdadeira condição da humanidade caída e sua necessidade de salvação.

Ele diz: “Vossas iniquidades vos fazem pesados com o chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem, vocês afundariam imediatamente, desceriam como maior rapidez e mergulhariam nesse abismo sem fundo... Eis a nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças, carregadas por uma tempestade ameaçadora cheia de trovões. Não fosse a mão restringente do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário, ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palhas dispersada pelo vento”.

“Ó pecador!”, ele apelou. “Considere o terrível perigo em que você está… você está pendurado em um fio muito tênue, e as chamas da ira divina ao redor dele, prontas a cada momento a queimá-lo, e queimá-lo totalmente; e nada você tem… em que segurar para salvar a si mesmo… nada que possa fazer para levar a Deus a poupá-lo por mais um momento.” Edwards nunca terminou o sermão em Enfield. O tumulto se tornou muito grande quando a audiência foi tomada por gritos, lamentos e clamores: “O que farei para ser salvo? Oh! estou indo para o inferno! Oh! o que farei por Cristo?”   Um dos ministros registrou que “os gritos agudos e clamores eram comoventes e admiráveis”. Várias “pessoas foram esperançosamente mudadas naquela noite. Oh! que prazer e alegria havia em seus semblantes!” 

2)     Manifestação da ira de Deus

Deus revelou sua ira no Jardim do Éden. Quando Adão e Eva pecaram, eles foram expulsos do paraíso, “...colocou a leste do Éden dois querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a arvore da vida” (Gn 3.24). A terra foi amaldiçoada; e a morte se tornou uma realidade terrível. Essa foi uma enérgica lição para o mundo que Deus odeia o pecado.

Vemos também a ira de Deus manifesta no diluvio, do qual ele disse: “Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os repteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver criado” (Gn 6.7). Deus também demostrou sua ira na destruição de Sodoma e Gomorra “...as acusações e os gritos de Sodoma e Gomorra são tantos e tão expressivos; o seu pecado é por demais grave” (Gn 18.20). Por causa do pecado “Então o Senhor, o próprio Senhor, fez chover do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra... destruiu aquelas cidades ...e todos os habitantes da cidade...”(Gn 19.24-25). 

A ira de Deus foi revelada do céu quando o Filho de Deus veio a este mundo para revelar o caráter divino, e quando essa ira foi evidenciada nos seus sofrimentos e morte “Meu Pai! Se possível for afasta de mim este cálice. Contudo, que seja feita a sua vontade, e não a minha” (Mt 26.39). De maneira mais terrível do que por todas as provas que Deus antes tinha dado da sua aversão ao pecado.

Em seu sermão, Pecadores nas mãos de Deus Irado, Jonathas Edwards, explicou porque Deus, aparentemente demora para julgar: “A ira de Deus é como grande águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada...A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce cada vez mais, e, dia a dia, vocês acumulam mais e mais ira contra a si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. 

Nada – a não ser a misericórdia de Deus – detém as aguas as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente, e o mar impetuoso da fúria da ira de Deus se precipitar com furor inconcebível e caria sobre vocês com poder onipotente”.

Deus pode decidir reter sua ira por algum tempo, mas ele acabará por liberá-la com sua grande fúria. Paulo explicou que os pecadores estão acumulando ira contra eles mesmos “...por causa da sua teimosia e do teu coração insensível e que não se arrepende, acumulas ira sobre ti no dia da ira de Deus, quando se revelará plenamente o seu justo julgamento” (Rm 2.5). Davi, usou outra analogia para descrever essa ira acumulada: “Se o homem não se converter, afiará a Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto; para ele preparou instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas” (Sl 7.12-13). 

3)     O efeito da ira de Deus

Primeiro, a ira de Deus é judicial, isto é, é a ira do juiz aplicando a justiça. Ele é o criador, Senhor e Juiz de toda terra. No seu sermão, Edwards, afirma que “os tormentos aqueles que experimentarão a plenitude da ira de Deus, é que cada um recebe exatamente o que merece”. O “dia da ira”, diz Paulo, é também o dia da “revelação do justo juiz de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento” (Rm 2.5-6).

O próprio Jesus que falou do juízo, inferno, condenação mais do todos os escritores do Novo Testamento, afirmou que a recompensa seria proporcional ao merecimento individual: "O servo que conhece a vontade do seu senhor e não se prepara nem segue as instruções dele será duramente castigado. Mas aquele que não a conhece e faz algo errado será castigado com menos severidade. A quem muito foi dado, muito será pedido; e a quem muito foi confiado, ainda mais será exigido”. (Lc 12.47-48).  E, mais, Jesus falando sobre as cidades impenitentes: “...no dia do juízo, Tiro e Sidom serão tratadas com menos rigor do que vocês” (Corazim e Betsaida). 

Pergunta-se: pode a desobediência ao criador merecer um castigo tão grande e doloroso? Quem quer que esteja convicto de seu pecado sabe sem sombra de dúvida, que a resposta é afirmativa, e sabe como o pecado é pesado. “...o peso do pecado cai sob os perversos” (Pv 11.5).

Segundo a ira de Deus, é uma decisão que os homens escolhem por si mesmos. O inferno é uma opção, afastando-se da luz que Deus faz brilhar em seu coração para leva-lo a si mesmo. Quando João escreve “O que não crê (em Jesus) já está julgado (condenado), porquanto não crê no Nome do Unigenito Filho de Deus”, e ele continua explicando: “E o julgamento é este, que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.18.19).

A escolha básica sempre foi e continua sendo ou atender o apelo: “Venham a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vós o meu jugo...” (Mt 11.28-29). Ou, não atendê-lo. Jesus novamente diz: “Quem quiser ser meu discipulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Voce pode “salvar” a sua vida evitando censura de Jesus e resistindo á sua ordem para assumir o controle da mesma, ou “perde-la” “negando-se” a si mesmo, carregando a sua cruz, tornando-se discipulo. “Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a encontrará” (Mt 16.25). 

Mas, o que significa perder nossa alma? Para responder essa pergunta Jesus usa suas próprias figuras solenes: “Geena”, ou “Gehena” (inferno ou lago de fogo), é o vale de hinom fora de Jerusalém onde o lixo era queimado, onde o “verme nunca morre”. “Um lugar de tormento” “...no inferno estando em tormentos...” (Lc 16.23). Uma imagem para a dissolução sem fim da personalidade por uma consciência acusadora. “Onde o fogo nunca se apaga” (Mc 9.46).  A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso algum, nem de dia e nem de noite” (Ap 14.9-11). “Lançado nas trevas” pelo conhecimento da perda, não apenas de Deus, mas de tudo o que é bom e tudo que torna a vida digna de se vivida. “Ranger dos dentes” pela autocondenação e autorrepulsa. 

Conclusão:

A ira de Deus é uma perfeição do seu caráter divino sobre a qual precisamos meditar com frequência.

Primeiro, para que os nossos corações fiquem devidamente impressionados com o ódio de Deus pelo pecado. Estamos sempre inclinados a uma consideração superficial do pecado, todavia, temos de compreender quão terrível é o pecado.

Segundo, para produzir em nossas almas um verdadeiro temor: “...retenhamos a graça, pelo qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverencia e santo temor; porque o Nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.28-29).

Terceiro: para induzir nossas almas o fervoroso louvor a Deus por ter nos livrado da “Ira futura” (1 Ts 1.10).  


 

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