sábado, 30 de junho de 2012


O SUCESSO DE EDIR MACEDO E A PEGUNTA QUE FICA NO AR.
O sucesso de Edir Macedo é enorme. Trata-se de um fenômeno religioso sem igual. Em 30 anos, o modesto fluminense nascido em 1945 e convertido ao evangelho no Rio de Janeiro em 1964 fundou uma igreja neopentecostal que hoje tem quarenta luxuosas catedrais, mais de 4.700 templos e quase 10 mil pastores só no Brasil. Em média, a cada quinze dias, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) constrói um templo e transfere um dos seus obreiros para fora do país. É a maior distribuidora de Bíblias e uma das maiores locatárias do país (paga o aluguel de 8.806 imóveis). Já se estabeleceu em quase todos os países do globo e em alguns faz tanto sucesso como no Brasil. Na Argentina, a igreja tem cinco catedrais, mais de 150 templos, trezentos núcleos, duzentos pastores e 66 horas de programas de televisão por semana, além do jornal “El Universal”, com tiragem de 170 mil exemplares. A catedral de Guayaquil, no Equador, tem 7.500 metros de área construída e custou 8 milhões de dólares. A de Soweto, na África do Sul, ficou por 20 milhões. Em Portugal estão sendo construídas duas catedrais, uma em Lisboa e outra no Porto. Macedo pretende construir a mais arrojada catedral da Universal em um quarteirão de 28 mil metros quadrados no bairro do Brás, na cidade de São Paulo. Orçado em 200 milhões de reais, o templo terá dezoito andares e acomodará 13 mil fiéis assentados.

Além das atividades religiosas, a Universal tem construtoras, seguradoras, empresas de táxi aéreo, agências de turismo, mídia e consultorias, que geram 22 mil empregos diretos e mais de 60 mil indiretos.

O sucesso de Edir Macedo diz respeito também aos seus negócios particulares. Ele e a esposa são donos da Rádio Copacabana e da Record, a segunda maior rede de televisão do país, com 99 emissoras (próprias e afiliadas) e 6 mil funcionários, cujo valor deve estar na casa de 2 bilhões de dólares.

A grande pergunta que todo mundo faz à boca pequena, especialmente os evangélicos, é como entender o sucesso de Macedo. Seria indício da bênção de Deus em sua vida e obra? Seria o resultado do exercício tenaz da oração? Seria o fruto de um avivamento promovido pelo Espírito Santo? Essas três possibilidades enfrentam séria dificuldade em vista de certos ensinos, certos procedimentos e certos métodos da Universal, que agridem a pureza do evangelho de Jesus, todos relacionados principalmente com a teologia da prosperidade. Há que se considerar também o estranho sincretismo religioso abraçado pela IURD.

Outra possível explicação para o fenômeno poderia ser o estilo empresarial de Macedo, já exposto na reportagem "A igreja de Edir Macedo tornou-se um conglomerado que mescla religião, mídia, política e negócio " (edição de novembro/dezembro de 2007).

Levando-se em conta que Deus é o soberano Senhor sobre todos e sobre tudo, portanto o Senhor da história, pode-se até supor que Macedo seria o seu servo, o seu vassalo, o seu agente, um instrumento de juízo para provocar nas igrejas cristãs alguma resposta, alguma reação, alguma providência. Deus não chama o poderoso rei da Babilônia de “meu servo Nabucodonosor” (Jr 25.9)? Não diz sobre o poderoso rei da Pérsia que “ele é meu pastor e realizará tudo o que me agrada” (Is 44.28)?

A IURD é apenas a mais visível de todas as denominações cristãs que estão abraçando a infeliz teologia da prosperidade. Quase todas as igrejas neopentecostais e não poucas igrejas de linhas pentecostal e tradicional estão sendo perigosamente seduzidas por este movimento, nascido nos Estados Unidos no início do século 20 (veja 
Raízes históricas da teologia da prosperidade). Para satisfazer o público obcecado muito mais por seu próprio bem-estar material do que pela busca do reino de Deus (o que Jesus condenou no Sermão do Monte), muitas igrejas estão sendo tentadas a deixar de lado o evangelho original e abraçar o “outro evangelho” (Gl 1.16). Na verdade, as igrejas pentecostais e históricas não devem ficar impressionadas nem com o sucesso numérico nem com a grande visibilidade das igrejas neopentecostais. Jesus manda tomar mais cuidado com o alicerce do que com a casa em si. Sem esse alicerce cavado na rocha, que é Cristo, a casa mais cedo ou mais tarde cairá e sua queda fará “um barulho medonho” (Mt 7.27, BV). Uma das tentações a que Jesus foi submetido era, nas palavras de John Stott, “ganhar o mundo satisfazendo sua fome por meio de uma exposição sensacional do poder”. Jesus não transformou pedras em pães, não se jogou da parte mais alta do templo ao chão nem se curvou diante de Satanás para evitar a cruz e ganhar de lambuja “todos os reinos do mundo e o seu esplendor” (Mt 4.8). Stott diz ainda que “o Diabo adora nos persuadir de que os fins justificam os meios” (A Bíblia Toda, O Ano Todo, p. 177). 

Nota 

Os dados sobre Edir Macedo e a Universal foram retirados de “O Bispo — a história revelada de Edir Macedo” (Larousse, 2007).

As boas novas de Edir Macedo
e da teologia da prosperidade

As boas novas anunciadas pela Igreja Universal do Reino de Deus são formidáveis. Não há quem não se deixe atrair por elas. É por essa razão que a Universal é o maior fenômeno religioso dos últimos tempos.

Todavia, as boas novas de Edir Macedo não são exatamente as boas novas que foram anunciadas altas horas da noite aos pastores que apascentavam os seus rebanhos nas cercanias de Belém, no dia do nascimento de Jesus. Aos aterrorizados homens do campo, o anjo declarou: “Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10-11).

Encabeçados pelo bispo maior, os bispos e os pastores da Universal estão apresentando ao povo, pelo púlpito, pelas sessões de descarrego, pela televisão, pelas emissoras de rádio e por meio de seus periódicos e livros, o “Jesus errado”, nas palavras do pastor Israel Belo de Azevedo, diretor do Seminário Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro.

“Há pessoas se relacionando com o Jesus que se ama enquanto se precisa dele. Quantas pessoas vêm a todos os cultos da igreja, até do meio da semana, e desaparecem depois que recebem de Jesus o que buscavam. [...] Quem busca a Jesus por causa dos milagres não sabe quem é Jesus. Pois ele disse: ‘Eu sou o pão vivo que desce do céu. Se alguém comer desse pão, viverá para sempre’ (Jo 6.51)”.1

“Enquanto algumas pessoas espiritualizam o evangelho, como se ele oferecesse somente salvação do pecado, outros politizam o evangelho, como se ele oferecesse somente libertação da opressão” (John Stott).2 

O que acontece com a Universal e, não raro, com outras igrejas neopentecostais comprometidas com a teologia da prosperidade, é que elas enfatizam a parte egoísta do evangelho, a libertação da opressão da miséria, da fome, do desemprego, da bancarrota, da doença, da depressão, das crises matrimoniais etc. O próprio Edir Macedo explica: “Somos um pronto-socorro”.3

As boas novas do bispo estimulam o materialismo e o malfadado consumismo, e destroem o estilo de vida simples que o evangelho apregoa. Por culpa dessas “boas novas” e de outras, provavelmente em nenhuma outra ocasião da história Jesus tenha descido tanto do seu pedestal de direito e de origem como agora. Esse desvio amplo e sorrateiro pode ser visto na denúncia de Belo de Azevedo:

“Há um produto circulando por aí: você quer saber viver? Siga os ensinos da moralidade e da sabedoria deixados por Jesus. Você quer aprender como liderar? Aprenda com Jesus, o maior administrador de empresas do mundo. Você quer conhecer a si mesmo? Aprenda com Jesus, o maior psicólogo de todos os tempos. Quem se interessa por Jesus em função apenas dos seus ensinos não sabe quem é Jesus. Suas palavras são palavras de vida eterna (Jo 4.13-14)”.4 

O povo não quer saber nada de pecado, arrependimento, conversão, porta estreita, caminho apertado, poucos companheiros, auto-negação, amor e doação de si mesmo ao próximo nem de muitos outros valores básicos do cristianismo. Mas cristianismo sem cruz não existe. Jesus descreveu enfaticamente a obra do Espírito Santo: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Assim sendo, nada mais oportuno e mais fadado ao sucesso do que a pregação de outras boas novas. O senador Marcelo Crivella, também bispo da Universal, afirma que Edir Macedo “nunca aceitou ensinar o povo a cantar ‘eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré’”.5

Na verdade, a IURD não seria a potência que é se pregasse as boas novas originais em sua totalidade. Nem levantaria o dinheiro que arrecada na forma de dízimos e ofertas, como o próprio Edir Macedo admite: “Qualquer pessoa que chega à igreja e é abençoada, mais ela dá. Se você fosse e recebesse, não daria?”.6A Universal é a principal responsável pela popularização do dízimo mercenário, aquela contribuição dada somente por causa do retorno. Para Macedo, o fiel que precisa de alguma bênção ou algum milagre tem duas opções: “Ou a pessoa dá ou não recebe”.7 


Notas 

1. “Revista Enfoque”, maio 2008, p. 32.
2. “
A Bíblia Toda, O Ano Todo ”, p. 179.
3. “O Bispo”, p. 136.
4. “Revista Enfoque”, maio 2008, p. 53.
5. “O Bispo”, p. 123.
6. “Idem”, p. 201.
7. “Idem”, p. 202.



Duas atitudes inacreditáveis:
a pregação interesseira e a magnanimidade de Paulo

Desde o início, desde Paulo, desde a metade do primeiro século até hoje, o início do século 21, alguns cristãos pregam a Cristo não “por motivo puro”, “não por reta intenção”, “não por honestidade ou sinceridade”, mas “por ambição egoísta”, “por briga”, “por discórdia”, “por espírito de competição”, “por interesse pessoal”, “por intriga”, “por inveja”, “por partidarismo”, “por polêmica”, “por porfia” ou “por rivalidade”. Fazem assim porque “são ciumentos e briguentos”. Tudo isso está na Epístola de Paulo aos Filipenses (1.15-17).

Mais inacreditável ainda é que o rigoroso apóstolo mostra-se extremamente longânimo diante de tamanho absurdo: “Isso não tem importância. O que importa é que Cristo está sendo anunciado, seja por maus ou por bons motivos. Por isso estou alegre e vou continuar assim” (Fp 1.8, NTLH).

Esta passagem bíblica, que merece todo respeito, parece proibir o que Ultimato está fazendo na matéria de capa desta edição. Já que à porta de cada catedral, templo ou sala alugada da IURD anuncia-se a Cristo por meio da expressão “Jesus Cristo é o Senhor”, retirada da mesma Epístola de Paulo aos Filipenses (2.11), a revista não deveria criticar Edir Macedo nem qualquer outro pregador da teologia da prosperidade.

Não é bem assim. Paulo não ficaria quieto nem manso diante do “evangelho da saúde e da prosperidade” (um dos nomes da teologia da prosperidade). O que estava em jogo no caso mencionado por Paulo é a falta de intenção pura da parte daqueles evangelistas que pregavam a Cristo por interesse pessoal. O que está em jogo no caso dos pregadores da teologia da prosperidade é que eles pregam um evangelho diferente daquele que os primeiros cristãos ouviram e aceitaram. Nesse terreno, Paulo é indobrável: “Se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8).

De sobra, além de pregar o evangelho original, os “ganhadores de almas” de qualquer denominação histórica e pentecostal deveriam descobrir a sua verdadeira motivação e experimentar uma mudança radical, caso estejam pregando por espírito de competição, de rivalidade, de intriga, de partidarismo! Deus será grandemente glorificado depois desse acontecimento!


O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz
sobre riqueza e pobreza


Edir Macedo diz:

“A Igreja Católica sempre impregnou na cabeça das pessoas que riqueza é coisa do mal e que pobreza é boa. Eles querem que eu pregue a “teologia da miséria”? [...] O objetivo (de construir catedrais) é abrir a cabeça do pobre que dá oferta. Na sua casa, ele senta no sofá rasgado ou até no chão. Na Igreja ele é honrado. Tem o direito de sentar numa cadeira estofada, com ar-condicionado, usar um banheiro limpo. Recebe um atendimento exemplar. Eu quero mostrar que ele é capaz de conquistar coisas grandes, uma vida melhor. Algo como dizer: ‘Veja a grandeza de Deus. Sua casa é um barraco. Olha o que Deus pode fazer. A Igreja Universal também começou em um barraco, mas olha como está hoje. Você precisa investir nesse Deus’” (“O Bispo”, p. 208, 211).


A Bíblia diz:

A frase do bispo Macedo soa simpática ao pobre e se parece com a fé de que a pobreza se resolve no relacionamento particular com Deus, na prática de uma fé pessoal. A Igreja Universal não foi a primeira a construir catedrais. Toda confissão religiosa parece ter uma visão de que Deus se agrada da riqueza. No Antigo Testamento temos duas construções milionárias. O que está em pauta, portanto, não é a construção de catedrais, porque essa prática é milenar, transcultural e transreligiosa. A questão é a natureza da pobreza. Seria resultado de um insuficiente relacionamento com Deus, algo como falta de fé? Portanto, uma questão espiritual? Significaria que quem é rico (não se contempla aqui a questão da origem da riqueza, mas a simples posse da mesma), independente da relação que tem com Deus, é uma pessoa abençoada? É de se supor que haja gente rica que não tenha relacionamento algum com Deus.

A Bíblia fala do pobre e da pobreza. Em Deuteronômio 15.4, Deus dá orientações para que não haja pobre entre o povo de Israel. E a solução apresentada é de ordem econômica. Deus exige que a cada sete anos as dívidas sejam perdoadas sem cobrança de juros, para que não existam pobres. A causa apontada (nesse contexto) para a existência da pobreza também é de ordem econômica: o endividamento.

Em Levítico 25.10-55, Deus proclama o Jubileu, uma série de medidas econômicas limitando o direito à propriedade, assim como o direito de explorar o trabalho alheio. Era um modo de evitar a pobreza, sanando a situação a cada cinqüenta anos, uma vez que a cada cinco décadas a sociedade voltava ao estado de igualdade. Mais uma vez a pobreza é relacionada com questões de ordem econômica, e o Jubileu é um modelo econômico de reordenamento das relações, de modo a erradicar a causa da pobreza, que nesse contexto era a perda da posse da terra.

Desde a promulgação de sua lei, e diante da desobediência à mesma, Deus vem estabelecendo práticas para que o pobre não seja desamparado, a fim de que a sociedade se aproxime do estado de igualdade.

Há a pobreza fruto de má administração, ou de irresponsabilidade, ou de desobediência ao Senhor. O livro de Provérbios está repleto dessas advertências, mas elas têm caráter pessoal e extemporâneo, sem cair no reducionismo de classificar a pobreza como resultado destes atos particulares.

Em Provérbios encontramos também uma série de advertências contra a exploração do pobre, assim como a orientação de que se deve cuidar dele e buscar a sua emancipação.

No Novo Testamento a busca pela erradicação da pobreza continua. É o que se vê na proposta de sociedade que se pode abstrair da fala de Jesus Cristo:“Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente” (Mc 10.42-45, NTLH).

Jesus Cristo preconizou uma nova sociedade, cujo poder governamental seja exercido por meio do serviço a todos. Trata-se de uma sociedade em que todos sejam cidadãos, pois só numa sociedade em que o governo assume a sua vocação de servo de todos é que a cidadania floresce.

Na sociedade do Cristo, o poder deve ser exercido dessa forma para que ela seja um espaço em que:

-- o uso da terra seja regulamentado tendo em vista o bem de todos, pois Deus não admite que alguém possa comprar casa sobre casa e terra sobre terra até ser o único morador do lugar (Is 5.8). Na sociedade do Cristo a terra tem de ser repartida entre todos, pois é para todos;

-- a riqueza seja distribuída com eqüidade, pois Deus quer que quem colheu demais não tenha sobrando, e quem colheu de menos não tenha faltando (2Co 8.15); haja consciência de coletividade; o imposto seja um instrumento legítimo de distribuição de renda;

-- o trabalhador usufrua da riqueza que produz, pois ele é digno de seu salário (Lc 10.7). Não se pode amordaçar o boi que debulha o milho (1Tm 5.18), isto é, aquele que produz deve ser o primeiro a usufruir do que produziu. Esta seria uma sociedade de trabalhadores para trabalhadores;

-- a criança tenha prioridade, pois Deus não quer que nenhum dos pequeninos se perca e ameaça com duras penas a sociedade que desviar as crianças de sua vocação divina: vocação à saúde, à educação, à segurança, à longevidade, ao emprego, enfim, a uma vida que possa ser celebrada;

-- os órfãos e as viúvas, isto é, os que tudo perderam, não fiquem desamparados; ao contrário, parte da produção deve ser destinada exclusivamente para estes, para que não haja miséria na sociedade. Trata-se de uma sociedade em que todos desfrutem do direito à dignidade; uma sociedade de cidadãos, pois só onde há dignidade há cidadania.

-- o idoso seja referencial de sabedoria, nunca um fardo, pois na Bíblia ele é o conselheiro que ajuda o jovem na sua caminhada e por este é visto como um mentor, como guardião dos valores que devem nortear a sociedade, como alguém que deve ser honrado, o cidadão por excelência, pois construiu e legou para as gerações que o sucedem.

Na sociedade preconizada por Cristo o conjunto de cidadãos é o estado, e todos são cidadãos. Por isso, o governo estaria a serviço de todos, o que significa estar sob o controle da cidadania. Assim, os direitos humanos seriam respeitados. E onde os direitos humanos são respeitados há previdência, isto é, o futuro do cidadão estaria assegurado; ele seria o beneficiário da riqueza que produziu. E previdência seria um conceito que abrangeria não apenas a saúde ou a velhice, mas a educação, a segurança, o emprego, o lazer, enfim, tudo o que dá qualidade à vida. Nessa sociedade, o governo seria um agente previdenciário, e o futuro seria, não algo que quanto mais remoto melhor, mas uma sucessão de presentes, em que cada dia traria a garantia de um futuro assegurado.

A pobreza é uma questão econômica e que tem de ser resolvida por via econômica, o que se logrará quando as proposições de Deus forem ouvidas.


• Ariovaldo Ramos é pastor na Comunidade Cristã Reformada e na Igreja Batista de Água Branca, ambas em São Paulo.


O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz
sobre os dízimos e ofertas


Edir Macedo diz:

“As pessoas não devem dar ofertas para ajudar a igreja, mas para ajudar a si próprias. Quando dá está fazendo um investimento para si, na sua vida. É o que mostra a Bíblia. Quem dá tudo recebe tudo de Deus. É inevitável. É toma lá, dá cá [...]. Quando alguém faz um sacrifício financeiro, Deus fica sem opção. Ele tem a obrigação de responder, porque é sua promessa. É a fé. Basta seguir o que Deus disse: ‘Provai-me nos dízimos e nas ofertas’” (“O Bispo”, 2007, p. 207, 215).


A Bíblia diz:

A entrega de dízimos, ofertas e outras formas de contribuições financeiras é uma prática comum entre as igrejas cristãs ao longo dos anos. O dinheiro não é o assunto mais importante da vida cristã, mas a maneira como o crente lida com ele determina sua resposta em outras questões da vida (Lc 16.10-12). O cristão amadurecido não se deixará escravizar pela avareza e pelo apego ao dinheiro a ponto de ser mesquinho em seu compromisso com a igreja. Ao mesmo tempo, esse cristão não se deixará iludir pela presunção de que seu relacionamento com Deus é pautado pela barganha, pois as bênçãos de Deus não são negociadas.

No Antigo Testamento, a entrega do dízimo baseava-se na convicção teológica de que o Senhor é o dono de toda a terra, o doador e o preservador da vida (Sl 24). O dízimo era santo ao Senhor e sua entrega seria uma demonstração prática do reconhecimento da soberania de Deus sobre a terra, seus frutos e a própria vida do ofertante. Ao mesmo tempo, a entrega dos dízimos era a expressão prática da gratidão a Deus por suas bênçãos e generosidade para com a nação israelita. Logo, aquele ato tinha significado cúltico e ocorria em cerimônias acompanhadas de intensa celebração e adoração a Deus (Dt 12.5-19). A retenção do dízimo, porém, não estava sujeita às mesmas penalidades legais provenientes da desobediência civil da lei, como exclusão social e apedrejamento. A infidelidade do povo seria disciplinada por Deus por meio de catástrofes sociais e econômicas.

Há que se notar ainda que a entrega dos dízimos era tão central à vida da nação de Israel que Neemias a restituiu tão logo o povo foi liberto do cativeiro babilônico (Ne 13.10-14). A desobediência dessa prática, de acordo com o profeta Malaquias, equivalia ao pecado de roubar a Deus (Ml 3.6-12).

Além dos dízimos, a lei mosaica prescrevia outros tipos de contribuições, como era o caso das ofertas das primícias e das ofertas alçadas (Êx 23.16, 19; 34.22-26). Essas ofertas deveriam atender ao princípio da proporcionalidade, pois eram dadas segundo a bênção do Senhor sobre os ofertantes (Dt 16.10). Segundo as normas para essas contribuições, as ofertas das primícias eram especialmente apresentadas durante a Festa das Semanas, também chamada de Pentecoste ou Festa das Primícias, por ser realizada cerca de cinqüenta dias após a Páscoa e por coincidir com os primeiros frutos da colheita anual em Israel (Nm 28.26). Parte dessas ofertas era dedicada ao sustento do pobre, do órfão e da viúva; outra parte, à realização de uma ceia comum; e ainda uma terceira parte destinava-se ao sustento dos sacerdotes. Enquanto o dízimo era anual e trienal, as ofertas poderiam ser entregues em várias ocasiões do ano, especialmente na época das colheitas ou eventos festivos. Tanto os dízimos como as ofertas eram entregues em reconhecimento da soberania e generosidade de Deus para com a nação de Israel (Dt 26.1s).

É verdade que o Novo Testamento não apresenta diretrizes claras sobre a entrega do dízimo pelos cristãos e esse fator é, no mínimo, surpreendente. Há três referências ao dízimo nos Evangelhos, e elas devem ser analisadas em seus contextos respectivos. A primeira encontra-se na parábola do fariseu e o publicano, na qual o fariseu se orgulhava de entregar o dízimo de tudo quanto ganhava (Lc 18.9-14). Ao contar essa parábola o propósito de Jesus foi condenar a atitude daqueles que “confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros” (v.9). Dessa forma, o que foi condenado na parábola não foi a prática da entrega do dízimo, mas o fato de o fariseu depender de sua justiça própria em vez de apelar para a graça e misericórdia de Deus.

A segunda referência ao dízimo nos Evangelhos está em Mateus 23.23 ou no texto paralelo de Lucas 11.42. Nesses versículos Jesus também faz referência a uma prática comum dos escribas e fariseus, que pareciam extremamente zelosos quanto à obediência dos aspectos mínimos da lei (dar o dízimo da arruda e do cominho), mas negligenciavam a prática da misericórdia, da justiça e da fé. Jesus os reprovou dizendo que deveriam “fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” Na verdade, Jesus não censura os fariseus por darem o dízimo, mas por julgarem que o dízimo substituía a base real de seu relacionamento com Deus. Jesus condenou os fariseus e escribas por sua hipocrisia, e não pela prática da entrega dos dízimos.

O Novo Testamento é repleto de diretrizes a respeito das contribuições financeiras na igreja primitiva. Em primeiro lugar, há o registro de contribuições com o objetivo de auxiliar os necessitados na igreja. Em Atos há vários relatos sobre o compartilhamento de posses com o objetivo de atender aos necessitados na igreja (At 2.45; 4.34, 36-37). A primeira eleição de diáconos teve o propósito de promover certa assistência material a alguns menos favorecidos (At 6.1-6). A prática de cuidar dos necessitados tornou-se comum entre os cristãos a ponto de Paulo exortar os membros de uma igreja gentílica, Éfeso, a trabalharem para terem “com que acudir ao necessitado” (Ef 4.28). Assim, a igreja primitiva incentivava contribuição para auxílio dos seus membros.

A prática sistemática da contribuição financeira no cristianismo primitivo que mais se aproxima da entrega do dízimo é aquela descrita como uma coleta a favor dos santos (1Co 16.1-3; 2Co 8-9). É importante observar que alguns cristãos receberam a exortação de Paulo com alegria e interpretaram a contribuição como um privilégio (2Co 8.4). Aquela coleta foi incluída na liturgia da igreja de Corinto (1Co 16.1-2) e deveria ser interpretada como uma expressão de generosidade, gratidão e adoração a Deus (2Co 9.10-13). Em outra ocasião, Paulo insistiu que aquela prática fosse interpretada como um ato de obediência ao evangelho de Cristo (2Co 9.13). Deve-se considerar o aspecto sistemático e o planejamento envolvido naquela coleta, a ponto de Paulo afirmar que a igreja de Corinto estava preparada havia um ano para fazê-la (1Co 16.1,2; 2Co 9.1-2). Por último, aquela contribuição seria proporcional, conforme a prosperidade do contribuinte (1Co 16.2). Dessa forma, todos os cristãos contribuiriam de forma igual, não em valor, mas no percentual.

Concluindo, a perspectiva do bispo Macedo sobre contribuições cristãs contraria o ensino das Escrituras sobre esse assunto. Segundo a Bíblia, o objetivo da contribuição do crente não é para ajudar a ele mesmo, mas para expressar sua gratidão a Deus, bem como o reconhecimento de que todo o seu sustento vem do Senhor. Sua interpretação de que o texto de Malaquias 3.10 — “provai-me nos dízimos e nas ofertas” — seja uma promessa que deixa Deus sem opção se parece mais com a doutrina espírita da “causa” e “efeito”. Somente o entendimento espírita do “toma lá, dá cá” justificaria semelhante interpretação. A contribuição cristã deve ainda ter o objetivo de ajudar os irmãos na fé, e neste sentido a igreja é fortalecida. Por último, a perspectiva bíblica sobre contribuição não tem a natureza comercial que o bispo defende. O Deus que se revela nas Escrituras nunca pode ficar refém do contribuinte, pois este não lhe faz favor algum.


• Valdeci da Silva Santos é pastor da Igreja Evangélica Suíça e professor no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo.

O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz sobre o aborto


Edir Macedo diz:

“Sou a favor do direito de escolha da mulher. Em casos como estupro, má-formação do feto ou quando a vida da mãe está comprovadamente ameaçada pela gestação, não há o que discutir. Sou a favor do aborto, sim. A Bíblia também é. Olhe só [Ec 6.3]: ‘Se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele’ [...] O Brasil deveria se unir pelo direito da mulher de optar pelo aborto [...] Certamente grande parte de nossas mazelas sociais diminuiria. Pense comigo: é melhor a mulher não ter filhos ou ter e jogar o bebê na lata do lixo? [...] Vamos ser frios e racionais: é preferível a criança não vir ao mundo ou vê-la nos lixões catando lixo para sobreviver? Eu creio na Bíblia. Nesses casos, eu credito que o aborto é melhor do que nascer. A mulher precisa ter o direito de escolher” (“O Bispo”, 2007, p. 223).


A Bíblia diz:

O bispo Macedo influencia milhões de brasileiros através do poder midiático, por ser tido como ministro da Palavra de Deus. Poderia contribuir para uma cultura de vida, justiça, paz e de solidariedade simplesmente sendo fiel ao que as Escrituras expõem. Mas, quando admite, ensina e estimula uma prática elástica do aborto, como sendo uma questão de direito de opção da mulher, se alia às forças da anti-vida que saem das trevas e obscurecem a razão, insensibilizam corações e tornam nosso mundo cada vez mais cínico, frio, sem alma. Muitas legislações, apoiadas por eminentes teólogos, mesmo reafirmando a primazia do direito à vida, admitem o aborto em casos excepcionais, como em gravidez decorrente de estupro ou quando há indiscutível risco de vida para a mãe. Outra excepcionalidade que envolve muita polêmica entre peritos trata do estatuto do feto com má-formação. Estas três situações são objeto de controvérsia por envolver limites éticos e científicos e não podem ser uma questão fechada prematuramente. Envolvem demasiado sofrimento e requerem decisões de comitês de ética. Mas o que espanta é Macedo sacar a Bíblia como arma de morte. Faz uma apropriação indébita do texto de Eclesiastes (6.3), forçando-o a dizer o que não diz, mas o que Macedo deseja dizer. Isto não é “exegese”, e sim “eixegese”, violência ao texto.

A passagem bíblica em questão, em seu contexto, é como uma sátira, uma ilustração da pobreza do dinheiro em satisfazer plenamente ou espiritualmente uma pessoa. Em todo o capítulo 5 o sábio alerta sobre sua frágil base. Na maioria das vezes é mal repartido (5.9), dilapidado por estranhos (5.10). Mesmo que você disponha de riqueza, bens e honra (6.1,2), um estranho poderá desfrutá-los em seu lugar (6.2) e você acaba ficando com sofrimento. Imaginemos alguém com muitos bens, filhos e tempo de vida, ou seja, com todas as condições para desfrutar da existência e mesmo assim não a desfruta, e chega até a morrer em miséria e ficar insepulto. Temos aqui o alerta sobre o absurdo de depender de coisas, de trabalhar em vão, sendo infeliz pelo impasse de sentido e vazio existencial. Assim, até um não-nascido, um aborto, de fato é mais feliz por nunca vir a sofrer tais absurdos. Mas o texto jamais legitima o aborto.

Macedo é coerente com sua pregação segundo o espírito do capitalismo, atuando como os que transformam tudo em mercadoria avaliada pelo valor utilitário. Tratar questões humanas desta forma resulta num tipo de eugenia já praticada por déspotas sanguinários em busca de tipos ideais, com descarte dos deficientes e não-competitivos. É chocante sua afirmação sobre a razoabilidade do aborto como prática preferível ao abandono ou morte de bebês, ou como medida desejável para melhorar os indicadores socioeconômicos! Heil Hitler! Ave César! Viva Herodes!

Não conceder ao embrião abrigado no útero o direito de desenvolvimento pleno, por razões de conveniência e ordem utilitária e subjetivista, é negar a ordem natural da vida, é reforçar a pulsão de morte. A onda abortista é parte de uma cultura de dessacralização do corpo, de banalização do sexo, de afirmação ética narcisista, primado do gozo individual. O estímulo a qualquer forma de gozo sexual, com qualquer parceiro ou parceira, sem perguntas incômodas, é massivamente incutido na população e defendido por políticas públicas preocupadas apenas com a assepsia física. O que exige compromisso e permanência é exorcizado por indivíduos infantilizados que não assumem a plenitude de seus gestos. Nega-se a conexão da sexualidade com uma potencial gestação, fazendo o corpo negar a alma. Quando acontece uma gravidez, afirma-se, então, não se estar preparado para assumi-la; era apenas sexo esportivo, esqueceu-se a camisinha, enfim, algo deu “errado”! E que falácia o argumento que pretende considerar o feto como parte do corpo da mulher! O ainda não-nascido é sabidamente um outro ser. Mulheres que abortam voluntariamente ou por pressão do macho fujão não estarão livres de questionamentos da consciência, nem de lembranças, sonhos e sentimentos de perda. Quase sempre o aborto é vivenciado como trauma e compromete a auto-estima. De fato, a gestante é, arquetipicamente, guardiã da vida e qualquer violação deste princípio resulta em sofrimento; portanto, ela deve receber todo apoio do genitor masculino, de familiares e da rede social.

É sabido que grávidas abandonadas por parceiros e decididas a abortar, quando apoiadas por amigas e instituições, em sua maioria decidem manter a gestação; portanto, é digno de louvor o trabalho samaritano do Cervi (Centro de Reestruturação para a Vida, www.cervi.org.br), em São Paulo, e abrigos do Exército de Salvação e da Igreja Católica, que oferecem apoio social, psicológico e médico, revertendo situações de desespero. Já nos primeiros documentos da Igreja cristã, o Didaquê, temos ensinamentos de defesa da vida intra-uterina. Reconhecer que o humano procede do humano, desde o instante da fecundação e em contínua evolução, é a base ética mínima que protege a possibilidade e a dignidade da existência. A própria justificativa para utilização de células-tronco com vistas a salvar ou curar outras vidas tem por base este “continuum”. Segundo o poeta bíblico, Deus tece o ser humano no ventre de uma mulher (Sl 139.13-16). Quem ousará interromper sua obra? A razão bíblica — a lógica do Espírito e a ação de Cristo — defendem a vida em todas as suas formas e fases. Se nossa civilização acorda, ainda que tardiamente, para a questão ambiental e esforços são feitos para a defesa de peixes, animais e florestas em extinção, quanto mais a espécie humana merece igual dignidade e proteção! Que loucura é esta reduzir o humano a um mero aglomerado de células sujeito ao capricho humoral de alguém?

Finalmente respondo ao bispo que o melhor é caminhar no espírito de Jesus. Nos casos já consumados, seguramente ele acolheria graciosamente uma mulher que cometeu aborto e diria algo como “não te condeno, mas veja que não peques”. Quem imagina Jesus aconselhando alguém a abortar, ele que é a ressurreição e a vida?


• Ageu Heringer Lisboa, psicólogo e terapeuta familiar, é mestre em ciências da religião. É autor de Sexo: Espiritualidade, Instituto e Cultura (Editora Ultimato).



Hananias, o mago da prosperidade


Enquanto o Espírito Santo procura convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), certos pregadores apregoam a teologia da prosperidade.

O problema não é de hoje. É multissecular. O profeta Jeremias fazia o que podia para convencer os reis e o povo de Israel da famosa tríade que estava para chegar a qualquer momento: a guerra, a fome e a peste (Jr 14.12; 21.7; 24.10; 27.8; 29.17; 32.24; 34.17; 38.2; 42.17; 44.13). Enquanto isso, o profeta Hananias, no mesmo lugar e para o mesmo público, profetizava “prosperidade” (Jr 28.9, NVI e BP), ou “paz” (NTLH, ARA e BV), ou “felicidade” (Tradução da CNBB). Um e outro usavam a mesma introdução: “Assim diz o Senhor”.

Uma das notas de rodapé da Edição Pastoral Catequética explica: “Os falsos profetas lisonjeiam habitualmente o povo mediante promessas de prosperidade”. Outra nota, desta vez da Edição Pastoral, reforça: “Hananias é um falso profeta que recorre à demagogia, procurando dizer o que os ouvintes ‘gostam’ de ouvir e não aquilo que o povo ‘precisa’ ouvir”. Uma terceira nota de rodapé insiste: “[A prosperidade é] em geral a mensagem dos falsos profetas” (Bíblia de Estudos da NVI).

Jeremias não é o único profeta impopular da história de Israel. Todo verdadeiro profeta, por uma questão de compromisso, quase sempre diz o que não agrada. Mas sempre diz a verdade!


O que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz sobre cura


Edir Macedo diz:

“A tradição religiosa ensina que devemos pedir todas as coisas dizendo ‘se for da vontade de Deus’. Conseqüentemente, poucas pessoas têm experimentado milagres de cura. Parece contraditório, mas a realidade é que muitos cristãos, e até pastores, acreditam que ‘talvez não seja da vontade de Deus curar’. Isso é diabólico, falso, abominável”. (“Folha Universal”, 4/05/08, p. 3.)


A Bíblia diz:

A nossa vontade nem sempre coincide com a vontade de Deus e a vontade de Deus deve ser levada a sério. Na oração modelo, o Senhor Jesus mesmo coloca em nossos lábios o respeito pela soberania de Deus: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). O próprio Jesus, em sua tremenda agonia no Getsêmani, três vezes seguidas suplicou a suspensão do cálice do sofrimento sem abrir mão da submissão devida a Deus: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39). Mesmo convencido várias vezes pelo Espírito de que passaria por prisões e sofrimentos em Jerusalém (At 20.22-24), o que foi confirmado dramaticamente por um profeta chamado Ágabo, o apóstolo Paulo não desistiu da viagem, apesar do pedido de Lucas e dos crentes de Cesaréia, que acabaram descobrindo que essa era a vontade de Deus (At 21.10-14).

A Bíblia diz que Davi já havia se arrependido do seu adultério e que a mão do Senhor já não pesava mais dia e noite sobre a sua cabeça (Sl 32.1-5), quando seu jejum e oração chorosos em favor da criancinha gravemente enferma não foram atendidos (2Sm 12.15-23).

Havia muitos leprosos em Israel (povo eleito) no tempo de Eliseu, todavia nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o gentio (Lc 4.27).

Timóteo era um homem doente. É Paulo quem nos dá esta informação: “Tome um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades” (1Tm 5.23). Ora, será que sua avó Lóide, sua mãe Eunice, os presbíteros da igreja, Paulo (seu pai na fé e tutor eclesiástico) e ele mesmo, todos crentes, não oravam por sua cura?

Paulo foi obrigado a deixar Trófimo em Mileto, porque ele havia adoecido (2Tm 4.20). Cabe aqui a mesma pergunta: será que Paulo, os demais companheiros de viagem, a igreja de Mileto e o próprio Trófimo não clamaram em favor de cura?

É certo que a Bíblia encoraja a oração em favor dos doentes. É uma das obrigações da igreja, nem sempre levada avante: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado” (Tg 5.14-15). Mas nem sempre o doente é levantado por Deus, não por falta de fé nem por ter cometido algum pecado não confessado. Muitos cristãos notáveis por este mundo afora adoecem, permanecem doentes e morrem.

A soberania de Deus tem que ser levada em conta. Ou será que a igreja primitiva não orou em favor de Estêvão, que foi apedrejado (At 7.54-59), nem de Tiago, irmão de João, que foi decapitado (At 12.1-2)? Será que ela só intercedeu em favor de Pedro, que foi milagrosamente libertado da prisão (At 12.3-19)?

Sindicato de mágicos
Acha-se disponível no Portal Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br) a tese de doutorado em História Social intitulada “Sindicato de Mágicos: Uma História Cultural da Igreja Universal do Reino de Deus”, defendida em 2007 na Universidade Estadual Paulista (UNESP). A autoria é de Wander de Lara Proença, 38, professor de história do cristianismo, movimentos religiosos contemporâneos e Novo Testamento na Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina, PR.


Fonte original da matéria acima: Revista Ultimato, edição Nº313 - Julho-Agosto 2008. Na íntegra: www.ultimato.com.br
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sábado, 23 de junho de 2012


O JUIZO FINAL: APOCALIPSE 18 À 20.

 

·        Ap 6:10. “Até quando, Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”. 

  É uma pergunta antiga. O desejo de ver o julgamento, muitas vezes se transformando em uma exigência, está profundamente impregnado na vida do povo que ora a Deus. “até quando, Senhor?  (Sl 13:1-2). A expressão repetida quatro vezes aqui nesse texto é reproduzida e elaborada em todas as circunstancias possíveis na história da salvação – doença, exílio, dúvida, derrota, dor e aflição.

·        Até quando será permitida a violação da bondade, beleza e verdade por manipuladores insensíveis e ímpios? Até quando teremos que suportar a arrogância deles, que acreditam que força é sinônimo de direito? Ap. 6:11: “então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, lhes disseram que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que também se completasse o numero dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram”.

·         A combinação de injustiça e demora é como sal na ferida; não é bálsamo. Uma das características mais notáveis das comunidades de fé é que, mesmo diante de injustiça sem punição, elas perseveram crendo na justiça e no julgamento de Deus.

1)    Adoração, cântico de Moises  (Ap 15:3-4).

1.1)         Antiadoração, diante da demora do juízo, temos:
·        Desanimo: deixa de freqüentar a casa do Senhor; Subversão: Transformam a casa de Deus num lugar de entretenimento (diversão) para alivio de consumidores entediados e cansados, transmitindo-lhes um pouco de animo;  Preguiça: indiferença.

·         João demonstra a continuidade orgânica entre os atos de Deus e o nosso testemunho e louvor, que é adoração, a partir dos quais Deus cria sua ação entre nós e no mundo. Nada que fazemos tem mais influencia no céu  ou na terra do que o culto a Deus. Ap 15:2: “vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do numero do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus”.  Púlpito, mesa e pia batismal compõem o mobiliário do culto cristão. Na pia os pecados são lavados (Rm 6:4); a mesa, recebemos o alimento do corpo e sangue de Cristo; e, do púlpito, a palavra de Deus é pronunciada com autoridade.

1.2)         As taças da ira de Deus.
·        As dez pragas na época do Êxodo não aconteceram por serem os egípcios extraordinariamente maus, mas por uma única razão que não tem qualquer conteúdo moral aparente: eles estavam determinados a evitar que o povo de Israel fosse adorar a Deus. A tarefa de Moisés, era formar um povo que adorasse ao Senhor (Ex 4:31).

·        Faraó pecou ao impedir. As pragas de julgamento aconteceram por esse único motivo. O pior inimigo externo que o povo de fé enfrenta é a obstrução à adoração. O pior inimigo interno que o povo de Deus enfrenta é a subversão da adoração.

1.3)         A grande prostituta (Ap 17 -18).
·        Êxodo 14 narra a história do julgamento do Egito, que foi, ao mesmo tempo, a salvação de Israel;  o capitulo 15 traz um cântico sobre o mesmo tema. João também usa esse padrão de fala/cântico, mas substitui o Faraó e os egípcios pela Grande Prostituta e seus amantes.

·        O símbolo da Grande Prostituta como experiência cotidiana é uma cidade onde a vida corre tranqüila. A mulher e a besta escarlate sobre a qual ela se assenta abrangem as ruas que percorremos as lojas em que compramos verduras enquanto conversamos trivialidades com o proprietário.

·        O mais terrível com relação à prostituta não é o fato de ela se deitar com estranhos, mas que, fazendo isso, ela usa o corpo para mentir sobre a vida: não há união de vidas; só de órgão genitais. Lutero identificou a lascívia como uma batalha espiritual, não apenas como uma batalha física. A lascívia estimula nosso afastamento do sexo planejado por Deus, substituindo-o por um atalho: um mundo ilusório de autogratificação.

Conclusão: A Noiva de Cristo e a Adoração a prostituta.
  Para a prostituta, o sexo está a serviço do comércio; para a Noiva (Ap 19), um ganho para toda a vida. Para a primeira, o sexo é ganho, para a outra é dádiva.  A adoração prostituta é um assunto para momentos e ocasiões. A Adoração Noiva envolve e une todas as partes da vida. A Adoração prostituta é praticada sob o principio da atração e do prazer. A relação adoração-noiva é no melhor ou no pior, na a saúde e na doença, até que a morte nos separe. A adoração-prostituta traz-nos grandes ganhos: conseguimos tudo o que queremos, na hora em que queremos. Já adoração-noiva envolve doação: nos entregamos e não sabemos quanto tempo teremos de esperar pela satisfação de nossa ansiedade.  

sexta-feira, 22 de junho de 2012



O leão, o burro e o rato.



Um leão, um burro e um rato voltavam, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:

- Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.

Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água  e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:

- Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?

O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostando-o no chão, morto.

Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
- Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora - divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro apenas um ratinho cinza  morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato chamou:

- Compadre leão, está pronta a partilha!
O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
- Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?

E o rato respondeu:
- Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu - é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha - é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha - e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito!

- Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! - exclamou o leão, realmente admirado. - Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?

- Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.

MORAL: SÓ UM BURRO TENTA FICAR COM A PARTE DO LEÃO.
Millôr Fernandes

terça-feira, 19 de junho de 2012


José: O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem. Genesis 41: 1-44.

“Uma jovem cantou um solo diante de um grande auditório. Sua técnica vocal era esplendida, sua entonação, excelente, seu alcance, significativo. Por coincidência, o compositor da musica que ela cantara se encontrava entre os ouvintes. Quando a jovem terminou, a pessoa sentada ao lado do compositor inclinou-se e perguntou: “E então? O que acha dela? Baixinho, o compositor respondeu: Ela só será realmente grande quando acontecer algo que lhe parta o coração”.

A.W. Tozer, disse: “é duvidoso que Deus possa abençoar muito um homem antes de te-lo ferido profundamente”. A experiência de José até agora (capítulos 37, 39 e 40) foram em grande parte sombrias. Ele pode ter sido o filho favorito, mas sua vida foi cheia de decepções, maus tratos e rejeição, de medo e falsas acusações, de escravidão e abandono. Nós perguntamos: Por que José teve que suportar todas essas coisas? Ele foi obediente a Deus e promovido antes porque “Deus era com ele”. A resposta é que Deus estava trabalhando na sua vida. Exemplo de Jó (Jó 23:3-9 e 10-12). A chave bíblica é “se ele me provasse”. Deus é o refinador.

Todos aqueles que Deus usa grandemente são primeiro ocultos no segredo da sua presença, longe do orgulho do homem.É ali que a nossa visão se torna nítida. É ali que o sedimento é eliminado da corrente da nossa vida e nossa fé começa a agarrar o seu braço.

1)    O SONHO DE FARAÓ (Genesis 41:8).

Ø Depois de dois anos, Faraó sonhou. Os magos são chamados, que originalmente é “homens versados nos escritos sagrados”. Ou seja, eram sábios, inteligentes. Passavam o tempo decifrando tudo. porém, não souberam dizer a Faraó o significado do seu sonho.  DE REPENTE, UMA LUZ SE ACENDEU NA MENTE DO COPEIRO-CHEFE DE FARAÓ (Gn 41:9-14).

Ø Tudo isso em uma hora “de repente”. É de repente, também, que no Mar Vermelho as águas se abrem e Israel pode passar. É de repente que, no monte Carmelo, o fogo cai do céu sobre o sacrifício  e Israel mais uma vez é levado a conversão. De repente, o Espírito Santo vem sobre Maria, o poder do altíssimo a cobre e ela concebe um filho. De repente, Paulo na estrada de Damasco, é confrontado pelo Senhor ressurreto! Precisamos suportar essa demora. “...para o Senhor, escreveu Pedro, “...um dia é como mil anos...”(2 Pe 3:8), e o que acontece naquele pequeno dia pode ser obra de um milênio!

Ø Achava-se na masmorra quando, subitamente, as correntes fizeram ruído, as barras foram removidas, as cordas levantadas, e ele se viu puxado para fora da cisterna. COMO VOU APARECER DIANTE DO REI? Então se barbeou se lavou e mudou de roupa.

2)    INTERPRETAÇÃO DO SONHO (41:25-32).
Ø Faraó lhe disse: “Segundo as minhas fontes, você é o homem que tem as respostas. Diga o significado do meu sonho e verá que vai valer a pena”. “ESPERE UM POUCO, respondeu José, EU NÃO TENHO AS RESPOSTAS, MAS DEUS TEM”.

Ø Os dois sonhos significam a mesma coisa. “O Egito vai ter sete anos de abundancia – supersafras em toda parte. Depois disso virão sete anos de fome, a qual será tão intensa que as pessoas se esquecerão de que houve dias de abundancia. O plano de Deus não só será executado, como você também pode contar com isto: o tempo de Deus será exato”.  Deus! Deus! Deus! Deus! José se refere a Deus em toda a sua resposta. NÃO SOU EU, É O SENHOR! EIS UM HOMEM QUE SE HAVIA HUMILHADO SINCERAMENTE SOB A MÃO PODEROSA DE DEUS.

3)    A RECOMPENSA: A PROMOÇÃO DE JOSÉ. (Gn 41:37-40)
Ø Quanto de nós manipulamos ou conspiramos a fim de satisfazer nossos desejos e depois nos arrependemos? Uma das lembranças mais embaraçosas que a maioria das pessoas tem é  A DO DIA em que obtiveram o que tramaram e manipularam – e depois viram o objeto dos seus desejos escorrer pelas mãos”.

Ø JOSÉ É EXALTADO EM TODO O EGITO (Gn1:41-43). Faraó tirou o anel de sinete e colocou na mão de José. Sabe o que significa isso? Com ele o rei carimbava todas as faturas, as leis e tudo o mais que queria verificar ou validar com o seu sinete. ALÉM DISSO, Faraó deu-lhe roupas finas feitas de linho e, apropriadamente, colocou um colar de ouro em seu pescoço. José recebeu até um coche real (Gn 41:46).

CONCLUSÃO. ALGUNS CONSELHOS: 1) Durante o período de espera, confie em Deus sem entrar em pânico. Conte com ele para lidar com os copeiros chefe da sua vida, as pessoas que o esquecem, as que quebram as promessas; 2) quando a recompensa vem, agradeça a Deus sem orgulho. Enquanto estiver nas trevas da sua masmorra, pela fé, confie nele para que traga a luz de uma nova aurora.  


sábado, 16 de junho de 2012


JONAS OLHANDO PARA O PROPRIO UMBIGO. JONAS 4:1-11.


Três grandes verdades:

1)    VS 1-4: Deus não é como nós. Deus se deleita em pecadores que volta para ele. Ele não tem prazer na morte do ímpio. Ele coloca sobre o pecador a melhor túnica, coloca um anel no seu dedo pra falar da filiação e sapato nos seus pés para dizer que não é mais escravo.

Jonas ficou furioso por Deus ter poupado Nínive! Jonas ama Israel mais do que ama outras nações. Deus nos ouve mesmo quando estamos irados. Habacuque reclamou com Deus; Jó questionou a Deus diante do seu sofrimento; Jeremias reclamou com Deus, ele estava cheio de pregar, pois o pregar tornou-se sofrimento e dizia que não conseguia parar de pregar pois havia um fogo dentro dele.

 JONAS: “peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver”.  MOISÉS: “concebi eu,porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas:Leva-o  ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais? ...Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais. Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria”.  ELIAS: “Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. 
2)    Deus não ensina como nós ensinamos (v.5).
 Jonas assenta-se na enramada esperando a destruição de Nínive. Pessoas que afundam na sua própria vontade, não dando espaço para recomeço. Pessoas ressentidas, trazendo lembranças amargas e, os anos passam, continuam alimentando essas lembranças. 

Jonas estava afundando na enramada, esperando pra ver o que ia aconteceu com a cidade. Enquanto ele espera, uma planta cresce. E as folhas estendem sobre o teto daquela enramada. Naquela terrível brisa quente ele tem cobertura, frescor. Está coberto por uma bela sombra: “que sombra gostosa, deliciosa, fresca”. Ele deveria ter dito: “é fantástico uma planta cresce tão rapidamente assim, não é Deus bondoso demais?”. Jonas, todavia, nem pensou em Deus. Então Deus (v.7), enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se secou.

Jonas sente o calor intenso do sol. E sente-se mal e pede a morte. A pior coisa que existe é ser exposto a ira de Deus. Jonas ficou furioso porque o conforto foi removido.  E Deus lhe diz: “é razoável essa tua ira por causa da planta? É razoável a minha ira até a morte. O QUE APRENDEMOS? Jonas percebe que é um hipócrita completo, ele está fervendo por dentro, furioso por Deus não destruir Ninive e destruir uma planta! Jonas adora a si mesmo. Deus está descortinando pra ele a sua essência: egoísta.
3)    Deus enxerga aquilo que recusamos enxergar (VS 10-11).

Jonas você está preocupada com seus próprios desejos, você quer a Assíria destruída. Jonas você está irado porque eu poupei a cidade e não poupei aquela planta. Você não consegue enxergar a cidade? Há mais de meio milhão de pessoas que não sabem discernir o bem e o mal. É uma cidade penitente, arrependida.

O Mundo perecendo: “o mundo como um campo, uma seara pra ser ceifada”. Muitas pessoas perecendo, precisando da salvação. Os países da janela 10/40, precisando do evangelho. Temos que enxergar as coisas e as pessoas como Deus enxerga; ver como Deus vê.
 
Por que o livro de Jonas termina desse jeito? Uma conversa entre Jonas e Deus. Jonas foi convencido por Deus a respeito da obra missionária. A ordem de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

A noite escura da alma.

            Quem não sofreu? Quem não foi perseguido? Quem não foi humilhado? Quem não foi zombado? Quem não enfrentou injustiça? Essa é a sina da condição humana: sofrimento.  Vivemos em um mundo que o sofrimento tornou-se cadafalso e o que predomina é uma visão triunfalista da vida. Não dá credibilidade, ibope,  explanarmos a respeito desse tema. Somos enxotados e chamados de cristão de Deus pequeno!

            Alguém já afirmou que quando pedirmos alguma coisa ao Pai, não podemos usar a expressão “se for da tua vontade”  porque a oração perde sua força! Voce tem que determinar.  Spurgeon em sua predica sobre a oração de Jabez apontou esse fato dizendo que se não colocarmos essa proposição “se for da tua vontade” a oração torna-se muito perigosa. Deus pode até conceder, mas não dentro do querer dele.

            Napoleão Bonaparte em sua saciedade pelo continente europeu deixou-nos um principio, depois de sair derrotado pelo inverno da Russia, “temos que ter um sonho, mas mantermos distancia desse sonho para que não haja manipulação”.  Noutras palavras, na hora certa cairá em nossas mãos.

            Será que a lei da linearidade funciona? O que ela diz? Sempre disse e dirá que dois mais dois será quatro! Talvez na geometria é indiscutível e na vida humana essa frase tem sustentação? Categoricamente, não. Por quê? O mundo é um mundo caído, rachado, fracionado; natureza geme, vulcões, terremotos, maremotos, doenças, etc.

            O sofrimento torna-nos humanos. Portanto, não se iluda com essas filosofias casuísticas de vida sem sofrimento.   

sábado, 2 de junho de 2012


O jovem líder e a maturidade cristã. De olho em 1 Tm capitulo 4:12 e capitulo 5:1-16.

1.      MATURIDADE NO CUIDADO DA VIDA  PESSOAL.

·         PADRÃO NA LINGUAGEM. Olhando para o ensino de Tiago, ele nos diz que os que são mestres são mais passíveis de maior julgamento, e o principal instrumento que precisamos cuidar em nossa conduta é a língua (Tg 3:1-2). Temos que evitar: maledicência, mentira, dolo, critica, murmuração, bajulação etc.

·         PADRÃO NA CONDUTA.  “Conduta, modo de vida”. Este verbo ocorre 9 vezes no Novo Testamento. Paulo já havia orientado a Timóteo da necessidade de os presbíteros e diáconos serem irrepreensíveis (1 Tm 3:2-8). Por conduta, entende-se o modo de vida, maneira de tratar as pessoas, costumes, hábitos, vida no trabalho, relacionamento familiar, modo de lidar com as finanças etc.  A conduta é um reflexo do caráter, o qual é nutrido e alimentado num relacionamento crescente, submisso e comprometido com Cristo”.

·         PADRÃO NO AMOR. O ensino bíblico é que todos os cristãos amem uns aos outros. Por isso Paulo dedica 1 Co 13 como uma defesa do amor. O profeta Jeremias sabendo do prejuízo para a igreja quando os pastores não amam o rebanho, repreendeu os líderes de seu tempo que pastoreavam para seu próprio propósito (Jr 23:1-4).

·         PADRÃO NA FÉ. Essa fé, da qual Timóteo precisa tornar-se exemplo, é uma confiança inabalável em Deus e em sua palavra. Se Timóteo quer ter estabilidade e servir de modelo para a igreja, deverá fixar sua fé não em suas próprias habilidades, mas no Senhor. FÉ PARA ENFRENTAR AS VICISSITUDES DO MINISTÉRIO (Rm 8:28). FÉ PARA QUE NOSSO MINISTÉRIO SEJA NORTEADO POR PRINCIPIOS E NÃO POR MÉTODOS. FÉ PARA SERMOS CAPAZES DE PREGAR A PALAVRA DE DEUS. FÉ PARA PERSEVERAR.

·         PADRÃO NA PUREZA. Se um líder deseja exercer um ministério eficiente e prospero, terá de lidar diariamente com o assunto de sua própria santificação. Ele tem de seguir a pureza que o ofício lhe exige. Enquanto outras pessoas trabalhavam para obter ganhos financeiros, tendo-o como um objetivo de vida (1 Tm 6:9-10), Timóteo deveria seguir a piedade com um coração puro (1 Tm 6:11-12 e 2 Tm 2:20-22).

2.      MATURIDADE NO PASTOREIO DO REBANHO (1 Tm 5:1-16).

·         Os idosos. Paulo orienta a Timóteo que ao precisar exortar a um homem idoso, não deve fazê-lo de modo áspero, mas sim, com muito respeito. “admoeste-o como se fosse seu próprio pai”. João Calvino, expõe em seu comentário de primeira Timóteo: “é impossível não pensarmos em nosso pai e em nossa mãe sem sentir profundo respeito; e em relação a eles, a veemência áspera deve ceder lugar à brandura”.  Quanto às mulheres idosas, Timóteo deve também tratá-las como um filho adulto trata sua mãe.

·         Juventude. Timóteo deve tratar da mesma maneira as jovens solteiras que porventura estejam sob sua orientação espiritual, ou seja, como se fossem suas próprias irmãs, porque realmente o são...no Senhor”.  Mais uma vez João Calvino, destaca a expressão “com toda pureza” e afirma que Timóteo em sua idade, deve temer toda e qualquer insinuação suspeita.

·         VIÚVAS. A verdadeira viúva não tinha filhos nem netos, nem qualquer outra pessoa que pudesse lhe ajudar. Foi deixada sozinha e estava realmente desprovida de meio de sustento. Timóteo deveria aprender a honrar as viúvas, mesmo porque as Escrituras, uma das manifestações da religião genuína era “visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações”.
Rrevista Liderança Cristã - Socep.