terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O perigo da apostasia. Hebreus 3:1-19.


Introdução: Apostasia: o que é? 

Apostatar é não ficar firme em Cristo e seu evangelho até o final (Hb 3.6,14).  É afastar-se do Deus vivo (Hb 3.12). Como resultado, a pessoa não é mais reconhecida como  pertencendo a Cristo e deixa de entrar no descanso prometido a todos que lhe pertencem.
Como ocorre? A ) Começa no coração, ou seja, nos afetos e pensamentos, no interior da pessoa (Hb 3.8, 10,12 e 15, “coração”).  Primeiro, o  coração se torna endurecido diante dos mandamentos de Deus; recusa-se a acatá-los (Hb 3.8, 13, 15 “endureçais”), porque, com toda franqueza, o pecado parece ser mais atraente (Hb 3.13 “engano do pecado”).  B ) Em seguida, vem a provocação – murmuração, insatisfação, reclamação e rebeldia (Hb 3.8,16 “na provocação”).  Isso conduz ao pecado, ou seja, fazer aquilo que é proibido, não sem querer, mas com desejo ativo (Hb 3.17). C ) Incredulidade (Hb 3.12,18). A palavra empregada no grego dá a idéia de rebeldia obstinada e desobediência causada pela descrença. Quando isso acontece, o afastamento final do Senhor já ocorreu.

1)    Jesus, superior a Moisés. 


Moisés foi o homem com quem Deus falou face a face, como se fala com um amigo (Ex 33.11); foi o receptor direto dos dez mandamentos — a lei de Deus — quer dizer, o mais importante do mundo para o judeu. Moisés e a Lei eram virtualmente uma e a mesma coisa. Um mestre judeu do segundo século, o rabino José Ben Jalafta, dizia comentando esta mesma passagem: "Deus chama Moisés fiel em toda sua casa e desta maneira o coloca numa categoria superior aos anjos que o servem."

Se Jesus for superior aos anjos agora deverá demonstrar que é superior a Moisés que por sua vez supera os anjos. Esta mesma citação é índice da posição que os judeus atribuíam a Moisés. "Moisés foi fiel em toda a casa de Deus" (Nm 12.6-7). Teria sido impossível que um judeu concebesse que alguém jamais teria estado mais perto de Deus que Moisés; e isto é precisamente o que o autor de Hebreus se propõe provar.

O autor pede a seus leitores que considerem Jesus (v.1). Usa uma palavra interessante e sugestiva. A palavra katanoein. Agora, esta palavra não significa simplesmente olhar algo ou perceber alguma coisa. Significa fixar a atenção em algo ou em alguém de tal maneira que seu significado profundo e a lição que dá possam ser assimilados. Em Lucas 12:24 Jesus usa a mesma palavra quando diz: "Considerem os corvos." "Olhem os corvos, entendam e aprendam a lição que Deus lhes dá neles.".


O que vemos, então, quando fixamos nossa atenção em Jesus? Percebemos duas coisas. a) Vemos o grande apóstolo. Agora, nenhum outro no Novo Testamento jamais chamou apóstolo a Jesus. O substantivo apostolos significa literariamente aquele que é enviado. No mundo grego significa freqüentemente embaixador. Neste caso Jesus é o supremo embaixador de Deus.

Qual é a característica do embaixador? O embaixador está investido com todo o poder e a autoridade do país ou do rei que o envia. Jesus veio de Deus revestido com todo o poder de Deus. Toda a graça, a misericórdia, o amor e o poder de Deus estavam em seu embaixador, seu apostolos, Jesus Cristo. A voz do embaixador é a voz do país ou do rei que o envia. Num país estrangeiro o embaixador fala por sua pátria. É a voz de seu país. Assim Jesus veio com a voz de Deus; nele fala Deus. Ouvi-lo é ouvir a voz de Deus.

b)  Jesus é o grande sumo sacerdote. A palavra latina para sacerdote é pontifex que significa construtor de pontes. O sacerdote é a pessoa que estende uma ponte entre o homem e Deus. Para isto deve conhecer tanto ao homem como a Deus; deve ser capaz de falar a Deus em nome dos homens e aos homens em nome de Deus. Jesus é o sumo sacerdote perfeito porque é perfeitamente homem e Deus; porque pode representar os homens perante Deus e Deus perante os homens; nele Deus se aproxima do homem e o homem se aproxima a Deus; nele Deus vem aos homens e os homens vão a Deus. 



Onde reside, pois, a superioridade de Jesus sobre Moisés? o mundo é a casa de Deus e os homens são sua família. Pouco antes o escritor nos mostrou a imagem de Jesus como Criador do universo de Deus (Hb 1.2,10). Agora, Moisés só constituía uma parte deste universo; foi homem e trabalhou num mundo criado; era parte da casa e membro da família. Mas Jesus é criador da casa e, portanto, deve permanecer sobre a mesma. Moisés não criou a Lei; só foi seu transmissor; não criou a casa; só serviu nela; nunca falou por si mesmo; tudo o disse assinalou só as coisas maiores que Jesus Cristo faria algum dia. Em síntese, Moisés foi o servo, Jesus Cristo o Filho: Moisés conheceu algo sobre Deus, Jesus era Deus. Nisto reside a grandeza de Jesus e o segredo de sua superioridade exclusiva.

A seguir o autor de Hebreus introduz outra imagem. É certo que todo mundo é a casa de Deus, mas a Igreja o é num sentido especial, pois Deus edificou a Igreja, criou-a e lhe deu existência (1 Pe 2.5). Este edifício da Igreja só se manterá em pé, firme e indestrutível, quando cada membro estiver firme na orgulhosa e confiada esperança que tem Jesus Cristo. Cada um de nós é uma pedra da Igreja. Se uma pedra for fraca, todo o edifício corre perigo de desmoronamento; a Igreja só pode permanecer firme quando cada pedra viva se arraiga e se fundamenta em Jesus Cristo pela fé. 


2)      Enquanto ainda dura o hoje.
O escritor aos hebreus começa com uma citação do Salmo 95:7-11. O salmo exorta aos que o escutam a prestar ouvidos à voz de Deus para não assemelhar-se aos filhos de Israel "como na provocação e no dia da tentação". Agora, estas dois expressões — provocação e dia da tentação — são tradução de duas palavras hebréias que expressam nomes de lugares: Massá e Meribá. O texto refere-se à história narrada em Êxodo 17:1-7 e Números 20:1-13. Ambas as passagens relatam um broto de rebelião durante a peregrinação do povo de Israel. Encontravam-se sedentos no deserto e protestaram perante Moisés, lamentando ter abandonado o país do Egito. Tinham perdido toda a confiança em Deus. Na versão de Números Deus ordena que Moisés fale com a rocha (Nm 20.8) para que dela surja água. Mas Moisés em sua irritação não falou, antes bateu na rocha (Nm 20.11). A água brotou igualmente, mas por causa deste ato de desconfiança e desobediência Deus declarou que Moisés jamais introduziria o povo na terra prometida. O ato de desconfiança e desobediência fechou a entrada à terra da promessa. "Certamente não entrarão em meu descanso" significa "Certamente não entrarão na terra prometida."

Essas pessoas tinham experimentado uma maravilhosa libertação sobrenatural da escravidão do Egito. Receberam a surpreendente revelação no Sinai. Deus provia suas necessidades a cada dia e eram testemunhas de milagres extraordinários. Podiam dizer e cantar “Caminhamos para Canaã... Deus agiu por nós...Experimentamos uma mudança maravilhosa”. MAS NUNCA ENTRARAM NA TERRA PROMETIDA!!!

3)    Admoestação.
Cuidado! Cuidado para que o mesmo não aconteça com vocês ao cair em negligencia e desobediência. Para que não suceda a mesma descrença e obstinação nos seus corações e, assim, se afastem do Deus vivo (v.12). O Caminho para evitar isso é a exortação diária. O pecado é traiçoeiro e é muito fácil que o coração permaneça endurecido. PORTANTO, vocês devem continuar a encorajar e exortar uns aos outros, a fim de permanecer firmes e continuar sempre, sempre (v.13).

“Não feche seu coração para nada do que Deus disse. Não murmures, te rebeles ou resmungues. Não relaxe nas santas disciplinas. “Hoje” é a palavra-chave para a vida cristã.

Não façam como o povo de Israel: ouviram a Palavra de Deus, mas não aceitaram; murmuraram; reclamaram e se rebelaram. Toda nação se rebelou contra Deus, buscou uma liderança alternativa, expressou insatisfação com a sua bondosa providencia milagrosa e, vez por outra, planejou voltar ao Egito. FOI CONTRA TAIS PESSOAS QUE DEUS SE INDIGNOU, ENTRISTECEU E SE ABORRECEU POR QUARENTA ANOS. Foram os cadáveres dessas pessoas que, sem exceção, caíram no deserto.


Conclusão: Alguém disse: "Deveríamos viver cada dia como se fosse toda uma vida." O oferecimento de Deus deve ser aceito hoje; a confiança e a obediência devem manifestar-se hoje porque nunca estamos seguros do manhã.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Entre obediência a Jesus e a Tempestade da vida. Mt 14.22-33


INTRODUÇÃO

Uma das maiores crises que muitos cristãos enfrentam é conciliar a bondade de Deus com as tribulações que enfrentamos no percurso da vida. E essa crise é geral, ela de alguma forma atinge a cada um de nós, alguns de uma forma mais intensa, outras mais brandas, mas todos nós a enfrentamos.

Philip Yancey em seu livro “Decepcionado com Deus” escreve: “Descobri que para muitas pessoas existe um grande abismo entre o que esperam de sua fé cristã e o que de fato acontece. A partir de um verdadeiro mundo de livros, sermões e testemunhos, todos prometendo vitória e sucesso, elas aprendem a esperar que Deus atue de modo impressionante em suas vidas. Se não enxergam tais intervenções, sentem-se desapontadas, traídas e frequentemente culpadas. Como disse uma mulher: 

Eu ficava pensando na frase ‘relacionamento pessoal com Jesus Cristo’. Mas, para minha surpresa, descobri que isso é diferente de qualquer outro relacionamento pessoal. Nunca vi a Deus, nunca o ouvi, nunca o senti, nunca experimentei os elementos mais básicos de um relacionamento. Ou existe alguma coisa errada com o que me ensinaram, ou existe alguma coisa errada comigo”.


Muitas pessoas estão decepcionadas com Deus por causa do tipo de evangelho que lhes têm sido apresentadas. Não um Evangelho bíblico, mas uma mutação de filosofia com espiritismo embalada em folhas da Bíblia. E isso não é evangelho.

Esse tipo de fé leva qualquer um a viver totalmente decepcionado com Deus. Mas quando temos uma fé firmada em Deus pelo o que Ele é tudo se torna diferente.  Como disse D. Martyn Lloyd-Jones: “Não devemos servir a Deus pelo o que Ele dá e faz, mas pelo o que Ele é”. A decepção que muitos tem tido com Deus é porque inverteram essa ideia, pois Deus não nos dá e nem faz tudo que queremos, mas supre todas as nossas necessidades (Mt 6.31-33).

John MacArthur comentando sobre o apóstolo Paulo diz que “Ao final de sua vida, assentado só, em um calabouço romano, Paulo ainda podia sorrir para o futuro. Palavras de esperança invadiam sua perspectiva, pois ele media o sucesso a partir do padrão celestial”. Essa é a diferença entre o apóstolo Paulo e os falsos “apóstolos” de nossos dias.  

Essa é a grande diferença entre uma fé firmada em Deus e uma fé firmada em milagres. Como disse Philip Yancey: “Será que uma erupção de milagres sustentaria a fé? Provavelmente não; pelo menos, não sustentaria o tipo de fé em que Deus parece estar interessado. Os israelitas são uma grande demonstração de que os sinais só conseguem nos tornar viciados em sinais, não em Deus”.

O verdadeiro evangelho é obediência independentemente da situação que estamos enfrentando. Ser cristão, no verdadeiro sentido da palavra, significa ser um seguidor incondicional de Jesus Cristo. Somos ordenados a obedecê-lo sem questionar, e a segui-lo sem reclamar. 

O texto que lemos nos diz que após a multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus compele seus discípulos a embarcar e passar adiante para o outro lado do mar. A palavra “compelir” quer dizer: fazer deslocar-se à força; empurrar, impelir. Ou seja, Jesus os obrigou a partir. Eles não foram por livre e espontânea vontade, mas receberam uma ordem direta de Jesus; e obedeceram.

Mas em meio a esta obediência, o mar se agitou, pois o vento era contrário. Como podemos conciliar obediência com ventos contrários em nossa vida? Como entender isso? Eu quero pensar com você sobre isso dentro desse texto de Mateus, pois ele tem muito a nos ensinar sobre este assunto.

EM PRIMEIRO LUGAR, QUEM OBEDECE A JESUS PASSA POR TEMPESTADES (Mt 14.22-24).

A vida é feita de lutas e dificuldades, não existe vida com Deus sem lutas, alias, o Senhor Jesus deixou isso bem claro para os seus discípulos quando disse que no mundo eles passariam por aflição (Jo 16.33). E outra coisa, a tempestade veio porque estavam dentro da vontade de Deus e não como Jonas fora da vontade dEle.
Uma vez que Jesus é oniciente, ou seja, sabe todas as coisas, Ele sabia que a tempestade estava por vir. Como então Ele manda os seus discípulos para ao encontro desta tempestade?

1º - Ele queria os livrar da tentação da multidão. No Evangelho de João nós encontramos a multidão querendo coroá-lo Rei. Por isso a pressa de Jesus em despedir logo a multidão e manda os seus discípulos embora (Jo 6.15). Se os discípulos não tivessem partido, certamente teriam apoiado os planos da multidão, pois eles ainda não entendiam os planos do Senhor.

2º - Porque os discípulos estariam mais seguros no meio da tempestade e dentro da vontade do Senhor do que em terra com as multidões e fora da vontade divina. A bonança nem sempre é sinal de bênção. Às vezes ela pode tornar-se a nossa queda. Davi estava em paz em seu palácio, e foi nesse momento que caiu (2Sm 11).
O centro da vontade de Deus é o lugar mais seguro da terra, ainda que seja em meio a uma grande tempestade.

3º - Os discípulos aprenderam muito mais através da manifestação do Senhor na tempestade do que se ela não tivesse ocorrido. Os discípulos haviam enfrentado uma tempestade com o Senhor no barco, agora estavam enfrentado outra com Ele fora do barco. O cristianismo é um aprendizado diário, é a fé em prática todos os dias. João quando narra este mesmo episódio diz que “Jesus ainda não viera ter com eles” (Jo 6.17). Ainda é uma palavra que gera esperança. Não é o fim de tudo. Jesus está a caminho. Ele ainda não chegou, mas vai logo chegar.

4º - Porque os discípulos precisavam ter discernimento espiritual (Mt 14.25,26). Uma das coisas mais urgentes hoje no seio da igreja é o discernimento espiritual. Quantas pessoas sendo enganadas pelos falsos profetas por falta de discernimento. Veem Jesus onde Ele não está e onde Ele está não o veem.

Observe que os discípulos ao verem Jesus andando sobre o mar pensaram ser um fantasma. Eles não conseguiram identificá-lo, mas isso tem ocorrido também hoje. Quantas pessoas que estão vendo “fantasma” quando na verdade é o Senhor vindo ao seu encontro. Não discernem o Senhor de um espírito maligno. E quem não tem discernimento acaba metendo os pés pelas mãos. Veja o que em Marcos 6.48 nos diz:

“E, vendo-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta da quarta vigília da noite, veio ter com eles, andando por sobre o mar; e queria tomar-lhes a dianteira”. 

Jesus queria tomar-lhes a dianteira. Queria se identificar, mas o medo os fazia remar cada vez mais para longe. O discernimento nos faz ver e entender as coisas espirituais como elas são, mas a falta de discernimento nos afasta dEle.

Exemplo: A história de um homem que estava ausente de sua aldeia com seu filho. Quando eles retornaram a sua aldeia eles a olharam do alto de um monte e perceberam que ela havia sito atacada e todos estavam mortos. O homem disse então:
 - Ah se eu fosse Deus!
O menino então olhando para o pai disse:
- Pai se você fosse Deus não deixaria que isso acontecesse, não é?
- Não meu filho. Se eu fosse Deus eu entenderia.
O medo e a fé não podem conviver no mesmo coração, pois o medo sempre nos impede de ver a presença de Deus.

EM SEGUNDO LUGAR, QUEM OBEDECE A JESUS QUER ESTAR COM ELE (Mt 14.28,29).

Seja em que tempo for e em toda e qualquer situação. Quem lhe obedece tem prazer de estar com Deus. Pedro não pensou duas vezes para estar com Jesus.

Podemos destacar três razões para isso:

1º - Quem vive pela fé discerne a voz do Senhor. Pedro quando ouviu a voz do mestre não pensou duas vezes para estar com Ele, ainda que fosse sobre as águas. É preciso ter fé para sair do barco e estar com Jesus. Assim é a fé. Ela nos impulsiona a viver o impossível e crer no extraordinário quando discernimos a voz do nosso Senhor. Veja por exemplo a história de Abraão quando o Senhor lhe pediu Isaque (Gn 22 conf. Hb 11.17-19). Isso é fé.      

2º - Quem vive pela fé sabe que Jesus é o socorro bem presente na tribulação – v. 30-33. Quem obedece a Jesus, mesmo tendo uma pequena fé, vê grandes milagres. Observe que o Senhor repreende a Pedro pela sua pequena fé. Pedro começou a afundar porque começou a reparar na força do vento, então teve medo; preste atenção, Pedro não submergiu ele começou a afundar e logo pede por socorro. Ele não gritou por socorro quando já estava se afogando. Isso é uma grande lição para todos nós.

Devemos gritar por socorro enquanto há tempo e não quando ele já se esgotou. O socorro do Senhor é bem vindo já antes da tragédia. Depois, talvez, seja tarde.
Pedro teve uma fé vacilante, pois ele tirou os olhos do Senhor e olhou para as circunstâncias ao redor. 
O termo duvidar tem o sentido de “mostrar-se incerto ao ter de escolher entre dois caminhos”. Pedro começou com fé, mas terminou afundando, pois viu dois caminhos em vez de um. Se quisermos ser vitoriosos não podemos desviar os nossos olhos do Senhor. Essa é a lição que Pedro nos deixa. É possível andar sobre as circunstâncias adversas da vida, se não tiramos os nossos olhos do Senhor.

3º - Quem vive pela fé recebe o conforto e consolo de Jesus na hora da tribulação – v. 25, 27. Em meio a todo aquele desespero o Senhor traz ao coração dos seus discípulos conforto e consolo. Jesus veio ao encontro deles na quarta vigília da noite, ou seja, por volta da três da manhã.

Muitas vezes, temos a impressão de que o Senhor nos abandonou justamente no momento que mais precisamos dEle. No momento mais difícil de nossas vidas. Essa é a impressão que temos e o diabo gosta de botar dúvidas em nosso coração. Devemos lutar contra tais pensamentos e nos lembrar da Palavra em que Ele nos promete estar conosco em todo o tempo. Veja por exemplo: Is 43.2; Mt 28.20c; 2Tm 4.16-18.

Quando Jesus se aproximou disse: Sou Eu, tende bom ânimo, não temais.

Primeiro – Jesus se apresenta – Sou Eu para mostrar que Ele não era um fantasma.  
Segundo – Jesus renova o ânimo dos discípulos – Tende bom ânimo.
Terceiro – Jesus tira o medo dos seus corações – Não temais.

Da mesma forma o Senhor se apresenta a cada um de nós hoje, renovando a nossa fé e trazendo alento aos nossos corações.

EM TERCEIRO LUGAR, QUEM OBEDECE A JESUS O ADORA, POIS SABE QUE ELE É O VERDADEIRO DEUS (Mt 14.32, 33).

Observe que o vento só cessou quando Jesus e Pedro entraram no barco. Mas mesmo antes a confiança e a alegria já estavam estampadas em seus corações, pois afinal de contas o Senhor havia chegado.
Podemos tirar três lições aqui:

1º - A experiência de Pedro foi uma bênção não apenas para ele, mas para os demais discípulos também. A experiência de Pedro não fortaleceu somente ele, mas serviu de fortalecimento para os demais discípulos. Assim como nos fortalece hoje também. Não devemos viver das experiências dos outros, mas devemos entender que as experiências alheias é uma forma de nos consolar e nos fortalecer e, acima de tudo, nos trazer a memória que o Senhor não mudou, mas está cuidando dos Seus ainda hoje.

2º - Eles viram que o Senhor era o Filho de Deus. Nenhuma experiência espiritual, nenhum milagre alcançado que não glorifique a Deus procede dEle. Toda experiência, e todo milagre tem que nos levar a glorificar a Deus sempre. Toda vez que Jesus operava um milagre era para fortalecer a fé das pessoas na Pessoa dEle. Nunca se esqueça disso.

Observe um detalhe. Esse milagre engrandece a realeza de Jesus. Quando Pedro faz o pedido: “manda-me ir ter contigo”, usa uma palavra grega que significa “a ordem de um rei”. Pedro sabia que Jesus Cristo era Rei sobre toda a natureza, inclusive do vento e das águas. A palavra de Jesus é lei, e os elementos devem obedecê-lo. Por isso que Pedro ousou sair do barco.

3º - O Senhor sempre vem ao nosso encontro ainda que seja na quarta vigília da noite. Quem vive pela fé em Jesus não deve se esquecer de que Ele sempre vem ao nosso encontro, ainda que pareça tardar. O relógio de Deus não atrasa, o nosso é que está sempre adiantado.

CONCLUSÃO
A ordem de Jesus foi cumprida pelos seus discípulos, mas mal sabiam que aquela obediência iria lhes dar uma das maiores experiências de suas vidas. Obedecer a Deus não é garantia de que não enfrentaremos dificuldades na vida, mas certamente nos levará a termos experiências grandes que fortalecerão a nossa fé no decorrer de nossa caminhada com o Senhor.

Obedeça-O e deixe que Ele seja Senhor em sua vida e o mais Ele fará.
Pense nisso.

***
Do blog do autor, Ministério Beréria


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Jesus é  superior aos anjos  - Hb 1:5-14 e 2:1-4.


Introdução:

O propósito deste ensino é expandir a frase “melhor que os anjos” que o apostolo acabara de usar no versículo 4. Sendo judeus, os primeiros leitores desta carta pensavam muito em anjos. Uma das razões pelas quais tinham tanta reverencia pelas leis que Deus lhes deu no tempo de Moisés é que estas lhes vieram por intermédio de anjos (Atos 7.53, Gl 3.19). Portanto, é importante que o apóstolo demonstre que Cristo, o centro do evangelho, é maior que esses anjos.  Para isso, ele cita sete versículos do Antigo Testamento, sendo um deles em 2 Samuel, enquanto os outros são dos Salmos.

1)    Os anjos são apenas anjos: Cristo é o Filho (1.4-5).


Deus nunca disse a um anjo: “Tu és meu filho”. Somente a Cristo, e referindo a Cristo. O inicio do versículo 5, cita o Salmo 2.7, refere-se a sua geração eterna. Por “eternamente gerado” estamos dizendo que tudo que Cristo é deve-se ao Pai, ainda que ele mesmo seja Deus.  A segunda passagem, que cita é 2 Samuel 7.14, continua a referencia ao relacionamento que existe entre a primeira e a segunda pessoa da Trindade. Sendo meros mensageiros, os anjos jamais são tratados com tamanha dignidade. São enviados por Deus, mas não são Deus.

2)    Os anjos são meros adoradores: Cristo é o adorado (1.6).


O apóstolo falou do ser eterno de Cristo. Agora, ele menciona a sua vinda ao mundo. Cristo é descrito como “primogênito”. A palavra descreve o membro mais velho da família, aquele que assumirá como chefe quando o pai tiver morrido. Deus Pai não pode morrer. Contudo, Jesus Cristo é o seu “herdeiro designado” (Hb 1.2).

Portanto, os anjos são chamados a adorá-lo e servi-lo. Em Isaias 6, o profeta os viu fazendo exatamente isso (pois era Cristo que Isaias viu ali, conforme Joao 12.41 esclarece). Da mesma forma, os anjos anunciaram publicamente o seu nascimento (Lc 2.8-20), ministraram a ele no deserto (Mt 4.11), o fortaleceram no Getsêmane (Lc 22.43) e, se ele tivesse ordenado, o teriam livrado da cruz (Mt 26.53). PORTANTO, Cristo é muito maior que os anjos.

3)    Os anjos são meras criaturas: Cristo é o Criador (1.7-12).

O versiculo 7, que cita o Salmo 104.4, contém dois conceitos,ambos demonstrando que os anjos são seres inferiores e subordinados. Eles são criaturas. Deus “faz deles” alguma coisa. Anjos são servos, como o vento e o fogo são seus servos.  Cristo, por outro lado, é chamado de Deus e soberano. Os versículos 8-9 citam o Salmo 45.6-7, um salmo messiânico onde são destacadas suas virtudes: as qualidades do seu reinado são justiça, retidão e ódio à maldade. Para o seu trono, Cristo foi ungido (“Cristo” significa “ungido”) e não apenas designado.  

Mas como pode Cristo, que é tratado como Deus (v.8), ter alguém como seu Deus (v.9)? Para responder, temos de ter em mente a Bíblia inteira. Ela nos ensina que, embora exista um só Deus, há três que são Deus (mas não são três deuses). O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus – cada um é Deus no mesmo sentido. Destes, o Pai é o primeiro, o Filho o segundo, e o Espírito Santo o terceiro. Não somente isto, mas também, o Filho, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem. Como segunda pessoa da Trindade, ele tem a Deus como o seu Deus.


Em seguida, nos versículos 10 a 12, o apostolo cita o salmo 102.25-27. Aqui, Cristo é tratado pelo nome divino de “Senhor” e visto como Criador, aquele que permanece imutável em meio a todas as coisas que mudam. Estes versículos abrangem toda a história, mostrando que Cristo existia antes da criação, realizou toda a criação, permanecerá quando toda a criação findar e continuará a existir para sempre.

4)    Os anjos são meros servos: Cristo é rei (Hb 1.13-14).

A passagem do Antigo Testamento que o apostolo tem em mente é o versículo de abertura do salmo 110, outro salmo messiânico. Jesus está assentado à destra de Deus. Nada remotamente parecido foi dito nesse sentido a respeito de qualquer anjo e jamais o será.

O que são os anjos? Não são pessoas da Divindade. São espíritos criados que foram enviados por Deus, não somente para servi-lo, mas também para servir aos cristãos.  Em alguns momentos parecemos tão rebaixados  e os anjos aparecem tão poderosos. Mas nós é que herdaremos a salvação, não eles. 

Conclusão: 
Advertencia (Hb 2.1-4). A imagem do versículo 1 é a de um barco em uma rápida corrente, perdido e sendo varrido para o mar. Nessas circunstancias o mais frágil barco permanece  seguro, conquanto esteja fixo perto da costa. A escolha é permanecer ligado à margem ou perecer. Sendo assim, era de se esperar que os hebreus estivessem sempre verificando suas amarras, apertando mais o nó e fortalecendo o ancoradouro. Ao invés disso, esses crentes tinham a ideia de que estariam seguros do outro lado do rio. Em vez de verificar suas cordas, elas as cortam uma por uma. Agora, resta apenas uma – e o nó dessa corda começa a escorregar! Eles precisam fazer alguma coisa!


terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Jesus é superior. Hebreus 1.1-4.

Introdução. O ano aproximado é 65 d.C. Faz apenas uns trinta e cinco anos que nosso Senhor foi crucificado, ressuscitou dos mortos e subiu aos céus, de onde mandou o Espírito Santo à sua igreja no dia de Pentecostes. Muitos cristãos são agora da segunda geração de crentes, alguns apóstolos estão vivos (Hb 2.3). Vieram à fé pela pregação e testemunho das testemunhas oculares originais.

Nesses dias os cristãos hebreus não se encontravam em situação boa. Existe o perigo de sua nova fé encontrada em Cristo estar enfraquecida (3.12-14). Alguns nem se dão ao trabalho de freqüentar regularmente a igreja (Hb 10.25), enquanto muitos que vão aos cultos não prestam muita atenção à pregação (Hb 2.1). Alguns estão com as mãos descaídas (Hb 12.12). Em vez de serem perspicazes e capazes de ensinar a fé a outros, demonstram pouco interesse em prosseguir na vida cristã. Não aprenderam as coisas básicas do evangelho, tampouco as verdades mais profundas (Hb 5.12).

A primeira seção, capítulo 1 ao 10.18, o apóstolo responde às principais perguntas que os crentes hebreus estão fazendo: por que não voltar ao judaísmo? O que temos, como cristãos, que não tínhamos antes? Parece que o autor está dizendo: “Deixem que eu lhe mostre o que nós temos”. Ele passa então a falar-lhe do Senhor Jesus Cristo, divino sacerdote, sacerdote-redentor, sacerdote-apóstolo, sacerdote-perfeito, sacerdote-eterno. “Possuímos tal sumo sacerdote” é a sua mensagem triunfal (Hb 8.1). E, Hebreus 10:19-25 é um resumo do restante do livro: “Tendo, pois, irmãos...aproximemo-nos...” A partir de 10.19 o apóstolo passa principalmente à exortação, toda ela baseada na gloriosa verdade de que “possuímos tal sumo sacerdote”.

Quanto a autoria do livro não temos certeza. Orígenes fez a famosa observação. "Só Deus sabe com certeza quem escreveu a Carta aos Hebreus." Tertuliano pensava que foi escrita Barnabé. Jerônimo diz que a Igreja latina não a recebia como de Paulo e ao falar do autor diz: "O escritor de Hebreus seja quem for." Agostinho sentia da mesma maneira. Lutero declarava que Paulo jamais podia tê-la escrito porque o pensamento não é dele e Calvino que "ele não podia convencer-se de que esta Carta fosse de Paulo".

1)    Deus falou (1.1-2). 

“Havendo Deus, outrora, falado”. Temos de observar que ele não falou apenas uma vez. Não disse tudo que tinha a dizer de uma vez. Falou “muitas vezes e de muitas maneiras”. Portanto, o Antigo Testamento é uma revelação progressiva. Às vezes falou em voz audível. Certa vez, escreveu algo com o próprio dedo. Às vezes usou visões. O mais usual era que seu Espírito viesse sobre um homem de tal forma que esse humano conseguiria expressar seus pensamentos em palavras exatamente como Deus queria.

Essa revelação era fragmentária e devia apresentar-se em forma tal que pudesse ser entendida apesar das limitações da época. Amós é "um clamor pela justiça social". Isaías compreendeu a santidade de Deus. Oséias, por causa de sua própria amarga experiência caseira, descobriu a maravilha do amor de Deus que perdoa. Cada profeta, a partir de sua própria experiência da vida, e da experiência de Israel, capta e expressa um fragmento, uma parte da verdade de Deus. Nenhum profeta tinha captado todo o círculo completo da verdade.  

No entanto, “Nestes últimos dias” pelo Filho. 


 Deus falou novamente. Mas desta vez, essa é a sua última revelação. A revelação de Deus em Jesus Cristo é de caráter superior porque é completa. É superior no tempo porque nenhuma revelação virá depois dela. É superior em seu destino porque foi feita a nós. É superior em seu agente porque, diferente do Antigo Testamento, que veio por meio de fracos profetas humanos, veio por meio do próprio Filho de Deus.

os profetas eram os amigos de Deus mas Jesus era o Filho; os profetas captaram parte da mente de Deus mas Jesus era a própria mente de Deus. Note-se que o autor de Hebreus não pretende diminuir os profetas; seu propósito era deixar bem assentada a supremacia de Jesus Cristo.

2)    Sete coisas sobre a superioridade de Jesus.


Cristo, o herdeiro. Nenhum bem pode ser encontrado fora dele, visto ser ele o herdeiro de todas as coisas.

 “Gerado pelo Pai antes de todos os mundos.” Gerar é ser pai de alguém; criar é fazer, construir algo. A diferença é a seguinte: na geração, o que foi gerado é da mesma espécie que o gerador. Um homem gera bebês humanos, um castor gera castorzinhos e um pássaro gera ovos de onde sairão outros passarinhos. Mas, quando fazemos algo, esse algo é de uma espécie diferente. Um pássaro faz um ninho, um castor constrói uma represa, um homem faz um aparelho de rádio – ou talvez algo um pouco mais parecido consigo mesmo que um rádio: uma estátua, por exemplo. Se for um escultor habilidoso, sua estátua se parecerá muito com um homem. Mas é claro que não será um homem de verdade; terá somente a aparência. Não poderá pensar nem respirar. Não tem vida. O que Deus gera é Deus, assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus, assim como o que o homem faz não é homem. É por isso que os homens não são filhos de Deus no mesmo sentido em que Cristo o é. Podem se parecer com Deus em certos aspectos, mas não são coisas da mesma espécie. C.S. Lewis.

Cristo, o criador. Cristo é o fim de todas as coisas, mas é também o seu começo! O original em grego no versículo 2 diz que ele é aquele “por meio de quem (Deus) fez todas as eras” (Jo 1.3, Cl 1.16).

Cristo, o revelador (v.3). Ele é o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata de seu ser”. Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo. O fulgor da substancia de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se nos projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo (Jo 1.18, 14.8-10).

Cristo, o sustentador (v.3). O que impede o mundo de se desintegrar ou deixar de existir? Que poder mantém coesos todos os átomos e moléculas? Cristo, pois nele tudo subsiste (Cl 1.17).

Cristo, o redentor (v.3 ).Cristo, foi crucificado, sangrou e morreu ali e por esse ato fez a nossa “purificação dos pecados”. Retirou o pecado de cada crente de todos os tempos. Ele limpou a ficha deles. Destruiu cada obstáculo que impedia os crentes de desfrutarem da comunhão com Deus, tornando-os puro perante seus olhos.

Cristo, o dominador (v.3).  Ele foi crucificado, mas onde está Cristo agora? Ele não está morto, mas ressurreto. Não apenas ressurreto, mas elevado. Não apenas elevado, mas glorificado. O eterno Filho de Deus se tornou homem, está assentado como o Deus-Homem no lugar de sua glória anterior “à direita da Majestade nas alturas”. O fato de Cristo achar-se assentado nada mais nada menos que o reino que o Pai lhe conferiu, e o poder a que Paulo se refere outra coisa não é senão que em seu Nome todo joelho se dobrará (Fl 2.10). Assentar-se à direita do Pai significa simplesmente governar no interesse do Pai

Conclusão:
Cristo, o mais elevado (v.4).  

Nenhum anjo, mesmo o mais exaltado de todos, se atreveria a sentar-se na presença de Deus, muito menos à sua mão direita. Mas Cristo é mais elevado do que o mais elevado dos anjos. Ao contrário deles, não é um servo, é o Filho eterno. Esse é o nosso Senhor Jesus Cristo, profeta (por meio de quem Deus fala, v.2), sacerdote (por quem os pecadores se aproximam de Deus, v.3) e rei (reina como Deus, vs. 3 e 4).

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A maior de todas as orações. Mt 6:9-15.


Introdução.
O ministério de Jesus sempre foi regado com muita oração, não somente sozinho mas também com seus discípulos. Certa ocasião, ele levou consigo Pedro, Tiago e João até o cume de um monte. Ali, “enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura” (Lc 9.29). Pedro, somente veio compreender esse momento mais tarde (2 Pe 1.16-19).

Portanto, quando oramos, entramos no mundo real, na substancia do reino, e o nosso corpo e a nossa alma passam a operar pela primeira vez como foram criados por Deus para operar. Sobre George Fox, quando orava temos o seguinte relato: “Mas, acima de tudo, ele primava pela oração. A interioridade e a profundidade do seu espírito, a reverencia e a solenidade das roupas e da conduta, e a parcimônia e o peso das palavras, muitas vezes deixavam admirados até os de fora”.

“Ensina-nos a orar”: orar é uma forma de falar, e a melhor forma de aprender é penetrar as palavras que Jesus nos ensinou a dizer a Deus nas nossas orações.

1)    É PRECISO DIRIGIR-SE A DEUS. 


Pai nosso que estás nos céus”. A versão de Lucas 11 simplesmente diz “Pai”, e Mateus é mais especifico, identificando assim a pessoa a quem se dirige a oração: “Pai, nosso que estás nos céus”. Ao orar precisamos reservar tempo suficiente para fixar o pensamento em Deus e orientar o nosso mundo em torno Dele  (1 Cro 16.11).  Para muita gente, é: “Pai nosso que estás distante no espaço e no tempo”. Mas, é: “Pai nosso que estás sempre perto de nós” (Rm 8.15). A expressão “abba” significa “o pai” ou “meu pai”.

2)    SANTIFICADO SEJA O TEU NOME. 

Santificado seja o teu nome: exprimi que o nome de Deus deve ser respeitado de uma maneira única (Ex 20.7). Na verdade, a idéia é a de que o seu nome deve ser acalentado e amado mais do que qualquer outro, ocupando uma posição absolutamente única e entre os homens.

A palavra no grego é hagiastheto: santificar, está também em Jo. 17:17; I Ts 5:23. Significa situar as pessoas mencionadas numa realidade distinta e bastante especial. Davi zela pelo nome de Deus (1 Sm 17.45).

3)    VENHA O TEU REINO. 


Na esfera humana outros “reinos” podem se impor por determinado tempo; essa petição suplica que esses reinos sejam substituídos onde quer que estejam, ou submetidos ao domínio de Deus. Ou seja, a casa, o parquinho, as ruas da cidade, o local de trabalho, a escola e assim por diante. Pedimos que o reino se instale nesses lugares.

Poder da “cultura”. A cultura transparece naquilo que as pessoas fazem sem pensar, naquilo que é “natural”, para elas e, portanto, que não exige explicação nem justificação. Portanto, oramos para que o nosso Pai rompa essas condutas iníquas de nível superior.

4)    O PÃO NOSSO COTIDIANO DÁ-NOS DE DIA EM DIA



Paulo diz que, “tendo sustento e com que nos vestir”, devemos nos contentar (1 Tm 6:8). E isso está de acordo com o ensinamento de Jesus no sermão da montanha (Mt 6:25-34) e com o que Deus proporcionou ao seu povo da aliança durante a peregrinação pelo deserto (Dt 8.3-5).
Hoje eu tenho a Deus, e Ele tem as provisões. Amanhã será o mesmo. Então eu simplesmente peço hoje o que preciso hoje, ou peço agora o que preciso agora.
O que estorva ou impossibilita a vida no reino não é ter provisões futuras, mas antes crer que elas nos garantem segurança futura. Não temos como saber se as teremos no futuro, mas Deus, esse sim, está presente conosco todo dia.

5)    PERDOA-NOS OS NOSSOS PECADOS

Quando adentramos no reino de Deus e nele depositamos a nossa confiança, o próprio ambiente se torna piedade. Pois, é a piedade que ele tem por nós que nos permite entrar, e que depois pacientemente nos tolera. “O Senhor é cheio de terna misericórdia, e compassivo” (Tg 5.1) Mas também nós devemos ser “todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes” (1 Pe 3.8).
Não é psicologicamente possível que conheçamos a misericórdia que Deus tem por nós e ao mesmo tempo sejamos duros para com os outros. ( 1 Pe 3:8).
Preciso piedade em função do que sou. Se o meu orgulho permanece intocado quando oro pedindo perdão , então não orei por perdão. Nem sequer entendo o que é perdão.


6)    E NÃO NOS DEIXE CAIR EM TENTAÇÃO, LIVRA-NOS DO MAL. 

Exprime o entendimento de que não conseguimos suportar muita pressão, e que sofrer não é para nós uma coisa boa. Exprime a fragilidade humana. As coisas ruins que nos acontecem são sempre desafios a nossa fé, e talvez não consigamos suportá-las. São perigosas.

Qualquer mal ou provação que nos sobrevenha tem uma função especial nos planos de Deus. Aqui reside o segredo do impressionante testemunho de Paulo: “Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte” ( Co 12.9-10). O salmo 91, por exemplo, é uma grande afirmação da total proteção que Deus dá àquele que “habita” na sua presença. “Nenhum mal te sucederá” (v.10). Mesmo? E: “Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angustia eu estarei com ele, livrá-lo-ei, e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade, e lhe mostrarei a minha salvação (Sl 91.14-16).

Quando Deus permite que as provações nos alcancem, isso só significa que ele tem em mente para nós algo melhor do que o livramento das provações, ver: Sl 119:67,71, Hb 12:11.


CONCLUSÃO
Querido Pai que, está sempre perto de nós;
 seja o seu nome acalentado e amado; seja o seu governo contemplado em nós; 
seja a sua vontade feita aqui na terra assim como é feita no céu; 
Dê-nos hoje as coisas que hoje precisamos; 
e perdoa os nossos pecados e as imposições que lhe fazemos como nós perdoamos  todos os que de algum modo nos ofendem; 
Peço que não nos faça passar por provações, mas que nos livre de tudo que há de mau; Pois o Senhor é quem ordena. Senhor é quem detém todo o poder, e a glória também é toda sua para sempre – e é isso mesmo que queremos.