sábado, 5 de julho de 2025

 A sombra da cruz – Is 53.1-10 

Introdução

O sofrimento, ou a provação é uma realidade humana, é inerente ao ser humano.  O apostolo Tiago exorta: “...tende por motivo de grande gozo passardes por várias provações” (Tg 1.2). Todos já passamos por “várias provações”. O Nosso Salvador, também passou por provações, vivenciou situações difíceis. Existem duas pinturas, com o mesmo título: “a sombra da cruz”, elas antecipam a agonia de Jesus na cruz.

A primeira pintura retrata uma cena de carpintaria de José, em que Jesus está trabalhando ao seu lado. Nela, Jesus, retratado como um adolescente interrompe seu trabalho para olhar pela janela da carpintaria. Ele está de pé, com os braços abertos e estendido, e sua imagem projeta uma sombra escura sobre a parede atrás dele. Uma sombra em forma de cruz...

A segunda pintura retrata Jesus como adolescente ainda, correndo com os braços estendidos para sua mãe, com o sol batendo em suas costas. Projetada sobre o caminho diante dele, aparece uma sombra escura de uma cruz. Nessas duas pinturas a cruz está ligada a Cristo, desde o início... desde os seus primeiros dias...

1)     Os homens e Jesus

O profeta Isaias começa com essas palavras: “Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um broto tenro e como uma raiz seca. Ele não tinha beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento” (Is 53.1-3).

Como era Cristo para os homens? Setecentos anos antes dele nascer o profeta Isaias respondeu! Não era alto, moreno e nem bonito, mas como disse o profeta, o Messias prometido “nada tinha em sua aparência para que o desejássemos”; “nós o tratamos como se fosse alguém sem importância” (VFL). Ele não tinha esplendor ou elegância – nem era uma figura grandiosa ou majestosa.

E diz mais: “Ele cresceu como um broto tenro”; sim apenas um pequeno e tenro broto, a terra estava ressecada e oferecia pouca esperança de sobrevivência. Ele era completamente humano, completamente santo, completamente verdadeiro, completamente Deus, completamente compassivo, completamente amoroso, completamente sábio. Sentia repulsa pela religião dos fariseus, uma religião mascarada, que somente mudava o exterior. Ele era como “broto tenro”.

O profeta Isaias também diz que ele era “como uma raiz saída de uma terra árida e estéril”. Essa terra seca pode se referir a terra de Israel, uma terra invadida no decorrer dos anos por várias potencias mundiais, agora tinha sido invadida por Roma. Essa “terra árida e seca” também pode se referir a sua cidade, Nazaré, uma comunidade de 600 habitantes. De todos os sentidos, ele era um “broto tenro”, nascido numa terra “árida e estéril”.  Humanamente falando, era impossível esse broto evoluir numa terra seca....e árida.

Nele não havia “qualquer beleza ou majestade que nos atraísse”, ou como diz a Biblia Viva: “Nada que nos fizesse deseja-lo”. Os homens olharam para Ele e o rejeitaram. O apostolo João, que andou com Jesus,  disse em seu evangelho: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”. Eles não aceitaram, eles rejeitaram... Portanto, Jesus não era celebridade, muito menos popular! Ele nunca teria sido a capa de nenhuma revista. 

Israel queria um Messias, mas totalmente diferente. Um Messias forte, vestido com sua armadura, montado em cima de um cavalo branco, seguido por ume exército e com glorias e poder para si...Mas Jesus não era assim...

“Ele foi desprezado e rejeitado”. A palavra “desprezado” significa considerar alguém “como desprezível ou sem valor”. Em outras palavras, o que o profeta Isaias nos conta é que quando as pessoas viram Jesus, disseram: “Ele não tem valor”, “Ele é desprezível”. Este termo significa também “desaprovar e tratar alguém com desprezo”. Eles o desdenharam. Não somente desprezado, Ele também “foi rejeitado pelos homens”, o que literalmente significa “desprovido de homens”, abandonado pelos homens...sim, ele ficou sozinho...

Quando os homens olhavam para Jesus viam como “um homem de dores e experimentado no sofrimento”. Ele era uma pessoa “de quem os homens escondem o rosto”, os homens lhe davam as costas ou o ignoravam...

2)     Deus e Jesus

O profeta Isaias descreve a concepção de Deus em relação ao seu filho, a partir do verso 4: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigados por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho. E o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.4-6). Mas o verso 10 é mais categórico: “Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e faze-lo sofrer”.

Os homens nos dias de Jesus podem ter considerado Jesus insignificante, desprezível, mas o Pai certamente não! Ele descreve os sofrimentos de seu Filho em termos vividos: “enfermidades”, “doenças”, “castigado”, “atingido”, “transpassado”, “esmagado”, “castigo”, “feridas”. Deus colocou sobre seu Filho toda nossa iniquidade e nos fala o quanto isso significou ...

Enquanto para o Filho de Deus foi tormento, aflição, para nós, libertação, cura, perdão. O texto diz: “suas dores eram as nossas próprias enfermidades”, “seu corpo levou todas as nossas doenças”, mas nós “o julgamos culpado e castigado por Deus”; Pois “pela mão de Deus foi ferido e torturado”; “ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões”; “esmagado por conta das nossas iniquidades...”

A despeito de todo o seu poder e de sua inquestionável majestade, Ele foi na verdade o Salvador Sofredor, Esmagado, quebrado, sangrando. Ele cumpriu sua missão, ordenada por Deus, quando foi levado à cru por nós.

Diz mais o profeta Isaias: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante dos seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sim, ele foi oprimido e afligido. Oprimido significa “ser duramente apertado, empurrado”, podendo até mesmo significar “ser atormentado”, ou “cobrado”. Afligido significa “ser dobrado para baixo, fazer baixar, ser forçado a submeter-se”. Mesmo assim, apesar de tudo isso, “como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sua aparência estava desfigurada, Ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano. Todo seu corpo estava machucado, desfigurado, abatido, havia sangue por todo o seu corpo, estava todo ferido...

Conclusão

“Contudo, foi da vontade do Senhor esmaga-lo e fazê-lo sofrer...”. Jesus foi assassinado, entregou a sua vida voluntariamente. O esmagamento do Filho foi planejado pelo Pai. Aquele corpo completamente ferido, aquelas bofetadas torturantes foram todas projetadas por um Pai amoroso. Sim, tudo isso Deus permitiu que fizesse com seu Filho, para nos curar, salvar, justificar, nos conceder a remissão dos nossos pecados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 1 de julho de 2025

 Voce é sábio? Tg 1.1-8 

Introdução

Tiago é o meio irmão de Jesus, o irmão mais novo que conviveu com Jesus durante algumas décadas. De início, não acreditou que seu irmão pudesse ser o Messias, o Salvador do Mundo; era uma pessoa incrédula. Mas depois da ressurreição de Jesus, e que lhe apareceu pessoalmente, ele tornou-se um discípulo de Jesus. Não somente um discípulo, estava no dia do Pentecoste, não somente batizado com Espírito Santo tinha uma espiritualidade acima de muitos e se tornou o líder da igreja de Jerusalém.

Agora, nos versos subsequentes, Tiago fala sobre o nosso mundo, um mundo dissonante, cheio de ofensas, barulhos, funk, mágoas, desânimo, decepções, ingratidão, doenças, sofrimento, enfermidades e morte. Por mais que tentemos viver em um mundo com harmonia, sempre haverá uma nota dissonante doendo em nossos ouvidos, é o que ouvimos sempre: “O mundo é injusto”. O mundo está enfermo, as pessoas estão mais preocupadas com academia do que com Deus; mais preocupadas com o corpo do que com sua espiritualidade. 

1)   Provações

Ele inicia em tom de exultação: “Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo passardes por várias provações...”(Tg 1.2), ou “...motivo de grande alegria” (chara no grego), que significa literalmente “alegrar-se”, como em Romanos 12.15: “Alegrai-vos (chairo) com os que se alegram”. Ou seja, tudo o que está acontecendo com vocês é “motivo de grande alegria”! Diante de uma teologia da prosperidade que impera em nossos dias, Tiago vai na contracorrente desse pensamento. A vida cristã não é somente vitórias mas enfrentamos provações, adversidades, lutas. 

“...por passardes por várias provações”. A palavra grega traduzida por “provação” é peirasmos, que pode denotar as provas que desafiam a integridade da fé. O apostolo Pedro segue o mesmo padrão de Tiago: “...alegrem-se com isso, ainda que agora, por algum tempo, vocês precisam suportar muitas provações” (1 Pe 1.6).  O apostolo Paulo enumera algumas provações: “...somos pressionados... perplexos...perseguidos...abatidos” (2 Co 4.8-9).  A palavra peirasmo no grego diz respeito as provas que desafiam a fé daquele que crê. O que nos ensina? 

 Primeiro, ele nos diz que as provações são inevitáveis. Observe que Tiago não diz: “Considerai motivo de grande alegria se passardes por várias provações”. Em vez disso, ele usa uma palavra que pode ser traduzida por “quando” (hotan), “...sintam-se felizes quando passarem...” (NTLH) ou seja, a semelhança da própria morte, não há quem consiga escapar das provações nem evita-las. Ou seja, as provações fazem parte da vida humana...

Segundo, Tiago nos diz que “várias” (poikilos) são as provações. Pense nessa palavra “várias”, pois a palavra poikilos pode significar diverso, variado ou multicolorido. Trocando em miúdo, as provações nos chegam em todas as formas e tamanhos. À semelhança de visita que não convidamos, elas chegam sem avisar e demora para ir embora! As provações podem ser frequentes e angustiantes, ou impressionantes, e mudar nossa vida. É impossível prevê-las...Mas Tiago vai um pouco mais longe, nos dando discernimento, como se nos levasse para cima de uma montanha nos mostrando uma visão panorâmica das provações. 

Ele diz “a prova da fé produz perseverança” (Tg 1.3). ou, “Quando sua fé vence essas provações, ela produz perseverança” (BLH). As dificuldades existem para serem vencidas. É possível vencê-las, não no poder da carne, mas no poder do Espírito Santo. É nas provações que o caráter se enrijece e se torna mais forte. Nas provações os músculos espirituais são trabalhados, alongados, esticados, melhorados e fortalecidos, assim produzindo perseverança – a força para não desistir, não parar... 

As pessoas que são donas de um caráter extraordinário são aquelas que aprenderam a enfrentar a vida dentro da fornalha. É aquela mãe que perde o filho e consegue dizer a Deus: “Tu o deste, tu o levaste. Bendito seja o Nome do Senhor”. É aquele pai que, depois de anos numa mesma empresa, perde o emprego e diz à família: “Hoje a noite, vamos juntos agradecer a Deus a oportunidade que Ele está dando para confiramos nele”. É aquele adolescente, ou jovem que diz: “Não vou abrir mãos dos meus princípios, vou manter meus padrões, mesmo que eu fique isolado e sem amigos”.

O patriarca Jó mesmo perdendo tudo não desistiu, não titubeou “O Senhor me deu, o Senhor me tomou, bendito seja o Nome do Senhor” (Jó 1.21). Os jovens Sadraque, Mesaque e Abdenego tinham que se curvar diante da estátua de Nabucodonosor, mas eles não quiseram se curvar “...não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou erigir...”(Dn 3.18).

“...perseverança”. a palavra grega é hipomoné, que significa “ação de perseverar, sofrer, suportar calma e heroicamente”. Essa palavra é usada ao período de duração de um trabalho cansativo e alguém desempenhou debaixo de pressão. Hipomoné é aquela virtude que faz um homem avançando, mesmo sob golpes. O profeta Jeremias estava cansado, no Capitulo 12, Deus lhe disse se voce não está conseguindo correr com os que vão a pés, como correrá com os que vão à cavalo? Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje. Mas continue em frente de qualquer jeito. Isso é Hypomoné! 

2)     Sabedoria

Por que muitas pessoas são abatidas pelas provações? Por que muitas pessoas desistem no meio do caminho? Quantas alicerces que encontramos de pessoas que começaram a vida cristã e desistiram, pararam? O que nos impede de ter alegria, gozo, no meio das provações? A resposta é: nossa falta de sabedoria. 

Quando vemos que temos dificuldade de lidar com uma provação, com uma adversidade, tribulação, temos uma alternativa: pedir sabedoria a Deus. Aqui, sabedoria, pode ser definida como a capacidade de ver a vida da perspectiva de Deus. O rei Josafá em meio a guerra contra o exército de Edom, decidiu buscar o socorro do Senhor e orou: “Eis que não sabemos o que fazer, contudo nossos olhos se voltam para ti” (2 Cro 20.12).

Não é fácil ter fé nos momentos de provação, o salmista em sua luta mais atordoada diz para sua alma: “Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim? Deposita toda a tua esperança em seu Deus! Pois ainda o louvarei por seu livramento; Ele é o meu Salvador” (Sl 42.5). Sim, diz o apostolo Tiago, “Se algum de vós tem falta de sabedoria, rogai a Deus, que a todos concede liberalmente, com grande alegria” (Tg 1.5).

Mas ele insiste: “Todavia, peça-a com fé” (Tg 1.6). Ele não se refere a fé salvadora, mas na fé que nos sustenta – o tipo de fé que nos permite perseverar no meio das provações, que alinha nossa vontade e nossa postura com a perspectiva divina e nos entrega à poderosa mão de Deus. O contrário de fé é dúvida. Tiago compara aquele que duvida com “onda do mar, agitada e levada pelos ventos” (Tg 1.6). A palavra “onda” é usada no Evangelho de Lucas na passagem em que os discípulos pensaram que iam morrer no meio da tempestade no Mar da Galiléia. Eles acordaram Jesus, que imediatamente, “...repreendeu o vento e a fúria da água” (Lc 8.24). Depois Jesus lhes disse: “Onde está a vossa fé?” (Lc 8.25). 

Uma pessoa que vacila  - é assim que Tiago se refere a alguém com duvidas tão profundas. A palavra usada por ele ao pé da letra “alguém com duas almas”. Vejam as traduções: “...uma vez que tem mente dividida...” (NVT), “...homem de ânimo dobre, inconstante em todos os teus caminhos” (ARA), “...sendo indecisa e inconstante em todos os seus caminhos” (NAA). É no livro de Tiago que a palavra pela primeira vez na literatura grega, e é possível que ele a tenha inventado. O termo é novamente empregado em Tg 4.8: “...vós, que sois vacilantes, purificai o vosso coração”. Onde deveria haver um só pensamento, objetivo, postura ou devoção, encontramos dois pensamentos que competem entre si.

Portanto, para o apostolo Tiago, uma pessoa vacilante é alguém que deseja atender à sua própria vontade e à vontade de Deus. Esse tipo de pessoa é inconstante em tudo o que faz

Conclusão

Diante desse texto que se vislumbrou diante de nós, o que fazer? Temos provação, lutas, adversidades, tribulações. Sim, passaremos muitas vezes pelo funil da vida. Mas, o melhor de tudo, é que nos momentos difíceis o Senhor estará conosco e nos dará sabedoria para vencermos nossas provações. 


  

 

terça-feira, 24 de junho de 2025

 Tiago o irmão mais novo de Jesus Tg 1.1-4

Introdução

Um dos momentos mais sublimes da vida humana é a infância, é a fase do brilho, do riso fácil, das descobertas, das amizades, das brincadeiras mais variadas, da inocência, das longas histórias contadas diante de uma fogueira. Agora, imagina você, conviver com uma pessoa, ou melhor, o irmão mais velho, totalmente ou absolutamente sem pecado, sem engano, sem malícia, sem segundas intenções. É Isto que Tiago, irmão mais novo de Jesus deve ter experimentado em sua infância com Jesus.

1)     Tiagos 

Quando iniciamos a leitura da epistola de Tiago surge uma pergunta: “Quem  é este Tiago?”, porque no verso 1 o autor simplesmente intitula de “servo”, que no grego é doulos, que significa escravo. Simplesmente, escravo de Cristo. Hoje estamos tão preocupados com títulos, com hierarquias, com promoções, mas o irmão mais novo de Jesus é “doulos”. No Novo Testamento, encontramos quatro ou cinco homens com esse nome. Vejamos...

O primeiro Tiago é o pai de um dos doze discípulos de Jesus “Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser  o traidor” (Lc 6.16). Nesse versículo explicita a diferença entre os dois Judas, citando o nome de seu pai, que  era Tiago. Mas nada mais se acrescenta nos evangelhos sobre esse Tiago, pai do Apostolo Judas, não o Iscariotes. Logo, não pode ter sido ele o escritor dessa carta.

O segundo Tiago é denominado “Tiago, o menor” (Mc 15.40), ou “Tiago, o mais jovem” (NVT). A palavra grega traduzida como “menor” é micros, significa literalmente “pequeno”. Logo, ele era “de pequena estatura”, talvez perto de Tiago, irmão de João, era pequenino, franzino. Seu pai se chamava Alfeu e sua mãe Maria, que esteve presente na crucificação de Jesus. Nos evangelhos ele desaparece voltando à tona em Atos dos Apóstolos na descida do Espirito Santo sobre a igreja (Atos 1.13). 

O terceiro Tiago é “Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão” (Mt 10.2). Todas as referencias feitas a Tiago nos evangelhos, colocam-no junto com o irmão. Eram chamados de “filhos de trovão” – Boanerges -  (Mc 3.17), ou seja, eram zelosos, impetuosos, intensos e fervorosos. Infelizmente, o apostolo Tiago foi o primeiro a sofrer o martírio pelas mãos de Herodes, lemos: “E matou à espada Tiago, irmão de João” (Atos 12.2). 

E o quarto Tiago é chamado pelo Apostolo Paulo de “irmão do Senhor” (Gl 1.19). Sabemos que Jesus possuía um irmão com esse nome. Diz o texto: “...Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? (Mt 13.54-56). O evangelista Marcos ratifica essa informação escrevendo: “Olhe, a sua mãe, os seus irmãos e as suas irmãs estão lá fora, procurando o Senhor” (Mc 3.31,32). Portanto, esse é Tiago, autor dessa carta, meio irmão do Senhor, como disse o apóstolo Paulo. 

2)     Tiago irmão do Senhor

De acordo com a lista de Mateus, Tiago era o segundo na ordem dos filhos de Maria e José. E em toda família sabemos a dificuldade de ser o segundo filho, com certeza esse era o sentimento de Tiago. O irmão mais novo é mais solto, mais aventureiro, mais dependentes do irmãos mais velho.  Não somente isso, mas sendo o irmão mais novo de alguém que nunca pecava, nunca errava. Será que nós conseguimos pensar algo assim? Ter um irmão sem pecado!  

Jesus sempre atendia de imediato ao chamado de sua mãe. Aliás, José morreu cedo e Jesus, como mais velho, tornou-se responsável pela sua mãe e seus irmãos. Ele sempre cumpria suas tarefas com rapidez e boa vontade. Sempre obedecia. E ali, estava Tiago, segundo filho, nascido com uma natureza pecaminosa como todos nós, vivendo à sombra de um irmão mais velho que era o próprio Deus encarnado!

Quando Jesus saiu de casa Tiago tenha ficado feliz. Mas, tempos depois, seu irmão mais velho voltou para a cidade onde havia sido criado, alegando ser o cumprimento das profecias messiânicas há muito esperadas (Lc 4.16-21). Sim, seu irmão mais velho era o Messias Prometido! O que você achar que o seu irmão pensou de seu irmão mais velho? Ao longo dos evangelhos encontramos Tiago em um estado de incredulidade e ceticismo em relação ao ministério de Jesus.   


O evangelho de Marcos narra que Jesus foi para casa (Mc 3.20). “E uma grande multidão se apinhou, de tal maneira que Ele e os seus discípulos não conseguiam nem ao menos comer” (v.20). E os parentes de Jesus o que fizeram? “...sairam para apoderar-se dele, pois diziam: Ele está fora de si” (Mc 3.21). Ou “Ele está louco” (NVT), “Eles suspeitavam que Jesus estava perdendo o juízo” (A mensagem). Imagine você, sua própria família lhe acusando de loucura! O evangelista João afirma que “....nem mesmo seus irmãos criam nele”.

3)     Uma mudança

Mas uma mudança aconteceu na vida de Tiago. O apostolo Paulo em 1 Corintios 15 narra o que aconteceu depois da ressureição de Jesus. Primeiro, apareceu ao apostolo Pedro e aos doze discípulos, depois para mais de quinhentas pessoas e “...apareceu a Tiago...”(1 Co 15.7). Sim, aqui aconteceu a conversão de Tiago e todos os demais irmãos de Jesus. Assim, como Jesus apareceu para Saulo na estrada de Damasco, apareceu para Tiago, seu irmão mais novo. Talvez Jesus colocou o braço sobre os ombros de Tiago, sussurrando-lhe palavras de amor e ânimo – ali Tiago tornou-se seguidor, ou apostolo. 

Não importa como foi a aparição, a verdade é que depois da ascensão de Jesus, quando os discípulos se reuniram no cenáculo, Tiago estava no meio deles (Atos 1.14). Ele viveu a experiencia do dia do derramamento do Espírito Santo no Pentecoste (Atos 2). Ou seja, Tiago fazia parte dos 120 discípulos reunidos no cenáculo, ele foi batizado com Espirito Santo, falou em outras línguas. Consequentemente participou do crescimento da igreja e da perseguição.

Viu quando Saulo, fariseu, levantou-se contra a igreja de Jerusalém “...assolava a igreja; entrando pelas casas, arrastava homens e mulheres e os colocava na prisão”(At 8.3); viu a morte do diácono Estevão. Também ficou sabendo da conversão do fariseu Saulo, enquanto todos estavam com medo, Tiago recebeu Saulo e lhe ofereceu comunhão. Talvez, Tiago, tenha se lembrado de que havia recusado a aceitar Jesus como Messias, embora tivesse convivido com ele durante toda a sua vida.

A SEMELHANÇA DE SAULO DE TARSO, TIAGO TAMBÉM HAVIA FINALMENTE MUDADO DE OPINIÃO, POR MEIO DE SUA GRAÇA, DEUS LHE HAVIA TOCADO O CORAÇÃO, LEVANDO-O A OLHAR PARA SEU IRMÃO DE UMA PERSPECTIVA INTEIRAMENTE NOVA.

TIAGO, já como líder da igreja, foi importantíssimo no concilio de Jerusalém. Alguns “...ensinavam os irmãos: se não vos circundardes, segundo o costume instituído por Moisés, não podeis ser salvos” (At 15.1). Paulo sentiu-se transtornado com esse acréscimo para a salvação, pois a salvação é pela fé em Cristo Jesus. Então aconteceu em Jerusalém o famosos concilio, onde todos os apóstolos participaram, mas a ultima palavra veio da boca de Tiago. Afirmando que não poderiam perturbar os gentios que creem em Deus e que se abstivessem “...das contaminações dos ídolos, da imoralidade e da carne de animais sufocados” (Atos 15.21). 

conclusão

Tiago tornou-se líder da igreja em Jerusalém por muitos anos. Tido em alta estima por causa de sua espiritualidade, passava tanto tempo orando de joelhos no templo que recebeu o apelido “joelhos de camelo”. Sua fé autentica e destemida atraiu a ira da elite religiosa cada vez mais dominada por inveja e fanatismo. Eusébio, antigo historiador da igreja, narram os acontecimentos que levaram os momentos finais de Tiago: 

“...levado por meio deles, exigiram-lhe que renunciasse à fé em Cristo na presença de todo o povo. Mas, contrariando a opinião de todos, em alto e bom som, e com mais coragem do que esperavam, ele falou perante toda a multidão e confessou que nosso Salvador e Senhor Jesus é o Filho de Deus. Mas eles não suportavam mais ouvir o testemunho do homem  e o apedrejaram”. 


 

terça-feira, 17 de junho de 2025

 O pentecostes que se espalha – Atos 2.1-5 

Introdução

 O último censo do IBGE mostrou que os evangélicos são quase 27por cento da população brasileira e o número de católicos caiu para 56 por cento. Isso evidencia a força da igreja evangélica no Brasil. E a maior denominação evangélica é a Assembleia de Deus, com 22 milhões de membros espalhados pelas 27 federações do Brasil. Para o crescimento da Assembleia de Deus, somente temos uma resposta: o pentecostalismo. 

1)     Pentecostalismo

Os judeus comemoravam algumas festas e uma delas era o Pentecoste, que significa cinquenta, ou seja, era uma festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15-16); é também chamada de “festa das semanas”, “festa de colheita” e “festa das primícias”. Portanto, essa festa marcava o fim da colheita de trigo e as pessoas ofereciam a Deus seus primeiros frutos como gratidão. 

Mas o que aconteceu no dia de Pentecoste? Os discípulos “...estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2.1); eles oravam a Deus de forma perseverante e unânime. Pois, havia uma promessa e a igreja esperava por ela: “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei: João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espirito Santo” (Atos 1.5).

De repente veio o derramamento do Espirito Santo “...de repente veio do céu um som...”, sim, um “echos”, como o estrondo do mar; é o mesmo som que o apostolo João viu na Ilha de Patmos, quando Jesus lhe apareceu “...e sua voz como um som de muitas águas” (Ap 1.15). Depois, em seguida, veio um vento impetuoso. O vento é o símbolo do Espírito Santo, que soprou sobre os discípulos. Em Ezequiel o vento do Espírito soprou sobre o vale de ossos secos. 

A última manifestação do Pentecoste veio em forma de línguas estranhas. Todos começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. O fogo também é um símbolo do Espírito Santo; Deus manifestou na sarça um fogo que não consumia. No tabernáculo havia o candelabro, menorá, todos os dias o sacerdote tinha que acender o fogo. Assim, também é o crente, todos os dias temos que acender o fogo do Espírito Santo em nossas vidas. Não somente dia de domingo, mas todos os dias...

1)     O batismo com Espírito Santo no Novo Testamento.

No capitulo 8 o diácono Filipe pregava Cristo em Samaria se juntavam para ouvir sua pregação “...os espíritos saiam de muitos que os tinham... paralíticos e coxos eram curados” (At 8.7). Então, Jerusalém enviou “...Pedro e João”. Quando os apóstolos impunham as mãos sobre os samaritanos “...recebiam estes o Espirito Santo” (Atos 8.17). sim, os samaritanos começaram a falar em outras línguas. E o que dizer da casa de Cornélio? Um romano, homem piedoso e temente a Deus, enquanto o apostolo Pedro pregava “...caiu o Espirito Santo sobre todos os que ouviam a palavra...os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (Atos 10.44,46).

O Apostolo Paulo está na cidade de Efésios e ali encontra alguns discípulos de João Batista. Aquele que veio antes de Cristo, que preparou seu caminho “...a voz do que clama no deserto” (Jo 1.23). Mas foi decapitado por ordem de Herodes Antipas. Agora, vemos seus discípulos espalhados pela Ásia. O apostolo Paulo lhes pergunta: “Foste batizado com Espírito Santo quando creste?” (Atos 19.2).  Ao que responderam: “De forma alguma, nem sequer ouvimos que haja o Espirito Santo”  (Atos 19.2).

Veja o desenrolar do texto. O apostolo Paulo então pergunta, em forma de questionamento: “Ora, em que tipo de batismo foste batizados, então? E eles declararam: No batismo de João” (At 19.3). Paulo lhes explica “o batismo realizado por João foi um batismo de arrependimento” (Atos 19.4). Então, “...o apostolo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas e a profetizar” (At 19.6). 

2)     Os fundadores da Assembleia de Deus

O pentecostalismo estendeu-se aos Estados Unidos da América, principalmente na rua Azuza com William Seymour, que pregava a Palavra de Deus, anunciava a promessa divina, o batismo com Espirito Santo, e em seguida, voltando a sentar-se em sua cadeira no púlpito, colocava o rosto entre as mãos, e no decorrer dos trabalhos ele não parava de interceder, de pedir que Deus operasse de maneira extraordinária nos corações dos ouvintes. O que acontecia, então, é inexplicável: o poder de Deus caia sobre a congregação; a convicção das verdades divinas inundava os corações; o desejo de santidade dominava as almas e muitos eram batizados com Espirito Santo, falavam em novas línguas, outros profetizavam e outros cantavam hinos espirituais. 

Daniel Berg nasceu na Suécia, em 1889, converteu-se na Igreja Batista sueca e foi batizado nas águas. Em 1902, ele desembarcou na cidade de Boston, Estados Unidos, em busca de novas oportunidades de emprego. Lá na América soube que um dos seus amigos de infância, Lewis Pethus, recebeu o batismo com Espírito Santo. Voltando para Suécia conversou com seu amigo sobre a experiencia, ou o batismo com Espírito Santo. Depois do encontro, ao regressar aos Estados Unidos em 1909, orou insistentemente a Deus pedindo o batismo com Espírito Santo. Deus ouviu sua oração e lhe batizou com Espírito Santo. 

E Gunnar Vingren? Também era sueco, foi para Chicago em 1904 estudar teologia. Em 1909 tornou-se pastor da igreja batista. No verão deste mesmo ano, Deus o encheu, o inquietou de uma grande sede para receber o batismo com Espírito Santo e com fogo. Foi participar de uma conferencia e durante este tempo começou a buscar perseverantemente o batismo. Depois de cinco dias, Jesus o batizou com Espírito Santo e com fogo, falando em novas línguas. Ele disse: “É impossível descrever a alegria que encheu meu coração, pois Ele me batizou com o seu Espírito e com fogo”. 

O batismo com Espírito Santo é um revestimento de poder, é uma experiencia de enchimento do Espirito Santo, é um poder do céu que cai sobre voce, sobre sua carne, sua alma, seu ser. Uma coisa é nascer de novo, uma coisa é ser batizado nas águas; outra coisa, bem diferente é ser cheio da presença do Espirito Santo. Certa vez, David Hume, ateu, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde vai com tanta pressa?” ele respondeu: “Vou ver o pregador George Whitefield pregar”. A pessoa respondeu: “Mas voce não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita”.

Conclusão

Daniel Berg e Gunnar Vingren vieram para o Brasil, em cima de um sonho do irmão Adolfo Uldin, “em que os dois amigos eram personagens, em que lhe aparecera bem legível, um nome muito diferente: Pará! Uldin, jamais lera ou ouvira tal palavra. Mas, entendeu tratar de um lugar. Sim, Belém do Pará. Ali começou a história da Assembleia de Deus no Brasil.

Ali, no porão da 1 primeira igreja batista do Pará Deus começou a curar e fazer prodígios. No dia 08 de junho de 1911, a irmã Celina de Alburquerque, orando em sua casa com outras irmãs, foi batizada com Espirito Santo. No dia seguinte, foi a vez da irmã Nazaré “arder” nas chamas do Espirito Santo. E o “vento que sopra onde quer” espalhou esse fogo por todo território nacional do Brasil. 



  

terça-feira, 10 de junho de 2025

 Estamos em guerra  Ef 6.10-12 

O Apostolo Paulo faz uma convocação: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.10-11). Estas palavras é um chamado para  lutar, é como um general na frente do seu exercito estimulando os soldados para lutar e não desvanecer. O mundo não sabe, o mundo não conhece “os principais e potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nas alturas celestiais”. Mas, o cristão sabe, entende, discerne, compreende... 

1)     O mundo

Diante do espírito de nossa época, e toda dificuldade em que há de  viver, de todas suas adversidades, nos encontramos em tempos confusos. Quando mais o tempo vai passando, quanto mais se aproxima o final dos tempos, o combate torna-se mais forte, intenso, avassalador. Houve um tempo em que a vida era mais segura, mais sólida, mais confiável, mais seguro. Mas, hoje, estamos em guerra, estamos em combate...

Agora, o mundo entrou sorrateiramente nas casas pelos rádios, pela televisão, pela internet, pelas mídias sociais, pelo facebook, Instagram, pelo tik tok, etc. São mídias cheias de propagando do mal, propagandas do inimigo, propagandas de prostituição, homossexualismo, meninos que ficam horas na frente de um computador jogando jogos de combate, de crueldade etc. Portanto o combate não é somente a guerra que assistimos, mas o que acontece nas mentes dos nossos filhos que estão à mercê de todas essas mídias. 

Quando o crente não entende a natureza do conflito com o que se defronta está condenado ao fracasso, quando o crente não consegue ver o mau nas sombras, nas entrelinhas, nos recônditos da vida humana, então está condenado. Olha estamos na semana da festa de São João e ninguém consegue ver o mal nisso, acha que simplesmente é uma festa caipira, junina, que vai dançar quadrilha etc. No entanto, é uma festa mundana...que o mundo participa. 

 Então, temos de DISCENIR que somos chamados para um combate, não para uma vida cómoda; somos chamados para um combate, para uma guerra, para pelejar “...não contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12). Nós temos um inimigo, nós temos diante de nós o diabo e seus demónios e não podemos subestimar o poder deles. Primeiro, os principais e potestades são “dominadores deste mundo” (Jo 5.19); Segundo, são malignos, a escuridão é o seu habitat natural; Terceiro, são astutos, sagazes, engenhosos.

2)     Razões para lutarmos nessa peleja

“Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”. Eis uma grande ordem dada por este valoroso capitão, o apostolo Paulo – ORDEM DO DIA. Agarrem-se a isso, não o esqueçam. No calor e no grosso da batalha mais tarde no dia, aconteça o que acontecer, jamais esqueçam, jamais percam de vista este grande princípio norteador e determinante.

É uma chamada emocionante para a batalha...não escutas o chamado e o toque da trombeta? Estamos sendo despertados, estamos sendo estimulados, estamos sendo colocados em nossos pés. Somos exortados a sermos varonis, homens e mulheres de Deus, soldados do exército do céu.  O tom inteiro é marcial, é forte...é um chamado para a batalha. 

“Na Batalha contra o mal, sê valente. Segue em marcha triunfal, sê valente. Se o maligno te enfrentar, sê valente. Lutarás sem recuar, sê valente”. (225) Ou nosso famoso hino: “Eu quero estar com Cristo Onde a luta se Travar No lance imprevisto Na frente me encontrar” (212). Sim, é no lance imprevisto que vamos lutar ao lado do exercito de Cristo, levantando nossas bandeiras.   

O que esses hinos da Harpa Cristão significam para nós, na prática? Vivemos em uma batalha, em uma luta espiritual, constante. Será que voce entendeu que está em uma guerra?  Ou voce está vivendo comodamente sua fé, como se nada estivesse acontecendo? “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”.

Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”? porque temos que compreender a necessidade de sermos fortes por causa do poder do inimigo. Jamais subestimemos seu poder. A Biblia sempre nos exorta a enfrentar o inimigo “...como um leão que ruge procurando alguém para devorar” ( 1 Pedro 5.18). O livro de apocalipse o identifica “...antiga serpente chamada diabo ou satanás, que engana o mundo todo” (Ap 12.9). Por fim, o arcanjo Miguel, não se atreveu a falar com ele levianamente, quando discutia a questão do corpo de Moisés “...não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele” , mas disse: “Que o Senhor te repreenda” (Jd 1.9) 


Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”?  Nós precisamos deste poder para o “dia mau”. Embora a vida seja, em certo sentido, sempre o mesmo tipo de vida, há variações: “Haverá dias bons, haverá dias maus...”. Portanto, há dias maus, uns dias são piores do que outros, são excepcionalmente maus! Nos dias atuais, vivemos “dias maus”. Maus em todos os sentidos: vemos uma igreja fria, indiferença dos crentes, saímos de uma pandemia, vivemos um governo corrupto no Brasil, uma guerra interminável na Ucrânia. E, uma possível terceira guerra mundial...os demônios estão soltos... 

POR ISSO PRECISAMOS DESTE PODER, E DE TODA ARMADURA DE DEUS; E ENTÃO SEREMOS CAPAZES DE RESISITIR. PORTANTO, NÃO DESANIME, NÃO SE DEIXE EXTRAVIAR, NÃO SE PONHA DE FORA, APESAR DOS DIAS SEREM MAUS...

Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”?  Porque no que se tange a salvação, somos pessoas, não somente unidades isoladas. Todos aqui somos membros do corpo de Cristo, pertencemos a ele, a família de Deus. Lembrem-se de que o Senhor Jesus Cristo “não se envergonha de nos chamar irmãos” (Hb 2.11). Lembrem-se também de que “Deus não se envergonha de se chamar seu Deus” (Hb 11.16). O nome de Deus está sobre nós, o nome de Cristo está sobre nós “...Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (At 11.26). 

Vivemos, como eu já disse, vivemos em dias maus, estamos presenciando uma guerra do outro lado do mundo: A Rússia invadiu a Ucrânia, homens estão sendo chamados para defender seu país, seu território, sua bandeira, etc. O presidente da Ucrânia Zelesnki e o presidente da Russia Putin, esperam que cada homem cumpra seu dever de soldado. Agora, olhe par você, não é um soldado de um exercito qualquer, somos soldados do exército de Deus, fazemos parte do exército imbatível, que nunca perdeu uma batalha.

 Porque temos que revestir do Senhor e da força do seu poder? Por conta das nossas fraquezas e da nossa necessidade de força. Vá ao livro de Genesis, ali vemos um homem chamado Adão, que era sem pecado e sem defeito. Mas, é confrontando pelo diabo e pela manifestação “das astúcias do diabo”. Embora fosse perfeito e tivesse tido uma vida de amizade e comunhão com Deus, ele caiu; e caiu tão facilmente! Vejam os santos do Antigo Testamento: Abrãão, Isaque, Jacó, Judá, Rubens, Gideão, Sansão, Jefté, Saul, Davi, Uzias, Manassés, Ezequeis e os profetas. Todos eles caíram, nenhum deles pode resistir ao diabo.  Todos “pecaram e destituídos estão da gloria de Deus”. 

Um dos sinais característicos do verdadeiro santo é que ele nunca dá a impressão de que a vida cristã é fácil – nunca! Os maiores santos sempre deram testemunho da ferocidade da batalha, da sua fraqueza pessoal, da sua incapacidade. Como disse o apostolo Paulo, em sua primeira viagem missionária: “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus” (Atos 14.22).

 Conclusão: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”

O que o apostolo quer dizer com a frase “na força do seu poder”. O fato básico, aqui, é o “poder”. A diferença entre força e poder é que “poder” significa força revestida de energia; “poder” é força inerente, algo que é dado ao homem. O poder é o exterior, como se fosse o físico, enquanto que a força é o interior, é o coração, a alma, o ser interior.

Para “fortalecer-se no Senhor” nós temos que lembrar da “força do seu poder”. Olhe para Jesus, veja sua força, veja seu poder, veja sua glória. O Apostolo Paulo,  afirma: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” e, diz mais: “Nele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 1).

Onde vejo sua força? Na sua encarnação, na sua humilhação, na sua determinação de fazer a vontade do Pai “Pai se possível for, passa de mim este cálice, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39).

Onde vejo sua força? Vejo em seus milagres: um endemoninhado com uma legião de demônios é libertado pelo poder de Jesus. Um jovem epilético e endemoninhado, os discípulos não conseguiram expulsar o demônio, mas Jesus expulsou. Veja seu poder, somente uma palavra de Jesus e o demônio é expulso. Veja o poder de Jesus na ressurreição de Lazáro, depois de quatro dias morto.

Onde está sua força? Ele morreu, mas no terceiro dia, ressuscitou. “Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! Eu tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.18). Depois da sua ressureição, ele fala aos discípulos: “É me dado todo o poder, no céu e na terra” (Mt 28.18).

“E vocês receberão poder quando o Espirito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia, Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8).