sábado, 5 de julho de 2025

 A sombra da cruz – Is 53.1-10 

Introdução

O sofrimento, ou a provação é uma realidade humana, é inerente ao ser humano.  O apostolo Tiago exorta: “...tende por motivo de grande gozo passardes por várias provações” (Tg 1.2). Todos já passamos por “várias provações”. O Nosso Salvador, também passou por provações, vivenciou situações difíceis. Existem duas pinturas, com o mesmo título: “a sombra da cruz”, elas antecipam a agonia de Jesus na cruz.

A primeira pintura retrata uma cena de carpintaria de José, em que Jesus está trabalhando ao seu lado. Nela, Jesus, retratado como um adolescente interrompe seu trabalho para olhar pela janela da carpintaria. Ele está de pé, com os braços abertos e estendido, e sua imagem projeta uma sombra escura sobre a parede atrás dele. Uma sombra em forma de cruz...

A segunda pintura retrata Jesus como adolescente ainda, correndo com os braços estendidos para sua mãe, com o sol batendo em suas costas. Projetada sobre o caminho diante dele, aparece uma sombra escura de uma cruz. Nessas duas pinturas a cruz está ligada a Cristo, desde o início... desde os seus primeiros dias...

1)     Os homens e Jesus

O profeta Isaias começa com essas palavras: “Quem creu em nossa mensagem? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um broto tenro e como uma raiz seca. Ele não tinha beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento” (Is 53.1-3).

Como era Cristo para os homens? Setecentos anos antes dele nascer o profeta Isaias respondeu! Não era alto, moreno e nem bonito, mas como disse o profeta, o Messias prometido “nada tinha em sua aparência para que o desejássemos”; “nós o tratamos como se fosse alguém sem importância” (VFL). Ele não tinha esplendor ou elegância – nem era uma figura grandiosa ou majestosa.

E diz mais: “Ele cresceu como um broto tenro”; sim apenas um pequeno e tenro broto, a terra estava ressecada e oferecia pouca esperança de sobrevivência. Ele era completamente humano, completamente santo, completamente verdadeiro, completamente Deus, completamente compassivo, completamente amoroso, completamente sábio. Sentia repulsa pela religião dos fariseus, uma religião mascarada, que somente mudava o exterior. Ele era como “broto tenro”.

O profeta Isaias também diz que ele era “como uma raiz saída de uma terra árida e estéril”. Essa terra seca pode se referir a terra de Israel, uma terra invadida no decorrer dos anos por várias potencias mundiais, agora tinha sido invadida por Roma. Essa “terra árida e seca” também pode se referir a sua cidade, Nazaré, uma comunidade de 600 habitantes. De todos os sentidos, ele era um “broto tenro”, nascido numa terra “árida e estéril”.  Humanamente falando, era impossível esse broto evoluir numa terra seca....e árida.

Nele não havia “qualquer beleza ou majestade que nos atraísse”, ou como diz a Biblia Viva: “Nada que nos fizesse deseja-lo”. Os homens olharam para Ele e o rejeitaram. O apostolo João, que andou com Jesus,  disse em seu evangelho: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”. Eles não aceitaram, eles rejeitaram... Portanto, Jesus não era celebridade, muito menos popular! Ele nunca teria sido a capa de nenhuma revista. 

Israel queria um Messias, mas totalmente diferente. Um Messias forte, vestido com sua armadura, montado em cima de um cavalo branco, seguido por ume exército e com glorias e poder para si...Mas Jesus não era assim...

Ele foi desprezado e rejeitado”. A palavra “desprezado” significa considerar alguém “como desprezível ou sem valor”. Em outras palavras, o que o profeta Isaias nos conta é que quando as pessoas viram Jesus, disseram: “Ele não tem valor”, “Ele é desprezível”. Este termo significa também “desaprovar e tratar alguém com desprezo”. Eles o desdenharam. Não somente desprezado, Ele também “foi rejeitado pelos homens”, o que literalmente significa “desprovido de homens”, abandonado pelos homens...sim, ele ficou sozinho... 

Quando os homens olhavam para Jesus viam como “um homem de dores e experimentado no sofrimento”. Ele era uma pessoa “de quem os homens escondem o rosto”, os homens lhe davam as costas ou o ignoravam...

2)     Deus e Jesus

O profeta Isaias descreve a concepção de Deus em relação ao seu filho, a partir do verso 4: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigados por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho. E o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.4-6). Mas o verso 10 é mais categórico: “Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e faze-lo sofrer”.

Os homens nos dias de Jesus podem ter considerado Jesus insignificante, desprezível, mas o Pai certamente não! Ele descreve os sofrimentos de seu Filho em termos vividos: “enfermidades”, “doenças”, “castigado”, “atingido”, “transpassado”, “esmagado”, “castigo”, “feridas”. Deus colocou sobre seu Filho toda nossa iniquidade e nos fala o quanto isso significou ...

Enquanto para o Filho de Deus foi tormento, aflição, para nós, libertação, cura, perdão. O texto diz: “suas dores eram as nossas próprias enfermidades”, “seu corpo levou todas as nossas doenças”, mas nós “o julgamos culpado e castigado por Deus”; Pois “pela mão de Deus foi ferido e torturado”; “ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões”; “esmagado por conta das nossas iniquidades...” 

A despeito de todo o seu poder e de sua inquestionável majestade, Ele foi na verdade o Salvador Sofredor, Esmagado, quebrado, sangrando. Ele cumpriu sua missão, ordenada por Deus, quando foi levado à cru por nós.

Diz mais o profeta Isaias: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante dos seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sim, ele foi oprimido e afligido. Oprimido significa “ser duramente apertado, empurrado”, podendo até mesmo significar “ser atormentado”, ou “cobrado”. Afligido significa “ser dobrado para baixo, fazer baixar, ser forçado a submeter-se”. Mesmo assim, apesar de tudo isso, “como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca”.

Sua aparência estava desfigurada, Ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano. Todo seu corpo estava machucado, desfigurado, abatido, havia sangue por todo o seu corpo, estava todo ferido...

Conclusão

“Contudo, foi da vontade do Senhor esmaga-lo e fazê-lo sofrer...”. Jesus foi assassinado, entregou a sua vida voluntariamente. O esmagamento do Filho foi planejado pelo Pai. Aquele corpo completamente ferido, aquelas bofetadas torturantes foram todas projetadas por um Pai amoroso. Sim, tudo isso Deus permitiu que fizesse com seu Filho, para nos curar, salvar, justificar, nos conceder a remissão dos nossos pecados. 


 

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