terça-feira, 27 de abril de 2021

 Davi entre amor e ódio. 1 Samuel 18.1-12 



Introdução:

Elias, foi um grande profeta que desafiou os profetas de Baal. Deus lhe deu uma grande vitória, fazendo cair fogo no altar, e, logo em seguida, muito chuva, depois de três anos e meio sem chuva. Êxtase total! No entanto, no dia seguinte, Elias foge em direção ao monte de Deus, com medo de ser morto por Jezabel. Aqui, Davi, venceu um terrível gigante – Golias -, um gigante temido, durante 40 dias, ele zombou de todos, mas, agora, é um gigante morto. No entanto, nos dias e anos que seguem, ele fugirá, como cão, da presença do rei Saul.

1)    Saul

Depois da morte de Golias, a primeira coisa que aconteceu foi que Saul não quis deixar que Davi voltasse às suas ovelhas “...não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai... saia aonde quer que Saul o enviava” (1 Sm 18.2). Davi era o campeão dos campeões, o matador de gigante. Quatro vezes no mesmo capitulo lemos que Davi prosperou ou que se comportou com prudência.

Até que um dia, Davi voltando de suas batalhas “...mulheres de todas as cidades saíram ao encontro do Rei Saul. Cantavam e dançavam de alegria, com tamborins e címbalos. Esta era a canção: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares!” O hebraico muitas vezes junta termos, e a palavra “milhares” literalmente é “miríades”, ou seja, muitíssimas pessoas.

Saul entende o fato como um menosprezo. Somos informados  de que “Saul ficou muito irritado...” Por que? Ele ponderou: “...atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta senão o reino?” Saul está nitidamente com inveja de Davi e passa a vigiá-lo de perto “Dai em diante Saul olhava com inveja para Davi” (1 Sm 18.9).

  O processo em direção ao ódio começa com a sua ira por causa do cântico nos versículos 8 e 9. “No dia seguinte, um espírito mandado por Deus apoderou-se de Saul”. Saul acabou se tornando um homem irritado, sem paz, e sujeito a manifestações demoníacas – ABISMOS DO MAL EM SUA MENTE E EMOÇÕES.

“Enquanto Davi tocava harpa”. Portanto, Davi e sua musica eram uma presença de cura e restauração nos momentos oscilantes de Saul. Mas, neste dia, em vez de cura, surge o ódio. Saul arremete sua lança na direção de Davi, gritando: “Encravarei Davi na parede” (1 Samuel 18.11). Davi, como rapidez de um menino, vê o dardo e se desvia. A lança acerta a parede, apenas alguns centímetros da cabeça de Davi. Saul tenta mais uma vez. E de novo Davi escapa. 



Dá pra entender? Davi venceu o gigante Golias, trouxe cura ao espirito atormentando de Saul, aquietando a turbulência no coração perturbado do rei. Era tudo de que a nação precisava, era tudo de que o rei necessitava. E, ao que parece, fazia todas essas coisas de maneira discreta e despretensiosa. Em troca, de haver feito boas obras, quase foi morto. O Salmo 7 é a primeira oração nos Salmos, que nos oferece uma expressão dessa experiência de inocência ofendida:

“Senhor, meu Deus, em ti me refugio; salva-me e livra-me de todos os que me perseguem,

Para que, como leões, não me dilacerem nem me despedacem, sem que ninguém me livre...

Deus justo, que sonda as mentes e os corações, dá fim à maldade dos ímpios e ao justo dá segurança. O meu escudo está nas mãos de Deus, que salva o reto de coração” (Sl 7.1,2,9,10).

 2)    Davi e Jônatas

“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas amou, como à sua própria alma. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma” (1 Sm 18.1-3).

“Tornou-se um em espírito com Davi, e Jônatas o amou como a si próprio”. “Um em espírito” é literalmente “costurados um ao outro”, a mesma palavra é usada para descrever o relacionamento de Jacó com Benjamim, seu filho predileto. Somos informados de que a vida de Jacó estava “fortemente ligada à vida do menino” (Gn 44.30). E o mesmo acontecerá com Jônatas e Davi.

Vivemos em uma sociedade egocêntrica. Já nos relacionamos com centenas de pessoas que, ao olhar para nós, começam a calcular a nossa utilidade, o que poderão obter de nós. Temos conhecido centenas de pessoas que, mal nos veem, fazem de nós um rápido julgamento, classificando-nos então em determinada categoria, para que não tenham de se relacionar conosco como pessoas. E, quando nos relacionamos com tais pessoas, realmente nos tornamos menores!

Aqui, com Davi e Jônatas, reconheceremos alguns princípios da verdadeira amizade:

Primeiro, o amigo intimo está disposto a sacrificar-se.Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto” (1 Sm 18.4). A coisa mais importante que uma pessoa pode fazer por outra é verificar o que existe de mais profundo no outro; despender tempo, e ter discernimento para ver o que há no interior do outro, quem a pessoa realmente é, e, então reafirmar isso pelo reconhecimento e encorajamento. 



Segundo, o amigo intimo é um defensor leal perante outros. Ele não é amigo dos bons tempos. Não vai falar conta você quando não estiver  por perto.

 A passagem diz: “Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai” (1 Sm 19.4). Isso é muito importante porque Saul não era só o rei e pai de Jônatas, mas também, a essa altura, Saul decidira ser inimigo de Davi “Jônatas disse a Saul: Não peque contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e os teus feitos para contigo tem sido mui importantes. Arriscando ele a sua vida, feriu os filisteus, e efetuou o Senhor grande livramento a todo Israel; tu mesmo o viste e te alegraste; por que, pois pecarias contra sangue inocente matando a Davi sem causa?” (1 Sm 19.4-5). 

Terceiro, os amigos íntimos dão ao outro completa liberdade para serem quem são. “Levantou-se Davi do lado do sul, e dobrou-se rosto em terra três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos. Davi, porém, muito mais” (1 Sm 20.4).  Quando um bom amigo está sofrendo, deixe que sofra. Se um bom amigo tem vontade de chorar, deixe que chore. Se um bom amigo quer reclamar, ouça. O amigo intimo não se afasta, fica sempre ao seu lado. 



Quarto, o amigo intimo é uma fonte constante de encorajamento. “Vendo, pois, Davi, que Saul saia a tirar-lhe a vida, deteve-se no deserto de Zife, em Horesa. Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa e lhe fortaleceu a confiança em Deus” (1 Sm 23.15-16).  Davi está no deserto, assustado e angustiado. Então, Jônatas vai até lá, no deserto e lhe encoraja: “Sei o que é isso. Um dia melhor vai chegar, mas agora estou ao seu lado, para o que der e vier”.


Conclusão:

Sem Jônatas, Davi estaria correndo o risco de abandonar sua vocação e retornar à sua simples vida de cuidar de ovelhas, ou desenvolver um espírito mórbido de retaliação, que o levaria a querer acertar contas com o homem que desprezou o que de melhor nele havia. Ele não fez nada disso, tinha a unção de Deus em sua vida! 



 

 

terça-feira, 20 de abril de 2021

 Desafiando gigante – 1 Samuel 17. 40-54

Introdução

Em 1 Samuel, o povo de Deus enfrenta uma luta que é literalmente “gigantesca”. O povo enfrenta um gigante. Os israelitas e os filisteus  estão posicionados em colinas opostas (vs. 1-3). “...Os filisteus acamparam num lugar conhecido como Éfes-Damim, fronteira sangrenta, que ficava entre Socó e Azeca” (v.1). Os israelitas “...acamparam-se no vale do Carvalho, em Elá...”(v.2). Mas, os filisteus tem um defensor, Golias: “... tinha dois metros e noventa centímetros de altura” (v.4). O homem mais alto do mundo, segundo o Guiness, foi Robert Wladow, com 2.72 metros. 


1)     gigantes

Todo dia, Golias lança um desafio pelo vale. Ele convida Israel a escolher um lutador para um combate representativo e pessoal. Eles lutarão em nome de seus respectivos exércitos, e a nação do perdedor ficará sob o domínio da do vencedor. “Escolham um homem para vir aqui e lutar comigo! Se ele me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu o matar, vocês serão nossos escravos! ” (1 Sm 17.8-9).  Todas as manhãs e tardes, “ao ouvirem as palavras do filisteu, Saul e todos os israelitas ficaram atônitos e aparavorados” (1 Sm 17.11).

Essa não é a primeira vez que Israel enfrenta gigantes. Deus resgatou Israel da escravidão no Egito e conduziu o seu povo à entrada da terra prometida de Canaã. Em números 13, Moisés enviou doze espias à frente para explorarem a terra. “É uma terra onde mana leite e mel”, relatam. Mas dez deles afirmaram: “... não podemos atacar aquele povo; é mais forte do que nós... a terra para a qual fomos em missão de reconhecimento devora os que nela vivem. Todos os que vimos são de grande estatura. Vimos também gigantes (nefilins), os descendentes de Enaque, diante de quem parecíamos gafanhotos, a nós e a eles” (Nm 13.31-33).



Os outros dois espias, porém, Calebe e Josué, defenderam que “Se o Senhor, for conosco, Ele nos fará entrar nesta terra e pessoalmente a dará a nós” (Nm 14.8). No entanto, o povo como um todo tinha medo de gigantes e se recusou a entrar na terra. Deus, então, declarou, com exceção de Calebe e Josué, toda a geração que saiu do Egito morreria no deserto.

 “Saiu das fileiras dos filisteus um grande guerreiro, cujo nome era Golias, e era da cidade de Gate...”(1 Sm 17.4). Media quase 3 metros de altura, uma imponência de causar arrepios. “Tinha na cabeça um capacete de bronze e usava uma armadura que pesava quase sessenta quilos! Usava também caneleiras de bronze e carregava uma espada de bronze. Sua lança parecia uma viga. Só a ponta da lança pesava sete quilos e duzentos gramas. Seu escudeiro ia à frente dele” (1 Sm 17, 4-7 A Mensagem). 



Assim, novamente um gigante se coloca no caminho do povo de Deus. Todas as manhãs e toda tarde “durante quarenta dias, pela manhã e à tarde, o guerreiro filisteu apresentava diante do exército israelita e o desafiava” (1 Sm 17.16). Quarenta dias aqui no vale de Elá, quarenta Dias Jonas pregou em Ninive, quarenta Dias Elias atravessou o deserto com medo de Jezabel, quarenta Dias Jesus foi tentado no deserto. Enfim, é um significado de totalidade. No caso aqui, uma humilhação constante, de manhã e à tarde. Enquanto “os filisteus juntaram suas forças para a batalha” (voz ativa), “Saul e os israelitas foram reunidos” (voz passiva) (1 Sm 17.12).

2)     Davi

   Os versículos 12-15 de 1 Samuel 17, explicam que Davi agora divide seu tempo entre servir na corte de Saul  e apascentar ovelhas em Belém. Nesta ultima função, o pai dele o envia com provisões para seus três irmãos mais velhos – Eliabe, Abinadabe e Samá -, que estão servindo no exercito de Saul (1 Sm 17-17-20). Jessé diz que os irmãos de Davi estão “lutando contra os filisteus” (v.19). Mas, estão em um impasse tenso “atônitos e apavorados” (1 Sm 17.11). 


Veja a ousadia do inimigo. No quadragésimo dia de confronto “Parou, e clamou ás tropas de Israel, e disse-lhes... escolhei dentre vós um homem que desça contra mim” (1 Sm 17.8). Veja, porém, o que disseram no dia da chegada de Davi: “Viste aquele homem que subiu?” (1 Sm 17.25). Isto é, Golias cruzou agora a ravina na base do vale e está subindo para o lado de Israel. Preste atenção: se  você tolerar um Golias, ele tomará o seu território. Entrará no seu acampamento, desviará os seus pensamentos – e os fixará em si  mesmo.

Enquanto Davi está no acampamento, Golias pela QUADRAGÉSIMA VEZ, repete seu desafio, mas dessa vez há uma diferença: “...DAVI OUVIU” (1 Sm 17.23). Davi chegou em Elá com a imaginação dominada por Deus, não por Golias. “Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam grandemente” (1 Sm 17.24). Mas, em Davi, Deus era com quem ele se relacionava; gigantes não faziam parte da compreensão de Davi sobre o mundo, o seu mundo mergulhado de Deus.

“QUEM É ESSE FILISTEU INCIRCUNCISO PARA DESAFIAR OS EXERCITOS DO DEUS VIVO?”. Davi convivia tanto com a presença de Deus, e, de certo modo, Deus era muito mais real para ele que o rugir do leão, que podia perfeitamente escutar. Adorava a majestade de Deus de forma tão constante que o amor de Deus, que não via, mostrava-se muito mais presente para ele que a ferocidade do urso, com quem se confrontava.

3)     Dificuldades no caminho

“Por que  desceste aqui? E a quem deixastes aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a tua maldade, desceste apenas para ver a peleja (1 Sm 17.28). Palavras de Eliabe, irmão mais velho de Davi. É o que queria ser rei! Aqui, ele está com dor de cotovelo desde aquele dia da unção de Samuel. Veja como ele é maldoso: “Por que você veio realmente? Em seguida, busca humilhar Davi: “Ei, Davi, onde você deixou aquele punhado de ovelhas? Davi apenas o ignora, como se dissesse: “fiz uma pergunta, somente. Vamos falar do que é mais importante: esse gigante aí”.

“Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele guerreiro desde a sua mocidade” (1 Sm 17.32-33). Ou, “você não tem tamanho para isso. Não passa de um garoto. Olhe só aquele gigante!”. Mas, Davi responde: “O Senhor me livrou das garras do leão, e das do urso; ele me livrará da mão deste filisteu” (1 Sm 17.37). Então, Saul olhe diz, OK, “Vai-te, e o Senhor seja contigo”. No entanto, precisa vestir minha armadura para enfrentar o gigante. Mas, Davi recusou, e foi com sua própria “armadura” de pastor.

Conclusão

Nos dias de Davi, a situação era crítica. Os filisteus estavam famintos para aprisionar a acabar com o povo de Israel. Quem está ouvindo? Quem está vendo? Quem está respondendo? O povo estava a ponto de perder sua identidade como povo de Deus, perdendo o contato com sua história e, mormente, sua vida com Deus.

Enquanto Davi se ajoelhava no riacho, o mundo estava dividido entre arrogante e opressor povo filisteu, de um lado, e, do outro, os desmoralizados e angustiados filhos de Israel. Davi, ajoelhado, escolhendo cinco pedras para sua funda, sem pressa, apresentou outra opção: Deus, o caminho de Deus, a solução de Deus, a salvação de Deus.


De repente, Davi não está mais ajoelhado, mas correndo: “Davi correu para a linha de batalha para enfrenta-lo” (1 Sm 17.48). É um momento tão sem precedentes, ocorre tão rapidamente, que mal fica gravado nos olhos dos espectadores, filisteus ou israelistas. Duas ou três voltas ao ar, e uma das cinco pedras se projeta da funda de Davi, acertando em cheio a testa do grandalhão. Espantado, o gigante cai no chão e imediatamente morre. 


 

 

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

 O HOMEM VÊ APARENCIA, DEUS VÊ O CORAÇÃO. 1 SM 16 

INTRODUÇÃO

Em 1 Samuel 8, o povo foi ao profeta para pedir por um rei como os reis das nações. Até então, Deus havia liderado os judeus por meio de juízes ou lideres ungidos pelo Espírito que ele levantava para libertar o povo quando necessário. Mas, o povo rejeitou a liderança de Deus; e, ao fazer isso, rejeitou sua própria identidade – o seu chamado por Deus para ser uma nação santa, um povo diferente que mostraria o caráter dele ao mundo. Agora, os judeus querem ser como as nações em vez de ser UMA LUZ PARA AS NAÇÕES.

O povo de Israel pede um rei, e o rei que obtém é Saul. Ao longo dos capítulos 13 a 15, Saul falha terrivelmente três vezes. Ele é o rei que Israel pediu, mas não o rei de que a nação precisa. “Nunca mais Samuel viu Saul, até o dia de sua morte, embora se entristecesse por causa dele porque o Senhor arrependeu-se de ter estabelecido Saul como rei de Israel” (1 Sm 15.35).

1)     Aparência

“Você já lamentou o suficiente por Saul. Eu o rejeitei como rei de Israel. Agora, encha uma vasilha com óleo e vá a Belém. Procure um homem chamado Jessé, que vive ali, pois escolhi um dos filhos dele para ser rei” (1 Sm 16.1). Como posso fazer isso? Perguntou Samuel: Se Saul ficar sabendo, me matará”? O SENHOR NÃO RESPONDE AO COMENTÁRIO DE SAMUEL, em vez disso, ele diz: “Leve um novilho com você e diga: vim oferecer um sacrifício ao Senhor, e eu lhe mostrarei i que você deve fazer e qual dois filhos deve ungir” (1 Sm 16.2-3).

“Quando chegaram, Samuel viu a Eliabe e pensou como certeza é este que o Senhor quer ungir” (1 Sm 16.6). O profeta não falou em alta voz, mas era isso o que pensava. Por que? Porque Eliabe tinha o porte de alguém que você normalmente escolheria para ser rei. Não há dúvida que era alto e de boa aparência.



O que Samuel não viu foi o caráter de Eliabe. Ele não percebeu, como veremos no capitulo 17, que Eliabe possuía um espirito critico e negativo e desprezava o irmão menor. Samuel enamorou-se do exterior, da aparência, mas Deus não usa apenas o alto, o moreno e o belo – ele também usa o baixo, o pálido, o tímido e o ruivo.

“Então, o irmão mais velho não era o homem escolhido., nem o segundo filho, nem o terceiro. Então, Jessé chamou seu filho Abinadabe e o levou até Samuel. Ele, porém, disse: Não foi este que o Senhor escolheu. Em seguida, Jessé, chamou Simeia, mas Samuel disse: Também não foi esse que o Senhor escolheu (1 Sm 16.8-9). Da mesma forma, todos os teus sete filhos de Jessé foram apresentados a Samuel. Mas, novamente, Samuel disse a Jessé: O SENHOR NÃO ESCOLHEU NENHUM DELES” (1 Sm 16.8-10).

Deus ensina um princípio importante a Samuel: “O Senhor olha para o coração”. O profeta, por natureza, olha para aparência, e não para o coração, mas quando ouve a orientação de Deus ele se torna bastante perspicaz em seus pensamentos.



Podemos dizer algumas coisas sobre as pessoas ao ver a aparência delas. Podemos determinar a cor de seus olhos, a forma de seu corpo e sua altura. Mas não podemos falar sobre a condição do coração. Apenas Deus vê isso. Uma pessoa pode dizer palavras religiosas corretas, mas lá dentro, não tem poder, não tem fé em Jesus Cristo, Nosso Senhor. O profeta Jeremias, traz o discernimento: “O coração humano é mais enganoso que qualquer coisa e é extremamente perverso; quem sabe, de fato, o quanto é mau? Eu, o Senhor, examino o coração e provo os pensamentos...” (Jr 17,9)

2)     O coração

Deus orienta Samuel (1 Sm 16.1) para ir a Jessé, especificando: “...escolhi um de seus filhos para fazê-lo rei”. No hebraico a palavra escolhido também pode significar “ver”  ou “olhar”. Ela é repetida sete vezes no capítulo: “escolhi” (v.1), “viu” (v.6), “vê” (v.7) e “conheço” (v.18). Deus diz: “...conheço (v.1) um filho de Jessé...”, pois Deus vê o coração. Em 1 Samuel 8.5 o povo pediu que Samuel ungisse um rei para nós, Samuel se refere a ele como “o vosso rei, que vós mesmos escolhestes para vós” (1 Sm 8.18). Agora Deus está como que dizendo: “providenciei um rei para mim” (1 sm 16.1).

“Perguntou Samuel a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu: Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: manda chama-lo, pois, não nos assentaremos à mesa sem que ele venha” (1 Sm 16.11).

Enquanto, isso Davi está no campo com as ovelhas. Ele não sabe o que acontece em casa. Ali está ele, cuidando fielmente das ovelhas, quando alguém corre pelos campos e grita: Venha  Davi, estão chamando você em casa. “Jessé mandou chama-lo. Era um jovem ruivo, de boa aparência e de olhos bonitos. E o Senhor disse: é este! Levante-se e unja-o com oléo”. 


Davi, um adolescente, entra em sua casa, ainda cheirando a ovelhas, e de repente um ancião se aproxima e derrama óleo sobre a sua cabeça. O óleo escorre pelo seu cabelo e pelo pescoço. O historiador Josefo escreve que: “O velho Samuel sussurrou em seu ouvido o significado do símbolo: você será o próximo rei de Israel”.

3)     E, agora?

O QUE VOCE FARIA NUMA SITUAÇÃO DESSA? O HOMEM DE DEUS, SAMUEL, LHE UNGE REI DE ISRAEL! Davi não saiu correndo até uma loja nas proximidades para experimentar uma coroa. Não, saiu correndo pelas ruas de Belém anunciando em todos os cantos que seria o próximo rei. Não mandou mensagens no zapp ou instagram, ou, facebook, falando que havia sido ungido rei de Israel!

Em meio à unção de Davi, nos diz o texto: “O Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno, vindo da parte do Senhor, o atormentava...há um espírito maligno manda por Deus te atormentando. Então disse Saul: encontre um homem que saiba tocar bem e trazei-mo” (1 Sm 16.16-17).

Saul está deprimido, por isso diz: tragam-me um musico que me faça sentir melhor. Então, um dos moços disse: conheço um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é forte e valente, homem de guerra, sisudo em suas palavras e de boa aparência e o Senhor é com ele! Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: envia-me a Davi, teu filho, o que está com as ovelhas” (vs. 18-19).

Então, mesmo depois de ter ungido rei....ele voltou diretamente para o rebanho. No capitulo 17, onde uma batalha está sendo travada no vale de Elá, entre Israel e o gigante filisteu, Golias, encontramo-nos novamente Davi: “Davi era o mais moço; só os três maiores seguiram Saul. Davi, porém, ia a Saul e voltava para apascentar ovelhas de seu pai em Belém”.



Conclusão:

Em um mundo de aparências, de status, de posições, de vantagens militares, Deus escolheu um pastor, para apascentar seu povo. Um pastor segundo o coração de Deus; para os homens, ele era meramente o ultimo filho de Jessé, o pastor, o ruivo, um joão-niguém. Mas, para Deus, era o escolhido para ser rei de Israel. 



 

terça-feira, 6 de abril de 2021

 UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS  Salmo 78.70-72


Introdução

A julgar pelo exterior, não parecia haver nada em Davi que pudesse impressionar a Deus “era ele ruivo, de belos olhos e boa aparência” (1 Sm 16.12). Ou seja, a aparência exterior de Davi não parecia destacá-lo de forma alguma. Se morássemos na casa da fazenda vizinha à família de Davi, nas terras montanhas da Judéia, é possível que nem soubéssemos o nome do filho caçula de Jessé. Afinal de contas, seu pai não pensou em inclui-lo até que Samuel perguntou: “acabaram-se os teus filhos?” (1 Sm 16.11). Jessé, então disse: tem razão, ainda falta o mais moço. Está no campo cuidando de ovelhas. 



1)     Tempos nebulosos

Se pudéssemos descrever esse momento, seria: “O povo se afastara muito de Deus”. Foi nesse mundo que Davi nasceu. Eli, o sumo sacerdote e seus filhos malvados haviam morrido. Samuel, seu sucessor, o ultimo dos juízes, era já velho. Os filhos de Samuel: “não andaram pelos caminhos dele; antes se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos e perverteram o direito” (1 Sm 8.1-3).

Então, os anciãos de Israel fizeram uma reunião em Ramá, - um lugar nas montanhas, a 8 Km de Jerusalém – e lhe disseram: “VÊ, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o tem todas as nações”. Ou seja, queremos ser como todas as outras nações. Olhe para os filisteus, os moabitas e todos os outros povos. Todos eles têm rei; queremos ser como eles!

Então, os homens escolheram Saul, que era alto, moreno  e bonito. As pessoas sentem, atração por alguém que tenha boa aparência – ele daria uma boa imagem a Israel. “...Era jovem e de bela aparência; nenhum homem era como ele entre os israelitas; era o mais alto de todo o povo, os outros chegaram aos seus ombros” (1 Sm 9.2).



No começo, Saul fora humilde e conseguiu juntar todo povo para guerra. Mas, no decorrer do tempo, a verdadeira face vai aparecendo. Saul deixou de seguir a Deus, e, começou a seguir seus instintos, seus caprichos.

Até que, em 1 Samuel 15, ele desobedeceu a ordem do Senhor quanto aos amalequitas. Então, foi rejeitado como rei “visto que rejeitaste a palavra do senhor, ele também te rejeitou como rei” (1 Sm 15.23).  

2)     Davi, a escolha do Senhor.

“Já agora não subsistirá o teu reino. O Senhor buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou” (1 Sm 13.13-14).  O versículo 14, ressalta: “...O Senhor buscou para si um homem...”. Deus procurara um homem. Um único homem..., mas que homem! Nas escrituras achamos mais referências sobre Davi do que sobre qualquer outro personagem bíblico, ou seja, são dedicados 66 capítulos e, mais de 59 referências a sua vida no Novo Testamento.

QUE TIPO DE PESSOA DEUS ESCOLHE? O texto de 1 Coríntios dentro do contexto, alguns eram judeus e esperavam milagres, sinais; outros, eram gregos, que se preocupavam com a sabedoria secular. E, Paulo, afirma, vim na autoridade do poder de Deus. E, descreve: “... não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucos do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Co 1.26).Ou seja, olhem a sua volta, irmãos. Não vão achar muitas pessoas famosas aqui. Por que? Para que ninguém se gabe na presença de Deus.

A PRIMEIRA QUALIDADE QUE DEUS VIU EM DAVI FOI A ESPIRITUALIDADE. “O Senhor procurou... um homem segundo seu coração”. O que significa ser alguém segundo o coração de Deus? Significa ser uma pessoa cuja vida está em harmonia com o Senhor. O que é importante para ele, é importante para você. “Se alguém me ama, obedecerá à minha Palavra...”(Jo 14.23). Quando ele diz: “Vá para direita”, você obedece. Quando ele diz: “Não faça isso em sua vida”, você não faz. Quando ele diz: “Isso é errado e quer que mude” , você aceita porque seu coração se inclina para Deus. 


Quando você é profundamente espiritual seu coração é sensível ás coisas de Deus: “Os olhos do Senhor passam por toda a terra para mostrar sua força àqueles cujo coração é inteiramente dedicado a ele” (2 Cro 16.9).

O QUE DEUS ESTÁ PROCURANDO? Está procurando homens e mulheres cujos corações sejam completamente dele – completamente. Isto significa que não há armários fechados. Nada para ser varrido para baixo do tapete.

A SEGUNDA QUALIDADE QUE DEUS VIU EM DAVI FOI A HUMILDADE. “...Enche um chifre de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque dentre os seus filhos me provi de um rei” (1 Sm 16.1). “Me provi de um rei”. O Senhor viu em Davi um coração completamente dele. O menino estava cuidando fielmente das ovelhas do Pai; Deus viu humildade, um coração de  servo. “Também escolheu Davi, seu servo e o tomou dos redis das ovelhas” (Sl 78.20). “Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo ungi” (Sl 89.20).


Deve-se ressaltar que o servo não se importa com quem recebe a glória. O servo tem um grande objetivo: fazer com que a pessoa a quem serve pareça melhor e tenha ainda mais sucesso “...do qual não sou digno sequer de curvar-me para desamarrar as correias das suas sandálias” (Mc 1.7).

A TERCEIRA QUALIDADE DE DAVI ERA A INTEGRIDADE. “Tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração, e os dirigiu com mãos precavidas” (Sl 78.71-72).

Faça um círculo na palavra “integridade”. Ela é muito significativa! Deus não está procurando espécimes magníficos de humanidade. Ele busca servos profundamente espirituais, genuinamente humildes, e sinceros, e que tenham integridade. Ouça alguns dos sinônimos deste termo hebraico Thamam, traduzido como integridade: completo, inteiro, inocente, que vive com simplicidade, solido, forte. Integro é o que você é quando ninguém está olhando.

3)     Os métodos de Deus

Deus treinou Davi na solidão. Quem precisa de sons superficiais para sobreviver não tem profundidade. Se você não consegue ficar sozinho consigo mesmo, é porque há conflitos profundos e não resolvidos em sua vida intima. Durante noites, sem conta, ele sentava-se sozinho sob as estrelas, sentindo as rajadas fortes dos ventos do outono e as chuvas frias do inverno. A solidão foi um dos professores que Deus usou no treinamento do jovem Davi para ocupar o trono.



Davi cresceu na obscuridade. Homens e mulheres de Deus, são primeiro desconhecidos, invisíveis, não apreciados, não aplaudidos. Nas exigências implacáveis da obscuridade. Por mais estranho que pareça, os que aceitam o silencio da obscuridade, a principio são melhor qualificados para lidar com o aplauso da popularidade.

Davi cresceu na monotonia. Davi, todos os dias, acordava cedo e ia cuidar das ovelhas do seu pai. Ele era fiel nas tarefas, nos horários, nos compromissos, as vezes insignificantes e, até mesmo desinteressantes. Davi vivia uma vida enfadonha. Mas, tinha disciplina e o que fazer.

CONCLUSÃO:

Davi cresceu com os pés na realidade. Vamos para 1 Samuel 17, quando tem um gigante ameaçando os israelitas. O rei Saul está com medo, mas Davi se coloca corajosamente para enfrentar o gigante. Então, o rei subestima o potencial de Davi. Ao que ele responde: “teu servo apascentava as ovelhas de seu pai quando veio um leão, ou um urso, e tomou o cordeiro do rebanho, eu sai após ele, e o feri e livrei o cordeiro de sua boca; levantando-se contra mim, agarrei-o pela barba, e o feri, e o matei” (1 Sm 17.34-35).