terça-feira, 27 de abril de 2021

 Davi entre amor e ódio. 1 Samuel 18.1-12 



Introdução:

Elias, foi um grande profeta que desafiou os profetas de Baal. Deus lhe deu uma grande vitória, fazendo cair fogo no altar, e, logo em seguida, muito chuva, depois de três anos e meio sem chuva. Êxtase total! No entanto, no dia seguinte, Elias foge em direção ao monte de Deus, com medo de ser morto por Jezabel. Aqui, Davi, venceu um terrível gigante – Golias -, um gigante temido, durante 40 dias, ele zombou de todos, mas, agora, é um gigante morto. No entanto, nos dias e anos que seguem, ele fugirá, como cão, da presença do rei Saul.

1)    Saul

Depois da morte de Golias, a primeira coisa que aconteceu foi que Saul não quis deixar que Davi voltasse às suas ovelhas “...não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai... saia aonde quer que Saul o enviava” (1 Sm 18.2). Davi era o campeão dos campeões, o matador de gigante. Quatro vezes no mesmo capitulo lemos que Davi prosperou ou que se comportou com prudência.

Até que um dia, Davi voltando de suas batalhas “...mulheres de todas as cidades saíram ao encontro do Rei Saul. Cantavam e dançavam de alegria, com tamborins e címbalos. Esta era a canção: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares!” O hebraico muitas vezes junta termos, e a palavra “milhares” literalmente é “miríades”, ou seja, muitíssimas pessoas.

Saul entende o fato como um menosprezo. Somos informados  de que “Saul ficou muito irritado...” Por que? Ele ponderou: “...atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta senão o reino?” Saul está nitidamente com inveja de Davi e passa a vigiá-lo de perto “Dai em diante Saul olhava com inveja para Davi” (1 Sm 18.9).

  O processo em direção ao ódio começa com a sua ira por causa do cântico nos versículos 8 e 9. “No dia seguinte, um espírito mandado por Deus apoderou-se de Saul”. Saul acabou se tornando um homem irritado, sem paz, e sujeito a manifestações demoníacas – ABISMOS DO MAL EM SUA MENTE E EMOÇÕES.

“Enquanto Davi tocava harpa”. Portanto, Davi e sua musica eram uma presença de cura e restauração nos momentos oscilantes de Saul. Mas, neste dia, em vez de cura, surge o ódio. Saul arremete sua lança na direção de Davi, gritando: “Encravarei Davi na parede” (1 Samuel 18.11). Davi, como rapidez de um menino, vê o dardo e se desvia. A lança acerta a parede, apenas alguns centímetros da cabeça de Davi. Saul tenta mais uma vez. E de novo Davi escapa. 



Dá pra entender? Davi venceu o gigante Golias, trouxe cura ao espirito atormentando de Saul, aquietando a turbulência no coração perturbado do rei. Era tudo de que a nação precisava, era tudo de que o rei necessitava. E, ao que parece, fazia todas essas coisas de maneira discreta e despretensiosa. Em troca, de haver feito boas obras, quase foi morto. O Salmo 7 é a primeira oração nos Salmos, que nos oferece uma expressão dessa experiência de inocência ofendida:

“Senhor, meu Deus, em ti me refugio; salva-me e livra-me de todos os que me perseguem,

Para que, como leões, não me dilacerem nem me despedacem, sem que ninguém me livre...

Deus justo, que sonda as mentes e os corações, dá fim à maldade dos ímpios e ao justo dá segurança. O meu escudo está nas mãos de Deus, que salva o reto de coração” (Sl 7.1,2,9,10).

 2)    Davi e Jônatas

“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas amou, como à sua própria alma. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma” (1 Sm 18.1-3).

“Tornou-se um em espírito com Davi, e Jônatas o amou como a si próprio”. “Um em espírito” é literalmente “costurados um ao outro”, a mesma palavra é usada para descrever o relacionamento de Jacó com Benjamim, seu filho predileto. Somos informados de que a vida de Jacó estava “fortemente ligada à vida do menino” (Gn 44.30). E o mesmo acontecerá com Jônatas e Davi.

Vivemos em uma sociedade egocêntrica. Já nos relacionamos com centenas de pessoas que, ao olhar para nós, começam a calcular a nossa utilidade, o que poderão obter de nós. Temos conhecido centenas de pessoas que, mal nos veem, fazem de nós um rápido julgamento, classificando-nos então em determinada categoria, para que não tenham de se relacionar conosco como pessoas. E, quando nos relacionamos com tais pessoas, realmente nos tornamos menores!

Aqui, com Davi e Jônatas, reconheceremos alguns princípios da verdadeira amizade:

Primeiro, o amigo intimo está disposto a sacrificar-se.Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto” (1 Sm 18.4). A coisa mais importante que uma pessoa pode fazer por outra é verificar o que existe de mais profundo no outro; despender tempo, e ter discernimento para ver o que há no interior do outro, quem a pessoa realmente é, e, então reafirmar isso pelo reconhecimento e encorajamento. 



Segundo, o amigo intimo é um defensor leal perante outros. Ele não é amigo dos bons tempos. Não vai falar conta você quando não estiver  por perto.

 A passagem diz: “Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai” (1 Sm 19.4). Isso é muito importante porque Saul não era só o rei e pai de Jônatas, mas também, a essa altura, Saul decidira ser inimigo de Davi “Jônatas disse a Saul: Não peque contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e os teus feitos para contigo tem sido mui importantes. Arriscando ele a sua vida, feriu os filisteus, e efetuou o Senhor grande livramento a todo Israel; tu mesmo o viste e te alegraste; por que, pois pecarias contra sangue inocente matando a Davi sem causa?” (1 Sm 19.4-5). 

Terceiro, os amigos íntimos dão ao outro completa liberdade para serem quem são. “Levantou-se Davi do lado do sul, e dobrou-se rosto em terra três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos. Davi, porém, muito mais” (1 Sm 20.4).  Quando um bom amigo está sofrendo, deixe que sofra. Se um bom amigo tem vontade de chorar, deixe que chore. Se um bom amigo quer reclamar, ouça. O amigo intimo não se afasta, fica sempre ao seu lado. 



Quarto, o amigo intimo é uma fonte constante de encorajamento. “Vendo, pois, Davi, que Saul saia a tirar-lhe a vida, deteve-se no deserto de Zife, em Horesa. Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa e lhe fortaleceu a confiança em Deus” (1 Sm 23.15-16).  Davi está no deserto, assustado e angustiado. Então, Jônatas vai até lá, no deserto e lhe encoraja: “Sei o que é isso. Um dia melhor vai chegar, mas agora estou ao seu lado, para o que der e vier”.


Conclusão:

Sem Jônatas, Davi estaria correndo o risco de abandonar sua vocação e retornar à sua simples vida de cuidar de ovelhas, ou desenvolver um espírito mórbido de retaliação, que o levaria a querer acertar contas com o homem que desprezou o que de melhor nele havia. Ele não fez nada disso, tinha a unção de Deus em sua vida! 



 

 

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