terça-feira, 26 de setembro de 2023

 A esposa infiel Ez 16.1-15  

Introdução

Estamos acostumados em ver nas mídias sociais casos de crianças abandonadas pela mãe. Algumas abandonam em latas de lixo, outras na porta da frente de alguma casa, em rodoviárias e ferrovias. Mães abandonam não somente na fase infantil, mas também abandonam nas fases posteriores da vida. Mas de Deus, temos uma promessa: “O Senhor responde: Será que uma mãe pode esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar o seu próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esquecerei vocês” (Is 49.15).

O profeta Ezequiel utiliza de um fato, corriqueiro em seus dias para ilustrar a relação de Deus com o seu povo.  O Senhor falou comigo de novo. Ele disse:  — Homem mortal, mostre a Jerusalém as coisas nojentas que ela tem feito” (Ez 16.1-2).

1)     Uma criança abandonada

O profeta Ezequiel inicia, v.2, contando a história de uma criança rejeitada, lançada no monturo, desprezada por todos que passavam por ela e, ficou ali para morrer: ficou ali para morrer. “Não se apiedou de ti olho algum...compadecendo de ti..”(v.4). Aqui um retrato vivo da história do povo de Deus e como se encontrava: desassistido, desesperançado, ninguém lhe dava expectativa alguma...ninguém apostava, ninguém colocava a mão no fogo. 

Assim estávamos nós: “...vivíamos de acordo com a nossa natureza humana, fazendo o que nosso corpo e a nossa mente queriam...estávamos destinados a sofrer o castigo de Deus...estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência” (Ef 2.4-5).

 Sua origem e seu nascimento foram na terra dos cananeus; seu pai era um amorreu e sua mãe uma hitita” (Ez 16.3). Os amorreus e os hititas era moradores da Palestina, povos que adoravam ídolos: Baal, Aserá, postes ídolos, Moloque, adorava o Sol e a Lua. Então, a criança que nasceu nessa região, era corrupta desde o início, e se dependesse de si, não superaria sua carga genética. 

 “...No dia em que você nasceu, o seu cordão umbilical não foi cortado, você não foi lavado com água para que ficasse limpa, não foi esfregada com sal nem enrolada em panos” (Ez 16.4). Algumas coisas: o cordão umbilical não fora cortado; a criança estava ainda ensanguentada, não estava limpa; não fora friccionada com sal e nem vestida com roupas adequadas, como qualquer mãe faz no dia primeiro dia de nascimento da criança.

Certamente imaginaram que a criança morresse em poucas horas naquele campo e que fosse esquecida para sempre. Assim, é a história humana, sem Deus, sem paz, sem alegria, sem salvação e jogado como joguete de satanás nesse mundo vil.

2)     Uma aliança

“Então, passando por perto, vi você se esperneando em seu sangue, eu lhe disse: Viva! Eu a fiz crescer como uma planta no campo...” (Ez 16.6-7). Enquanto que muitos que passaram por ela, meneavam a cabeça, pensando que não fosse sobreviver, aliás, tinha tudo para dar errado na vida. Mas Deus passa pela primeira vez e diz: “Viva”. Vida, não morte, não crime, não drogas, mas vida, vida de Deus, vida com Deus. 

Em Ezequiel 37, o profeta se defronta com um vale cheio de ossos secos “...pude ver que era enorme o numero de ossos nos vales...então ele me disse: Profetize a estes ossos e diga-lhes: farei um espirito entrar em vocês, e vocês terão vida” (Ez 37-.4-5). Paulo afirma em Efésios sobre a vida em Deus em nós: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados...” (Ef 2.1). E novamente Paulo: “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Rm 6.23)

Jesus confronta Nicodemos sobre a “vida eterna” “...se alguém não nascer de novo, não poder ver o reino de Deus”. Para um religioso como Nicodemos, um homem acostumado com regras, preceitos, mandamentos, com a exterioridade da lei. E faz objeção: “Como pode um homem nascer...entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e nascer novamente?” Mas Jesus lhe afirma categoricamente: “...quem não nascer da água e do Espirito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.3.5). 

Novamente, diz o profeta Ezequiel, “Mais tarde, quando passei de novo por perto, olhei para você e vi que já tinha idade para amar, então estendi a minha capa sobre você...fiz um juramento e estabeleci uma aliança com você...e você se tornou minha” (Ez 16.8).

Ela cresceu e ficou em idade de casar, Deus casou-se com ela. Alguém me perguntou: “Para que serve o batismo?” Eu respondi: “Batismo é casamento, é legalização da sua vida com Deus”. E aqui no texto, quando ela estava pronta, diz: “Eu lhe dei um banho com água e, ao lavá-la, limpei o seu sangue e passei azeite em sua pele” (Ez 16.9). Foi uma grande festa, uma grande celebração. Duas coisas: o batismo (água), depois foi ungida com azeite, que é a presença do Espirito Santo. 

E tem mais: “Eu a vesti com roupas bordadas e lhe dei sapatos do melhor couro” (O filho prodigo recebeu vida, sapatos e roupas novas e uma grande festa), “...eu a enfeitei com joias – pulseiras e colares...voce comeu da melhor farinha e tinha mel e azeite à vontade. Voce era bonita e chegou a ser rainha” (Ez 16.10-14).  Todos esses pormenores falam de uma linda celebração, entre a noiva e o noivo, uma linda festa de casamento, para selar a relação.

Primeiro, lhe deu vida, estando quase morta. Depois, casou-se com ela “a cobriu com as suas asas”, com a sua presença constante. Segundo Lhe deu tudo que precisava, tudo: sapatos, o melhor; lhe deu Jóias, a melhor comida e se tornou uma bela rainha. E: “E correu de ti a tua fama entre os povos, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha gloria que eu pusera em ti, diz o Senhor Deus” (Ez 16.14). Em todos os casamentos, todos se levantam para contemplar a beleza da noiva, mas aqui, toda gloria e beleza da noiva, provém do noivo.

3)     Quebra da aliança

Toda quebra de aliança tem um “mas”. O texto diz: “Mas você se aproveitou da sua beleza e da sua fama para dormir com qualquer um que passava” (V. 15).  Ela gostou da beleza e da fama e decidiu tirar proveito da situação, egoisticamente, pecaminosamente. “Usou os seus vestidos para enfeitar os seus lugares de adoração” (Ez 16.16). Usou os presentes dados por Deus para se prostituir e adorar ídolos. Na verdade, começou a se prostituir com todos os ídolos e deu tudo para eles: “seus vestidos, suas joias, sua comida, tudo...até os seus próprios filhos foram oferecidos como sacrifício ao deus moloque.  

Tonou-se pior que uma prostituta, pois chegou ao ponto de pagar os homens para ter relações com ela. Lendo os finais do capitulo 16, o desgaste de sua vida imoral era tão grande que ninguém mais desejava esta mulher. O pecado envelhece, tirar todo o brilho, toda formosura. Nenhum dos homens dava valor para ela; os homens na verdade, nunca se importaram com ela, somente com o prazer.

Quantas moças foram desprezadas e, até abandonadas pelos “namorados” que se aproveitaram delas e, depois fugiram de suas responsabilidades? Quantos jovens já perderam tudo ates de reconhecer que os “amigos” do mundo não são verdadeiros amigos? O diabo e seus aliados oferecem liberdade, mas levam a vitima à escravidão.

Conclusão

“Contudo, eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo uma aliança eterna” (Ez 16.60). 

É assim que chegamos a Deus, todo quebrado, todo humilhado, envergonhado, com a cara arrebatada pelo pecado. Mesmo assim, o Senhor nos oferece sua graça e misericórdia.

Toda beleza vem de Deus. Tem gente tentando ficar bela com os artifícios da vida, mas a verdadeira beleza procede de Deus. Deus nos veste com a sua justiça, com o seu manto de santidade. 


 

domingo, 24 de setembro de 2023

 Suicídio 1 Sm 31.4 

Introdução

Todos sabemos de alguém que um dia resolveu tirar a própria vida, aliás, semana passada um pai de família se suicidou, deixando esposa e filhos. Temos amigos, conhecidos, políticos e até familiares. Mas, na história do Brasil, temos o presidente Getúlio Vargas que fora presidente do Brasil por 18 anos. No seu ultimo mandato, acossado de todos os lados, num ato de desespero, ele deu um tiro no peito em 24 de agosto de 1954. Deixou uma carta-testamento, no final, ele diz: “...Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”

1)     Você sabe o que é suicídio?

É o ato de tirar a própria vida. Ou, “é o ato de dar cabo a própria vida de maneira voluntária ou intencional. A origem etimológica da palavra suicídio vem do francês que significa “cortar”, “deitar abaixo”. 

O suicídio é um assassinato. É o homicídio supremo. Também é a morte cruel suprema, por meio do qual seus restos mortais são deixados para que as pessoas mais próximas os encontrem e prestem algum tipo de serviço digno por você. Nenhum homem ou mulher vive ou morre completamente sozinho. A pessoa não pode dar fim à própria vida sem deixar um rastro trágico na vida de seus entes queridos.

Por que as pessoas se matam? O suicídio é uma ocorrência complexa, influenciada por fatores psicológicos, biológicos, sociais e culturais e até mesmo, espirituais. Segundo a organização Mundial de Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por ano por causa do suicídio....700.000!

No Brasil acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos. Infelizmente, as mortes ocorrem nas idades entre 15 a 29 anos (adolescentes e jovens). O suicídio aparece como a quarta causa de morte mais recorrente, atrás de acidentes no trânsito, tuberculose e violência.

2)     Suicídio circunstancial

Existem cinco relatos de suicídios na Bíblia. Primeiro e o segundo, o rei Saul e o seu escudeiro “...Saul puxou sua própria espada e atirou-se sobre ela” (1 Sm 31.4). O rei Saul que fora ungido por Deus para ser rei de Israel, no final de sua vida, apartou-se de Deus, desobedeceu a sua palavra, não havia mais profeta para ajuda-lo e nem urim e tumim. Por fim, consultou uma feiticeira para saber o futuro e, no ato de desespero, quando estava sendo derrotado pelos filisteus, jogou-se sobre sua espada. 

O terceiro, Aitofel (antigo conselheiro de Davi, seu conselho era a boca de Deus), mas depois passou para o lado de Absalão, participou da revolta contra Davi. Vira que seu conselho não fora acatado pelo rei novo, pôs fim a própria vida, enforcando.

O quarto relato de suicídio na Biblia é de Zinri, alguém que tentou tomar o trono de Israel à força. Sabendo que seria morto “...incendiou em torno de si e morreu” (1 Rs 16.18).

E o ultimo suicídio é o de Judas Iscariotes, que traiu Jesus, vendeu o seu salvador por trinta moedas de prata. Num gesto de remorso se enforcou “...caiu de cabeça, seu corpo partiu-se no meio, e as suas vísceras todas se derramaram” (Atos 1.18).

O que tem em comum os suicídios desses homens? Eles viviam uma pressão com a qual não conseguiam lidar. Estavam exprimidos, a maioria deles por suas próprias ações e não encontraram saída. Estavam a beira de desespero, precisavam de ajuda.

3)     Suicídio- depressão

Segundo os psicólogos a vida tem fases, três fases. A primeira estão os dias de “cimo da montanha” em que tudo vai bem, nada de desemprego, nada de doenças e o mundo parece cheio de sol. Vivemos no topo da montanha, nas nuvens.

A segunda “os dias comuns”, dias normais, nada de tão ruim e nada de tão bom, “dias normais”. Vivemos no planalto, mais em cima.

E a terceira, “os dias sombrios” ou “vale da sombra da morte”, “a noite escura da alma”. Quem não já vivenciou momentos como esses? E toda noite escura da alma é a depressão, é a parte mais baixa, desoladora, desalentadora, angustiosa... 

Antigamente, muitas pessoas pensavam que a depressão era demoníaca. Quem tivesse com depressão, era como se a pessoa tivesse possessa, com demônios.

Um pouco mais pra frente, outros acreditavam que quem tivesse com depressão era sinal de pecado guardado, escondido.

Contudo, muitos personagens bíblicos passaram pelos “dias sombrios”. O salmista se expressa: “Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim? (Sl 42.5). Um outro salmista, vai mais longe: “Minha alma está saturada de desgraças, minha vida está à beira das profundezas da morte” (Sl 88.3).

O que falar do patriarca Jó, quando passou pela “noite escura da alma”, perdendo tudo: bens materiais, filhos, dignidade: “Apaguem o dia em que nasci. Esqueçam a noite em que fui concebido! Que aquele dia seja transformado em escuridão, e que Deus, lá  em cima, esqueça o que aconteceu....” (Jo 31.1-) Ou seja, Jó amaldiçoou o dia do seu nascimento.

E o que dizer do profeta Elias? Um coração sem máscara, verdadeiro. É conhecido como Elias “o tisbita”, profetizou num dos piores momentos em que o ímpio Acabe governava. Profetizou que não ia chover e não choveu. No monte Carmelo, foi usado, poderosamente para derrotar os profetas de Baal e fazer o fogo caiu do céu e consumir o altar. Então, Elias foi ameaçado pela rainha Jezabel. E agora? Confiar no Senhor ou fugir? Infelizmente, fugiu! Quando fugimos da vida o que acontece?

 Primeiro, solidão. “Elias deixou o moço em Berseba” (1 Rs 19.3). É bastante comum quem está com depressão procurar ficar sozinho. Fecha-se no quarto escuro da vida, esconde-se dos amigos, dos irmãos e dos familiares.

Segundo suicídio “...Sentou-se debaixo de um zimbro. Sentindo vontade de morrer e orou: Basta, toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs 19,.4).  

Terceiro, perda de apetite “Levante-te e come” (1 Rs 19.4), disse-lhe o anjo. É um procedimento autodestrutivo do deprimido.

Quarto, autocomiseração “...eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. É quando a gente fica achando culpado para as coisas que acontecem em nossa vida. Nunca olhamos para nós, sempre alguém é culpado por tudo que acontece conosco.

Conclusão: quando Deus vêm em nosso socorro.

 Elias vai até o Horebe, a montanha de Deus. E lá, sente um forte vento mas Deus não estava no vento; um terremoto, Deus não estava no terremoto; um fogo passa pela caverna mas Deus não estava no fogo.

Em seguida veio “um cicio tranquilo e suave”; era Deus. Deus diz ao profeta: “Que fazer aqui?” (9,13). Ou, “o que você está fazendo com sua vida?”. Não te coloquei nessa caverna, você que entrou nesse estado depressivo. SAIA DA CAVERNA. 


 

terça-feira, 19 de setembro de 2023

 O pecado da idolatria Ez 8 

A idolatria tem várias formas. Pessoas fazem imagens de matérias diversos. No Brasil, a Nossa Senhora da Aparecida é considerada padroeira do Brasil (1931), historicamente porque “apareceu” para os pescadores no rio Paraíba, primeiro só o corpo, depois a cabeça e hoje, há um santuário em Aparecida do Norte, que virou comércio, meios para ganhar dinheiro. Por exemplo, em Nova Viçosa a santa celebrada é “Nossa Senhora da Conceição” afirma que Maria não herdou o pecado original, esse dogma foi estabelecido em 1854 pelo papa Pio IX. Contudo, o livro de Romanos afirma: “Que todos pecaram e estão destituídos da gloria de Deus” (Rm 6.23).

Quando Paulo estava em Atenas “Paulo ficou indignado ao ver ídolos por toda cidade” (Atos 17). “Indignado” é “paroxyno” e se refere a um ataque epilético, uma revolta interna. Qual é a visão que você tem da sua cidade. O Salmo 15 afirma: “Seus ídolos não passam de objetos de prata e ouro, formados por mãos humanas. Tem boca, mas não falam; olhos, mas não vem. Tem ouvidos, mas não ouvem. Tem nariz, mas não respiram. Tem mãos, mas não apalpam; pés, mas não andam; garganta, mas não emitem som. Aqueles que fazem ídolos e neles confiam são iguais a eles. Ó Israel, confie no Senhor, ele é seu auxilio e seu escudo” (Sl 115 4-9). 

  Mas o livro de Êxodo, afirma: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança  refere  do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra; nem nas aguas, nem debaixo da terra. Não adorarás nem lhe darás culto” (EX 20.4-5). Paulo pergunta: “...será que o sacrifício oferecido a um ídolo significa alguma coisa? Ou o ídolo tem algum valor? E responde: “Não! Quero enfatizar que o que os pagãos sacrificam é oferecido...aos demônios e não a Deus...” (1 co 10.19-20).

Outros cultuam dinheiro (deus mamom), e outros, ainda, a comida, o celular, o consumismo, as novelas, a pornografia, o jogo do bicho,  o time de futebol e a bebida “...o deus deles é o estomago; e o orgulho que eles ostentam fundamenta-se no que é vergonhoso; eles se preocupam apenas com o que é terreno” (Fl 3.19). O ídolo desvia de Deus o coração. O Senhor castigou Israel não só pelos ídolos materiais que fizeram, mas também por aquilo que idolatravam “no coração”. Ídolos do coração é o que você mais, mais tempo dedica... mais do que Deus. 


1)     Ezequiel é levado em espirito para Jerusalém

A data é 17 de setembro de 592 a.C “...os anciãos e lideres estavam reunidos em minha casa...” O profeta havia adquirido uma casa, estava vivendo sua vida no exilio, como mandou Jeremias. “Quando a poderosa mão de Yahweh, o Eterno, veio sobre mim”, ou “Adonai-Yahweh” – o soberano eterno. Deus não está indiferente ou apático a situação do seu povo, ele está presente e tudo vê.

Olhei e vi uma figura como a de um homem. Do que parecia ser a sua cintura para baixo, ele era como fogo, e dali para cima sua aparência tão brilhante como metal reluzente” (Ez 8.2). É o mesmo que aparece para ele em sua chamada as margens do rio quebar (Ez 1.26), dá as mesmas descrições. E o relato continua “ele estendeu o que parecia um braço e pegou-me pelo cabelo. O Espirito levantou-me entre a terra e o céu e, em visões de Deus, ele me levou a Jerusalém” (Ez 8.3).  “Me pegou pelo cabelo”. 

O apostolo João, quando estava na ilha de Patmos descreve o que lhe aconteceu “...estava exilado na ilha de Patmos por pregar a Palavra de Deus e testemunhar a respeito de Jesus. Era o dia do Senhor, e me vi tomado pelo Espirito” (Ap 1.10-11).

2)     O que Ezequiel vê em Jerusalém?

A imagem do ciúme “...à entrada da porta norte do pátio interno, onde estava colocado o ídolo que provoca o ciúme de Deus” (Ez 8.3), ou “...onde havia instalado o trono da imagem do ídolo que provoca o ciúme de Deus”. Possivelmente seria um poste-ídolo da deusa da fertilidade, copiado do culto pagão. O rei Manassés colocou um desses no templo “Manassés colocou uma imagem esculpida da deusa Aserá no templo...” (2 Cro 33.8).  O rei Josias, seu filho, destruiu, mas parece que alguém o substituiu (2 Rs 23.6). Não obstante ao adultério espiritual “De repente, estava ali a glória do Deus de Israel, como eu tinha visto antes no vale” (Ez 8. 4). 

Objetos do culto. “Agora, filho do homem, cave no muro".  (Ez 8.8).  “Caveira o muro e encontrei uma passagem escondida” os adoradores estavam “em salas escuras” (Ez 8.12). O que o profeta viu nessa sala escura?

 “...desenhadas por todas as paredes, vi todo tipo criaturas rastejantes e animais impuros e todos os ídolos da nação de Israel” (Ez 8.10). O profeta cavou o muro, descobriu uma passagem escondida, ou secreta e se deparou com uma cena repugnante: estavam desenhados nas paredes muitos tipos de bestas, animais imundos de todas as espécies, ídolos infestando o templo, ou seja, uma representação de muitas nações: Canaã, Assíria, Babilônia, Síria, lugares como Grécia, etc. 


Adoradores:setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jazanias, filho de Safã, que se achava no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, tendo cada um na mão o seu incensário; e subia o aroma da nuvem do incenso” (Ez 8.11). Os setenta, aqui, são um grupo amplo de representantes do povo e, percebam “tendo cada um na mão o seu incensário”, coisa somente de sacerdote. Moisés escolheu setenta assistentes para ajudá-lo no ministério e a governar o povo de Israel no deserto.

O que mais deixou aflito o profeta “Jazanias, filho de Safã, estava no meio deles” (Ez 8.11). Ele era descendente de Safã, que fora secretário do rei Josias e levou o livro da lei ao rei, onde aconteceu uma reforma no meio de Israel. Safã desempenhou papel importante no governo de alguns reis de Israel e sempre se destacou por sua piedade, era também escriba e  ajudou o profeta Jeremias várias vezes. Mas Jazanias abandonou as velhas tradições, ao Deus de Israel e se juntou na adoração aos ídolos. O apostolo Paulo teve um discipulo “...Demas, havendo amado mais o mundo secular me abandou e se foi...” (2 Tm 4.10). 

 Pensa que acabou?  “E acrescentou: "Venha, e eu lhe mostrarei pecados ainda mais detestáveis que estes!" (Ez 8.13).

Culto a Tamuz. “Então ele me levou para a entrada da porta norte da casa do Senhor. Lá eu vi mulheres sentadas, chorando por Tamuz...”(Ez 8.14). Tamuz era uma divindade da Mesopotâmia ligada com a fertilidade, marido de Istar; era culto cheio de orgias e sexo. Seu culto se expandiu por toda região mediterrânea. Ela aparece na divindade egípcia e na grega e romana, como Afrodite, deusa do sexo, em Roma. Adorar Tamuz, hoje em dia, é participar de festas mundanas, carnaval, São João, festa de funke. Nesses ambientes o espirito de Tamuz está solto.  

“Chorando por Tamuz”. Segundo a mitologia, quando Tamuz morreu e desceu ao Hades, toda vegetação morreu e toda vida cessou. O choro das mulheres era o desejo da renovação da vida novamente. Tal culto no templo do Senhor era uma tremenda afronta ao Deus que já garantia todas essas benção, safras boas, prole numerosa e vitórias na guerra.

"Filho do homem, você vê isso?", ele perguntou. "Venha, e eu lhe mostrarei pecados ainda mais detestáveis que estes!" Ezequiel 8:15

Adorando o sol. “Ele então me levou para dentro do pátio interno da casa do Senhor, e ali, à entrada do templo, entre o pórtico e o altar, havia vinte e cinco homens. Com as costas para o templo do Senhor e os rostos voltados para o Oriente, estavam se prostrando na direção do sol” (Ez 8.16).  O culto aos corpos celestes é muito antigo. A lua era cultuada em Ur dos Caldeus e em outros locais do Oriente Médio (Jó 31.26-27). O sol era adorado em Canaã antigo, aliás, Bete Semes significa “casa” ou “templo do sol”, possivelmente por causa do culto realizado nessa cidade.  Hoje as pessoas querem viver como se os signos pudessem lhes dar um futuro; as pessoas perguntam: “você é de que signo?” Tem a mesma mentalidade. 

E o pior de tudo isso é que o texto de Ezequiel 9.6 esses homens são chamados de “autoridades”, “líderes”, possivelmente eram sacerdotes, homens que tinham a função de oferecer sacrifícios ao Senhor. Os tolos tinham abandonado Shekinah (a gloria do Senhor, a presença do Senhor, que se manifestava no meio do povo) e a gloria do Santo dos Santos e estavam adorando uma coisa criada, em lugar do próprio criador.

3)     Consequências

Em visão, o profeta viu o juízo executado sobre os idolatras. “Então o ouvi clamar em alta voz: tragam aqui os guardas da cidade, cada um com uma arma na mão” (Ez 9.1).  Estes guardas são anjos de Deus foram trazidos para realizar o juízo. 

Mas antes da morte dos ímpios, outro ser angelical vestido de linho, que levava na cintura um estojo com material de escrever e recebeu a ordem: “Percorra a cidade de Jerusalém e ponha um sinal na testa daqueles que suspiram e gemem por causa de todas as praticas repugnantes que são feitas nela” (Ez 9.4). Portanto, quem levasse a marca na testa seria poupado da destruição geral. 

Conta-se que no começo do governo comunista da União Soviética, alguns cristãos estavam reunidos adorando a Deus. Os guardas comunistas chegaram repentinamente e, parou o momento de louvor apontando suas armas para os cristãos. O líder disse:  “Aquele que negar que Jesus é o salvador, pode sair e ficar do lado de fora da igreja”, muitos saíram e ficaram no corredor da igreja. Poucos, no entanto, permaneceram “disseram que não negariam Jesus por nada, nem mesmo se tirassem a vida deles”. Então, o líder comunista olhou para aqueles poucos cristãos que ficaram da igreja e disse “continua o culto de vocês”. Quanto aos covardes “que morram todos”.

O juízo cairia sobre os lideres no templo. Diz o Senhor: “Começai pelo meu santuário. Então, começaram pelos anciãos que estavam diante da casa” (Ez 9.6-7). É importante o comentário do apostolo Pedro: “Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus” (1 Pe 4.17).   

 Conclusão

 Algo que percebemos na leitura do livro de Ezequiel é a constante manifestação da gloria do Senhor. No capitulo 1, ele vê os querubins e suas rodas, para em seguida vê o trono de safira e o que estava assentado “uma figura que parecia um homem”; no final do capitulo diante da gloria do Senhor, o profeta se ajoelha, sem força e coloca a boca no pó, tal era a glória do Senhor. Novamente no capitulo 3, quando estava recebendo a incumbência de atalaia de Deus, novamente “a mão do Senhor veio sobre mim e lhe disse: Levante-se e vá até o vale e, lhe falarei ali” (Ez 3.24).

Agora, no capitulo 8, Ezequiel é arrebato em espirito para Jerusalém e ele vê a gloria do Senhor, “como eu tinha visto antes no vale” (Ez 8.4). No capitulo 9, “...a gloria do Deus de Israel se levantou do meio dos querubins....e se moveu para a entrada do templo” (Ez 9.3). E no capitulo 10, parece uma repetição do capitulo 1, no entanto, agora em Jerusalém. Ele vê novamente os querubins e as rodas giratórias, o som das asas dos querubins era como cachoeiras fortes. Mas, no v.18, “Então a gloria do Senhor se afastou do templo e parou sobre os querubins”. A gloria do Senhor se retirou do templo. E assim termina o capitulo 10, o profeta contemplando a gloria do Senhor no meio dos querubins, não mais, no meio do povo de Deus. 



 

terça-feira, 12 de setembro de 2023

 Quando vem o juízo Ez 7.1-13 

Introdução

Vivemos dias difíceis, tenebrosos. Temos uma guerra na Ucrânia que se estende por quase dois anos;  No Rio Grande do Sul, enchentes em vários municípios, matando mais de quarenta pessoas, deixando milhares de vidas desalojadas; No Marrocos, África, um terremoto de 6.8 graus, matando mais de três mil pessoas e milhares sem casa.

Na Bíblia temos várias calamidades: a destruição de Sodoma e Gomorra; as pragas no Egito; o diluvio na época de Noé. Todos esses juízos na Bíblia era juízo de Deus. Juizo divino sobre Sodoma e Gomorra, juízo divino sobre o Egito de Faraó e juízo divino nos dias de Noé. Deus alertara, dando possibilidades de arrependimento e livramento.

E, nos dias de hoje, Deus continua alertando a todos: arrependam-se e creia nas boas novas!”; pois só assim se escapa do juízo final. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto...” (Is 55.6). “Enfim chegou o tempo prometido, o reino de Deus está próximo! Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (Mc 1.15). “...conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes” (Rm 13.11).

1)     O cerco em Jerusalém

Os profetas do Antigo Testamento não somente pregavam a palavra, mas sobretudo, viviam, dramatizavam, como audiovisuais de Deus. Ezequiel, capitulo 24, fora lhe tirado “...o prazer dos teus olhos”, ou seja, sua esposa e, não pudera lamentar e nem chorar, seria algo que aconteceria também com seu povo. Isaias teve que andar três anos como se fosse prisioneiro de guerra “nu e descalço” (Is 20). E, no capitulo 4, Ezequiel que fazer uma maquete para encenar o cerco de Jerusalém. 


O profeta se valeu de um tijolo para fazer um modelo de Jerusalém “...pegue um tijolo de barro...desenhe nele a cidade de Jerusalém” (Ez 4.1). Ezequiel devia depositar ao redor dela modelos em miniatura de cerco militar para “...mostre como será o cerco de Jerusalém” (Ez 4.3). Em seguida devia colocar uma panela de ferro, entre si e a cidade, simbolizando a poderosa força do cerco inimigo. 

Também, o profeta, recebeu ordem para ficar deitado do lado esquerdo durante 390 dias, simbolizando os anos de iniquidade de Israel, o reino norte. Depois, deveria ficar 40 dias sobre o lado direito, representando o reino de Judá. Tanto os 390 dias do reino norte, quanto os quarenta dias do reino sul mostrava que Deus leva a sério o pecado humano.

Com relação ao pecado Deus tem duas atitudes. Ou perdoa o pecado do ser humano, ou Deus julga o pecado, mandando o juízo. O que é que Deus não faz quanto ao pecado? Não se importar, porque Deus é santo, santo, santo e toda terra está cheia da sua gloria. 

Durante esses dias em que Ezequiel estava em seus lados (direito e esquerdo), Deus disse-lhe o que comer “...trigo, cevada, feijão, lentilha, milho-miúdo e trigo candeal e misture-os numa vasilha” (Ez 4.9 NVT). O pão teria que ser feito com uma mistura de grãos. Essa era a sua comida para 390 dias. Cada dia ele poderia comer apenas oito fatias desse pão. Ele podia beber dois litros de agua, em um país quente, isso não é agua suficiente para uma pessoa beber por dia. 

"Filho do homem, tornarei a comida extremamente escassa em Jerusalém. Será pesada com grande cuidado e consumida com medo. A água será racionada, e o povo beberá com desespero” (Ez 4.16). Em Apocalipse na abertura do terceiro selo aparece um cavalo preto que carrega uma balança e, diz o texto: “...um quilo de trigo por um denário e três quilos de cevada por um denário...”(Ap 6.6). Uma família com um kg de trigo passará fome, normalmente era 12 litros.

As coisas somente vão piorando. Quando os exércitos de babilônia tivessem cercado Jerusalém, haveria falta de alimentos, falta de trigo e cevada;   também não teriam agua suficiente para beber. E diz mais o profeta: “Asse-o diante de todo o povo, usando fezes humanas secas como combustível” (Ez 4.12). Ou seja, quando os inimigos chegassem e cercassem Jerusalém, os habitantes matariam todos os animais e não haveria esterco para o combustível.  USAR FEZES HUMANAS ERA TORNAR A COMIDA IMPURA. MAS NESSE TEMPO, OU ELES COMIAM ALIMENTOS IMPUROS OU MORRERIAM.

2)     A espada de Deus

“Tu, ó filho do homem, toma uma espada afiada; como navalha de barbeiro a tomarás e a farás passar pela tua cabeça e pela tua barba” (Ez 5.1). 

Raspar a barba era sinal de luto. Quando Hanum, príncipe amonita, mandou raspar a barba dos soldados de Davi, somente voltaram para Jerusalém “...ficai em Jericó até que vossa barba cresça...” (1 Cro 19.5). Deus mandou, Ezequiel obedeceu: ele raspou “sua cabeça e sua barba”. Pesou na balança e repartiu em três partes. Diante da maquete de Jerusalém feita com tijolos, o profeta, diante do povo, encena os ultimos dias de exilio em Jerusalém.

Primeiro, “Coloque uma terça parte no meio do desenho de Jerusalém” (Ez 5.2). Isto é, uma terça parte do povo de Israel morreria de pestilência, fogo e fome; “queime o cabelo ali”, ou seja, todos morreriam. Segundo, “Espalhe outra terça parte ao redor do desenho e corte-a com a espada”, ou seja, todos cairiam pelas espadas dos soldados babilônicos. Terceiro,  “espalhe a terceira parte ao vento, pois espalharei meu povo com a espada”, aqui fala de exilio, sofrimento, humilhação. “Guarde apenas um pouco de cabelo e amarre-o em seu manto” (Ez 5.3). ficaria somente algumas pessoas em Jerusalém. 

3)     O fim chegou

“Chegou o fim! Para onde quer que vocês olhem, norte, sul, leste ou oeste, sua terra está acabada. Não resta esperança” (Ez 7.1-2). E agora, o que você fará? Para o povo de Israel Jerusalém foi atacada e destruída. Para nós, o que acontecerá na vinda de Cristo?  O apostolo João diz que quando abriu o sexto selo “...houve um grande terremoto. O sol ficou escuro...a lua se tornou vermelha...as estrelas caíram do céu como figos verdes de uma figueira sacudida por um forte vento. O céu foi enrolado...e todas as montanhas e ilhas foram movidas do seu lugar... todos se esconderam em cavernas e entre as rochas das montanhas” (Ap 6. 12-15). 

“A sua prata lançarão pelas ruas, e o seu ouro lhes será como sujeira; nem a sua prata, nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor...eles não saciarão a sua fome, nem lhes encherão o estomago...de tais joias preciosas fizeram seu objeto de soberba e fabricaram suas abomináveis imagens e seus ídolos detestáveis” O Profeta Sofonias já havia declarado: “Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do Senhor” (Sf 1.18).  


“Eu os chamei para prestar contas de todos os seus pecados detestáveis. Não os pouparei nem terei piedade; darei a vocês o que merecem” (Ez 7.3-4). A volta de Jesus será como nos dias de Noé “o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos...até que veio o diluvio e levou todos” (Mt 24.37-39). Deus é justo juiz. Ele sempre faz o que é certo. O povo desobedeceu, escolheu seguir seus próprios caminhos; se afastaram do Senhor e do seu Deus.

“Chegou a hora, o tempo da aflição está próximo. Nos montes se ouvem gritos de angustia e não de alegria” (Ez 7.7). Esse dia será de terror. Não haverá alegria, mas apenas dor e choque. Será tão repentino que todos estarão confusos. Não haverá escapatória. Então será tarde demais para voltar para Deus.

Conclusão

O profeta Amós falou desse tempo: “Naquele dia...transformarei suas festas em tempos de lamento e seus cânticos, em canções fúnebres. Vocês se vestirão de luto e rasparão a cabeça...será um dia de muita amargura”. E continua o profeta: “Está chegando o tempo, diz o Senhor Soberano, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. As pessoas andarão sem rumo, de mar em mar e de um extremo ao outro, em busca da palavra do Senhor, mas não a encontrarão” (Amós 8.9-12). Virá uma calamidade após a outra,   um rumor após o outro.   Buscarão sem sucesso   uma visão dos profetas.   Não receberão ensinamentos dos sacerdotes   nem conselhos das autoridades”. (Ez 7.26).

  


 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

 Ezequiel, atalaia de Deus – Ez 3 

Introdução

Ezequiel foi levado cativo para Babilônia e se instalou junto ao rio Quebar. Quando estava com 30 anos teve uma visão, armou-se no céu uma grande tempestade e viu no meio da tempestade quatro seres viventes – querubins -, e quatro rodas ao lado deles. Havia harmonia nas ações dos seres viventes e das rodas “Quando os seres viventes se moviam, as rodas ao seu lado se moviam; quando elevam do chão, as rodas também se elevavam” (Ez 1.19). E tudo era coordenado “Para onde quer que o Espirito fosse, os seres viventes, e as rodas os seguiam, por que o mesmo Espirito estava nelas” (Ez 1.20). 

Em seguida, por cima dos seres viventes, havia um trono que parecia de safira e sentado nele “uma figura que parecia homem” que reluzia e resplandecia como fogo. Diante da visão, ele diz: “...quando vi, dobrei-me com o rosto em terra”. Todo o corpo do profeta tremia, a tal ponto que não conseguia ficar em pé, diante da gloria de Deus. Mas, ele ouviu uma voz: “Filho do homem, fique de pé, pois eu vou falar com você. Enquanto ele falava o Espirito entrou em mim e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava” (Ez 2.1).

E o mais difícil é a característica do povo para quem ele foi enviado para pregar “uma nação rebelde que se revoltou contra mim... um povo calejado em seus pecados” (Ez 2.3). É um povo “obstinado de coração”. Mas, eles tem que saber “que esteve no meio deles um profeta” (Ez 2.5). E Deus exorta: “...não tenha medo dessa gente nem das suas palavras ...ainda que o cerquem espinheiros e você viva entre escorpiões” (Ez 2.6). E, a voz, por fim, diz: “Abra a boca e coma o que vou lhe dar” Ou seja, tome, leia, assimile e fale a minha palavra. 

1)     Destinatários

“...vá agora à nação de Israel e diga-lhe as minhas palavras. Você não está sendo enviado a um povo de fala obscura e de língua difícil, mas à nação de Israel” (Ez 3.4-5). Ou, “...não estou enviando você a um povo que fala uma língua difícil com palavras impronunciáveis” (A Mensagem). Não era uma missão transcultural, ele estava na Babilônia, mas a mensagem era para o povo de Deus. William Carey, pastor britânico, foi pregar o evangelho na Índia, primeiro teve que aprender o idioma, para depois pregar. E, Adoniran Judson, missionário americano, pregou na Birmânia, primeiro aprendeu o idioma, para depois pregar. O profeta Jonas, fora comissionado para pregar em Ninive, uma nação com idioma diferente. 

William Carey

O que é pior não é a língua diferente, ou povo diferente (porque se você dedicar aprende) porque se fosse “certamente, seu eu o enviasse, eles o ouviriam” (Ez 3.6). Mas Ezequiel enfrentaria um povo obstinado, duro e apóstata, as pessoas eram como um bande de escorpiões e cobras, com o rosto duro e arrogante, falando palavras ásperas e estupidas. E o que dizer de algumas pessoas em nosso meio? Pessoas difíceis, que não obedecem, dura cerviz, pessoas arrogantes, faz o que quer da vida, sem compromisso com a igreja, não contribui financeiramente, resmungonas, e o pior, na hora da palavra dá um jeito de se esquivar do culto à escutar à Palavra de Deus. 

MAS, Deus diz: “Porém eu tornarei você tão inflexível e endurecido quanto eles. Tornarei a sua testa mais dura que a pederneira. Não tenha medo deles” (Ez 3.8-9). Deus fala ao profeta Jeremias: “...eis que te coloco...como cidade fortificada: uma coluna de ferro, como uma muralha de bronze” (Jr 1.18).  O profeta Amós foi designado por Deus para profetizar em Betel, no reinado do ímpio Jeroboão. Contudo, o “profeta” Amazias lhe disse: “Fora daqui seu profeta! Volte para a sua terra de Judá e ganhe a vida por lá com suas profecias”

Amós respondeu:   — Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras.  Mas o Senhor Deus mandou que eu deixasse os meus rebanhos e viesse anunciar a sua mensagem ao povo de Israel.  (Am 7.12-15). 

Deus diz ao profeta Ezequiel: “Tornarei a sua testa mais dura que a pederneira...” (Ez 3.9). a testa fala de determinação ou desafio. A determinação e a dureza do profeta venceriam a resistência dos pecadores. A pederneira era a pedra mais dura conhecida na Palestina depois do diamante. Nenhuma arrogância ou dureza de oponentes o venceria ou anularia sua missão.

“Então o Espirito elevou-me e tirou-me de lá, com o meu espirito cheio de amargura e ira, e com a mão forte do Senhor sobre mim. Fui aos exilados que moravam em Tel-Abibe, perto do rio Quebar... Sete dias fiquei lá entre eles – atônito! Quando o profeta comeu o livro – seu sabor era doce como o mel, mas a situação logo azedou “...na minha boca ele era doce como mel. Mas, depois que o engoli, o meu estomago ficou azedo...” (Ap 10.10). Ezequiel estava sentindo o poder de Deus e estava sendo preparado mentalmente para comunicar sua mensagem amarga. 


“Com a forte mão do Senhor” A mão do Senhor o guiava e impulsionava pelo fato de que sua tarefa era difícil, sem a mão do Senhor o profeta não teria tido força e determinação para cumprir sua missão, seu chamado, sua sina como profeta.

2)     Advertências espirituais

Primeiro, no tocante ao ímpio. “Filho do homem, fiz de você uma sentinela...sempre que me ouvir dizer alguma coisa, avise-os, em meu Nome. Se eu disser aos maus: vocês vão morrer, e você não os avisar de que a questão é de vida e morte, eles morrerão e a culpa será sua” (Ez 3.18 A mensagem). O papel da sentinela é vigia, é avisar a respeito do perigo. O papel do profeta é anunciar a palavra de Deus; é manifestar os juízos de Deus ao mundo que perece. O apostolo Paulo afirmou: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes...estou pronto para vos anunciar o evangelho...” (Rm 1.17). Jesus adverte: “Eu, porém, vos afirmo: erguei os olhos e vede os campos, pois já estão brancos para a colheita” (Jo 4.35). 

Segundo o ímpio impenitente (que não se arrepende). “Se porém, você advertir o ímpio e ele não se desviar de sua impiedade ou dos seus maus caminhos, ele morrerá por sua iniquidade, mas você estará livre dessa culpa” (Ez 3.19). Jesus advertiu Jerusalém, mas não se converteu “Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que são enviados a você! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram” (Lc 13.34). 

Terceiro o justo desviado. “Mas, se os justos mudarem de vida e deixarem de viver de maneira justa e começaram a faze o que é mal... eles morrerão. E, se você não os tiver avisado, eles morrerão por causa do pecado deles, e nada de certo que fizerem vai valer alguma coisa, mas vou considerar você responsável” (Ez 3.20).  A salvação não é calvinista: “uma vez salvo, salvo para sempre”. A salvação consiste em não desviar, mas “...livremo-nos de todo peso que nos torna vagaroso e do pecado que nos atrapalha, e corramos com perseverança a corrida que foi posta diante de nós. Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder aperfeiçoador da nossa fé” (Hb 12.1-2). 

Quarto o justo arrependido. “Mas, se você advertir esses justos a não pecar, e eles derem ouvidos a vocês, viverão por aceitarem seu aviso... e você terá salvado a sua vida” (Ez 3.21). “Sendo assim, fortalecei as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes” (Hb 12.12). “tenham compaixão daqueles que vacilam da fé. Resgatem outros, tirando-os das chamas do julgamento. De outros ainda, tenham misericórdia....” (Jd 22-23).

Conclusão: Levante, vai para casa e pregue a minha palavra.

“A mão do Senhor veio sobre mim” e “Levante-se e vá para o vale, e lá falarei com você” (Ez 3.22). Talvez foi nesse vale que o profeta vê, mais tarde, os ossos secos. No vale saímos do murmurinho, do barulho do dia a dia e ouvimos nitidamente a voz de Deus. No vale, novamente, o profeta “caiu com o rosto em terra” e “Espirito de Deus entrou em mim e me pôs de pé” (Ez 3.24). 

Depois, me disse o Senhor “Vá para casa e tranque-se”. Voltando imediatamente para casa “vai ser amarrado com corda e não poderá sair... vou paralisar sua língua” e, consequentemente não iria pregar. (Ez 3.25-26). Aqui, é uma forma figurada de expressar que o profeta falaria somente quando Deus lhe desse a palavra.

Por fim, “Mas, quando eu falar com você, abrirei a sua boca e você lhes dirá: Assim diz o Soberano, o Senhor”. (Ez 3.27). Então, chegou o dia de anunciar, de pregar ao povo de Judá a Palavra de Deus: “quer ouçam, quer não”.