terça-feira, 31 de outubro de 2017

É PARA LIBERDADE QUE CRISTO NOS LIBERTOU. Gl 5.1-6



Introdução: Os judaizantes-missionários confrontavam os cristãos da Galácia incisivamente:

Vocês são cristãos?
_ Somos – respondiam os cristãos gentios. _ Cremos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Os missionários judeus então diziam: _ Que coisa maravilhosa! Nós também somos! E vocês já foram circuncidados?
_ Não – informavam com estranheza os recém-convertidos.
_ Como não foram?! Quem pregou o evangelho para vocês? O apostolo Paulo? Já Imaginávamos! Vocês sabiam que Paulo não pertence aos Doze? Ele veio depois. Não faz parte do grupo original dos apóstolos de Cristo. Ele não ensinou que vocês deviam ser circuncidados?

1)    Libertos para a liberdade
“Temos uma liberdade profunda em Cristo”. Literalmente, ele diz: “Cristo vos libertou para a liberdade”. A missão inteira de Jesus era uma operação de libertação (Jo 8.32). Em grego, ele se refere a uma ação única no passado que agora está consumado - Tetelestai (João 19.30).


“A liberdade que temos no evangelho pode se perder”. Duas coisas:  1) para preservar nossa liberdade devemos “permanecer firmes”. Os crentes livres precisam permanecer firmes em sua liberdade (1 Co 16.13; Filipenses 1.27; 4.1). “Permanecei firme” é uma expressão de uso basicamente militar e combina as idéias de se manter alerta, ser forte, resistente ao ataque e preservar a unidade.  2) A religião que guarda a lei é de fato escravizante. Paulo os exorta a não se sujeitarem “a um jugo”. No judaísmo da época, era comum a referência ao estudo e à pratica de toda a lei de Moisés como colocar-se debaixo de um “jugo”. Mas tanto Cristo quanto a igreja primitiva viam os fariseus e os mestres da lei como pessoas escravizantes com esse jugo (Atos 15.10; Mt 11.29-30).

“Não vos sujeiteis novamente”. Os cristãos gálatas haviam sido pagãos, época em que estavam debaixo da escravidão da idolatria literal dos princípios elementares do mundo (Gl 4.3,8,9). Mas aqui Paulo mais uma vez faz sua afirmação radical de que a idolatria pagã e o moralismo bíblico (guardar os mandamentos, circuncisão, não comer carne, etc), na prática, são a mesma coisa. Sob a circuncisão, os gálatas experimentarão mais uma vez a ansiedade, a culpa e o fardo da vida que conheceram antes como pagãos. 



2)    Quando Cristo não tem valor algum
O que fazer? Ou farão de Cristo seu tesouro, aquele em que encontram perdão e realização, ou se voltarão para a obediência à lei, para a circuncisão!

O ensino dos judaizantes era: a menos que sejam circuncidados e obedeçam a lei, vocês não poderão ser salvos (Atos 15.1,5). Se a obediência à lei se tornar parte do sistema de salvação deles, será o único sistema de que disporão, de modo que ficarão “(OBRIGADOS) a cumprir toda a lei” (v.3) que é, simplesmente impossível (Gl 3.10-11). Justificação por meio da lei é autossalvação é estar “separados de Cristo” (v.4). Não temos como nos apegar à graça se vivermos pelas obras (v.4). “Vocês que querem que Deus os aceite porque obedecem à lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus (v.4).

Paulo faz uma solene afirmação, começando com “Eu, Paulo, vos digo (v.2). Em três sentenças ele os adverte dos sérios resultados da circuncisão: Cristo de nada vos aproveitará (v.2), de Cristo vos desligastes e da graça decaíste (v.4). A SALVAÇÃO ESTÁ EM CRISTO SOMENTE, PELA GRAÇA SOMENTE, ATRAVÉS DA FÉ SOMENTE.

3)    A SEGURANÇA QUE TEMOS
Em vez de lutarem para se justificar – esforço fadado ao fracasso -, Paulo encoraja os gálatas a aguardarem apenas “a justiça que é a nossa esperança”.

A palavra bíblica ELPIDA, traduzida por esperança, faz referência à certeza e à segurança de algo  (Hb 11.1) – “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Portanto, a palavra em grego é “certeza absoluta”, enquanto que em português “é uma quase certeza”! Em Galatas 5.5, Paulo diz que “aguardamos” simplesmente essa justiça. Não trabalhamos nem lutamos por ela. Sabemos que ela está a caminho, se aproximando. Portanto, podemos aguardá-la com fervor, em vez de ansiedade.

Pelo que aguardamos? Afirmamos que podemos viver hoje à luz da nossa acolhida e glorificação futura, certa e garantida nos braços de Deus, pois sabemos que, “se és filho de Deus, és também herdeiro por obra de Deus” (Gl 4.7).

Hebreus 10: 37: “Porque ainda um poucochinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará”.

“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão  primeiro.  Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.
1 Tessalonicenses 4:14-18

E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. 1 Coríntios 15:50-58 


NENHUM OUTRO SER HUMANO, NINGUÉM DO MUNDO SECULAR, NENHUM SEGUIDOR DE QUALQUER OUTRA RELIGIÃO PODE ENCARAR O PROPRIO FUTURO DESSA MANEIRA.  DEVEMOS VIVER HOJE SABENDO QUE SOMOS, E SEMPRE SEREMOS, PRECIOSIDADES ABSOLUTAS AOS OLHOS DE DEUS. OU, SOMOS TÃO AMADOS E HONRADOS POR DEUS COMO SEREMOS QUANDO ESTIVERMOS PERFEITAMENTE GLORIOSOS NO CÉU.

4)    SEM VALOR ALGUM
Primeiro, “Nem a circuncisão (representando as obrigações religiosas) nem a incircuncisão (representando o paganismo ou a imoralidade) VALEM COISA ALGUMA; mas, sim, a fé que atua pelo amor” (v.6). A palavra traduzida por “valem” significa “ter poder”, quando empregada para descrever pessoas. Mas, quando utilizada para coisas, significa “ter serventia” ou “ser aproveitável”.


Nem a religião nem a falta dela contam no sentido do estabelecimento de uma relação com Deus. Paulo afirma: meu bom desempenho não me acerta com Deus, nem meu desempenho ruim me torna mais perdido e desesperado. Tudo permanece tão perdido quanto antes e tão apto a ser salvo quanto antes.

Conclusão:

Nem a religião nem a falta de religião contam no sentido da mudança interior de caráter e do coração cheio de amor verdadeiro. A circuncisão e a incircuncisão não “valem coisa alguma, mas, sim, “a fé que atua pelo amor”. A FÉ LITERALMENTE ENERGIZA O AMOR. 

Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade Gálatas 5:7




terça-feira, 17 de outubro de 2017

“O diabo, anda em derredor...”  1 Pedro 5:8-11.


Introdução: Efésios, uma cidade infestada de demônios.

Um dos locais mais infestados de demônios era Éfeso. A cidade era conhecida como um centro de artes mágicas, e pelo culto da deusa Artemis (Diana). Esta deusa da mitologia grega era conhecida como a deusa do submundo, que controlava espíritos da natureza e dos animais selvagens. Sua imagem era coberta com os símbolos do Zodíaco, para lembrar aos adoradores de Éfeso que ela era uma divindade cósmica, com controle sobre os espíritos determinantes do destino.

Quando Paulo ali pregou o Evangelho, muitos efésios converteram-se a Cristo, boa parte dos quais havia se envolvido com artes mágicas, e certamente com o culto a Diana (Atos 19.18-20, 26-27). Como testemunho público de que já haviam sido libertos e resgatados pelo poder do Espírito Santo, vieram a público queimar seus livros de magia negra. Não foi pelo atear fogo naqueles livros que ganharam sua plena libertação. Eles já haviam sido libertados, quando creram (At 19.18). 



Um outro exemplo de como os apóstolos tratavam convertidos que vinham do ocultismo é o relato da conversão dos samaritanos em Atos 8. Lemos ali que os samaritanos em pêso seguiam a Simão Mago, um bruxo que praticava artes mágicas, e que era o líder espiritual da cidade, ou da região (Atos 8.9-11). Certamente a maioria dos moradores da cidade já havia, uma vez ou outra, se envolvido com Simão, através de consultas, “trabalhos”, invocação de mortos, e outras práticas ocultas populares daquela época. Quando Felipe ali chegou pregando o Evangelho no poder do Espírito, muitos deles deram-lhe crédito, e foram convertidos a Cristo. Felipe os batizou (Atos 8.12). O próprio bruxo foi batizado (8.13).
  
1)    Definições: 

Satanás significa “adversário”, como nome próprio significa o inimigo de Deus e de seu povo (Mt 4.10; 12.26). No hebraico, significa “odiar, opor-se”.

Diabo. O termo grego “diabállo” é formado por dois termos: “dia” (através de) e “bollo” (jogar). Significa “jogar por cima ou através de, dividir, semear contendas, acusar, fazer acusações, caluniar.  Em Apocalipse 12.10 afirma que o inimigo da nossa alma é o acusador de nossos irmãos, ele nos acusa de dia e de noite. Nos acusa diante de Deus, como também para nós mesmos.

Sua queda: Os anjos foram criados em estado de perfeição, mas perderam seu estado de santidade após a queda, tornando-se anjos maus (Mt 25:41; Ap 9:11). Não há dúvida de que Satanás tenha sido o chefe da apostasia.  

Isaias 14:12-15: "Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitava as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao altíssimo. E contudo levado será ao inferno, ao mais profundo do abismo". 



Ez 28:12-15: "Filho do homem, levanta uma lamentação ao rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo,  esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti". 

1)    Sua identidade, estilo e propósito.
 “Sede sóbrio, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar, ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pe 5:8,9).

   Sansão: Teve o cabelo cortado, enquanto dormia; Saul: lança furtada por Davi enquanto dormia; Noé: sono ébrio, foi de alguma maneira humilhado pelo filho; Eutico: no sono, caiu...

 Anda em derredor. Ele vem furtivamente e opera em segredo. Seus planos são sombrios (Jó 1.7). Ele nunca chama a atenção para a sua aproximação ou para o seu ataque.

Efesios 6:12: "nossa luta não é contra a carne e o sangue mas contra inteligencias cósmicas; nossos inimigos NÃO SÃO HUMANOS, mas demoníacos". Tres características: 1) são poderosos: dominadores deste mundo (1 Jo 5.19); 2) São malignos: odeiam a luz e se retraem diante dela; a escuridão é a habitação natural, a escuridão da falsidade e do pecado; 3) São astutos: ciladas do diabo; estratagema que é combinação de sagacidade com engano engenhoso. ELE SE TRANSFORMA EM ANJO DE LUZ. 

"Há dois erros semelhantes mas opostos que os seres humanos podem cometer quanto aos demônios. Um é NÃO ACREDITAR EM SUA EXISTÊNCIA. O outro é acreditar que eles existem e sentir um interesse excessivo e pouco saudável por eles" C. S. Lewis.

 Ele está bramando como um leão. Ele é uma fera, uivando e rugindo com fome, buscando a quem possa tragar! Para personalizar isso, substitua quem possa pelo seu nome. “Seu adversário anda em derredor, bramando como leão, buscando tragar ______________(seu nome)”.

 “O objetivo do diabo é a destruição da humanidade. Satanás quer todos nós”. Ele anda ao derredor, espreitando todos os nossos passos, esperando por um momento estratégico para pegar-nos desprevenidos. Seu objetivo? Devorar-nos, consumir-nos, comer-nos vivos (João 10.10).

“Não importa quão pequenos sejam os pecados, contanto que seu efeito cumulativo seja afastar o homem da luz e levá-los para o Nada. Na verdade, o caminho mais seguro para o Inferno é o caminho gradual: ladeira suave, solo macio, sem curvas súbitas, sem marcos, sem sinalização.

2)    NOSSA REAÇÃO: sede sóbrio, vigiai (1 Pedro 5:8).
    Vigie. Satanás é um inimigo perigoso. Ele é uma serpente que pode picar-nos quando menos esperamos. Ele é um destruidor...um acusador. Ele é um inimigo atemorizante. Devemos ter sobriedade diante da sua sagacidade.

Charles Spurgeon citava, em seus sermões, algumas situações usadas por Satanás para nos atacar:
• Quando estamos ociosos
• Quando estamos sozinhos
• Quando estamos entregues à tristeza e depressão
• Quando estamos na companhia de pessoas não piedosas
• Quando uma enfermidade nos conduz ao desespero
• Quando estamos em dificuldades financeiras e perdemos a fé na provisão do Senhor
• Quando estamos em momentos de fartura e confiamos no que é perecível
• Quando experimentamos uma graça especial de Deus e sentimos segurança em nós mesmo
• Quando pecamos e tratamos o pecado superficialmente, sem confissão, e arrependimento
• Quando vencemos uma tentação e consideramos ter forças para vencer outras
Satanás ronda procurando ganhar vantagem sobre nós. Só temos uma alternativa: Vigiar. Que esta seja a minha e a sua atitude. 



  Respeite-o. A fim de derrotar o diabo, precisamos, primeiro estar alertas à sua presença. Assim, respeite-o. Não o tema, nem o reverencie, mas respeite-o, assim como um eletricista respeita o poder letal da eletricidade.  O cuidado para não sobreestimar (dar valor demasiadamente) ou subestimar (menosprezar o seu poder). 


  Resista-o. Não corra com medo do inimigo. Não o convide, nem brinque com ele. Mas também não tenha medo dele. Resista-o. Pelo poder do Senhor Jesus Cristo, resista-o com firmeza.

 A palavra grega traduzida como resisti significa “agüentar, ficar, firme contra o ataque de outra pessoa, e “não lutar contra ela”. O cristão fará bem se lembrar que não pode lutar com o diabo. Ele é originalmente o anjo mais poderoso e sábio que Deus criou, e Ele ainda conserva grande parte desse poder e sabedoria, basta dar uma olhada nas paginas da historia humana. 


 Um exemplo disso pode ser visto nas tentações que Cristo sofreu no deserto, quando Ele resistiu a Satanás com a Palavra de Deus (Mt 4:1-11, Efesios 6:10-11- Tg 4:7). 



CONCLUSÃO:  1 Pedro 5:10 “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá”




domingo, 15 de outubro de 2017

MDA: por que preocupa

De modo geral, as igrejas evangélicas têm adotado dois modelos de discipulado. O primeiro, ortodoxo, prioriza o Evangelho e emprega os “ultrapassados” cultos de ensino, Escola Dominical e cursos teológicos. Já o segundo, heterodoxo, prega “outro evangelho”, à base de pragmatismo e utilitarismo, e mescla verdades bíblicas com filosofias antropocêntricas, apesar de utilizar uma metodologia “mais eficaz”, que atende aos anseios do mundo pós-moderno. A “visão celular” — mais conhecida pelas siglas G12, M12 ou MDA — faz parte do modelo heterodoxo, visto por muitos como uma “quebra de paradigmas” e, ao mesmo tempo, um retorno aos princípios da igreja de Atos dos Apóstolos.

O MDA (Modelo de Discipulado Apostólico) se baseia no tripé: células, encontros e discipulado um a um, que é uma microcélula ou “coração da célula”, já que discípulo e discipulador fazem parte da mesma célula. E, embora seu fundador afirme que Deus lhe deu um modelo exclusivo para o Brasil, trata-se de uma espécie de G12. Ele mesmo admitiu que, ao estudar “diferentes modelos de igreja em células, observando-os de perto e gastando tempo com os líderes envolvidos em sua prática, encontramos vários bons modelos, como o [...] ‘Modelo do Governo dos 12’, do pastor Cesar Castellanos, da Colômbia” (HUBER in ZIBORDI, 2016). Em essência, esses modelos são gêmeos e, de modo patente ou latente, propagam a Teologia da Prosperidade, a Confissão Positiva etc.

Nos dois, o templo é usado prioritariamente para celebrações dançantes, visto que o discipulado ocorre nas células, e as ministrações principais, nos encontros. Para ambos, a célula é a essência da igreja, onde “a vida do Corpo se encontra de forma sintetizada em todos os seus muitos aspectos, tais como: adoração, intercessão, evangelismo, integração, discipulado, treinamento de líderes, comunhão, assistência social etc.” (HUBER, 2016). Há alguns anos, um pastor, decepcionado com o MDA, me disse: “A primeira coisa que fizemos foi acabar com a Escola Dominical, porque os estudos seriam nas células. O louvor da igreja virou show, tiramos os hinos da Harpa Cristã e colocamos luzes no altar. Fui líder de várias células e cada vez mais me impressionava o desaparecimento da mensagem bíblica, que antes tínhamos”.

Quanto aos encontros do MDA para iniciantes, há vários depoimentos na Internet que nos ajudam a compreendê-los (cf. TOMÁZ, 2016). Eles são realizados em lugares secretos, onde os discípulos são recebidos com muita festa, ficam incomunicáveis por três dias e participam de várias ministrações. A primeira, logo após a chegada, à noite, é “Peniel”, pela qual se enfatiza que o discípulo deve ser transformado a fim de participar das próximas ministrações. As luzes, então, se apagam, para que cada um fale com Deus “face a face”. Após o jantar, todos são aconselhados a dormir e se preparar para o dia seguinte, que “será tremendo”. A segunda ministração, de manhã, é “encontro com Deus”: os discípulos são acordados e, ainda em jejum, ouvem vários bordões de autoajuda junto com um fundo musical. Eles recebem, ainda, um manto vermelho, para o primeiro “ato profético”.

A terceira é “libertação”, por meio de imposição de mãos, exorcismo e quebra de maldições. A quarta é “cura interior”, a partir da qual o discípulo, mesmo se sentindo liberto, precisa tratar das feridas da alma, confessando seus pecados e liberando perdão a todos, inclusive a Deus! Tudo ocorre à base de sugestão, com as luzes reduzidas e um fundo musical. Já na parte da noite, vem a quinta: “sonhos”, e os discípulos, “transformados”, expõem seus sentimentos. Novamente com fundo musical, ocorrem mais “atos proféticos”. Em um destes, alguém faz o papel do Tentador, que procura destruir os sonhos das pessoas.

Embora chamada de “cruz de Cristo”, a ênfase da sexta ministração não recai sobre a obra redentora do Senhor. O MDA é antropocêntrico: apresenta Jesus como um homem que venceu mediante uma declaração de fé no Inferno e ignora que Ele venceu o Diabo e suas hostes na cruz (Hb 2.14,15), ao dizer: “Está consumado” (Jo 19.30). Os participantes, então, recebem pregos e oram de braços abertos até sentirem dores e começarem a chorar. Quando abaixam os braços, alguém os ajuda a permanecerem “crucificados”. Antes de o local se transformar em uma discoteca, eles — ignorando os gloriosos efeitos da obra expiatória de Jesus, realizada de uma vez por todas (Cl 2.14,15) — fazem uma lista de pecados e a cravam numa cruz!

No dia seguinte, vem a sétima ministração: “oração”, com músicas de fundo que mantêm os discípulos no “mesmo espírito”. Não há ensino da Palavra de Deus, na prática. E a oração limita-se a “línguas estranhas”, sem a observância do ensino de 1 Coríntios 14. Vem então a oitava ministração: “nova vida em Cristo”, e um discipulador, após ler um texto bíblico, diz a todos: “Preparem-se! O mover de Deus está só começando”. E, ao som música pesada, inicia-se uma peça teatral que, de modo tácito, apresenta o Diabo como um ser muito mais poderoso do que é, rebaixando, assim, o Todo-poderoso. Ora, as hostes do mal agem por permissão do Senhor, que, no momento certo, as vencerá “pelo assopro da sua boca” (2 Ts 2.8).

Com luzes apagadas e janelas fechadas, os discípulos se ajoelham, e suas cabeças são lavadas. Ainda há três ministrações, que têm lugar com um “bom” fundo musical: “finanças” — visando-se a uma “grande semeadura” —, “visão do MDA” e “somos amados”. Nesta, a décima-primeira, o pastor da igreja entra em cena e diz a todos o quanto eles são amados. Enquanto ele ora com muita emoção, mochilas são depositadas aos pés dos discípulos, nas quais há cartas e presentes de familiares e/ou amigos que já fazem parte do MDA. Trata-se de uma estratégia para “fidelizar” o discípulo.

Na última ministração, “batismo com o Espírito Santo”, todos se prostram diante de uma arca; mais um “ato profético”. Em seguida, as luzes se apagam, e eles, de mãos dadas, ouvem mais uma palavra emotiva por parte do pastor, e a histeria toma conta do ambiente. Forma-se uma espécie de “corredor polonês”, por onde os discípulos passam para receber uma “nova unção”, precedida de unção literal e abundante. Eles saem do outro lado — encharcados de óleo —, pulando ou dando gargalhadas; alguns até caem ou andam como animais quadrúpedes. Ignora-se completamente o que está escrito em 1 Coríntios 14.37-40. E, ainda antes de entrarem no ônibus, os pastores ungem seus pés. Quase todos saem dali dizendo: “O encontro foi tremendo; agora sim eu sei o que é sentir a presença de Deus”.

Os proponentes do MDA dizem que Jesus priorizou o discipulado “um a um”, em que cada discípulo deve estar debaixo da “cobertura espiritual” de um discipulador — este, segundo seu idealizador, “tem compromisso total de não falar nada para pessoa alguma daquilo que o discípulo confidenciou, a não ser que obtenha primeiramente sua permissão”. Eles também interpretam de modo equivocado a Grande Comissão (Mt 28.19,20), já que supervalorizam o “fazei discípulos”, dizendo que isto “tem que ser priorizado, pois sem dúvida é um assunto de máxima importância” (HUBER, 2016).

Como se sabe, a Grande Comissão abarca evangelização, discipulado e ensino teológico (cf. Mc 16.15; At 1.8). Na ordem “ensinai todas as nações”, o verbo (gr. matheteuo) denota “fazer discípulos”, mas em “ensinando-as a guardar todas as coisas”, o verbo, literalmente, significa “doutrinar” (gr. didasko), o que envolve metodologia e sistematização. E, aqui — diferentemente do primeiro caso — o tempo verbal indica que o ensino teológico, e não o discipulado, deve ser contínuo. Segue-se que as igrejas que priorizam a Escola Dominical e dão ênfase ao ensino teológico, que abrange doutrinas fundamentais como Trindade, Cristologia, Soteriologia, Pneumatologia etc., estão sendo fiéis ao que o Senhor Jesus ordenou!

Quanto ao MDA, como vimos, a ênfase recai sobre prosperidade financeira, batalha espiritual, falsa cura interior etc. Ademais, cada discípulo presta contas a um discipulador, que tem o direito de se intrometer na vida pessoal daquele, em seus negócios, decisões e até em sua vida conjugal! Afinal, quem está em uma determinada escala hierárquica “protege” quem está abaixo dela. Resultado: o discipulador é uma espécie de “anjo da guarda”. Ou, ainda pior: ele usurpa o lugar do Espírito Santo, pois através da “cobertura espiritual” supostamente impede que seu discípulo se desvie da “visão”.

Diante do exposto, não há dúvida de que o MDA (1999) é irmão mais novo do G12 (1983), e que ambos são “outro evangelho” (Gl 1.8). Atentemos, portanto, para o que a Palavra de Deus diz em 1 Coríntios 15.1,2: “vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão”.

Ciro Sanches Zibordi
Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz, ano 87, número 1.581, de fevereiro de 2017


terça-feira, 10 de outubro de 2017

A Plenitude do Tempo. Gl 4.1-6


Introdução: Em 1831, o Brasil era uma monarquia e o poder era transmitido hereditariamente. No mês de abril, Dom Pedro I abdicou do trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, que tinha 5 anos de idade. 
Como não havia outro membro habilitado a ocupar o governo, o Império do Brasil passou a ser governado, em caráter provisório, por regências. Em 1840, Pedro de Alcântara (Dom Pedro II), então com 14 anos, tornou-se, Imperador do Brasil.


1)    A condição do homem sob a lei (vs. 1-3).
Vamos imaginar um rapaz que é herdeiro de uma grande propriedade. Um dia tudo será dele. Na verdade, já é seu por promessa, mas não ainda em experiência, pois ele ainda é uma criança. Durante a sua minoridade, embora seja por direito o dono de toda a propriedade, ele “é tratado como empregado”. “Está sob tutores e curadores”. Eles lhe dão ordens, orientam-no e o disciplinam. Está sob restrições. “A criança romana que herdava alguma coisa dependia de tutores até os 14 anos. E, de certa forma, continuava dependendo de administradores até os 25!”

“Assim também nós”, continua Paulo. Já no tempo do Antigo Testamento, antes de Cristo vir e quando estávamos debaixo da lei, éramos herdeiros, herdeiros da promessa que Deus fez a Abraão. Mas ainda não havíamos herdados a promessa. Éramos como criança durante os anos da minoridade: nossa infância foi uma espécie de escravidão.

Que escravidão foi essa? Foi a escravidão da lei, pois a lei foi o nosso “aio” (Gl 3.24) e precisamos ser dela “resgatados”. “Rudimentos do mundo” tem dois significados: Primeiro, pode ser usado no sentido de coisas elementares, as letras do alfabeto, o ABC que aprendemos na escola. A Segunda, é como diz a BíBlia na linguagem de hoje, “os poderes espirituais que dominam o mundo”. No mundo antigo, eles eram geralmente como elementos físicos (terra, fogo, ar e água) ou como os corpos celestes (o sol, a lua, e as estrelas) que controlavam os festivais periódicos comemorados na terra. Isto encaixa com o versículo 8, onde lemos que antes éramos sujeitos “a deuses que por natureza não o são”, isto é, demônios ou maus espíritos.


Então, todos estávamos “debaixo da lei”, mesmo aqueles que nunca tinham ouvido falar da Bíblia ou de Moisés. Por quê? Porque todos tentamos desesperadamente viver à altura de determinados padrões. Somos ansiosos e vivemos sobrecarregados pelas preocupações (Mt 11.28-29). 

"Jesus veio nos libertar dos sistemas legalistas de religião e das práticas ocultistas que nos escravizam". 

2)    A obra do Filho (v.4 e 5)

“Vindo, porém, a plenitude do tempo”. Por quê plenitude do tempo? Foi o período em que Roma conquistou e subjugou o mundo conhecido, quando as estradas foram abertas a fim de facilitar as viagens; também foi o período em que a língua grega era falada por todos (helenismo), e os deuses mitológicos da Grécia e de Roma começaram a perder a influência sobre o povo comum, de modo que nos corações e mentes em toda parte brotou a fome de uma religião que fosse real e que satisfizesse; enfim, foi o período em que a lei acabou a sua obra de preparar as pessoas para a vinda de Cristo, mantendo-as sob tutela e na prisão...

Como Jesus nos libertou? 



Primeiro, resgatando “os que estavam debaixo da lei” (v.5), afastando toda penalidade ou dívida. Assim, Deus enviou seu Filho,  “nascido de mulher” (v.4; Gn 3.15) – um ser humano de verdade –, e o enviou “nascido debaixo da lei”. Jesus nasceu, como todo ser humano, em estado de obrigação para com a lei de Deus. Mas Jesus tem a capacidade singular de “resgatar os que estavam debaixo da lei” (v.5).
Resgatar, significa libertar o escravo do proprietário pagando seu preço total. Nesse caso, o senhor do escravo é a lei. Jesus paga nosso preço total à lei. Cumpre plenamente as exigências da lei sobre nós. E, portanto, é capaz de nos libertar dela.

Se ele não fosse homem, não poderia ter remido os homens. Se não fosse justo, não poderia ter remidos os injustos. E, senão fosse o Filho de Deus, não poderia ter remido as pessoas para Deus, tornando-as filhas de Deus”.

Segundo, Jesus adquire para nós “a adoção de filhos” (v.5). No mundo greco-romano, um homem rico e sem filhos podia escolher um de seus servos e adotá-lo. No momento da adoção, o servo deixa de ser escravo e recebia todos os privilégios financeiros e legais, tanto no âmbito da propriedade quanto fora, no mundo, na condição de filhos e herdeiros. 



“...temos de nos transportar para um antigo mercado escravo, a fim de dar valor a redenção, e a uma residência abastada da antiguidade, a fim de compreender o conceito de filiação. Só então, juntos, esses conceitos nos dão um retrato completo do que Cristo realizou por nós”. Paulo quer demonstrar aos gálatas, e a nós, que Cristo não apenas afasta a maldição (Gl 3.13; 4.5) como também nos dá a benção por ele merecida (Gl 3.14; 4.5).

3)    A obra do Espírito (v.6)

“Deus enviou o seu Filho”. O propósito do Filho era nos assegurar o status legal de filhos. Em contrapartida, o proposito do Espírito é garantir a experiência real disso. O Filho,  nos coloca em uma condição legal e objetiva; a obra do Espírito, nos traz uma experiência subjetiva radical. Quais as suas marcas: 



·        Primeiro, o Espírito nos leva a clamar “Aba, Pai”. Clamar é um grito alto, rasgado. É uma paixão e um sentimento profundos, penetrantes.

·        Segundo, “clamar” refere-se a nossa vida de oração. Como um filho não prepara discurso para apresentar aos pais, assim os cristãos que experimentam essa obra do Espírito encontram grande espontaneidade e realidade na oração. Orar não é mais algo mecânico ou formal, mas cheio de fervor, paixão e liberdade.

·        Terceiro, a expressão “clamar” conota um senso da presença real de Deus. Como uma criança grita “pai” ou “mãe”, sabendo que estão perto, assim os cristãos sentem a realidade extraordinária da proximidade de Deus.

·        Quarto, “Aba” – palavra em linguagem de bebê, querendo dizer “papai” ou “paizinho”, ou, como na Bahia “painho” – expressa confiança no amor e a certeza do acolhimento (Is 49.15-16).

Conclusão: 

A obra do Filho é externa a nós, algo que podemos ter sem sentir. Mas a obra do Espírito é interna e consiste em sermos absolutamente tocados – tanto em termos emocionais quanto intelectuais – pelo amor do Pai.



  

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Estamos “sob a lei” ou “em Cristo”? Gl 3.23-29



Introdução: O número de suicídio aumentou 12% por cento no Brasil.

Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11.736: 5,7 a cada 100 mil, segundo dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Os homens são os que  apresentam as maiores taxas de mortalidade, 79% do total, enquanto o número de mulheres é 3,6 vezes menos, 21%. Viúvos, solteiros e divorciados também foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). O meio mais utilizado é o enforcamento: 66,1% entre os homens e 47% as entre mulheres, seguidos por intoxicação exógena e armas de fogo, consecutivamente.

O que é isso? A nossa geração está ocupada, desenvolvendo uma filosofia de vida sem sentido. Hoje está na moda acreditar que a vida não tem sentido nem proposito algum. Muitas pessoas admitem que não tem motivos para viver. Acham que não pertencem a nada; classificam-se como “forasteiros”, “desajustados”.

1)    O que erámos sob a lei (vs. 23 e 24).  
 a)     Prisão (v.23). 

“Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei, e nela encerrados...”. No grego a expressão “estávamos sob a tutela da lei” significa “proteger com guardas militares”. Quando aplicado a uma cidade, era usada no sentido de manter o inimigo fora como de guardar os habitantes dentro dela, para não fugirem ou desertarem. Exemplos da palavra no Novo testamento, 2 Co 11.32: “Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas dos damascenos, para me prenderem” (veja também Atos 9.24). O Verbo “ENCERRAR” significa “impedir” ou “engaiolar”. Assim, os dois verbos enfatizam que a lei e os mandamentos de Deus nos mantinham na prisão, confinados, para que não pudéssemos escapar. A Bíblia na Linguagem de Hoje diz o seguinte: “A LEI NOS GUARDOU COMO PRISIONEIROS”. 


b)    O tutor (v.24).
A palavra grega é PAIDAGOGOS e significa literalmente um “tutor, isto é, um guia e guardião de crianças”.  O tutor era geralmente um escravo cuja obrigação era “conduzir a criança ou jovem à escola a de volta dela, e supervisar a sua conduta de um modo geral”. Os paidagogos não era o professor da criança, e , sim, aquele que a disciplinava. Era geralmente severo a ponto de ser cruel, e apresentando comumente nos desenhos antigos com uma vara ou bengala na mão. 



Paulo usa a palavra novamente em 1 Corintios 4.15, dizendo: “Porque ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais”. Ou seja, “há muita gente para discipliná-los, mas eu sou o único que os amo”. Mais adiante no mesmo capítulo, ele pergunta: “Irei a vós outros com vara (isto é, como um paidagogos), ou com amor e espírito de mansidão (isto é, como um pai)?” (1 Co 4.21).
Em ambos os casos – o guarda e o tutor – eliminam a liberdade em Cristo. Em ambos os casos, o relacionamento com a “lei” não é intimo nem pessoal; baseia-se em recompensas e castigos e, em ambos os casos, somos tratados como crianças, ou pior.  
Assim, Paulo descreve todas as religiões baseadas no evangelho, caracterizando-as por:
·        Um senso de escravidão

·        Uma relação impessoal com o divino, motivada pelo desejo de recompensas e pelo medo de castigos

·        Ansiedade acerca da própria posição diante de Deus.

2)    O que somos em Cristo (vs. 25-29).
“Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos ao aio” (v.25). A frase adversativa de Paulo, “mas...” enfatiza que o que somos é totalmente diferente do QUE ÉRAMOS. Não estamos mais “debaixo da lei”, agora “estamos em Cristo”.  No versículo 26: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”.  Versículo 27: “Porque todos quanto fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes”. A Bíblia BLH traduz: “Se vestiram com a pessoa do próprio Cristo”. 



“Se vestir é nos cobrir; cobrir nossa nudez. Dizer que Cristo é a nossa roupa é afirmar que, aos olhos de Deus, somos amados devido à obra e à salvação de Jesus. Quando Deus olha para nós, enxerga-nos como seus filhos porque vê seu filho”.

A fé garante união; o batismo é a sua representação externa e visível. Assim, em Cristo, pela fé interior (v. 26) e pelo batismo exterior (v.27), somos todos filhos de Deus.

3)    Em Cristo somos todos um (v.28).
Literalmente: “todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus”.

Primeiro, não há distinção de raça. “Não pode haver judeu em grego” (v.28). Somos iguais: iguais em nossa necessidade de salvação, iguais em nossa incapacidade de ganha-la ou merecê-la, e iguais no fato de que Deus no-la oferece livremente em Cristo.

Segundo, não há distinção de categoria. “nem escravo nem liberto”. As circunstancias de nascimento, riqueza, privilégio e educação dividiram os homens e as mulheres. Mas em Cristo o esnobismo é coisa proibida e a diferença de classes torna-se inútil.

Terceiro, não há distinção de sexo. “Nem homem nem mulher”. Esta notável afirmativa de igualdade dos sexos foi feita séculos atrás. As mulheres eram quase sempre desprezadas no mundo antigo, até mesmo no judaísmo. Mas aqui se diz que em Cristo o homem e a mulher são iguais. 



4)    Em Cristo somos semente de Abraão (v.20).
“E, se sois de Cristo, também sois descentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa”.  Somos a descendência espiritual de nosso pai Abraão, que viveu e morreu há 4000 anos, pois em Cristo nos tornamos herdeiros da promessa que Deus lhe fez.

Conclusão: em Cristo nos encontramos em todas as esferas.
Os descompromissados assumem compromisso. Encontram o seu lugar na eternidade (estar em Cristo), na sociedade (relacionados uns com os outros  como irmãos e irmãs na mesma família) e na história (relacionados aà sucessão do povo de Deus através dos séculos). Um compromisso tridimensional: na altura, na largura e no comprimento.

Na altura através da reconciliação com Deus.

Na largura, considerando que em Cristo estamos unidos a todos os outros cristãos do mundo inteiro.

No comprimento, pois nos ligamos à longa, longa linha de crentes através de todos os tempos. 


Quem sou eu? Em Cristo eu sou filho de Deus. Em Cristo estou unido a todo o povo remido de Deus, no passado, no presente e no futuro. Em Cristo eu descubro a minha identidade. Em Cristo sei onde ponho os meus pés. Em Cristo eu volto para casa.