Estamos “sob a lei” ou “em Cristo”? Gl 3.23-29
Introdução:
O número de suicídio aumentou 12% por cento no Brasil.
Em 2011, foram 10.490
mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11.736: 5,7
a cada 100 mil, segundo dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Os
homens são os que apresentam as maiores
taxas de mortalidade, 79% do total, enquanto o número de mulheres é 3,6 vezes
menos, 21%. Viúvos, solteiros e divorciados também foram os que mais morreram
por suicídio (60,4%). O meio mais utilizado é o enforcamento: 66,1%
entre os homens e 47% as entre mulheres, seguidos por intoxicação exógena e
armas de fogo, consecutivamente.
O que é isso? A nossa geração
está ocupada, desenvolvendo uma filosofia de vida sem sentido. Hoje está na
moda acreditar que a vida não tem sentido nem proposito algum. Muitas pessoas
admitem que não tem motivos para viver. Acham que não pertencem a nada;
classificam-se como “forasteiros”, “desajustados”.
1) O que erámos sob a lei (vs. 23 e 24).
a) Prisão (v.23).
“Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei, e
nela encerrados...”. No grego a expressão “estávamos sob a tutela da lei”
significa “proteger com guardas militares”. Quando aplicado a uma cidade, era
usada no sentido de manter o inimigo fora como de guardar os habitantes dentro
dela, para não fugirem ou desertarem. Exemplos da palavra no Novo testamento, 2
Co 11.32: “Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas
dos damascenos, para me prenderem” (veja também Atos 9.24). O Verbo “ENCERRAR”
significa “impedir” ou “engaiolar”. Assim, os dois verbos enfatizam que a lei e
os mandamentos de Deus nos mantinham na prisão, confinados, para que não
pudéssemos escapar. A Bíblia na Linguagem de Hoje diz o seguinte: “A LEI NOS
GUARDOU COMO PRISIONEIROS”.
b)
O
tutor (v.24).
A palavra grega é PAIDAGOGOS e significa literalmente um
“tutor, isto é, um guia e guardião de crianças”. O tutor era geralmente um escravo cuja
obrigação era “conduzir a criança ou jovem à escola a de volta dela, e supervisar
a sua conduta de um modo geral”. Os paidagogos não era o professor da criança,
e , sim, aquele que a disciplinava. Era geralmente severo a ponto de ser cruel,
e apresentando comumente nos desenhos antigos com uma vara ou bengala na mão.
Paulo usa a palavra novamente em 1 Corintios 4.15, dizendo:
“Porque ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis,
contudo, muitos pais”. Ou seja, “há muita gente para discipliná-los, mas eu sou
o único que os amo”. Mais adiante no mesmo capítulo, ele pergunta: “Irei a vós
outros com vara (isto é, como um paidagogos), ou com amor e espírito de
mansidão (isto é, como um pai)?” (1 Co 4.21).
Em ambos os casos – o guarda e o tutor – eliminam a liberdade
em Cristo. Em ambos os casos, o relacionamento com a “lei” não é intimo nem
pessoal; baseia-se em recompensas e castigos e, em ambos os casos, somos
tratados como crianças, ou pior.
Assim,
Paulo descreve todas as religiões baseadas no evangelho, caracterizando-as por:
·
Um
senso de escravidão
·
Uma
relação impessoal com o divino, motivada pelo desejo de recompensas e pelo medo
de castigos
·
Ansiedade
acerca da própria posição diante de Deus.
2)
O
que somos em Cristo (vs. 25-29).
“Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos ao aio” (v.25). A
frase adversativa de Paulo, “mas...” enfatiza que o que somos é totalmente
diferente do QUE ÉRAMOS. Não estamos mais “debaixo da lei”, agora “estamos em
Cristo”. No versículo 26: “Pois todos
vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”. Versículo 27: “Porque todos quanto fostes
batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes”. A Bíblia BLH traduz: “Se
vestiram com a pessoa do próprio Cristo”.
“Se vestir é nos cobrir; cobrir nossa nudez. Dizer que Cristo
é a nossa roupa é afirmar que, aos olhos de Deus, somos amados devido à obra e
à salvação de Jesus. Quando Deus olha para nós, enxerga-nos como seus filhos
porque vê seu filho”.
A fé garante união; o batismo é a sua representação externa e
visível. Assim, em Cristo, pela fé interior (v. 26) e pelo batismo exterior
(v.27), somos todos filhos de Deus.
3)
Em
Cristo somos todos um (v.28).
Literalmente: “todos vocês são um só por estarem unidos com
Cristo Jesus”.
Primeiro, não há distinção de raça. “Não pode haver judeu em grego”
(v.28). Somos iguais: iguais em nossa necessidade de salvação, iguais em nossa
incapacidade de ganha-la ou merecê-la, e iguais no fato de que Deus no-la
oferece livremente em Cristo.
Segundo, não há distinção de categoria. “nem escravo nem
liberto”. As circunstancias de nascimento, riqueza, privilégio e educação
dividiram os homens e as mulheres. Mas em Cristo o esnobismo é coisa proibida e
a diferença de classes torna-se inútil.
Terceiro, não há distinção de sexo. “Nem homem nem mulher”.
Esta notável afirmativa de igualdade dos sexos foi feita séculos atrás. As mulheres
eram quase sempre desprezadas no mundo antigo, até mesmo no judaísmo. Mas aqui
se diz que em Cristo o homem e a mulher são iguais.
4)
Em
Cristo somos semente de Abraão (v.20).
“E, se sois de Cristo, também sois descentes de Abraão, e
herdeiros segundo a promessa”. Somos a descendência
espiritual de nosso pai Abraão, que viveu e morreu há 4000 anos, pois em Cristo
nos tornamos herdeiros da promessa que Deus lhe fez.
Conclusão: em Cristo nos encontramos em todas as esferas.
Os descompromissados assumem compromisso. Encontram o seu
lugar na eternidade (estar em Cristo), na sociedade (relacionados uns com os
outros como irmãos e irmãs na mesma família)
e na história (relacionados aà sucessão do povo de Deus através dos séculos). Um
compromisso tridimensional: na altura, na largura e no comprimento.
Na altura através da reconciliação com Deus.
Na largura, considerando que em Cristo estamos unidos a todos
os outros cristãos do mundo inteiro.
No comprimento, pois nos ligamos à longa, longa linha de
crentes através de todos os tempos.
Quem sou eu? Em Cristo eu sou filho de Deus. Em Cristo estou
unido a todo o povo remido de Deus, no passado, no presente e no futuro. Em
Cristo eu descubro a minha identidade. Em Cristo sei onde ponho os meus pés. Em
Cristo eu volto para casa.
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