terça-feira, 29 de agosto de 2017

Carta aos gálatas – Gl 1.1-5


Introdução:

Paulo escreveu esta carta, que muitos creem ser a primeira carta escrita por ele (cerca de 48 ou 49 d. C.). O objetivo dele era evitar que os irmãos aceitassem a mensagem de certos pregadores que queriam torna-los adeptos do judaísmo. Esses missionários vinham da Judéia (cf. Atos 15.1) e ensinavam que os cristãos precisavam se circuncidar e guardar a lei de Moisés, adotar a dieta judaica – abster-se de sangue, carne de porco e muitos outros alimentos considerados impuros – e guardar as festas e datas do calendário judaico, especialmente o sábado. Essa “religião das obras” encontra eco no coração do homem pecador e cego para seu estado de perdição. Nada lhe parece mais lógico e natural do que trabalhar e se esforçar para “pagar” por seus pecados e merecer a salvação. 


1)    As igrejas da Galácia. 

Onde ficavam essas igrejas? Situavam na região da Galácia (atualmente Turquia) e eram quatro cidades: Antioquia da Psidia; Icônio, Listra e Derbe. Essas cidades foram evangelizadas por Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária, narrada nos capítulos 13 e 14 de Atos. Em cada cidade havia agora uma igreja. No Novo Testamento fica claro que a chamada “igreja de Deus” (Gl 1.13), a igreja universal, divide-se em “igrejas” locais, exemplos: Igreja de Tiatira, igreja de Pergamo, Igreja de Sardes, igreja de Laodicéia, etc. Portanto, o versículo 2 (parte b) poderia ser traduzido da seguinte maneira: “as congregações cristãs da Galácia”. 



2)    Paulo, apóstolo.
“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homens, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai...”. Paulo se apresenta como “Apóstolo”. Nas outras epístolas ele se contenta em descrever-se como “chamado para ser apóstolo” (Rm 1.1). Ou, sem mencionar a sua vocação, ele se intitula “apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus” (2 Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 1 Tm 1.1). No entanto, nesta carta Paulo faz uma declaração enérgica de que seu apostolado não é humano em qualquer sentido, mas essencialmente divino. Literalmente, ele diz que é um apóstolo “não da parte de homem, nem por intermédio de homem algum” (Am 7.14) . Paulo não obteve essa designação de algum patrono influente que o protegeu e o inseriu nesse ministério. Antes, como ele afirma, é apóstolo “por Jesus Cristo e por Deus Pai” (Gl 1.1). Isto é, seu ministério apostólico é tão verdadeiro quanto o dos doze, porque foi recebido de Jesus Cristo e Deus Pai. 


3)    Saudação à igreja (v. 3). 

“Graça e Paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. A natureza da salvação é paz, ou reconciliação: PAZ COM DEUS, COM OS HOMENS E PAZ INTERIOR. A fonte da salvação é a graça, o favor livre de Deus, independente de qualquer mérito ou obras humanas (Ef 2:8-10), sua benevolência para com os que não merecem e esta graça e paz flui tanto do Pai quanto do Filho. 


4)    O EVANGELHO. 
Cristo morreu pelos nossos pecados. O Novo Testamento nos ensina que a morte de Cristo foi uma oferta pelo pecado, o único sacrifício através do qual os nossos pecados poderiam ser perdoados e esquecidos. Martinho Lutero comenta que “estas palavras são verdadeiros trovões do céu contra todo tipo de justiça”, isto é, contra toda forma de justiça própria. 



Não há meio termo entre a justificação cristã e a justificação pelas obras. Não existe alternativa à justificação cristã, senão a justificação pelas obras; se você não edificar sua fé sobre a obra de Cristo, deve edifica-la sobre suas próprias obras”. Martinho Lutero.

Cristo morreu para nos libertar deste mundo. Se natureza da morte de Cristo na cruz foi “pelos nossos pecados”, seu objetivo foi “nos libertar deste MUNDO PERVERSO (V.4)”. A palavra “mundo” nessa frase, se refere A ERA, SÉCULO OU TEMPO. Portanto, existe a ERA PRESENTE, governada pelo mal, pelo pecado e pelo Diabo; é o mundo mau, tenebroso e perverso em que vivemos. Há também, entretanto, a ERA VINDOURA, a era de Deus, na qual ele receberá eternamente a glória, pelos séculos dos séculos. 


Outrossim, Cristo entregou-se VOLUNTARIAMENTE pelos nossos pecados para NOS LIVRAR DA ERA PERVERSA em que vivemos. O verbo grego que na versão Almeida 21 é traduzida por “livrar” na ARA (revista e atualizada) é traduzida por “desarraigar”, o que nos traz à mente uma imagem interessante. A árvore esta presa pela raiz no local em que se encontra. Se você já tentou arrancar até mesmo um simples arbusto bem enraizado, sabe que não nada fácil, porque a raiz o prende com firmeza ao chão. E, quanto mais dura a terra, mais difícil será arrancá-lo. A humanidade está arraigada no mundo presente, e aqui somos comparados com uma arvore arraigada à impiedade de nossa época. Só Deus que ressuscita os mortos pode nos arrancar – nos desarraigar – deste mundo mau. 


O verbo grego é enfático (exaireo) e é usado em Atos referindo-se à libertação dos israelitas da escravidão egípcia (Atos 7.34); à libertação de Pedro da prisão e da mão do Rei Herodes (Atos 12.11) e à libertação de Paulo da multidão enfurecida que estava para linchá-lo (Atos 23.27).  

Cristo morreu de acordo com a vontade de Deus. Jesus veio se entregar voluntariamente pelos nossos pecados e nos desarraigar deste mundo perverso, e tudo isso estava de acordo com a vontade do Pai. Observe como a Trindade trabalha em conjunto. O Pai planejou segundo sua vontade, o Filho veio e executou esse plano de redenção no tempo e no espaço, e o Espírito veio para aplicar os efeitos da obra do Filho aos pecadores através dos séculos.

Conclusão:
Paulo encerra a saudação inicial de sua carta atribuindo a Deus “a glória para todo o sempre” (1.5). Na ARA, traduz-se a parte final dessa expressão por “pelos séculos dos séculos”. Nesses versículos, Paulo está literalmente afirmando que Cristo veio nos desarraigar deste “século mau” e, no versículo 5, ele diz: “a quem (Deus) seja a glória para todo o sempre”; ou seja, a Bíblia fala de duas eras diferentes: a era presente – este mundo mau, tenebroso e perverso, no qual estamos arraigados – e a era vindoura – a era de Deus, a qual já adentrou a era presente e na qual Deus receberá eternamente a glória, pelos séculos dos séculos.


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

C.S. Lewis – e a nossa pele de dragão!



C. S. Lewis em seu livro “A viagem do peregrino da Alvorada” escreve sobre um garoto chamado Eustáquio. Todos o odeiam, e ele odeia a todos. Ele é egoísta, maldoso, e ninguém consegue se dar bem com ele. De repente, como um passe de mágica, ele se vê em um navio, o Peregrino da Alvorada, em uma grande viagem. Em determinado ponto da viagem, o navio para em uma ilha. Andando pela ilha, Eustáquio encontra uma caverna, repleta de diamantes, rubis e ouro. Ele pensa: “Puxa, estou rico”. Na mesma hora, por ser como ele é, pensa que agora vai conseguir dar o troco em todo mundo. 



Todos que tinham rido dele, pisado nele ou lhe feito alguma desfeita receberiam o troco. Então, sobre a pilha do tesouro – que era de um dragão, embora ele seque imaginasse isso -, ele pega no sono.  No entanto, por ele ter caído no sono com a cabeça cheia de gananciosos pensamentos de dragão, quando acorda percebe que ele próprio se transformou em um dragão – UM DRAGÃO ENORME, TERRIVEL E HORROROSO. Ele logo percebe que não tem saída. Não pode voltar para o navio, por isso será deixado para trás na ilha e será essa criatura horrenda pelo resto da vida. Então, o garoto entra em desespero. 





Certo dia, Aslan, o leão, aparece, leva Eustáquio até uma piscina de águas claras e diz a ele para se despir e pular na água. De repente, Eustáquio percebe que “se despir” significa “livrar-se da pele de dragão”. Ele começa a morder e arrancar com as garras as camadas de pele, e assim descobre que pode arrancar  aquela pele de dragão. Em um esforço continuo, ele finalmente consegue arrancar toda a pele – mas, para seu desalento, descobre que, por baixo daquela pele, havia outa pele de dragão. Por mais duas vezes tenta arrancá-la, mas sem sucesso; a cada vez a mesmo coisa acontece. No final, o leão diz a ele: VOCE VAI TER QUE ME DEIXAR IR MAIS A FUNDO. E veja como Eustáquio conta essa história mais tarde: 




Tive medo de suas garras, confesso a você, mas eu estava à beira do desespero. O primeiro rasgo que ele fez foi tão profundo que pensei que houvesse atingido direto no coração. Quando ele começou a arrancar aquela pele, doeu mais do que qualquer outra coisa que já senti. Bem, ele arrancou por completo aquela pele animalesca – como eu  pensava  ter feito eu mesmo naquela três vezes, com a diferença de que não havia doido antes – e lá estava sobre a grama: só que esta, em relação às outras peles, parecia bem mais grossa, escura e cheia de calombos. Então ele me segurou e me jogou na água. Ardeu mais do que tudo, mas só por um instante. Então PERCEBI QUE EU HAVIA VOLTADO A SER UM MENINO. 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

A dança da trindade e nós. Mc. 1.1-11



Introdução: Quem foi Marcos?
Marcos escreveu seu evangelho em Roma na companhia do apostolo Pedro. Pedro estava em Roma sendo preparado para o martírio. Em sua presença e sob sua influencia, Marcos escreveu sua história sobre Jesus.  Marcos, no meio dos apóstolos, adquiriu um apelido carinhoso: Colobodactylus, ou seja, “dedos de toco”. Uma explicação sugerida para o apelido é que Marcos era um homem grande com dedos desproporcionalmente pequenos – dedos curtos e grossos. Talvez, esse apelido surgiu, quando o viam trabalhar todos os dias escrevendo seu evangelho, que observavam aqueles dedos curtos e grossos movendo-se de um lado para o outro com a pena atravessando o pergaminho, e que observaram, em tom jocoso (engraçado) a incongruência entre os dedos de aparência desajeitada que seguravam a pena e o tamanho do físico dele. 



Quando Marcos escreveu, seu evangelho? A fonte de resposta mais antiga vem de Papias, bispo de Hierapolis até o ano 130 d.C, que disse que Marcos havia atuado como secretário e tradutor de Pedro e que “escreveu acuradamente tudo quanto ele (Pedro) se lembrou”. Marcos, escreveu seu evangelho no ano 64, tempo da perseguição de Nero.  Esse testemunho é de singular importância, uma vez que há evidencias de que Papias (que viveu de 60 a 135 d.C.) conheceu pessoalmente João.

1)    Jesus Cristo, o Filho de Deus. 


Jesus é o “Cristo” e o Filho de Deus. Christos é um termo grego que significa uma “FIGURA REAL UNGIDA”. Era outro modo de se referir ao “Messias”, aquele que viria para aplicar o reino de Deus na terra. Ele não seria apenas mas um rei, mas sim o Rei. É, também chamado de “Filho de Deus”. É uma afirmação de total divindade. Mas, Marcos vai além e faz a suprema declaração. Citando a passagem de Isaias (Is 40.3), Marcos assegura que João Batista é o cumprimento da profecia da “voz” que clama no deserto. João Batista era aquele que prepararia o caminho do Senhor (Yahweh).

2)    A dança da Trindade.
“Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no Jordão. E logo que saiu da água, Jesus viu os céus se abrirem, e o Espírito descendo como pomba sobre ele. E uma voz  disse dos céus: Tú és o meu Filho amado, em ti me agrado” (Mc 1.9-11).


Em Genesis 1.2 diz que o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. O verbo hebraico significa “bater as asas”: o Espírito sobrevoava a face das aguas. A tradução dos targuns, hebraico é: “A terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre a face das aguas como uma pomba. Disse Deus: Haja luz”.  Aqui, vemos três participantes em atividade na criação do mundo: Deus, o Espírito de Deus e a Palavra de Deus, por meio da qual ele cria.

Esses mesmos três participantes estão presentes no batismo de Jesus. O pai que é a voz; o Filho, que é a Palavra; e o Espírito descendo como uma pomba. Aqui, Marcos está deliberadamente de volta a criação do começo da história. Agora, a salvação e restauração de todas as coisas, estava começando naquele momento com a chegada do Rei, também era um projeto do Deus triúno.

A doutrina da Trindade afirma que Deus É UM SÓ E EXISTE ETERNAMENTE EM TRÊS PESSOAS. Nada tem a ver com o triteísmo, com três deuses que agem em harmonia; nem com o unipersonalismo, ou seja, a noção de que Deus ora assume uma forma ora assume outra, mas tais formas são simplesmente diferentes manifestações de um único Deus. A doutrina da trindade sustenta que existe um só Deus em três pessoas que conhecem e amam umas às outras.

Quando Jesus saiu da água, o Pai o envolveu e o cobriu com palavras de amor: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”. Nesse mesmo instante, o Espírito o revestiu de poder. Isso é o que vem acontecendo no interior da Trindade por toda a eternidade. Segundo a Bíblia, O Pai, o Filho e o Espírito Santo glorificam um ao outro. Jesus diz na oração registrada no Evangelho de João: “Eu te glorificarei na terra, completando a obra da qual me encarregaste. Agora, pois, glorifica-me, ó Pai, junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse (Jo 17.4,5; Jo 16.13-14). CADA PESSOA DA TRINDADE GLORIFICA AS OUTRAS.

Nas Palavras de C.S Lewis: “No Cristianismo Deus não é algo estático, mas sim dinâmico, uma atividade pulsante, uma vida, quase que uma espécie de drama. Quase que, se você não me achar irreverente, uma espécie de dança”. As pessoas dentro de Deus exaltam umas  às outras, tem comunhão umas com as outras, submetem-se umas às outras. Cada pessoa divina abriga as outras no centro do seu ser. Num constante movimento de abertura e aceitação, cada pessoa envolve e cinge as demais. A vida interior de Deus transborda em consideração pelos outros.

Perichoresis (peri: ao redor; choresis: dança) significa dança em grego. Kal Barth escreveu: afirma que os modos divinos de existência se condicionam e se permeiam mutuamente com tamanha perfeição que um se encontra invariavelmente nos outros dois, e os outros dois, neste”. Imagine uma dança com três participantes em cada grupo. A música começa e os três, de mãos dadas, começam a se movimentar num círculo. Com um sinal do marcador, eles soltam as mãos, mudam a formação, vão de um lado para o outro. O ritmo acelera, os participantes movem-se com mais rapidez. Todos os movimentos são perfeitamente coordenados, seguindo ritmos precisos e cada pessoa mantém sua própria identidade. Os movimentos são tão rápidos que, por vezes, é impossível distinguir uma pessoa da outra.

“O QUE ISSO IMPORTA?” pergunta C.S. Lewis. “Importa  mais do que tudo no mundo. Toda essa dança, ou drama, ou padrão dessa vida tripessoal deve estar representada em cada um de nós. POR QUE SERÁ QUE LEWIS OPTA POR PERMANECER NESSA IMAGEM DE UMA DANÇA? Uma vida centrada em si mesma é parada, estática; não é dinâmica”.

3)    Entrando na dança. 


Se este mundo foi criado por um Deus triúno, relacionamento de amor são a essência da vida.  Se estamos aqui por mero acaso, em consequência da seleção natural, então, o que eu e você chamamos de amor não passa de uma reação química do cérebro. Se o Deus que existe é unipessoal, houve um tempo em que Deus não era amor; antes que Deus criasse o mundo, quando havia apenas uma pessoa divina, não havia a quem amar, pois o amor só pode existir em UM RELACIONAMENTO. 

Conclusão: Por que um Deus triúno criaria o mundo?

Há somente uma resposta. Ele deve ter-nos criado não para receber alegria, mas para dar. Ele deve ter-nos criado para nos convidar a entrar na dança, para dizer: Se você me glorificar, se centralizar sua vida em torno de mim, se apreciar minha beleza por aquilo que eu sou em mim mesmo, então você entrará na dança, que é o motivo pela qual foi feito.



Bibliografia:  A maldição do Cristo Genérico, Eugene Peterson. A cruz do Rei, Tim Keller. 

sábado, 19 de agosto de 2017

JESUS É O SENHOR DO SÁBADO.



Marcos contou que quando Jesus passou com os discípulos por uma plantação, eles, com fome, pegaram algumas espigas e as comeram. Os fariseus os censuraram porque era sábado e eles estavam fazendo o que não deviam. A história está em Marcos 2.23-28.

A censura não foi porque eles comeram as espigas. Isso era permitido. A “lei da respiga” permitia aos pobres e aos que estivessem com fome pegarem espigas que caíssem quando da colheita. Os colhedores não podiam pegá-las, e assim os necessitados vinham atrás colhendo. A censura dos fariseus foi porque era sábado e eles estavam debulhando as espigas (Lc 6.1). Isto era trabalho e no sábado não se trabalhava. Que coisa, não é?

Em resposta, Jesus citou um episódio do Antigo Testamento, e concluiu: “… o Filho do homem é senhor também do sábado”. O episódio que ele citou não tem a ver com espigas, mas mostra que pessoas que tinham fome transgrediram um princípio religioso. Jesus ensinou que as pessoas valem mais que regras que não têm um significado tão relevante como pensamos. E sua última frase encerra a discussão. Ele é senhor do sábado.

Jesus deu uma lição aos fariseus. Eles respeitavam o sábado. Ele é maior que o sábado e senhor dele. Por que não o respeitavam? Por que faziam “pegadinhas” e queriam derrubá-lo? Respeitavam o sábado? Que o respeitassem, porque ele era senhor dele.

Os fariseus diziam que Deus fizera o mundo para que houvesse sábado. Como eles, há gente que quase cultua o sábado, tendo-lhe um respeito idolátrico. E dizem que temos a marca da Besta porque guardamos o domingo. Constantino, imperador romano, mudou o dia de culto e ele representava a Besta. Guardar o domingo é obedecer à mudança que um líder político fez. Estamos errados por que guardamos o domingo? Temos mesmo o sinal da Besta?

Esta afirmação é uma ignorância do Novo Testamento e da história.

O domingo se tornou o dia em que os cristãos passaram a se reunir. Jesus ressuscitou num domingo (Jo 20.1) e lhes apareceu na tarde daquele dia, quando eles estavam reunidos (Jo 20.19). Oito dias depois, um domingo, lhes apareceu de novo “quando estavam outra vez ali reunidos” (Jo 20.16). Os judeus contavam um pedaço do dia como um dia (Jesus foi sepultado na sexta e ressuscitou do domingo, três dias: sexta, sábado e domingo). Foi um dia tão marcante que, mais tarde, eles celebravam a ceia do Senhor num domingo (At 20.7). E em um culto, pois Paulo pregou. No princípio, os apóstolos iam às sinagogas para pregar. Mas depois de Atos 15, quando o cristianismo assumiu sua identidade diferente do judaísmo, os cristãos seguiram seu caminho.

O que diz a história? O primeiro testemunho a invocar  vem da Didaquê,  uma obra que foi escrita para ajudar a doutrinar os novos cristãos, numa época bem antiga da Igreja. Seu conteúdo mostra que ela  está calcada no evangelho de Mateus, conhece o de Lucas e parece desconhecer o evangelho de João (que deve ter surgido no ano 90 ou 95). Por isso, alguns acham que ela é anterior ao quarto evangelho. Uma coisa é certa: foi escrita antes do ano 100, quando a Igreja ainda era produto de um contexto em que viveu a segunda geração de cristãos. Nela lemos em 14.1: “Reunindo-vos no dia do Senhor, parti o pão e dai graças, depois de haver confessado vossas transgressões, para que o vosso sacrifício seja puro”. O dia do Senhor, o domingo,  era o dia da celebração da ceia do Senhor (“parti o pão”). Não estou afirmando que esta epístola é inspirada, mas vendo-a como um documento histórico que deve ser considerado. É uma voz da história.

Na Epístola aos Magnesianos (escrita ao redor do ano 107), Inácio de Antioquia declarou, em 9.1: “Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor”. A declaração é bem clara. Mais uma vez temos um testemunho histórico com a posição da Igreja primitiva. Inácio faz outra declaração bem firme: “Não vos deixeis iludir pelas doutrinas heterodoxas, nem pelos velhos mitos sem utilidade. Pois se agora vivemos conforme o judaísmo, confessamos não ter recebido a graça” (8.1). Estas palavras devem ser lidas em conexão com Colossenses 2.16-23, e bem pensadas.

Na Epístola a Diogneto, que é datada da segunda metade do século dois (ao redor do ano 150), lemos: “Não será proveitoso, a meu ver, ouvires de mim o referente à meticulosidade acerca de alimentos, à superstição a respeito dos sábados, à jactância por causa da circuncisão em torno de jejuns e neomênias, porque ridículas e indignas de menção” (4.1). A questão do sábado foi minimizada e tratada como superstição, pois fazia parte da velha ordem, que ficou para trás.

Outro documento, “A Tradição Apostólica de Hipólito de Roma”  (ao redor do ano 230), diz em 1.15: “Seja ordenado bispo aquele que, irrepreensível  tiver sido  eleito por todo o povo. E, quando houver sido chamado pelo nome e aceito por todos, reúna-se o povo juntamente com o presbyterium e os bispos presentes, no domingo”.  Não diz para trocar o sábado pelo domingo, mas mostra, de novo,  a presença do primeiro dia da semana na vida da Igreja. E num evento tão significativo, como a ordenação ao ministério.

Esta mesma obra diz, em 60.1: “No domingo de manhã, o bispo, se puder, distribuirá a comunhão a todo o povo, com as próprias mãos, partindo os diáconos o pão…”. O testemunho da história é que a Igreja se reunia no domingo, para celebrar o memorial da ceia do Senhor.

Você pode ver que todos esses documentos são anteriores a Constantino, que viveu do ano 300 em diante. Ele não obrigou os cristãos a guardarem o domingo, mas viu que os cristãos guardavam o domingo e o tornou em dia de descanso em todo o Império Romano. Os cristãos não copiaram os pagãos, mas os pagãos passaram a imitar os cristãos.

Alguém disse que encontrou a palavra “sábado” várias vezes na Bíblia, mas que não encontrou a palavra “domingo”. Baalen deu uma boa resposta: “Procuras pelo domingo? Procura por Cristo! Encontrá-lo-ás junto aos cristãos no domingo e não junto aos judeus no sábado”.

Por isso, celebre o domingo como dia do Senhor. Use-o bem. Não o use para ir a estádio de futebol, shopping, cinema ou praia. Use para ir à igreja, para ler sua Bíblia, congraçar-se com os demais de sua fé, na sua igreja. O domingo é o dia do Senhor, o dia em que Jesus ressuscitou dos mortos. Consagre este dia para ele. E saiba de uma coisa: quanto mais você consagrar o dia do Senhor ao Senhor, melhor sua vida espiritual será.

Alegre-se no domingo, dia do Senhor!



terça-feira, 15 de agosto de 2017

Pais e Filhos – Efesios 6.1-4         
         


Introdução: V.18: “...Enchei-vos do Espírito Santo”. Quatro coisas para sermos cheios do Espírito Santo. 1) falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; 2) cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; 3) Dando sempre graças por tudo ao Nosso Deus e Pai e 4) sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor.

As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher”.
“Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse”.

1)    O dever dos filhos (vs. 1-3). 


“Filhos, obedecei a vossos pais...”.  Filho “obedecei”, mulheres serdes “submissas”. A submissão é diferente da obediência. Pois submissão é uma entrega voluntária de si mesma àquele que a ama, cuja responsabilidade é definida em termos de cuidado construtivo; a responsabilidade do amor é amar.

Três motivos para a obediência dos filhos num lar cristão: a natureza, a lei e o evangelho.

Primeiramente, a natureza: “filhos, obedecei aos vossos pais... pois isto é justo”. Faz parte da lei natural que Deus escreveu em todos os corações humanos. Os moralistas pagãos, tanto os GREGOS E ROMANOS, a ensinavam. Vemos na cultura oriental, uma das maiores ênfases de Confúcio foi dada ao respeito filial; os costumes chineses, coreanos e japoneses continuam a refletir essa tendência. Não nos surpreendemos nem um pouco, quando Paulo inclui “desobediente aos pais” como uma marca tanto da sociedade decadente que foi entregue  à sua própria impiedade por Deus, como daquela dos últimos dias, que começaram com a vinda de Cristo (Rm 1.28-30; 2 Tm 3.1-2).   


Em segundo lugar, a obediência faz parte da lei revelada por Moisés. “Honra teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e seja de longa vida sobre a terra”. Nesta citação, Paulo livremente funde o texto grego de Exodo 20.12 (“honra teu pai e a tua mãe, para que sejam longos os teus dias...”) e Deuteronômio 5.16 (“para que te vá bem”). Muitos cristãos dividem o Decálogo em duas metades desiguais, os quatro primeiros mandamentos – nosso dever para com Deus, e os outros seis, o nosso dever ao nosso próximo. No entanto, os judeus ensinavam regularmente que da cada uma das duas tábuas da lei contém cinco mandamentos. Então, coloca a honra aos nossos pais no âmbito do nosso dever para com Deus. Moises foi ordenado a dizer a Israel: “santo sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Cada um respeitará a sua mãe e a seu pai”. Penalidade (Lv 20.9; Dt 21.18-21). 

O apostolo Paulo, lembra a seus leitores que o mandamento no sentido de honrar aos pais  É O PRIMEIRO MANDAMENTO COM PROMESSA, e passar a citar a promessa da prosperidade e da vida longa. A respectiva promessa era a prosperidade material (“para que te vá bem”) e a longevidade (“ e sejas de longa vida sobre a terra”).


O mandamento é incondicional? E para quem é dirigido? Devem os filhos fazer absolutamente tudo quanto os pais mandem que façam? O que acontece se eles conhecem a Cristo, ao passo que os pais, permanecem incrédulos? Se os pais os proíbem se seguir a Cristo ou de filiar-se à comunidade cristã, estão obrigados a obedecer? Pode ter sido exatamente uma situação tal como esta que Jesus teve em mente quando advertiu sobre conflitos de famílias em que pais e filhos ficariam opostos uns aos outros, e nossos inimigos estariam em nosso próprio lar (Mt 10.34-39).

Quem são estes filhos que devem obedecer aos pais? Paulo está se dirigindo a crianças bem pequenas, e a meninos e meninas? Ou inclui todos os jovens que ainda não se casaram e continuam no lar paterno? Na nossa sociedade ocidental, os jovens chegam à maioridade de dezoito anos para vinte um. Mas, enquanto estiver debaixo do teto dos  pais lhes devemos obediência. Depois de casado, não deve mais obediência aos pais, mas HONRA. Se os honrarmos como devemos, nunca os negligenciaremos nem nos esqueceremos deles. Muitas culturas, zelam pelos pais idosos de maneira muito mais conscienciosa e cuidadosa do que a maioria de nós, que vivemos no chamado ocidente cristão.

Em terceiro lugar, “obedeceis vossos pais no Senhor”. O que significa? Traz a obediência dos filhos para o âmbito do dever especificamente cristão, e colocam sobre os filhos a responsabilidade de obedecer aos pais por causa do seu próprio relacionamento com o Senhor Jesus Cristo. No Senhor ainda há maridos e esposas, pais e filhos.  A queda causou uma devastação nos lares. Os relacionamentos se desfizeram. A sociedade foi fracionada. O amor foi pervertido em conscupiscência,e a autoridade em opressão. Mas agora, no Senhor, mediante a sua obra reconciliadora, a nova sociedade de Deus começou, continuando a velha no âmbito da vida familiar.

2)    O dever dos pais. 


“Na chefia da família romana... havia o pater famílias, que exercia uma autoridade soberana sobre todos os membros da família. Ele não somente castigava mas matava os recém nascidos e abandona os filhinhos. Ele poderia vender os filhos como escravos, como fazer os membros trabalhar em seus campos, poderia tomar a lei nas suas próprias mãos, pois a lei assim lhe facultava, e podia castigar como queria, até mesmo aplicando a pena de morte ao seu filho, se quisesse”.

Uma exortação negativa Paulo também dá: “Não provoqueis vossos filhos à ira (v.4), ou “Não vivam reprendendo e irritando seus filhos, deixando-os irados e rancorosos”.  O que sabemos é que os pais PODEM FACILMENTE ABUSAR DA AUTORIDADE, por fazerem exigências irritantes ou absurdas. Podem humilhar e oprimir os filhos ou fazer uso de duas armas: A IRONIA E A RIDICULARIZAÇÃO. QUANTOS JOVENS IRADOS, HOSTIS À SOCIEDADE EM GERAL, APRENDERAM A HOSTILIDADE COMO CRIANÇAS NUM LAR QUE NÃO LHES FOI SIMPÁTICO?

Por outro lado, quase nada leva a personalidade da criança a florescer, seus dons a se desenvolverem, como o encorajamento positivo de pais amorosos e compreensivos.
O PAI DOMINANTE QUE EXERCIA SUA AUTORIDADE PARA SEUS PROPRIOS FINS NÃO TEM O DIREITO DE REIVINDICAR A AUTORIDADE CRISTÃ, ASSIM COMO O FILHO REBELDE. UM ESTÁ ABUSANDO DA AUTORIDADE, O OUTRO ESTÁ ZOMBANDO DELA.

Uma história: um texano, Jordan Benedict. Dono de um rancho de gado, com dois milhões e meio de alqueires, fica furioso  porque o seu filhinho Jordy, com três anos de idade, não se dá com cavalos. Quando o menino é montado num deles, vestido com o uniforme completo de “comboy”, chora para descer. Seu pai fica irado: “Eu montava cavalo antes de saber andar”, diz ele. “Muito bem”, respondeu sua esposa, Leslie, “era muito bonitinho, mas trata-se de você. Aqui temos outra pessoa, que talvez não goste de cavalos...” “ELE É BENEDICT”, o pai retruca, “e vou fazer dele um cavaleiro mesmo se tiver de amarrá-lo para conseguir”. “Voce tem agido como se fosse Deus por tanto tempo que pensa que dirige o mundo”, respondeu sua esposa. “Dirijo a parte dele que é minha”. “Jordy não é só seu. É seu e meu. E nem sequer só nosso. Ele é de si mesmo...”.

Uma exortação positiva: “Criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. O verbo criar significa literalmente “nutrir” ou “alimentar” e foi usado em Efesios 5.29 acerca dos cuidados que damos ao nosso próprio corpo. A tradução de João Calvino é: “Sejam acalentados com afeição, tratai deles com brandura”. AS CRIANÇAS SÃO CRIATURAR FRAGEIS QUE PRECISAM DA TERNURA E DA SEGURANÇA E DO AMOR. “Se os pais dedicassem tanta atenção  à criação dos seus filhos quanto dedicam a criação de cachorros e flores, a situação seria muito diferente”. Martin Loyde Jones.

COMO, POIS, OS PAIS DEVEM CRIAR OS FILHOS? RESPOSTA: na disciplina e na admoestação do Senhor.  A palavra admoestação refere-se à educação verbal, ao passo que a palavra disciplina (paidea) significa treinamento por disciplina, até mesmo castigo. “Paidea” (disciplina) é treinamento em que a ênfase  recai na correção dos jovens.

Olha o que diz o Antigo Testamento sobre a disciplina: “o que retem a vara odeia ao seu filho, mas o que ama, cedo o disciplina”. Outra vez, “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 13.24; Pv 22.15; veja também Pv 23.13-14 e 29.15).  É sempre errado disciplinar os filhos quando estão zangados, quando seu orgulho foi ferido, ou quando perderam o controle.

Conclusão: 

“AO DISCIPLINAR UMA CRIANÇA, VOCE DEVE TER PRIMEIRAMENTE CONTROLADO A SI MESMO. QUE DIREITO TEM VOCE DE DIZER AO SEU FILHO QUE ELE PRECISA DE DISCIPLINA QUANDO VOCE OBVIAMENTE ESTÁ PRECISANDO DELA TAMBÉM? O AUTOCONTROLE, O CONTROLE DO SEU PROPRIO GENIO, É UMA condição essencial no controle dos outros.



terça-feira, 8 de agosto de 2017


Maridos e Esposas.  Ef 5.22-33



Introdução: V.18: “...Enchei-vos do Espírito Santo”. Quatro coisas para sermos cheios do Espírito Santo. 1) falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; 2) cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; 3) Dando sempre graças por tudo ao Nosso Deus e Pai e 4) sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor.

1)    Submissão 


As mulheres são mencionadas antes do maridos, para serem instruídas a serem submissas as eles (v.22); os filhos são mencionados antes dos pais, e instruídos a lhes obedecer (6.1) e os escravos são chamados antes dos seus senhores, e instruídos a obedecer a eles (6.5).  Diante disso, aprendemos três verdades relevantes: 1) a dignidade da condição da mulher, da criança e do servo; 2) a igualdade diante de Deus de todos os seres humanos, independentes da raça, de posição, de classe, de cultura, de sexo ou de idade, porque todos são feitos à sua imagem (Gl 3.28); terceiro, unidade ainda mais profunda de todos os crentes cristãos, como membros em comum da família de Deus e do corpo de Cristo (Rm 12.5).

Surge uma pergunta: de onde vem a autoridade do homem? Em primeiro lugar, vem de Deus. O DEUS DA BIBLIA É UM DEUS DE ORDEM, e no seu ordenar da vida humana estabeleceu certos papéis de liderança e autoridade. Manda as esposas serem submissas aos respectivos maridos como ao Senhor; os filhos serem obedientes aos seus pais no Senhor (6.1); e os escravos serem obedientes aos seus senhores terrenos como a Cristo (6.5). OU SEJA, por trás do marido, do pai e do senhor DEVEM DISCERNIR O PROPRIO SENHOR que lhes deu autoridade que tem. Então, se quiserem submeter-se a Cristo, SUBMETER-SE-ÃO A ELES, visto que é a autoridade de Cristo que exercem.

Mas, se ABUSAREM da autoridade que Deus lhes deu, então o nosso dever já não é submeter-nos conscientemente mas, sim, conscientemente recusarmo-nos a fazê-lo. Submetermo-nos em tais circunstancias, pois, seria desobedecer a Deus. O PRINCIPIO É ESTE: devemos nos submeter até ao ponto em que a obediência à autoridade humana envolva a desobediência a Deus (Atos 5.29).
  
2)    O dever da esposa (vs. 22-24). 


As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher”. Podemos ratificar esse texto com os outros textos de Paulo (1 Co 11.3-12; 1 Tm 2.11-13). Nestas duas passagens, Paulo volta a narrativa de Genesis 2  e ressalta que a mulher foi feita depois do homem, da parte do homem e para o homem. A liderança do homem, portanto, tem base criacionista, portanto, aquilo que a criação estabeleceu, NENHUMA CULTURA PODERÁ DESTRUIR.

MASCULINIDADE E A FEMINILIDADE representam uma distinção profunda que é PSICOLOGICA e também FISIOLÓGICA. Deus criou o homem a sua semelhança, masculino e feminino. Desta maneira, ambos levam igualmente a sua imagem (Gn 1.26-27), mas cada um também complementa o outro. A Bíblia sustenta simultaneamente a igualdade e o complemento dos sexos; O HOMEM ACHA-SE A SI MESMO POR SER HOMEM, E A MULHER ACHA-SE A SI MESMO POR SER MULHER.

Quais as distinções? O ensino bíblico é que Deus deu ao homem uma certa liderança, e que a sua esposa se achará a si mesma e a seu verdadeiro papel dado por Deus, numa submissão voluntária e alegre. Aliás, submissão é frequentemente exposta como se fosse um sinônimo de “sujeição” de “subordinação” e até mesmo “subjugação”.

Exemplos: no judaísmo a mulher tinha um baixo conceito, em que todo homem judeu, todas as manhãs, dava graças a Deus por não ter feito dele “um gentio, um escravo ou uma mulher”. Na lei judaica, a mulher não era uma pessoa, mas um objeto. Na Grécia: não havia companheirismo entre marido e mulher. O grego esperava que sua esposa cuidasse do seu lar e criasse os filhos legítimos, mas achava seus prazeres e seu companheiros noutros lugares. Em Roma: a jovem era completamente sujeito ao seu pai; a esposa, completamente sujeito ao seu marido. Era escrava dele, sua esposa era descrita como “imbecilitas”, de onde vem a palavra imbecil.

 Devemos desinfetar a palavra destas associações e penetrar no seu significado essencialmente bíblico. Em Genesis, está escrito “Farei para ele alguém que lhe auxilie e lhe corresponda”. Auxilie no hebraico é ezer encerra a idéia de suprir algo crucial que está faltando e que lhe corresponde. Matthew Henry faz esta observação sobre a mulher: “A mulher foi feita da costela de Adão; não foi feita da cabeça para dominá-lo, nem dos pés para ser pisada por ele, mas de um dos lados para ser igual a ele, ser protegida sob seu braço, e perto do coração para ser amada”.
3)    O dever do marido. 

Se a palavra que caracteriza o dever da esposa é submissão, a palavra que caracteriza o dever do marido é amor. O amor, neste texto, não é phileo, mas agapê. Ou seja, o amor que tem que prevalecer no casamento é o amor sacrificial. Paulo afirma que “o marido deve amar a esposa assim como Cristo tem amado a igreja”. Em 2 Coríntios 11:2, diz: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo”. Ao passo que no Apocalipse temos oportunidades de vislumbrar a igreja glorificada “ataviada como noiva adornada para o seu esposo” e as futuras “bodas do cordeiro” (Ap 19.6-9; 21.2,9).
“Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse”. Cristo amou a igreja e se entregou por ela. Mas por que Jesus Cristo agiu assim? Foi para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra. Depois de santifica-la, o noivo irá apresenta-la a si mesmo. Ele irá apresentar a si mesmo gloriosa; a palavra pode ser uma alusão ao belo vestido da noiva, visto que é usada para roupas. Na terra, a noiva está frequentemente em trapos e farrapos, manchada e feia, desprezada e perseguida. Um dia, porém, será vista pelo que ela é, nada menos do que a noiva de Cristo, “sem mácula, sem ruga, sem qualquer deformação”.
O cabeça da igreja é o noivo da igreja. Ele não oprime a igreja. Pelo contrário, sacrificou-se a fim de servi-la, para que ela se torne tudo quanto ele anseia que ela seja, ou seja: ela mesma na plenitude da sua glória. Assim também o marido nunca deve usar de sua liderança para esmagar ou sufocar a esposa.
v.28: “Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como o seus próprios corpos”.  Paulo utiliza a regra áurea que Jesus enunciou, de que devemos tratar os outros conforme nós mesmos desejamos ser tratados (Mt 7.12). “Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida (v.29). Ou seja, dá-lhe comida e roupas e cuida dela, quaisquer que sejam as circunstâncias. Marido e mulher é uma só CARNE.
Conclusão: 

Antes de casar, é necessário ponderar se você quer, verdadeiramente, assumir os papéis delineados nesse texto. “Mulheres serdes submissas aos vossos maridos”; “Maridos amai vossa vossas esposas assim como Cristo amou a sua igreja”.
Se você já passou por um relacionamento que não deu certo, agora, seja sábio e não cometa os mesmos erros que cometeu no primeiro casamento.
Ou se você errou muito, peça a perdão a Deus pelos erros cometidos com o seu conjugue. E peça perdão ao seu companheiro (a).
Oremos pelo casamento, uma instituição que está sendo atacada ferozmente pela sociedade secularizada, sem Deus.




terça-feira, 1 de agosto de 2017

Tempo de escuridão e tempo de luz! 1 Tm 4.1-7


Introdução:

Em nossos dias temos pencas de igrejas espalhadas. Mas o povo está faminto de Deus. Por que? Porque a Palavra de Deus foi substituída por alimento artificial. Os lobos da atualidade invadiram nossas despensas, de modo que hoje as igrejas, antes casas de adoração e de banquetes, se tornaram casas de fome.

Hoje a exposição bíblica está sendo substituída pelo entretenimento; a doutrina pelas encenações dramáticas e a teologia pela encenação. Em nossos dias, a pregação da cruz é considerada hoje loucura não apenas para o mundo, mas também para a igreja atual. "Há muito show, muita música, muito louvor - mas pouco ENSINO bíblico. Nunca os evangélicos cantaram tanto e nunca foram tão analfabetos de Bíblia. Nunca houve tantos animadores de auditório e tão poucos pregadores da Palavra de Deus. Quando o Espírito de Deus está agindo de fato, Ele desperta o povo de Deus para a Palavra de Deus." - Augustus Nicodemos Lopes
  


Os pastores estão abandonando seus postos, desviando para a direita e para a esquerda, com frequência alarmante. Parecem com gerentes de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. Hoje estão pensando em como manter os clientes felizes, como atraí-los para que não vão às lojas concorrentes que ficam na mesma rua. Alguns pastores estão atraindo muitos consumidores, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo uma excelente reputação. No entanto, a verdade bíblica é que não existem igrejas cheias de sucesso. Mas, toda igreja são comunidades de pecadores, reunindo culto após culto perante Deus. O Espírito Santo os reúne e trabalha neles. Nessas comunidades de pecadores, um é chamado pastor e se torna responsável por manter todos atentos a Deus.  Eugene Petersen


1)        Ezequiel fala a uma congregação volúvel. 



O profeta Ezequias estava no exílio, junto com mais de dez mil judeus (SL 137:1-4).         O chamado de Ezequiel exigia que se prestasse atenção a Deus, não às pessoas ao redor:  “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava. E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais transgrediram contra mim até este mesmo dia”. Ezequiel 2:1-3. E, tem mais: “E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que estejam contigo sarças e espinhos, e tu habites entre escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus semblantes, porque são casa rebelde. Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes”. Ezequiel 2:6,7

        A mensagem de Ezequiel deveria ser proclamada, quer as pessoas o ouvissem ou não:  “Mas a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração. Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e forte a tua fronte contra a sua fronte. Fiz como diamante a tua fronte, mais forte do que a pederneira; não os temas, pois, nem te assombres com os seus rostos, porque são casa rebelde. Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.
Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás e lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS, quer ouçam quer deixem de ouvir”.
Ezequiel 3:7-11

        Ezequiel deveria permanecer firme, independentemente da maneira como fosse tratado (33.30-33): “Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta”.


    “Você é um simples entretenimento – um cantor popular com suas melancólicas canções e seu instrumento musical” (Bíblia A Mensagem). Eles consideram Ezequiel um orador eloqüente de voz agradável e excelente pronúncia. Contudo, depois dos aplausos, tudo voltava a ser como era antes. Esqueciam a mensagem; os pecados continuavam.              Ouvir a Palavra de Deus não tem a ver com entretenimento, sentir-se bem consigo mesmo, ficar impressionado com o talento do orador. Antes tem a ver com mudança de vida.

      “Quando tudo isso acontecer – e certamente acontecerá – eles saberão que um profeta esteve no meio deles” (Ez 33.33). Ou seja, quando vierem os tempos difíceis, quando a voz do pregador fiel tiver desaparecido e for apenas uma memória distante, quando a igreja de outrora estiver reduzida a uma casca oca. Restará apenas uma recordação: Tivemos um profeta aqui no passado.


2)    Amós adverte a respeito de uma fome vindoura. 
                   Um garoto do interior natural de Tecoa, cidade de Judá. Além de sua vocação de profeta, Amós também era pastor de ovelhas e plantador de sicômoros, qualidades que o tornavam um autêntico caipira colhedor de figos. “E respondeu Amós, dizendo a Amazias:             Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros”.  Amós 7:14 




O Senhor ordenou a esse profeta magro e ossudo que fosse ao reino norte confrontar cara a cara um rei cruel, imoral, infiel e injusto.  “Mas, o SENHOR lhe diz: “Sua mulher se tornará uma prostituta na cidade, e os seus filhos e as suas filhas morrerão à espada. Suas terras serão loteadas, e você mesmo morrerá numa terra pagã. E Israel certamente irá para o exílio, para longe da sua terra natal”.
Amós 7:17

Amós 8:11-12: “Estão chegando os dias”, declara o SENHOR, o Soberano, “em que enviarei fome a toda esta terra; não fome de comida nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as palavras do SENHOR.
Os homens vaguearão de um mar a outro, do Norte ao Oriente, buscando a palavra do SENHOR, mas não a encontrarão. .  Amós predisse a vinda de uma época em que a terra sentiria saudades dos grandes profetas de outrora, ansiando por uma voz poderosa da parte de Deus – ou seja, qualquer pessoa que defendesse a verdade de modo corajoso e politicamente incorreto.

    As pessoas anseiam por alimento para a alma, pelos nutrientes da Palavra de Deus; porém, não encontram esse sustento. Repito: há uma terrível escassez de alimento em nossa terra.

                    LIDERANÇA: a liderança de Israel estava corrompida e arruinada, carente de uma confrontação direta com a verdade, por meio de um pregador intransigente. “SE ALGUÉM não estiver preparado para pagar um alto preço, maior do que seus contemporâneos e colegas estejam dispostos a pagar, não deverá aspirar a liderança no trabalho de Deus. A verdadeira liderança exige custo elevado, a ser cobrado do líder e, quanto mais eficiente a liderança, maior o custo”.

       Papa Leão X: “um porco selvagem está a pilhar a vinha de Deus” (Rm 16:17-18). Sempre existiram enganadores e impostores com sua esperteza e duplicidade, encrenqueiros que atacaram vários apóstolos e companheiros cristãos (Atos 20:28-31). Um inimigo implacável de Paulo era “Alexandre, o ferreiro” (2 Tm 4:14). O idoso apostolo João adverte que Diótrefes “gosta muito de ser o mais importante” (  3 Jo 9), um mandachuva na igreja.

3)    Joel prediz um futuro promissor.
O profeta Joel foi levantado por Deus; o seu nome significa “O Senhor é Deus”. Nos dias do profeta Joel todos os tipos possíveis de gafanhotos se puseram a destruir o solo: os que rastejam, os que migram, os que cortam e os que destroem. “Diante deles o fogo devora, atrás deles arde uma chama. Diante deles a terra é como o jardim do Éden, atrás deles, um deserto arrasado; nada lhes escapa.  



Joel 2:3”. Joel escreveu a partir da fascinante perspectiva de Deus, referindo-se a esses insetos como “o meu grande exército que enviei contra vocês” (Jl 2:25).  "Vou compensá-los pelos anos de colheitas que os gafanhotos destruíram: o gafanhoto peregrino, o gafanhoto devastador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto cortador, o meu grande exército que enviei contra vocês.

        O que seria preciso para restaurar os anos de devastação causados pelos gafanhotos. De que maneira? Joel 2:12-13: "Agora, porém", declara o Senhor, "voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto. " Rasguem o coração, e não as vestes. Voltem-se para o Senhor, para o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo, muito paciente e cheio de amor; arrepende-se, e não envia a desgraça. 


      Ainda assim, depois de todos os pecados que vocês cometeram, apesar de todo o dano que causaram, e não obstante os resultados catastróficos da falta de fidelidade de vocês, O ARREPENDIMENTO trará a restauração. Deus diz: “Voltem-se para mim de todo o coração”. Por meio do choro, de jejum e pranto. “Rasguem o coração, e não as vestes”, ordena o Senhor.


Conclusão: "E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias. Joel 2:28,29