JESUS
É O SENHOR DO SÁBADO.
Marcos
contou que quando Jesus passou com os discípulos por uma plantação, eles, com
fome, pegaram algumas espigas e as comeram. Os fariseus os censuraram porque
era sábado e eles estavam fazendo o que não deviam. A história está em Marcos
2.23-28.
A
censura não foi porque eles comeram as espigas. Isso era permitido. A “lei da
respiga” permitia aos pobres e aos que estivessem com fome pegarem espigas que
caíssem quando da colheita. Os colhedores não podiam pegá-las, e assim os
necessitados vinham atrás colhendo. A censura dos fariseus foi porque era
sábado e eles estavam debulhando as espigas (Lc 6.1). Isto era trabalho e no
sábado não se trabalhava. Que coisa, não é?
Em
resposta, Jesus citou um episódio do Antigo Testamento, e concluiu: “… o
Filho do homem é senhor também do sábado”. O episódio que ele citou não tem
a ver com espigas, mas mostra que pessoas que tinham fome transgrediram um
princípio religioso. Jesus ensinou que as pessoas valem mais que regras que não
têm um significado tão relevante como pensamos. E sua última frase encerra a
discussão. Ele é senhor do sábado.
Jesus
deu uma lição aos fariseus. Eles respeitavam o sábado. Ele é maior que o sábado
e senhor dele. Por que não o respeitavam? Por que faziam “pegadinhas” e queriam
derrubá-lo? Respeitavam o sábado? Que o respeitassem, porque ele era senhor
dele.
Os
fariseus diziam que Deus fizera o mundo para que houvesse sábado. Como eles, há
gente que quase cultua o sábado, tendo-lhe um respeito idolátrico. E dizem que
temos a marca da Besta porque guardamos o domingo. Constantino, imperador
romano, mudou o dia de culto e ele representava a Besta. Guardar o domingo é
obedecer à mudança que um líder político fez. Estamos errados por que guardamos
o domingo? Temos mesmo o sinal da Besta?
Esta
afirmação é uma ignorância do Novo Testamento e da história.
O
domingo se tornou o dia em que os cristãos passaram a se reunir. Jesus
ressuscitou num domingo (Jo 20.1) e lhes apareceu na tarde daquele dia, quando
eles estavam reunidos (Jo 20.19). Oito dias depois, um domingo, lhes apareceu
de novo “quando estavam outra vez ali reunidos” (Jo 20.16). Os judeus
contavam um pedaço do dia como um dia (Jesus foi sepultado na sexta e
ressuscitou do domingo, três dias: sexta, sábado e domingo). Foi um dia tão
marcante que, mais tarde, eles celebravam a ceia do Senhor num domingo (At
20.7). E em um culto, pois Paulo pregou. No princípio, os apóstolos iam às
sinagogas para pregar. Mas depois de Atos 15, quando o cristianismo assumiu sua
identidade diferente do judaísmo, os cristãos seguiram seu caminho.
O que
diz a história? O primeiro testemunho a invocar vem da Didaquê, uma
obra que foi escrita para ajudar a doutrinar os novos cristãos, numa época bem
antiga da Igreja. Seu conteúdo mostra que ela está calcada no evangelho
de Mateus, conhece o de Lucas e parece desconhecer o evangelho de João (que
deve ter surgido no ano 90 ou 95). Por isso, alguns acham que ela é anterior ao
quarto evangelho. Uma coisa é certa: foi escrita antes do ano 100, quando a Igreja
ainda era produto de um contexto em que viveu a segunda geração de cristãos.
Nela lemos em 14.1: “Reunindo-vos no dia do Senhor, parti o pão e dai
graças, depois de haver confessado vossas transgressões, para que o vosso
sacrifício seja puro”. O dia do Senhor, o domingo, era o dia da
celebração da ceia do Senhor (“parti o pão”). Não estou afirmando que esta
epístola é inspirada, mas vendo-a como um documento histórico que deve ser
considerado. É uma voz da história.
Na
Epístola aos Magnesianos (escrita ao redor do ano 107), Inácio de Antioquia
declarou, em 9.1: “Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à
novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia
do Senhor”. A declaração é bem clara. Mais uma vez temos um testemunho
histórico com a posição da Igreja primitiva. Inácio faz outra declaração bem
firme: “Não vos deixeis iludir pelas doutrinas heterodoxas, nem pelos velhos
mitos sem utilidade. Pois se agora vivemos conforme o judaísmo, confessamos não
ter recebido a graça” (8.1). Estas palavras devem ser lidas em conexão com
Colossenses 2.16-23, e bem pensadas.
Na
Epístola a Diogneto, que é datada da segunda metade do século dois (ao redor do
ano 150), lemos: “Não será proveitoso, a meu ver, ouvires de mim o referente
à meticulosidade acerca de alimentos, à superstição a respeito dos sábados, à
jactância por causa da circuncisão em torno de jejuns e neomênias, porque
ridículas e indignas de menção” (4.1). A questão do sábado foi minimizada e
tratada como superstição, pois fazia parte da velha ordem, que ficou para trás.
Outro
documento, “A Tradição Apostólica de Hipólito de Roma” (ao redor do ano
230), diz em 1.15: “Seja ordenado bispo aquele que, irrepreensível
tiver sido eleito por todo o povo. E, quando houver sido chamado
pelo nome e aceito por todos, reúna-se o povo juntamente com o presbyterium e
os bispos presentes, no domingo”. Não diz para trocar o sábado pelo
domingo, mas mostra, de novo, a presença do primeiro dia da semana na
vida da Igreja. E num evento tão significativo, como a ordenação ao ministério.
Esta
mesma obra diz, em 60.1: “No domingo de manhã, o bispo, se puder,
distribuirá a comunhão a todo o povo, com as próprias mãos, partindo os
diáconos o pão…”. O testemunho da história é que a Igreja se reunia no
domingo, para celebrar o memorial da ceia do Senhor.
Você
pode ver que todos esses documentos são anteriores a Constantino, que viveu do
ano 300 em diante. Ele não obrigou os cristãos a guardarem o domingo, mas viu
que os cristãos guardavam o domingo e o tornou em dia de descanso em todo o
Império Romano. Os cristãos não copiaram os pagãos, mas os pagãos passaram a
imitar os cristãos.
Alguém
disse que encontrou a palavra “sábado” várias vezes na Bíblia, mas que não
encontrou a palavra “domingo”. Baalen deu uma boa resposta: “Procuras pelo
domingo? Procura por Cristo! Encontrá-lo-ás junto aos cristãos no domingo e não
junto aos judeus no sábado”.
Por
isso, celebre o domingo como dia do Senhor. Use-o bem. Não o use para ir a
estádio de futebol, shopping, cinema ou praia. Use para ir à igreja, para ler
sua Bíblia, congraçar-se com os demais de sua fé, na sua igreja. O domingo é o
dia do Senhor, o dia em que Jesus ressuscitou dos mortos. Consagre este dia
para ele. E saiba de uma coisa: quanto mais você consagrar o dia do Senhor ao
Senhor, melhor sua vida espiritual será.
Alegre-se
no domingo, dia do Senhor!
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