terça-feira, 27 de julho de 2021

 Filipenses: Santidade e chamada Fp 1.1-2


Introdução:  uma carta carregada de afeto

Paulo visitou Filipos em sua segunda viagem missionária e pregou o evangelho (Atos 16.14-34). Deus tocou o coração de uma mulher chamada Lídia, que se converteu a Cristo juntamente com sua casa. Uma jovem com espírito de pitonisa foi libertada e Paulo e Silas são lançados à prisão. Á meia-noite enquanto estão louvando, Deus enviou um forte terremoto que ocasionou a conversão do carcereiro de Filipos e de toda a sua família. Consequentemente, uma igreja formou-se espontaneamente. Esse inicio difícil, de perseguição, forjou um elo muito forte entre Paulo e os Filipenses.

Agora, Paulo está na prisão em Roma, anos 60 à 61, Paulo escreve uma carta à igreja de Filipos, contendo 104 versículos. Uma carta de afeto, de muita alegria “regozijai-vos no Senhor”, cumplicidade, não obstante, o fato de estar preso em cadeias. Quando a carta chegou em suas mãos, quantas memórias, lembranças, passaram pela mente dos irmãos naquele momento. Dez anos antes, Paulo estava chegando em Filipos, dez anos depois, Paulo está preso em Roma, embora não tivesse cometido o menor crime.

1)    Servos de Deus

“Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus...”. Paulo é o nome greco-romano dessa figura extraordinária que era chamado por seu nome hebraico “Saulo”. Como adjetiva-lo? Missionário dinâmico, plantador de igrejas, pregador eloquente, pastor cuidadoso, evangelista talentoso, teólogo, mestre brilhante – tudo isso em uma só pessoa. 

“Timóteo”, seu jovem colaborador, seu discípulo. Timóteo servia a Paulo em muitos níveis, como seu assistente durante viagens missionárias, companheiro fiel auxiliar constante. A apostolo foi o principal instrumento humano no desenvolvimento espiritual desse jovem. Da mesma forma, cada um de nós precisa de um “Timóteo” em nossas vidas. Todos nós precisamos de alguém que seja nosso parceiro (a) no serviço cristão. Um parceiro de oração, parceiro no evangelismo, nas visitas, etc...

 Tanto Paulo quanto Timóteo são identificados como “servos de Cristo Jesus” (Fp 1.1). Em quase todas suas cartas ele se apresenta como “apóstolo”, somente aqui se apresenta como “servo”. Com os filipenses, parece não haver necessidade de que lhes relembre sua posição destacada. Paulo opta por enfatizar o aspecto relacional e pessoal, humilhando-se e ressaltando seu compromisso de servi-los. Isso é um lembrete para nós de que toda liderança autentica na igreja deve ser liderança que serve.

A palavra que Paulo usa é “servo” (Doulos), que de fato significa escravo. O escravo pertencia ao seu senhor; era como uma propriedade, não tinha vida própria. Além disso, um escravo não possuía nada, também não podia ir a parte alguma sem o consentimento de seu senhor. Então, Paulo era um escravo de Cristo... Trata-se de um privilégio e uma alegria, pois o grande paradoxo é que essa escravidão traz verdadeira liberdade, liberdade do medo, da futilidade e da morte.

“Bispos e diáconos”. Os bispos são também identificados como presbíteros (Tt 1.5), que pastoreiam o rebanho de Deus. A palavra bispo indica a supervisão e a administração de caráter espiritual que devem prover a igreja. Para ser bispo, é preciso ter tido crescimento espiritual na caminhada com o Senhor. “Diácono” (ou diaconisa) é servo. São chamadas para servir ao lado dos bispos, presbitérios ou pastores. Os diáconos  são cruciais para a saúde espiritual da igreja.  São essências no ministério da palavra, da oração, do evangelismo, do discipulado, visita, etc.

2)    Os santos

“...todos os santos em Cristo Jesus que estão com os bispos e diáconos em Filipos” (Fp 1.1). Tais palavras identificam todos os crentes como “santos em Cristo Jesus”, no grego a palavra é “hagios”. Todo o cristão genuíno é um “santo”, que significa “uma pessoa piedosa”. As palavras “piedoso”, “consagrado”, “santo” e “santificação”, vem todas da mesma raiz grega.  

 Os cristãos sobressaiam como estrelas brilhantes: “...levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus, brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e perversa” (Fp 2.15). Eram facilmente identificáveis, pois viviam em meio a uma cultura ímpia. Tinham um padrão de moralidade radicalmente diferente. Suas famílias eram diferentes e suas conversas eram diferentes. E VIVIAM EM COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS...

Santo, portanto, é alguém separado da poluição moral deste mundo e posto à parte para Deus. Ser santo significa que, pela operação da graça, um cristão não vive mais em busca do pecado num sistema mundial maligno, mas em vez disso, busca a pureza moral. O cristão é separado por Deus de sua antiga vida de pecado, negativamente, e reengajado em uma nova vida de pureza, positivamente. 

Ao mesmo tempo, Paulo enfatiza que cada crente de Filipos estava, posicionalmente, em Cristo Jesus. “...o povo santo em Cristo Jesus”. Antes da conversão, eles pertenciam ao sistema maligno do mundo, com seu programa anti-Deus. Mas foram libertos do reino das trevas e trazidos para uma comunhão e uma união vital com Cristo Jesus. Foram lavados em seu sangue e receberam uma nova posição em sua graça. Foram feitos cidadãos do reino de Deus.

3)    Graça e paz

“Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Fp 1.2).  Graça é o cerne da mensagem cristã. Graça é o resumo do evangelho. “...a lei foi dada por intermédio de Moisés; mas a graça e a verdade vieram através de Cristo Jesus” (Jo 1.17). Quando Paulo pede graça, ele não está pedindo que recebe a graça salvadora. ENTÃO O QUE ELE PEDE? Para que experimentem a graça de forma ainda mais abundante em sua vida cristã. Que eles tenham a graça toda suficiente em suas vidas... 

 Paulo também pede a “paz” de Deus esteja sobre eles. Essa paz não é a paz com Deus, que é a paz objetiva dada àqueles que confiam em Cristo: “Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Não é essa paz!

Mas, a paz de que Paulo está falando aqui em Filipenses 1.2 é a paz subjetiva de Deus. Observe que agora ele escreve “paz da parte de Deus”, e não “paz com Deus”. Trata-se de paz sobrenatural na alma. Em meio ás tempestades da vida, temos paz da parte de Deus. Essa serenidade vem da consciência que Deus está no controle de todas as circunstancias e faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem, de modo que possamos nos parecer cada vez mais com Cristo (Rm 8.28-30).


NÃO HÁ PAZ SE NÃO HOUVER PRIMEIRO GRAÇA. ONDE HOUVER GRAÇA, A PAZ SURGE INEVITALVEMENTE. A GRAÇA DE DEUS NA VIDA DE UMA PESSOA PREPARA O CAMINHO PARA QUE A PAZ DE DEUS INUNDE SEU CORAÇÃO.

Conclusão: “toda graça e paz vem da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”.

Não existe graça e nem paz independente de Deus e por meio de Jesus Cristo. Existe uma fonte de graça e paz jorrando eternamente no interior de cada crente, de forma abundante. Nós nunca enfrentaremos uma provação que esteja além do que a graça e a paz de Deus nos permitem suportar. Nem mesmo nossas maiores dificuldades podem esgotar os ilimitados recursos de Deus. Graça e paz abundantes nos sustentam, fortalecem e guardam, muito além do que jamais necessitamos. 


 

terça-feira, 20 de julho de 2021

 Um amigo chamado Timóteo. Fp 2.19-22


Introdução

O apostolo Paulo escreveu essa carta de Filipenses na prisão em Roma. Há dez antes Paulo fundara a igreja de Filipos, era, portanto,  pastor-fundador daquela congregação. E, na introdução da carta, lemos: “Eu, Paulo, e Timóteo...”. Evidenciando que Timóteo estava com ele na prisão domiciliar, enquanto muitos o abandonaram, Timóteo estava ali, junto dele. Diante disso, sabemos que os verdadeiros amigos, atravessam não somente os momentos bons, mas também, os momentos difíceis e delicados da nossa vida.

1)    Quem era Timóteo

Era nativo da cidade de Listra (Atos 16.1). Uma cidade que ficava ao sul da Ásia menor, no que é chamado de Turquia, atualmente. Ele era filho de um casamento misto: mãe judia (Eunice) e de um pai grego (não sabemos seu nome). Possivelmente a maior influencia na vida de Timóteo foi a cultura grega, porquanto permaneceu incircunciso até ser um jovem adulto. 

Mas, seu interesse espiritual veio do lado materno, de sua família. Tanto Eunice quanto a mãe dela Loide (sua avó): “...pela recordação que guardo da tua fé sem fingimento, a mesma que primeiramente habitou em sua avó Loide, e em tua mãe, Eunice, e estou certo de que também em ti” (2 Tm 1.5). “...desde a infância sabes as sagradas letras que podem torna-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm 3.14-15).

Paulo passou por Listra e Derbe em sua primeira viagem missionária e algo maravilhoso ocorreu: “...havia um homem que estava sempre sentado porque era aleijado dos pés. Ele havia nascido aleijado e nunca tinha andado. Esse homem ouviu as palavras de Paulo...Paulo lhe diz: levante-se e fique de pé! O homem pulou de pé e começou a andar” (Atos 14.8-10). Depois, em sua segunda viagem missionária, Paulo passa novamente por Listra e o texto diz: “Em Listra morava um cristão chamado Timóteo...”(Atos 16.1).  Então, Timóteo se converteu na primeira viagem missionária do apostolo. Desse modo, Timóteo, torna-se “meu filho amado e fiel no Senhor” (1 Co 4.17).

2)    Qualidades de um amigo

Em primeiro lugar, Timóteo tinha um espírito “de igual sentimento” especialmente ligado a Paulo. O termo grego “de igual sentimento” é a combinação de duas palavras “de uma mesma alma”, ou “afinidade de alma”, ou “de uma só alma”. Essa é a única vez, em todo o Novo Testamento, em que o vocábulo grego é usado. 

“Porque a ninguém tenho de igual sentimento”, uma unidade, duas partes que se juntam. Eles têm o mesmo proposito, o mesmo objetivo: o reino de Deus. “Espero... mandar-vos Timóteo...”. Paulo confiava em Timóteo. No entanto, ter o mesmo sentimento, não significa ter o mesmo temperamento, ou que ambos concordassem sempre. Mas, se estivessem um ao lado do outro, as coisas fluiriam suavemente entre os dois.  Como Davi e Jônatas: “A alma de Jônatas se ligou a de Davi; e Jônatas o amou como a sua própria alma” (1 Sm 18.1).

Podemos ter numerosos conhecidos casuais, e vários bons amigos na vida; mas encontrar alguém que tenha a mesma alma é algo incomum (e é um deleite). É como ter alguém que vive em nossa própria cabeça – alguém que lê os nossos motivos e compreende nossas necessidades mesmo que não digamos em palavras.

Em segundo lugar, Timóteo tinha um interesse genuíno por outras pessoas. Quando Timóteo estava com outras pessoas, seu coração era tocado pelas necessidades delas. “...preocupado pelo bem estar de vocês” (Fl 2.20). “Preocupado” tem um significado profundo, designando alguém que tem sentimentos fortes por algo ou alguém. É um termo que transmite emoções profundas. 

 Nem todos são assim, infelizmente, Paulo se refere a outros que ele conhece: “todos buscam seus próprios interesses, não os de Cristo” (Fl 2.21). Timóteo está realmente preocupado com o bem estar do próximo enquanto outros só se preocupam consigo mesmos. Certo homem escreveu com compreensão:

“Alguns poucos anos atrás eu me pus de pé sobre as margens de um rio da América do Sul e observei um homem vestido em trajes ocidentais sair de uma canoa primitiva. O veterano missionário como quem estava viajando fez um aceno ao jovem e sussurrou pra mim: Na primeira vez em que o vi ele era um garoto índio despido que estava sobre esta margem do rio, e ele empurrou minha canoa para mim. Deus deu-me uma real preocupação por ele e, com a passagem do tempo, ele acabou aceitando a Cristo, dedicou-se ao trabalho do Senhor e está retornando para casa após ter-se formado no Seminário de Costa Rica. Eu pude entender o ar de satisfação na fisionomia do missionário, e penso que Paulo tinha um ar de satisfação quando falava sobre os seus jovens. E ele tinha boa causa para estar tão satisfeito com eles”.

 Em terceiro lugar, tinha um “caráter aprovado”. “Timóteo foi aprovado...”(Fl 2.22). A expressão se referia a um teste especifico em que um metal era posto em uma fornalha para provar se ele era verdadeiro ou falso. Há um ditado que diz, que se você quer conhecer alguém, você tem que comer um saco de sal de 60 kg com ele. Já calculou quanto tempo leva para você consumir um saco de 60 quilos? Este ditado significa o seguinte: pra você saber quem é uma pessoa, você precisa travar um relacionamento, e ficar conhecendo a pessoa. 


Durante dez anos, Timóteo foi testado na batalha com Paulo, lutando na linha de frente na guerra espiritual. Embora fosse relativamente jovem, havia sido bem treinado na escola dos duros ataques ao ministério e passou com notas altas.  Timóteo esteve com Paulo quando o evangelho chegou pela primeira vez na Europa; estava lá quando a verdade chegou pela primeira vez a Filipos; e estava lá quando a confusão iniciou e a multidão cercou Paulo, arrastando-o para a prisão. Ele estava presente quando o preço a pagar por fazer parte da equipe ministerial era muito alta. Se você quer ser útil ao Senhor, isso exigirá que seja testado na batalha.

Em quarto lugar, Timóteo não media distancias. “Espero no Senhor Jesus em breve vos enviar Timóteo” (Fp 2.19) Em seguida, escreve: “Espero enviá-lo logo” (Fp 2.23). Paulo diz “enviar” duas vezes  - e quase parece que vai despachar Timóteo a uma curta distancia. Mas essa jornada que Timóteo está prestes a fazer é de uns 1300 km, em uma época em que as viagens eram penosas e cansativas. Ida e volta, seriam 2600 km! Timóteo estava pronto para fazer o que era necessário para o avanço do evangelho. 


Conclusão: lealdade

“É como um filho servindo a seu pai” (Fp 2.22). Em seu relacionamento, Timóteo assume o papel de filho, e Paulo, de pai espiritual. Em outra parte, Paulo chama Timóteo de “meu verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2), “filho amado” (2 Tm 1.2), e “meu filho” (2 Tm 2.1).

Paulo era pai espiritual de Timóteo; Paulo discipulou Timóteo, tudo que ele sabia aprendeu com Paulo. Paulo foi o principal instrumento na instrução e no treinamento espiritual de Timóteo para o ministério. Paulo lhe deu conselhos sábios, supervisionando e orientando a vida de Timóteo, que por sua vez lhe retribuiu como um filho, dedicando a Paulo respeito, honra, obediência e lealdade.


  

terça-feira, 13 de julho de 2021

 O Ribeiro de Besor 1 Sm 30 

Introdução

O ribeiro de Besor foi palco de importante episódio da história humana. Besor, no hebraico é “refrigério”; é um riacho que ficava perto de Ziclague.  Nunca entenderemos por que Besor não se acha alinhado par a par com os nomes de outros lugares decisivos, como Monte Sinai, vale do Jaboque,  Monte Carmelo, Betânia, Nazaré, Galiléia, Siló, Calvário, Betel, etc. No entanto, essa parte da história de Davi, que tem origem no Ribeiro de Besor, continua sendo revivida entre os homens e mulheres que permanecem em contato com Deus no seu dia-a-dia. 

Os nomes são importantes. Identificam lugares e pessoas em particular. Os nomes nos salvam dos pantanais da generalidade indiferente. São coletes salva-vidas que nos mantém à superfície no Oceano do anonimato. QUAL É O SEU NOME? ONDE VOCE NASCEU? ONDE VOCE MORA? QUEM É O SEU DEUS? De tal modo, que os nomes localizam e proveem uma identidade. Nosso objetivo é tirar do ribeiro de Besor sua imerecida obscuridade e inclui-lo em nosso mapa espiritual.

1)    Uma cidade arruinada

Davi e seus homens estão em território filisteu, em Gate, sob os cuidados de Aquis. Na Batalha entre Filisteus e Israelitas, Davi toma partido ao lado dos filisteus; deixando as mulheres, crianças e animais desprotegidos em Ziclague. Contudo, os príncipes filisteus rejeitaram e, então Davi e seus homens retornaram à sua cidade, eram 145 km. Quando se defrontam com a cidade: “...viram que os amalequistas haviam invadido o Neguebe e atacado Ziclague, tinham destruído e queimado a cidade” (1 Sm 30.3). Parecia que um terremoto, chamado amalequitas,  tinha passado pela cidade: cidade totalmente destruída, queimada, as mulheres e as crianças foram capturadas e os animais levados como despojo...uma desolação. 

 Então, nos diz o texto, Davi  e os 600 homens “...prorromperam em exclamações de horror, brados de dor e pranto, e choraram até se esgotarem as lagrimas” (1 Sm 30.4). Um vulcão que lança no ar um desesperado lamento, logo transformado em ira, que se volta contra Davi “...seus próprios seguidores estavam tão amargurados com o sequestro de seus filhos e filhas que falavam em apedrejá-lo...”(1 Sm 30.6). A RAIVA SE CRISTALIZA NUM CONLUI PARA MATÁ-LO. A TERRIVEL MÁGOA NUBLOU SUAS MENTES, A RAIVA ENDURECEU SEUS CORAÇÕES.

As tragédias da vida podem causar em nós o melhor ou o pior. Aqui, foi o pior. Uma pergunta: como você reage diante das tragédias da vida? Aqui, os homens de Davi, foram para pior. Agora, Davi havia conduzido esses 600 homens por veredas de providencia e salvação, ao longo daqueles anos todos no deserto, levando-os, a viver em oração, a depender de Deus, levando-os a conhecer a beleza e a santidade, gerando gradativamente sua transformação, de “desgraçados, devedores, descontentes”, para uma comunidade (koinonia) fraterna e amorosa. Uma encarnação do Salmo 133: “Como é bom e agradável quando os irmãos vivem em união! É como óleo precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, ate a gola das suas vestes. É como o orvalho do Hermon quando desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a benção da vida para sempre” No entanto, eles NA TRAGÉDIA, SÃO LEVADOS PELA CÓLERA... 


2)    Animo

No entanto, Davi, na tragédia não se desestabilizou. “Davi, porém, animou-se no Senhor seu Deus”. Em meio ao caos de lamentação, raiva e amargura, nuvens negras de tempestade da morte assomando no horizonte, Davi tinha Deus com seu refugio, fortaleceu-se no Senhor. E, mais: quando seu mundo exterior entrou em colapso, ele se voltou para o interior, reconstruiu sua identidade original, recuperou sua base. Paulo, subscreve: “...Ainda que o nosso exterior esteja morrendo, nosso interior está renovando a cada dia” (2 Co 4.16). 


 A tragédia libertou Davi, imediatamente, de 16 meses de servidão a Aquis, levando-o a relacionar-se novamente com Deus – ouvindo a Deus com toda atenção, obedecendo a Ele corajosamente. Davi chamou seu pastor Abiatar, sacerdote, para com ele se aconselhar. “Perseguirei a esse bando de invasores? E a resposta foi: sim, persegue-os, porque certamente os alcançaras e libertarás os prisioneiros” (1 Sm 30.8).

Os 600 homens estavam cansados para ir á caça dos amalequitas, estavam fatigados, desmoralizados. Mas, mesmo assim, eles foram. Depois de 25 km, eles alcançaram o Ribeiro de Besor. Aquela altura, 200 homens, estavam exaustos e mostravam-se incapazes de prosseguir. “Não podemos ir”, disseram. “Não temos mais forças, não temos animo” ( 1 Sm 30.10). Foram deixados ali, em Besor, deixados no “refrigério”. 

Atravessando o Ribeiro, Davi e os 400 homens entraram nas áridas e desoladas terras do deserto. Encontraram um egípcio doente, três dias sem comer, quase à morte. Deram-lhe água e comida – um bolo de figos prensados e dois bolos de uvas passas (1 Sm 30.11-12). Depois, contou que era servo de um dos chefes dos amalequitas, mas caíra doente, sendo, por isso, abandonado no deserto para morrer. Davi cuidou dele, alimentou-o e salvou sua vida.

Salvo e grato pela hospitalidade no deserto, o egípcio lhe disse onde estavam os amalequitas. E, sabendo exatamente para onde se haviam dirigido – pois os amalequitas iam fazem uma celebração por todos os saques que tinham feito. Guiou Davi e sua tropa até o local. Dito e feito, havia festa, comilança, bebedeira, algazarra, os amalequitas comemoravam, dançavam, etc. Até que os homens de Davi, invadem e matam quase todos os homens, conseguindo todas suas mulheres e filhos, animais – despojos, muitos despojos de guerra.

 3)    No Ribeiro de Besor

Este parece ser o fim da história – mas não é. O fim ocorre no Ribeiro de Besor. No caminho de regresso a Ziclague, os 400 homens em êxtase chegam ao ribeiro, onde haviam deixado os outros 200 homens. Enquanto os outros (400) arriscaram-se aos horrores do deserto e da luta contra os amalequitas. Esses 200 que haviam ficado para trás punham-se agora, beijando suas mulheres e seus filhos, desfrutando do êxito que não tinham ajudado a ganhar.

Alguns homens, talvez os mesmos, que quiseram matar Davi, não aceitaram a idéia de repartir os despojos da guerra com seus irmãos mais fracos. Para estes, era suficiente que aqueles outros recebessem de volta suas esposas e filhos, e nada mais, nem um simples objeto sequer do espólio dos amalequitas, nem uma só ovelha, cabra, um moedinha, nada. Davi, novamente, entra em cena e intervém. Sua intervenção é EVANGELHO PURO. 


Davi determina que todos os homens ali presentes, no Ribeiro de Besor – tanto os 200 que não tinham podido continuar, mas que haviam exercido a tarefa preciosa de cuidar da bagagem (1 Sm 30.24), quanto os 400 que haviam lutado pela vida – teriam direito a parte iguais de tudo: “tudo o que recebemos foi Deus que nos concedeu; temos que reparti-lo com todos os que foram salvos por Deus” (1 Sm 30.23-25).

Conclusão: 

havia em Davi uma paixão, paixão por poesia, cântico, batalha, oração, Deus. Mas, tinha também com-paixão, ele prestava cuidados. Cuidava dos outros com a mesma paixão que se colocava diante de Deus, com a mesma paixão que compunha seus salmos. E, para você, o que é mais importante? Os despojos, ou, as pessoas?



Bibliografia: Transpondo Muralhas - Eugene Peterson - Editora Habacuc

terça-feira, 6 de julho de 2021

 Saul e a médium. 1 Sm 28.3...

Introdução: hoje, no Brasil vivemos uma avalanche de literatura espírita, também novelas, filmes, etc, é uma das religiões que mais crescem no Brasil.  Quem vai a um centro espírita, vai no desejo de aprender os ensinamentos de Alan Kardec, e também para consultar o médium no sentido de falar com alguém que já faleceu.

O que levou o rei Saul a recorrer a “médium”, “mãe de santo”, “macumbeira”, ou “vale do amanhecer”, é o mesmo motivo que leva hoje milhões de brasileiros a buscarem uma solução para suas dificuldades no espiritismo, apesar do rei saber que Deus não admitia esse procedimento.

1)    Guerra com os filisteus

“...os filisteus se juntaram e vieram acampar em Suném, enquanto que Saul reunia todos os israelistas em Gilboa”. Duas cidades que ficavam em lados opostos do vale de Jezreel. Essa incursão filisteia pelo vale de Suném indica que Saul fora omisso na proteção das fronteiras. A preocupação de Saul era Davi, uma paixão irracional em eliminar Davi da terra. Os filisteus se aproveitaram dessa brecha. 



“Assim que Saul observou o acampamento filisteu, sentiu profundo pavou (pânico), e temeu muito por sua vida e futuro” (1 Sm 28.4-5). Portanto, o rei Saul está em pânico, pavor, perturbado espiritualmente, diante de um exercito inumerável de filisteus. O que fazer? “Consultou o Senhor a respeito do que deveria fazer, mas o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem pelo urim, nem pelos profetas” (v.6). No começo do capitulo, lemos: “Samuel havia morrido há algum tempo...” Não tinha mais profeta, nem sacerdotes (Saul tinha mandado matar todos), e nem urim e tumim, e muito menos sonhos. Ultimamente, eram pesadelos terríveis, inquietações, ansiedade, insônia...

Neste momento, ele disse: “Procurai uma mulher que seja médium a fim de que lhe fale da minha aflição e a consulte” (v.7). Interessante, quando Saul foi ungido por Samuel, no começo do seu reinado, perseguiu qualquer tipo de necromancia, espiritismo: “...Voce sabe que Saul expulsou todos os médius e todos os que consultam os espíritos dos mortos” (1 Sm 28.9).

2)    Procurai uma mulher que seja médium...

O que é mediunidade? É a comunicação entre mortos e vivos por meio de um médium. O que é um médium? São porta-vozes de um mundo que as pessoas desejam que exista, ou canais de alivio para muitas aflições. Alan Kardec explica como se dá a evocação: “Em nome de Deus todo-poderoso, peço ao espírito de tal que se comunique comigo...”. Na verdade, não se trata de espíritos mortos que se comunicam com os médiuns, mas sim, espíritos demoníacos que se manifestam nas sessões em que se evocam os espíritos.

Voltando ao texto, Saul se dissimula: “Então Saul se disfarçou, vestindo roupas diferentes. E, ao cair da noite, foi com dois dos seus servos falar com tal vidente. E lhe disse: “Rogo-te que me reveles o futuro, invocando para mim quem eu lhe nomear”. Duas coisas nesse pedido: me reveles o futuro, invocando alguém.  NO ENTANTO, SAUL SABIA QUE TAL ATO ERA PROIBIDO PELA PALAVRA DE DEUS. SENÃO, VEJAMOS:

“...Não permitam que alguém do povo pratique adivinhação, use encantamentos, interprete agouros, evolva-se com bruxaria, lance feitiços, atue como médium ou praticante do ocultismo, ou consulte os espíritos dos mortos” (Dt 18.10-11). Qual era o castigo? “Qualquer homem ou mulher que invocar os espíritos dos mortos ou praticar feitiçaria deverá ser morto a pedradas. Essa pessoa será responsável pela sua própria morte” (Lv 20.27). 

“Se alguém procurar ajuda dos que invocam os espíritos dos mortos e doa que adivinham o futuro, eu ficarei contra essa pessoa por causa desse pecado e a expulsarei do meio do povo” (Lv 20.6). Isaias é mais incisivo: “Talvez alguém lhe diga: vamos perguntar aos médius e aos que consultam os espíritos dos mortos. Com sussurros e murmúrios eles nos dirão o que fazer. Mas, será que o povo não deve pedir orientação a Deus? Será que os vivos devem buscar a orientação dos mortos? Consultem a lei e os ensinamentos de Deus!” (Is 8.19-20).

 3)    Sessão espírita

“Questionou a mulher: Pois bem, a quem desejas que eu faça subir?” E ele regou-lhe: “Faz-me ver subir Samuel” (v.11). De onde vem o espírito? “QUEM DEVO FAZER SUBIR?” Durante a sessão espírita, como em todas, em momento algum, a Bíblia diz que o rei Saul viu com os seus próprios olhos “o profeta Samuel”. Ele pergunta para a feiticeira: “o que você está vendo” (v.13). 


“Que vês?”, ela respondeu: “Vejo um deus que sobe da terra” (v.13). Insatisfeito com a resposta, ele perguntou novamente: “Como é a sua figura”, ao que ela respondeu: “Um ancião vestindo um manto está subindo” (v.14). “Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e adorou”. Saul não viu, mas deduziu que o ancião, o vulto, que subiu da terra, era o profeta Samuel.

Assim como acontece numa sessão espírita, o médium fala como se fosse a própria pessoa falecida, as pessoas não conseguem ver, mas somente ouvir a voz do espírito que fala por intermédio dos médiuns. Por exemplo, Alan Kardec, nas sessões espiritas, quando o médium recebia a mensagem de algum espírito, ele escrevia. Também, Chico Xavier, ninguém ouvia nem via, mas simplesmente recebia a mensagem psicografada, isto é, escrita.

Interessante que o espírito “de Samuel” falou nos versículos 16-18 o que era de conhecimento de todos: Deus virou as costas para ti, seu reino foi rasgado, não executou a ordem do Senhor quanto aos amalequitas. Alan Kardec, afirma: “um espírito pode imitar uma assinatura, ele pode igualmente imitar também a linguagem”. A criatividade, a dissimulação dos espíritos é infinita. Paulo, conhecendo afirmou: “Mas não me surpreendo. Até mesmo Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é de se admirar que seus servos finjam ser servos da justiça” (2 Co 11.14-15). 


 4)    Julgando as profecias de “Samuel”

 O Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus” (v.19). Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus, mas “...Saul puxou sua própria espada e atirou-se sobre ela” (1 Sm 31.4). Ou seja, é o primeiro suicídio da Bíblia. E, Saul e seus filhos foram cremados pelos homens de Jabes-Gileade. 


 Mais: “Amanhã tu e teus filhos estareis comigo”, mas morreu 18 dias depois.  Mais, não morreram todos os filhos de Saul, somente morreram Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2). Mas, Is-Bosete, filho de Saul, assumiu o trono, depois do pai (2 Sm 2.8). “Amanhã tu e teus filhos estarão comigo”, Samuel se achava no Paraiso. Quanto a Saul: “...morreu Saul por causa de sua transgressão cometida contra o Senhor, por causa da Palavra do Senhor...porque interrogara e consultara uma necromante” (1 Cro 10.13).

CONCLUSÃO;

O diabo quer nos enganar, mas todo tipo de espiritismo confronta a Palavra de Deus, todo tipo: mesa branca, preta, macumba, camdomblé, todos tem os ardis de Satanás. O único que tem poder para nos libertar do poder maligno e dissimulante é Jesus Cristo.