terça-feira, 27 de agosto de 2013

A sutileza da grande meretriz – Ap. 17:1-6.




Introdução: O livro de apocalipse nos mostra cinco inimigos de Cristo: o dragão, o anticristo, o falso profeta, a grande meretriz e os homens que tem a marca da besta.

·        O símbolo da Grande Prostituta como experiência cotidiana é uma cidade onde a vida corre tranqüila. A mulher e a besta escarlate sobre a qual ela se assenta abrangem as ruas que percorremos, as lojas em que compramos verduras enquanto conversamos coisas banais, corriqueiras com as pessoas da rua. 

·        as vezes é necessário apresentar caricaturas (Imagens) simples e grandes pra que quem seja quase cego possa enxergar.

1)    A descrição da grande meretriz (Ap. 17:1-6,18).

1.1)         Em primeiro lugar, vejamos o contraste entre a noiva e a meretriz; entre a nova Jerusalém e a grande Babilônia.

·        O diabo sempre tentou imitar a Deus. Assim é que temos a diferença entre a noiva e a prostituta, a cidade santa e a grande Babilônia.  A noiva fala da igreja verdadeira, a meretriz da igreja apóstata.

·        Para a Prostituta, o sexo está a serviço do comércio; para a Noiva, do amor. A Prostituta considera o sexo um contrato; a Noiva, um ganho para toda a vida. Para a prostituta, o sexo é ganho, para a Noiva, dádiva.

·        Adoração-prostituta é assunto para momentos e ocasiões. A adoração-Noiva envolve e une todas as partes da vida. A adoração-prostituta é praticada sob o principio da atração e do prazer. A relação adoração-noiva é no melhor ou no pior, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. 

1.2)         Em segundo lugar, a grande meretriz é conhecida pela sua influencia mundial (Ap. 17.1;15).

·        A religião prostituída está presente em todos os povos. Onde Deus tem uma igreja verdadeira, Satanas levanta a sua sinagoga. A Babilônia não é apenas cultura sem Deus, mas também cultura contra Cristo.

1.3)         A grande meretriz é concebida pela sua riqueza (AP. 17.4).
·        Suas vestes são de escarlate. Está adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas. Ela segura em sua mão um cálice de ouro. A religião prostituída, o mundo, faz ostentação da sua riqueza e do seu luxo. Este quadro é uma descrição perfeita do mundo à parte de Cristo, ostentando sua riqueza, alimentação, banquetes, carros, equipamentos, vestuário e toda a sua beleza e glória. Sinônimo de mundanismo (Ec 2.4-10). 



"     "Vejam o adorno, a riqueza, a luxúria, a própria devassidão do mundo; vejam a ostentação de si mesmo e de seus grandes homens e mulheres. Eis toda a sedução do mundo, o resultado da ação da grande meretriz que chama e atrai reis, príncipes, ricos mercadores e igualmente pessoas comuns. É-nos oferecido um quadro perfeito, blasonando de sua alimentação, de seus banquetes, de seus carros, de seu equipamento, de seu vestuário e de toda a sua beleza e glória". Martin Lloyd-Jones. 

 1.4)         A grande meretriz é conhecida pela sua sedução (17:2,4,5).
        O esquema atrás da sedução (Pv 7.7-20): 
1) Local: A sedução se inicia quando se está no lugar errado, na hora errada (Pv 7:8). Apesar de saber o risco que corria, o rapaz passava perto da casa da mulher adultera  quando já estava escuro. 

2) “Bote”: A mulher foi encontrar-se com ele, vestida de maneira provocante, o abraçou e o beijou (7:10).


3)Adulação: “Por isso sai procurando você. Eu queria encontrá-lo, e você está aqui” (7.15). Imediatamente, a prostituta tratou de mostrar seu interesse pelo rapaz, demonstrando estar deslumbrada por tê-lo encontrado.


 4) Charme: ela descreveu pra o rapaz o ambiente sedutor e convidativo que já tinha preparado antevendo a possibilidade de encontrá-lo (7:16-17).Para um homem carente, é quase impossível resistir a um convite como esse.

 5) Sentimentos: “Venha, vamos amar a noite toda. Passaremos momentos felizes nos braços uns dos outros” (7:18). Quando uma mulher bonita faz um convite como esse a um rapaz “sem juízo”, inexperiente, ela mexe com os seus sentimentos.  

6) Engano: Depois que o rapaz já tinha caído como “patinho” em sua armadilha ela o engana mais uma vez, dando-lhe uma falsa impressão de que ambos estavam livres para se divertir, sem que isso tivesse conseqüências posteriores (7:19-20).



·        O mais terrível com relação à prostituta não é o fato de ela se deitar com estranhos, mas que, fazendo isso, ela usa o corpo para mentir sobre a vida: não há união de vidas; só de órgãos genitais.

·        Por trás do encanto sedutor de perfumes, sedas e bajulação, a pessoa sobre um empobrecimento fundamental. A prostituição usa o sexo para mentir sobre a vida: a verdade de que o amor é um dom, os relacionamentos envolvem compromisso e a sexualidade representa a espiritualidade.

·        A prostituta mente ao fazer acreditar que o amor pode ser comprado, que os relacionamentos são “acordos” e que a sexualidade é um apetite.

1.5)         A grande meretriz é conhecida pela sua violência (Ap. 17.6).
·        A meretriz que vive no luxo tem duas armas: sedução e perseguição. Ela seduz, mas também mata. Ela atrai, mas também destrói. Ela está embriagada não de vinho, mas do sangue dos santos e dos mártires.

·        A Babilônia não é apenas cultura sem Deus, mas também cultura contra Cristo. A Babilônia foi Roma , é a Roma papal, o mundo em todo o tempo, em todo o lugar, que seduz e destrói aqueles que amam a Deus. A meretriz é aquela que sempre se opõe à Noiva.

·        Em 1208 por ordem do papa foram exterminados os cristãos albigenses na França. Na Espanha foram mais de 300.000 martirizados e banidos. Carlos I eliminou por ordem do papa 50.000 cristãos alemães. O papa Pio V nos anos 1566 a 1572 exterminou 100.000 anabatistas. No dia 24 de agosto de 1572, a noite cruel de São Bartolomeu, por ordem da rainha Catarina de Médice e o apoio do papa foram mortos 70.000 cristãos franceses.

·        O pastor James Kennedy diz que desde o inicio da Igreja até os dias de hoje, houve cerca de quarenta milhões de mártires cristãos. A maioria dessas mortes ocorreu neste século. Mais mártires foram mortos nas ultimas nove décadas do que em todos os 19 séculos anteriores somados.

Conclusão: João foi levado a um deserto para ver esta visão. Um dos temas recorrentes das Escrituras é que os grandes homens de Deus tem suas visões no deserto. Foi nos limites do deserto que Moises se encontrou com Deus (Ex 3:1). Elias, no deserto (1 Rs 19.4). João Batista era um homem do deserto (Lc 1:80).





sábado, 24 de agosto de 2013

Adoniram Judson


Missionário, pioneiro à Birmânia

(1788-1850)

O missionário, magro e enfraquecido pelos sofrimentos e privações, foi conduzido entre os mais endurecidos crimi­nosos, com gado, a chicotadas e sobre a areia ardente, para a prisão. Sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro para que pudesse dormir melhor no duro solo da prisão. Porém ele descansava ainda melhor porque sabia que den­tro do travesseiro, que tinha abaixo da cabeça, estava es­condida a preciosa porção da Bíblia que traduzira com grandes esforços para a língua do povo que o perseguia.

Aconteceu que o carcereiro requisitou o travesseiro para o seu próprio uso! Que podia fazer o pobre missioná­rio para readquirir seu tesouro? A esposa então preparou, com grandes sacrifícios, um travesseiro melhor e conseguiu trocá-lo com o do carcereiro. Dessa forma a tradução da Bíblia foi conservada na prisão por quase dois anos; a Bíblia inteira, depois de completada por ele, foi dada, pela primeira vez, aos milhões de habitantes da Birmânia.Em toda a história, desde o tempo dos apóstolos, são poucos os nomes que nos inspiram tanto a esforçarmo-nos pela obra missionária como os nomes desse casal, Ana e Adoniram Judson. Em certa igreja em Malden, subúrbio de Boston, encontra-se uma placa de mármore com a se­guinte inscrição:

Memorial
Rev. Adoniram Judson
Nasceu: 9 - agosto - 1788
Morreu: 12 - abril - 1850
Lugar de seu nascimento: Malden
Lugar de seu sepultamento: o mar
Seu monumento: OS SALVOS DA BIRMÂNIA E A
BÍBLIA BIRMANESA
Seu histórico: nas alturas

Adoniram fora uma criança precoce; sua mãe ensinou-o a ler um capítulo inteiro da Bíblia, antes de ele completar quatro anos de idade.
Seu pai inculcou-lhe o desejo ardente de, em tudo quanto fazia, aproximar-se sempre da perfeição, sobrepon­do-se a qualquer de seus companheiros. Esta foi a norma de toda a sua vida.

O tempo que passou nos estudos foram os anos em que o ateísmo, que teve sua origem na França, se infiltrou no país. O gozo de seus pais, ao saberem que o filho ganhara o primeiro lugar na sua classe, transformou-se em tristeza, quando ele os informou de que não mais acreditava na existência de Deus. O recém-diplomado sabia enfrentar os argumentos de seu pai, que era pastor instruído, e jamais sofrera de tais dúvidas. Contudo as lágrimas e admoestações de sua mãe, depois de o moço sair da casa paterna, es­tavam sempre perante ele.

Não muito depois de "ganhar o mundo", na casa dum tio, encontrou-se com um jovem pregador. Este conversou com ele tão seriamente acerca da sua alma, que Judson fi­cou muito impressionado. Passou o dia seguinte sozinho, em viagem a cavalo. Ao anoitecer, chegou a uma vila onde passou a noite numa pensão. No quarto contíguo ao que ele ocupou, estava um moço moribundo, e Judson não conse­guiu reconciliar o sono durante a noite. - O moribundo seria crente? Estaria preparado para morrer? Talvez fosse "livre pensador", filho de pais piedosos que oravam por ele! O que também o perturbava era a lembrança dos seus companheiros, os alunos agnósticos do colégio de Providence. Como se envergonharia, se os antigos colegas, espe­cialmente o sagaz compadre Ernesto, soubessem o que agora sentia em seu coração!

Ao amanhecer o dia, disseram-lhe que o moço morrera. Em resposta à sua pergunta, foi informado de que o faleci­do era um dos melhores alunos do colégio de Providence, cujo nome era Ernesto!

Judson, ao saber da morte de seu companheiro ateu, fi­cou estupefato. Sem saber como, estava em viagem de vol­ta a casa. Desde então desapareceram todas as suas dúvi­das acerca de Deus e da Bíblia. Soavam-lhe constante­mente aos ouvidos as palavras: "Morto! Perdido! Perdi­do!"

Não muito depois deste acontecimento, dedicou-se so­lenemente a Deus e começou a pregar. Que a sua consagra­ção era profunda e completa ficou provado pela maneira como se aplicou à obra de Deus.
Nesse tempo, Judson escreveu à noiva: "Em tudo que faço, pergunto a mim mesmo: Isto agradará ao Senhor?... Hoje alcancei maior grau do gozo de Deus, tenho sentido grande alegria perante o seu trono".

É assim que Judson nos conta a sua chamada para o serviço missionário: "Foi quando andava num lugar solitá­rio, na floresta, meditando e orando sobre o assunto e qua­se resolvido a abandonar a idéia, que me foi dada a ordem: 'Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatu­ra'. Este assunto foi-me apresentado tão claramente e com tanta força, que resolvi obedecer, apesar dos obstáculos que se apresentaram diante de mim".

Judson, com quatro dos seus colegas, reuniram-se junto a um montão de feno, para orarem e ali solenemente dedi­carem, perante Deus, suas vidas para levar o Evangelho "aos confins da terra". Não havia qualquer junta de mis­sões para os enviar. Contudo, Deus honrou a dedicação dos moços, tocando nos corações dos crentes, para suprirem o dinheiro.Judson foi chamado, então, a ocupar um lugar no corpo docente na universidade de Brown, mas recusou o convite.  Depois foi chamado a pastorear uma das maiores igrejas da América do Norte. Este convite, também, foi rejeitado. Foi grande o desapontamento de seu paí e o choro de sua mãe e irmã ao saberem que Judson se oferecera para a obra de Deus no estrangeiro, onde nunca fora proclamado o Evangelho.

A esposa de Judson mostrou ainda mais heroísmo por­que era a primeira mulher que sairia dos Estados Unidos, como missionária. Com a idade de dezesseis anos, teve a sua primeira experiência religiosa. Vivia tão entregue à vaidade que seus conhecidos receavam o castigo repentino de Deus sobre ela. Então, em certo domingo, enquanto se preparava para o culto, ficou profundamente comovida pe­las palavras: "Aquela que vive nos prazeres, apesar de vi­ver, está morta". Acerca da sua vida transformada, escre­veu-lhe ela mais tarde: "Eu desfrutava dia após dia, a doce comunhão com o bendito Deus; no coração sentia o amor que me ligava aos crentes de todas as denominações; achei as sagradas Escrituras doces ao paladar, senti tão grande sede de conhecer as coisas religiosas que, freqüentemente, passava quase noites inteiras lendo". Todo o ardor que mostrara na vida mundana agora o sentia na obra de Cris­to. Por alguns anos, antes de aceitar a chamada missioná­ria, era professora e se esforçava em ganhar os alunos para Cristo.

Adoniram, depois de despedir-se de seus pais para ini­ciar sua viagem à Índia, foi acompanhado até Boston por seu irmão, Elnatã, moço ainda não-salvo. No caminho, os dois apearam dos seus cavalos, entraram na floresta e lá, de joelhos, Adoniram rogou a Deus que salvasse seu irmão. Quatro dias depois, os dois se separaram para não se verem mais neste mundo. Alguns anos depois, porém, Adoniram teve notícias de que seu irmão recebera também a herança no reino de Deus.

Judson e sua esposa embarcaram para a Índia em 1812, passando quatro meses a bordo do navio. Aproveitando essa oportunidade para estudar, os dois chegaram a com­preender que o batismo bíblico é por imersão, e não por aspersão, como a sua denominação o praticava. Não conside­rando a oposição de seus muitos conhecidos, nem o seu sustento, não vacilaram em informar isso àqueles que os ti­nham enviado. Foram batizados por imersão no porto de desembarque, Calcutá.

Expulsos logo dessa cidade, por causa da situação polí­tica, fugiram de país em país. Por fim, dezessete longos meses depois de partirem da América, chegaram a Ran­gum, na Birmânia. Judson estava quase exausto por causa­dos horrores que sofrera a bordo; sua esposa, estava tão perto da morte que não mais podia caminhar, sendo leva­da para terra em uma padiola.

O império da Birmânia de então era mais bárbaro, e de língua e costumes mais estranhos do que qualquer outro país que os Judson tinham visto. Ao desembarcarem os dois, em resposta às orações feitas durante as longas vigí­lias da noite, foram sustentados por uma fé invencível e pelo amor divino que os levava a sacrificar tudo, para que a gloriosa luz do Evangelho raiasse também nas almas dos habitantes desse país.

Agora, um século depois, podemos ver como o Mestre dirigia seus servos, fechando as portas, durante a prolon­gada viagem, para que não fossem aos lugares que espera­vam e desejavam ir. Hoje pode-se ver claramente que Ran­gum, o porto principal da Birmânia, era justamente o pon­to mais estratégico para iniciar a ofensiva da Igreja de Cristo contra o paganismo no continente asiático.

No difícil estudo do idioma birmanês foi necessário fa­zer o seu próprio dicionário e gramática. Passaram-se cin­co anos e meio antes de fazerem o primeiro culto para o po­vo. No mesmo ano batizaram o primeiro convertido apesar de cientes da ordem do rei de que ninguém podia mudar de crença sem ser condenado à morte.

Ao sair da sua terra para ser missionário, Judson levava uma soma considerável de dinheiro. Essa quantia ele a ga­nhara de seu emprego e parte recebeu-a de ofertas de pa­rentes e amigos. Não só colocou tudo isto aos pés daqueles que dirigiam a obra missionária mas, também, a elevada quantia de cinco mil e duzentos rúpias que o Governador Geral da Índia lhe pagara por seus serviços prestados por ocasião do armistício de Yandabo.

Recusou o emprego de intérprete do governo, com salá­rio elevado, escolhendo antes sofrer as maiores privações e o opróbrio, para ganhar as almas dos pobres birmaneses para Cristo.

Durante onze meses, esteve preso em Ava. (Ava era na­quele tempo a capital da Birmânia.) Passou alguns dias, com mais sessenta outros sentenciados à morte, encerrado em um edifício sem janelas, escuro e quente, abafado e imundo em extremo. Passava o dia com os pés e mãos no tronco. Para passar a noite, o carcereiro enfiava-lhe um bambu entre os pés acorrentados, juntando-o com outros prisioneiros e, por meio de cordas, arribava-os para apenas os ombros descansarem no chão. Além desse sofrimento, tinha de ouvir constantemente gemidos misturados com o falar torpe dos mais endurecidos criminosos da Birmânia. Vendo os outros prisioneiros arrastados para fora para morrer às mãos do carrasco, Judson podia dizer: "Cada dia morro". As cinco cadeias de ferro pesavam tanto, que le­vou as marcas das algemas no corpo até a morte. Certa­mente ele não teria resistido, se a sua fiel esposa não tives­se conseguido permissão do carcereiro para, no escuro da noite, levar-lhe comida e consolá-lo com palavras de espe­rança.
Um dia porém, ela não apareceu; essa ausência durou vinte longos dias. Ao reaparecer, trazia nos braços uma criancinha recém-nascida.

Judson, uma vez liberto da prisão, apressou-se o mais possível a chegar a casa, mas tinha as pernas estropiadas pelo longo tempo que passara no cárcere. Fazia muitos dias que não recebia notícias de sua querida Ana! - Ela ainda vivia? Por fim, encontrou-a, ainda viva, mas com febre, e próximo de morte.

Dessa vez ela ainda se levantou, mas antes de comple­tar 14 anos na Birmânia, faleceu. Comove a alma ao ler a dedicação de Ana Judson ao marido, e a parte que desem­penhou na obra de Deus, e em casa até o dia da sua morte.

Alguns meses depois da morte da esposa de Judson, a sua filha também morreu. Durante os seis longos anos que se seguiram, ele trabalhou sozinho, casando-se, então, com a viúva de outro missionário. A nova esposa, gozando os frutos dos esforços incessantes na Birmânia, mostrou-se tão dedicada ao marido como a primeira.

Judson perseverou durante vinte anos para completar a maior contribuição que se podia fazer à Birmânia, a tradu­ção da Bíblia inteira na própria língua do povo.

Depois de trabalhar constantemente no campo estran­geiro durante trinta e dois anos, para salvar a vida da espo­sa, embarcou com ela e três dos filhos, de volta à América, sua terra natal. Porém, em vez de ela melhorar da doença que sofria, como se esperava, morreu durante a viagem, sendo enterrada em Santa Helena, onde o navio aportou.

- Quem poderá descrever o que Judson sentiu ao de­sembarcar nos Estados Unidos, quarenta e cinco dias de­pois da morte da sua querida esposa?! Ele, que estivera au­sente durante tantos anos da sua terra, sentia-se agora per­turbado acerca da hospedagem nas cidades de seu país. Surpreendeu-se, depois de desembarcar, ao verificar que todas as casas se abriam para recebê-lo. Seu nome tornara-se conhecido de todos. Grandes multidões afluíam para ouvi-lo pregar. Porém, depois de passar trinta e dois anos ausente na Birmânia, naturalmente, sentia-se como se es­tivesse entre estrangeiros, e não queria levantar-se diante do público para falar na língua materna. Também sofria dos pulmões e era necessário que outrem repetisse para o povo o que ele apenas podia dizer balbuciando.

Conta-se que, certo dia, num trem, entrou um vende­dor de jornais. Judson aceitou um e, distraído, começou a lê-lo; o passageiro ao lado chamou-o a atenção, dizendo que o rapaz ainda esperava o níquel pelo jornal. Olhando para o vendedor, pediu desculpas, pois pensara que ofere­cessem o jornal de graça, visto que ele estava acostumado a distribuir muita literatura na Birmânia sem cobrar um centavo, durante muitos anos.

Passara apenas oito meses entre seus patrícios, quando se casou de novo e embarcou pela segunda vez para a Bir­mânia. Continuou a sua obra naquele país, sem cansar, até alcançar a idade de sessenta e um anos. Judson foi, então, chamado a estar com o seu Mestre enquanto viajava longe da família. Conforme o seu desejo, foi sepultado em alto mar.

Adoniram Judson costumava passar muito tempo orando de madrugada e de noite. Diz-se que gozava da mais íntima comunhão com Deus enquanto caminhava apressadamente. Os filhos, ao ouvirem seus passos firmes e resolutos dentro do quarto, sabiam que seu pai estava le­vando suas orações ao trono da graça. Seu conselho era: "Planeja os teus negócios se for possível, para passares duas a três horas, todos os dias, não só em adoração a Deus, mas orando em secreto".

Sua esposa conta que, durante a sua última doença, antes de falecer, ela leu para ele a notícia de certo jornal, acerca da conversão de alguns judeus na Palestina, justa­mente onde Judson queria trabalhar antes de ir à Birmâ­nia. Esses judeus, depois de lerem a história dos sofrimen­tos de Judson na prisão de Ava, foram inspirados a pedir, também, um missionário e assim iniciou-se uma grande obra entre eles.

Ao ouvir isto, os olhos de Judson se encheram de lágri­mas, tendo o semblante solene e a glória dos céus estampa­da no rosto, tomou a mão de sua esposa dizendo: "Queri­da, isto me espanta. Não compreendo. Refiro-me à notícia que leste. Nunca orei sinceramente por uma coisa sem a receber; recebi-a apesar de demorada, de alguma maneira, e talvez numa forma que não esperava, mas a recebi. Con­tudo, sobre este assunto eu tinha tão pouca fé! Que Deus me perdoe e, enquanto na sua graça quiser me usar como seu instrumento, limpe toda a incredulidade de meu cora­ção".

Nesta história, nota-se outro fato glorioso: Deus não só concede frutos pelos esforços dos seus servos, mas, tam­bém, pelos seus sofrimentos. Por muitos anos, até pouco antes da sua morte, Judson considerava os longos meses de horrores da prisão em Ava, como inteiramente perdidos à obra missionária.

No começo do trabalho na Birmânia, Judson concebeu a idéia de evangelizar, por fim, todo o país. A sua maior es­perança era ver durante a sua vida, uma igreja de cem birmaneses salvos e a Bíblia impressa na língua desse país.No ano da sua morte, porém, havia sessenta e três igrejas e mais de sete mil batizados, sendo os trabalhos dirigidos por cento e sessenta e três missionários, pastores e auxilia­res. As horas que passou diariamente suplicando ao Deus que dá mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, não foram perdidas.

Durante os últimos dias da sua vida fazia menção, mui­tas vezes, do amor de Cristo. Com os olhos iluminados e as lágrimas correndo-lhe pelas faces, exclamava: "Oh! o amor de Cristo! O maravilhoso amor de Cristo, a bendita obra do amor de Cristo!" Certa ocasião ele disse: "Tive tais visões do amor condescendente de Cristo e da glória do Céu, que, creio, quase nunca são concedidas aos homens. Oh! o amor de Cristo! É o mistério da inspiração da vida e a fonte da felicidade nos céus. Oh! o amor de Jesus! Não o podemos compreender agora, mas quão grande será em toda a eternidade!

Acrescentamos o último parágrafo da biografia de Ado­niram Judson escrita por um dos seus filhos. Quem pode lê-lo sem sentir o Espírito Santo o animar a tomar parte ativa e definida em levar o Evangelho a um dos muitos lu­gares sem o Evangelho?

Até aquele dia, quando todo o joelho se dobrará perante o Senhor Jesus, os corações crentes serão movidos aos maiores esforços, pela lembrança de Ana Judson, enterra­da debaixo do hopiá (uma árvore) na Birmânia; de Sara Judson, cujo corpo descansa na ilha pedregosa de Santa Helena e de Adoniram Judson, sepultado nas águas do oceano Índico.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

As sete taças da ira de Deus  - Apocalipse 16.




Introdução:  As sete taças do apocalipse tem conexão com as pragas enviadas por Deus nos dias de Moisés e reforça a ênfase de João sobre o culto,  pois os egípcios estavam determinados a evitar o povo de Israel adorar a Deus.  A tarefa de Moises era formar um povo que adorasse ao Senhor. Falas de Moisés diante do Faraó: “Deixe o meu povo ir para celebrar-me uma festa  no deserto....” “...permite-nos caminhar três dias no deserto, para oferecer sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus” (Ex. 5:1,3). Faraó pecou ao impedir. As pragas de julgamento aconteceram por esse único motivo. O pior inimigo externo que o povo da fé enfrenta é a obstrução à adoração. O pior inimigo interno que o povo de Deus enfrenta é a subversão da adoração.

As sete trombetas do apocalipse:
(1) Enxofre, fogo e sangue que seca uma terça parte das árvores e o
pasto (Apocalipse 8:7).
(2) A montanha chamejante que é lançada no mar, fazendo que uma
terça parte de este se converta em sangue. (8:8).
(3) A queda da estrela no mar chamada Absinto, que envenena e
torna amargas as águas (8:10-11).
(4) A eliminação de uma terça parte do Sol, da Lua e das estrelas,
que produzem grandes trevas em toda a Terra (8:12).
(5) A vinda da estrela que abre as portas do abismo, de onde saem
fumaça e os terríveis gafanhotos demoníacos (9: 1-12).
(6) São soltos os quatro anjos que estão encadeados no Eufrates, o
qual produz a vinda, do este, da cavalaria demoníaca (9:13-21).
(7) O anúncio da vitória final de Deus e da rebelião das nações
contra Ele (11:15).

Diferenças entre as trombetas e as taças da ira de Deus

·        Enquanto as trombetas eram alertas de Deus ao mundo ímpio, as taças falam da ira consumada de Deus.

·        Nas trombetas de Deus a ira de Deus estava misturada com a misericórdia, mas nas taças vemos a ira de Deus sem mistura.

·        Enquanto as trombetas atingem primeiramente o ambiente onde vive o homem, as atacas atingem desde o inicio os homens.

·        Enquanto as trombetas causam tribulações parciais, objetivando trazer ao arrependimento os impenitentes, as taças mostram que a oportunidade de arrependimento está esgotada.

·        As trombetas atingem apenas um terço da natureza e dos homens, as taças trazem uma destruição completa.

·        A humanidade está dividida entre os selados de Deus e os selados da besta, entre os seguidores do Cordeiro e os seguidores do dragão, entre os que estão diante do trono e aqueles que serão atormentados eternamente.

1)    A primeira taça: a terra é atacada (Ap. 16.1-2).
·        Todos aqueles que não têm o selo de Deus, são marcados pela besta. Não há meio termo. Quem não é por Cristo, é contra ele. Não há neutralidade em relação a Deus.  No tempo do fim a religião não será algo nominal: todo mundo terá de declarar lealdade a Cristo ou ao anticristo. As ulceras atingiram os adoradores da besta.

2)    A segunda taça: o mar é atacado (Ap. 16.3).
·        Se na primeira taça temos o tormento dos homens, agora temos a destruição completa. O mar se torna em sangue. A destruição não é apenas parcial, mas total. A vida acaba-se no mar, todas as criaturas do mar morrem.

3)    A terceira taça: os rios são atacados (Ap. 16:4-7).
·        A última aparição do altar foi no quinto selo (Ap. 6:9-10), quando as almas dos santos clamavam debaixo do altar pela vindicação da justiça divina. A primeira parte da resposta de Deus àquela oração foi enviar, no lugar de punição, uma advertência com as trombetas. Mas, agora, a sua reposta se completa literalmente com uma vingança.  O julgamento dos que martirizaram os santos corresponde ao mal que fizeram. Recebem somente o que merecem.

4)    A quarta taça: o céu é atacado (Ap. 16:8-9).
·        Os pecados que não se arrependeram quando o sol escureceu são agora punidos mediante a intensificação do calor do sol. O escurecimento do sol eles podiam perceber e ignorar; quanto ao calor do sol, nada podem fazer a não ser senti-lo.
·        Mesmo assim as pessoas atingidas não reconhecem tratar de uma ação divina, mas seus corações são tão endurecidos que ao invés de caírem de joelhos diante de Deus, eles blasfemam o nome de Deus e se recusam ao arrependimento (v.9).

5)    A quinta taça: o tormento (Ap. 16.10-11).
·        O trono da besta (Ap. 2:13) é o maior golpe de Satanás. Ele invadiu toda a estrutura da sociedade humana, fazendo uma sociedade sem Deus. O reino da besta está em oposição ao reino de Cristo.
·        Os seguidores da besta sofrerão, mas não calados; eles blasfemarão. Os ímpios não são transformados por meio do sofrimento, ao contrário, se fazem mais iníquos. Eles preferem morder a língua a gritar: nós pecamos! Quanto mais severos os juízos, tanto mais duros os corações.

6)    A sexta taça: a destruição (Ap. 16:12-16).

·        Apocalipse 16.12 fala que as águas do rio Eufrates secaram, abrindo o caminho para a invasão do inimigo.

·        Os versículos 13-14 nos informam sobre a tríade do mal: o dragão, a besta e o falso profeta no seu esforço de seduzir e ajuntar reis da terra contra o Senhor.  Esses espíritos imundos representam idéias, planos, projetos, métodos satânicos introduzidos dentro da esfera do pensamento e ação. Essa batalha das nações contra Cristo e Sua igreja é de inspiração satânica.

·        Apocalipse 16.15 nos fala que a derrota final do inimigo será manifestada na volta inesperada e gloriosa de Cristo. A segunda vinda será repentina e inesperada. Quando João diz que Jesus vem como ladrão, a idéia não é de astucia nem de surpresa mas que não é esperada.

·        Apocalipse 16.16 nos fala do Armagedom: lugar de muitas batalhas decisivas em Israel. Armagedom  é um símbolo, mais do que um lugar. Fala da batalha final, da vitória final, quando Cristo virá em glória e triunfará sobre todos os seus inimigos.

Conclusão: A sétima taça: o mundo não mais existe (Ap. 16.17-21).

·        O derramamento da sétima taça remove o tempo e a história e os substitui pela eternidade. Quando aquele dia vier, não somente as ilhas e as montanhas da terra criadas por Deus que desaparecerão, mas as cidades, a civilização, que são a conquista do orgulho humano.

·        Apocalipse 16:21: “... os homens blasfemaram de Deus...” Uma das verdades mais tremendas é que nem Deus, com todo seu poder, pode tomar de assalto a cidadela do coração humano, porque o próprio Deus deu aos homens a terrível responsabilidade de ser capazes de fechar seus corações.










terça-feira, 13 de agosto de 2013

O cântico dos vencedores e a glória inacessível dos remidos. Ap.  15.



Introdução:

§  Nos capítulos 1 a 3, vimos que por meio da pregação da Palavra, aplicada ao coração pelo Espírito Santo, igrejas são estabelecidas.

§  Nos capítulos 4 a 7 vimos que o povo de Deus é perseguido repetidas vezes pelo mundo, e exposto a muitas provas e aflições. São a abertura dos sete selos.

§  Nos capítulos 8 a 11 os juízos de Deus visitam repetidas vezes o mundo perseguidor, mas este não se arrepende de seus pecados. São as sete trombetas da ira de Deus.

§  Nos capítulos 12 a 14 vimos que este conflito entre a igreja e o mundo torna-se mais intenso, mostrando um combate entre Cristo e Satanás, entre a semente da mulher e o dragão.

§  Agora, nos capítulos 15 e 16 surge uma pergunta: quando na história, as trombetas do juízo, as pragas iniciais, não conduzem os homens ao arrependimento e conversão, o que lhes sucede?

§  A resposta é: quando os ímpios não se arrependem com as trombetas do aviso de Deus, segue a efusão final da ira, ainda que não completa até  o dia do juízo. Essas taças da ira são as ultimas. Não há mais tempo para arrependimento (Pv. 29.1).

1)    O cântico dos vencedores.
§  Vemos sete anjos preparados para derramar sobre o mundo as sete taças da sua ira consumada (Ap. 15). Sete é o numero da perfeição. Eles trazem os últimos flagelos para os ímpios.

§  Onde está esse mar de vidro? Diante do trono, no céu (Ap. 4:6). A igreja está no céu, na glória (Rm 6:4).

§  Quem é essa multidão? Os vencedores da besta. Eles venceram a besta sendo mortos por ela (Ap. 14:13). Se tivessem conservado a vida e sido infiéis na fé teriam sido derrotados. Assim, os vencedores da besta são aqueles que amaram mais o Senhor do que suas próprias vidas.

§  O que essa multidão está fazendo? Ela está com harpas de Deus, entoando um hino de glória ao Senhor, o Deus Todo-Poderoso (Ap. 5.8). Essa musica é o mesmo novo cântico que ninguém podia aprender, senão os 144.000 (Ap. 14.3). No céu há muita musica. O cântico do cordeiro e o cântico de Moises (Ex. 15:1-19).

§  O cântico dos mártires compõem-se de citações do Antigo Testamento: Grandes e admiráveis são as tuas obras... (Salmo 92:5; Salmo 111:2; Salmo 98:1; Salmo 139:14); Justos e verdadeiros são os teus caminhos... (Salmo 145:17); Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? (Salmo 86:9); Pois só tu és santo... (1 Samuel 2:2, Salmo 22:3; Salmo 111:9); Todas as nações virão e adorarão diante de ti... (Salmo 86:9). Os teus juízos foram manifestos... (Salmo 98:2).

§  Quais as características do cântico vitorioso dos remidos? Os mártires não cantam sobre si mesmos e como venceram a besta. Antes, eles estão totalmente concentrados em glorificar a Deus. O céu é o lugar onde os homens são capazes de esquecerem de si mesmos, de seus títulos, conquistas e vitórias e recordar somente a Deus.

§  Como é esse cântico dos remidos? 1)Ele exalta a pessoa de Deus. Deus é o Senhor Todo-Poderoso (Ap. 15:3). O diabo é poderoso, mas só Deus é o Senhor Todo-Poderoso. 2) Esse cântico exalta as obras de Deus. Elas são grandes e admiráveis. Ele é quem redime o seu povo e quem castiga os ímpios. 3) esse cântico exalta os caminhos de Deus. Eles são justos e verdadeiros. 4) Esse cântico exalta o triunfo final de Deus. Todas as nações virão e adorarão diante dEle (Ap. 15.4; Fl 2:8-11).

Conclusão:
§  João vê o que chama de Tabernáculo do testemunho. O Tabernáculo do testemunho é um nome que encontramos várias vezes no Antigo Testamento para referir-se ao Tabernáculo ou tenda que Israel construiu no deserto (Números 9:15, 17:7, 18:12). É deste Tabernáculo que saem os sete anjos vingadores. No lugar Santo estava a arca da Aliança, um arca ou baú onde se guardavam as Tábuas da Lei, a essência dos mandamentos que Deus tinha dado ao povo de Israel no deserto. Em outras palavras, estes anjos saem do lugar onde descansa a Lei de Deus. Saem, portanto, para demonstrar como funciona essa lei.

§  As vestimentas dos anjos simbolizam três coisas: 1) essas vestes eram peculiares dos sacerdotes. Esses anjos vêem ao mundo como representantes da ira vingadora de Deus. 2) Essas vestes eram peculiares dos reis. Estes anjos descem sobre os homens com o poder do Rei dos reis da Terra. 3) essas vestes eram peculiares dos habitantes do céu. Os anjos são habitantes do céu que vem à terra para executar os decretos de Deus.

§  Os anjos saem do santuário cheio da fumaça inacessível da glória de Deus (Ap. 15.8). Quando o Tabernáculo ficou pronto no deserto, a glória de Deus o encheu (Ex 40:34-35). Quando o templo de Salomão foi consagrado, a glória de Deus o encheu (1 Rs 8:10-11)e os sacerdotes não puderam entrar. Isaias ficou ciente de sua pecaminosidade (Is 6:4).