terça-feira, 29 de agosto de 2023

 O chamado do profeta Ezequiel – Ez 2 

Introdução

Ezequiel, era filho de Buzi, o sacerdote e fora levado ao exilio na Babilônia, junto com dez mil cidadãos de Judá. Quando estava com 30 anos, idade da maturidade, do chamado para ser sacerdote, estava as margens do rio quebar. E de repente veio uma “terrível tempestade...vindo do Norte...com relâmpagos e raios intensos, carcada por uma fonte luz brilhante”, no meio da tempestade ele viu quatro seres viventes – querubins – com quatro rostos: homem, leão, boi e águia e quatro asas cada um. 

Junto aos seres viventes, ele viu rodas “que reluziam como berilo e seus aros estavam cheias de olhos”. As rodas obedeciam aos movimentos dos seres viventes e os seres viventes obedeciam ao movimento do Espirito de Deus. E, por cima de tudo, havia um trono que parecia de safira e sentado nele “uma figura que parecia homem”, que reluzia, resplandecia como fogo. Diz Ezequiel: “...quando vi, dobrei-me com o rosto em terra”, ou “...coloquei o rosto no pó...”. Todo seu corpo tremia, a tal ponto que não conseguia ficar em pé, diante da gloria de Deus. 

A “glória” mencionada no v.28 aparece em pontos chave do livro e em locais diferentes. Aparece na Babilônia junto ao rio Quebar, depois aparece no templo em Jerusalém. E, ainda, o profeta registra: “A mão do Senhor esteve ali sobre mim, e ele me disse: Levante-se e vá para planície, e lá falarei com você. Então me levantei e fui para a planície. E lá estava a glória do Senhor, glória como a que eu tinha visto junto ao rio Quebar. Dobrei-me, rosto em terra” (Ez 3.22-23 NVI).

Em João capitulo 4, Jesus falava com a mulher samaritana e no meio da conversa ela disse: “Porque os judeus insistem que Jerusalém o único lugar de adoração, enquanto que nós, os samaritanos...monte Gerizim...”. Mas Jesus vai lhe diz que a glória de Deus, que a presença de Deus não está limitada a um local: “...os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espirito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. Pois Deus é Espirito, é necessário que seus adoradores o adorem em Espirito e em verdade” (Jo 4.20,23-24). 

1)     “...O Espirito entrou em mim...”

Ezequiel estava de joelhos com o rosto em pó “Ora, põe o teu rosto rente ao pó da terra...talvez ainda haja esperança” (Lm 3.29).

O impacto da visão lhe afetou profundamente, todo o seu corpo foi atingindo pela gloria de Deus. Portanto, é impossível termos uma experiência com Deus e ficarmos do mesmo jeito, sem nenhuma mudança de vida. Então continua o profeta: “...e ouvi a voz de alguém falando” (v.28). E o que disse a voz? “...filho do homem, fique de pé, pois eu vou falar com você. Enquanto ele falava, o Espirito entrou em mim e me pôs de pé, e ouvi aquele que me falava” (Ez 2.1). 

“Filho do homem” A expressão hebraica “Ben-Adam”, “filho do homem”, é utilizada por mais de 90 vezes em Ezequiel, e tem o sentido de “Tu que nasceste da carne frágil e foste instruído com as ideias humanas”

Ezequiel recebeu unção divina. O poder celestial tomou conta do profeta; sua mente foi radicalmente mudada e elevada; sua mensagem tornou-se poderosa. O homem humilde tornou-se um leão de Deus. Ele recebeu poderes especiais e coragem que não tinha antes...Em Jerusalém depois da ascensão de Jesus, os apóstolos estavam no cenáculo tímidos, até que o Espirito Santo desceu sobre os apóstolos e se tornaram testemunhas de Cristo em todos os lugares.... 

2)     profetiza

Primeiro, eu te envio aos filhos de Israel, uma nação rebelde. “Filho do homem, vou enviá-lo aos israelitas, nação rebelde que se revoltou contra mim...” (Ez 2.3). “...eles são um caso difícil, o povo a quem estou enviando você está calejado por seus pecados” (A mensagem). Isto é, esse povo virou as costas para Deus, vivem a vida do jeito deles, sem nenhum compromisso com Deus. 

Segundo os filhos são de duro semblante e obstinado de coração. “O povo a quem vou enviá-lo é obstinado de coração” (Ez 2.4). Esse versículo fala do coração duro e obstinado do povo. Ou seja, esse povo rebelde e obstinado reagirá à sua mensagem de maneira agressiva, dolorosa e venenosa. O versículo termina: “Assim diz o Soberano, o Senhor”, isto é, Adonai-Yahweh, o nome que Ezequiel mais empregou, 217 vezes. Ele é o Senhor Eterno Deus, o Soberano Eterno. 

Terceiro, “Quer eles ouçam quer não...hão de saber que esteve no meio deles um profeta” (Ez 2.5). Ezequiel foi chamado para ser profeta. O que é ser profeta? O profeta leva as pessoas a conhecer a Deus; quem ele é, suas características, palavras e ações. O profeta suscita nossa ira ao rejeitar nossos eufemismos (tornar um pecado mais brando, agradável), revelar nossos disfarces, hipocrisias; trazendo a tona nossos pecados escondidos e egoístas. 

Quarto, não tema...ainda que haja sarças e espinhos para contigo. “Não tema, ainda que suas ameaças o cerquem com urtigas, espinhos e escorpiões” (Ez 2.6 NVT). Pregar aos israelitas seria como habitar entre escorpiões e ser cercado de espinhos. Entre esses “escorpiões e espinhos” haveria gente insensível à santidade de Deus, incomodada pela mensagem do profeta e muitos falsos profetas. A tarefa seria difícil, mas tinha que ser executada, senão o profeta ficaria tão desobediente como seus ouvintes “Não seja rebelde como como eles. Abra a sua boca...” (Ez 2.8).

3)     abra a boca e coma o que vou lhe dar

Abre a boca e come. O profeta recebeu ordem de comer o rolo e obedeceu a Palavra de Deus, em constaste com o povo rebelde. As ordens: tome; leia; coma; assimile. Fale. O profeta era instrumento de comunicação, a voz de Deus, não o inventor daquilo que estava escrito. 

Paulo diz a Timóteo: “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). O Salmo 119 aconselha: “Como pode o jovem viver uma vida pura? Seguindo cuidadosamente o mapa da tua palavra. Estou decidido na tua procura; não permitas que eu passe sem ver as placas que puseste no caminho. Guardei tuas promessas na caixa-forte do meu coração, para que eu não vá à falência” (Sl 119.9,10).

 Em apocalipse 10, João viu um anjo que estava em pé entre o mar e a terra e em sua mão havia um livro. E uma voz do céu lhe disse: “Pegue-o e coma-o” (Ap 10.9). “Vá, pegue o livro (Biblion) aberto que está na mão do anjo”. Ele conta o que aconteceu a seguir: “...me aproximei do anjo e lhe pedi que me desse o livrinho” (Ap 10.10).  “Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi. Em minha boca, era doce como mel, mas, quando o engoli, tornou-se amargo em meu estômago” (Ap 10.10). 

Diz o texto de Ezequiel: “Então olhei, e vi a mão de alguém estendida para mim. Nela estava o rolo de um livro, que ele desenrolou diante de mim. Em ambos os lados do rolo estavam escritas palavras de lamento, pranto e ais” (Ez 2.9). O juízo viria sobre Jerusalém, a Babilônia iria massacrar Judá, e um pequeno numero de pessoas terminaria cativo naquele lugar miserável.

Conclusão

Nos versículos iniciais do capitulo três nos diz:  “A voz me disse: "Filho do homem, coma o que lhe dou. Coma este rolo! Depois, vá e fale ao povo de Israel".  Então abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer.  "Filho do homem, encha seu estômago com ele", disse a voz. Quando comi, o sabor era doce como mel em minha boca.  Em seguida, ele disse: "Filho do homem, vá ao povo de Israel e transmita-lhe minhas mensagens” (Ez 3.1-4). Algumas lições podemos aprender lendo esses capítulos iniciais do profeta Ezequiel:

Primeiro, Ezequiel se colocou diante de Deus. Aceitou o chamado que Deus lhe dera, não titubeou, não justificou, não falou da sua incapacidade, não pensou duas vezes, não saiu pela tangente, não pegou navio para Tarsis...

Segundo Ele comeu da Palavra de Deus “encheu o estomago” e quando comeu a palavra “era doce como mel”. Vale a pena gastar tempo para meditar, para ler, para ruminar a palavra de Deus...

Terceiro, mesmo nos momentos mais difíceis das nossas vidas, quando você serve um Deus soberano, sempre há esperança. Ezequiel poderia focar somente nas derrotas e fracassos do seu povo. Mas, também ele profetizou que o seu povo seria restaurado novamente a sua terra. 


  

terça-feira, 22 de agosto de 2023

 Ezequiel e as visões de Deus – Ez 1 

Introdução

Quem era Ezequiel? Primeiro, era filho do sacerdote Buzi (Ez 1.3). Logo, era também sacerdote, seu sacerdócio começaria aos trinta anos de idade (Nm 4.3). Portanto, sua infância, adolescência aconteceram ao redor do Templo construído por Salomão. Ali, Ezequiel conviveu com as pessoas que frequentavam assiduamente o templo; frequentou os átrios exteriores e recebeu treinamento educação nas adjacências do templo. Ele estava familiarizado com as liturgias do templo e com os detalhes de construção do templo.

1)     Circunstancias

Em seu período de infância e juventude ouviu as primeiras mensagens do profeta Jeremias ao seu povo, principalmente aquela que condena o templo do Senhor: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este” (Jr 7.4).  Mas, acompanhou e celebrou a pascoa na época do rei Josias, um rei piedoso. Ouviu sobre a queda de Ninive (612 a.c), trazendo esperança para o seu povo.

Viu quando o rei Josias saiu com seu exercito para Megido, com o intuito de bloquear a passagem do Egito para o Norte (2 Rs 23.28-30). No entanto, o rei Josias foi atingido por um arqueiro e morreu no meio da peleja. Ezequiel acompanhou o luto, a desesperança se abateu sobre o povo “Todo o reino de Judá ...choraram a sua morte...Jeremias compôs uma lamentação sobre Josias...”(2 Rs 23.25). 

Os funerais de Josias, a coroação de Jeocaz e seu cativeiro e a coroação de Jeoaquim, fantoche do Egito, isso ocorreu em menos de três meses. Depois veio a Babilônia, em 605 a.C, deportou dez mil cidadãos de Judá, o profeta Ezequiel estava entre os cativos – na época da deportação com 25 anos de idade e foram levados à Babilônia.

2)    Chamada

“Ora aconteceu no trigésimo ano, no quarto do mês, no dia quinto do mês”, ou “Certo dia, no quinto dia do quarto mês do trigésimo ano” (Viva) (Ez 1.1). Ezequiel estava com trinta anos de idade, era a idade da maturidade para todo o serviço importante (Lc 3.23).  Todo sacerdote começava oficiar no templo com 30 anos. No entanto, longe do templo, longe de Jerusalém, não poderia exercer o sacerdócio, então recebeu a missão de ser profeta de Deus no meio dos exilados. Deus nos chama de forma variada: Samuel foi chamado ainda menino; Davi está com seus 17 anos de idade; Abraão com 75 anos,  Moisés com 80 anos e ... você, ouviu a voz de Deus lhe chamando? 

“...estando eu no meio dos cativos, junto ao rio quebar”. Quebar era um grande canal do rio Eufrates. Quebar era um grande canal do Eufrates, que levava água para Babilônia e irrigava toda parte Oriental. Ficava próximo da cidade de Nipur, no sul da Babilônia, o conhecido local de oração dos exilados “Junto aos rios da Babilônia sentamo-nos a chorar, com saudade de Sião” (Sl 137.1) Era um local de reunião de adoração, de oração... e ali Deus chamou Ezequiel. Lugares: Monte Sinai, arando com juntas de bois, pastoreando as ovelhas, pescando, coletoria de impostos...

“Então olhei e contemplei uma terrível tempestade que se aproximava vindo do Norte: uma nuvem enorme, com relâmpagos e raios intensos, cercada por forte luz brilhante. O centro do fogo parecia metal reluzente” (Ez 1.4). Em apocalipse, diante da visão do trono de Deus, João assim descreve: “Do trono emanavam relâmpagos, vozes e trovões...” (Ap 4.5). Tudo apresenta movimento, luz em ação “relâmpagos e faíscas”. O nosso Deus não é um se parado. Deus, portanto, não é estático, uma atividade pulsante...O Espirito dinamiza e coordena tudo. 

Também vê “Do centro da nuvem surgiram quatro seres viventes...tinha quatro faces e quatro asas...as asas de cada um dos seres tocavam as asas dos seres ao lado...cada um dos quatro seres tinha rosto humano na frente, rosto de leão à direita, rosto de boi à esquerda e rosto de águia atrás ... deslocavam-se em qualquer direção que o Espirito indicava e moviam-se para frente, sem se virar” (Ez 1.5-12). Em Apocalipse “os seres viventes aparecem novamente” (Ap 4.6). Simbolizam aspectos da criação de Deus. Na adoração a Deus todos os sinais de vida se manifestam em louvor ao criador. Toda igreja em sua multiforme adora e exalta o criador do universo. 

Na adoração todos os sinais de vida, impulsos rumo à santidade, toques de beleza e centelhas de vitalidade e patriarcas hebreus, apóstolos cristãos, animais selvagens, gado doméstico, seres humanos e pássaros altaneiros – se colocam em volta do trono que pulsa com luz e mostram o que cada criatura tem de melhor.

E o que mais ele vê? “Esses seres viventes pareciam carvão aceso; eram como tochas. O fogo ia de um lado para o outro entre os seres viventes, e do fogo saiam relâmpagos e faíscas...vi uma roda ao lado de cada um deles, diante dos seus quatro rostos...reluziam como berilo...seus aros estavam cheios de olhos...quando os seres viventes se moviam, as rodas ao seu lado se moviam...para onde quer que o Espirito fosses, os seres viventes iam e as rodas os seguiam, porque o mesmo Espirito estava nelas” (Ez 1.13-21). 

O trono de Deus é um Pentecoste, uma chamada ardente constante “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará” (Lv 6.12),  é um carvão aceso.  Como exortou Paulo a Timoteo: “Reavivas o dom de Deus que há em ti” (2 Tm 1.6). A roda fala da unidade do corpo de Cristo, quando uma igreja tem unidade, a roda é de berilo ( a igreja é luz) a igreja caminha, ganha almas, o reino cresce, se expande. Há coerência entre os seres viventes e a o movimentar das rodas ...é o Espirito que guia, é o Espirito que move...o mesmo Espirito está dentro de nós”.

E, por cima dos querubins “havia o que parecia um trono de safira e, bem alto, sobre o trono, havia uma figura que parecia um homem. Vi que a parte de cima do que parecia ser a cintura dele, parecia metal brilhante, como que cheia de fogo, e a parte de baixo parecia fogo; e uma luz brilhante o cercava...tal como a aparência do arco-iris ...assim era o resplendor ao seu redor”. 

O rei da Babilônia se assustou quando viu:  “Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.  Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus” (Dn 3.24-25). 

O profeta Daniel caiu em grande temor quando viu: “E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho...o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz de suas palavras era como a voz de uma multidão” (Dn 10.5-6).

E o apostolo Paulo quando se encontrou com Cristo?  “Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu.   E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues” (At. 22.6-8)

E, João na ilha de Patmos? Estava na ilha por causa da perseguição de Domiciano, uma ilha deserta. Mas, ali, naquele ambiente desértico, sem vida, o apostolo também viu o filho de Deus glorificado: ¹³ E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. ¹⁴ E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; ¹⁵ E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. ¹⁶ E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. ¹⁷ E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; ¹⁸ E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.  Apocalipse 1:13-18 

Conclusão

Diz Ezequiel: “Quando vi, dobrei-me com o rosto em terra...”, ou “aquilo metia medo”. A palavra medo ou temor, inclui todas as emoções que surgem quando se fica apavorado, desorientado, incapacidade de saber o que vai acontecer em seguida e a constatação de que existe algo mais que não pensávamos existir.

O TEMOR DO SENHOR É O QUE NOS IMPEDE DE PENSAR QUE SABEMOS TODAS AS COISAS. E, PORTANTO, IMPEDE QUE FECHEMOS NOSSA MENTE E NOSSA CAPACIDADE DE PERCEBER O QUE É NOVO. O TEMOR DO SENHOR NOS IMPEDE QUE NOS COMPORTEMOS COM ARROGANCIA, DESTRUINDO OU VIOLANDO ALGUM ASPECTO DO QUE É BELO, VERDADEIRO OU BOM E QUE NOS PASSA DESPERCEBIDO OU FICA ASSIM DA NOSSA CAPACIDADE DE COMPREENSÃO.

O temor do Senhor é o medo sem o elemento do pavor. Temos sempre essa palavra: “Não temas”. Esse “Não temas” não é alguma coisa que acarreta ausência de medo, mas ele transforma o medo em temor do Senhor. Daniel teve a mesma reação (Dn 10.7-9), Isaias (6) e também João (Ap 1.17). 

 

 Apesar de tudo, há esperança Ez 1.1-2 

Introdução

No ano de 605 os Babilônicos tomaram Jerusalém e, Ezequiel, fora deportado, juntamente com Daniel e seus amigos, para a cidade da Babilônia.

O profeta Ezequiel viveu sua infância e juventude nesses anos conturbados, de guerra, de corrupção da nação de Israel. Portanto, era um homem marcado pelo sofrimento.

Ele viu reis tombarem. Viu a babilônia chegar e conquistar seu país. Depois, tornou-se cativo aos trinta anos de idade. Foi levada para a Babilônia.

Ezequiel era um homem casado, quando foi pro cativeiro. Mas que perdeu a sua esposa de repente na Babilônia: “Filho do homem com um só golpe tirarei de você seu tesouro mais precioso” (Ez 24.16). Além de perder sua esposa, o profeta não podia mostrar tristeza, nem lagrimas...nem sofrimento, deveria sofrer em silencio (V.17).

1)     Chamado

Não obstante, todo sofrimento: exilio na Babilônia, morte de sua queria esposa...a mão de Deus estava sobre ele (Ez 1.3). O Senhor apareceu a Ezequiel junto ao rio Quebar. Ele viu querubins de Deus e também viu o filho de Deus “...semelhante a um homem. Da cintura para cima, tinha uma aparência de âmbar reluzente que cintilava como fogo, e, da cintura para baixo, parecia uma chama ardente que brilhava como esplendor...estava rodeado por um aro luminoso, como Arco-íris. Essa era a aparência da gloria do Senhor para mim” (Ez 1.26-28). 

Levante-se, filho do homem, quero falar com você” (Ez 2.1). “Enquanto ele falava, o Espirito entrou em mim e me pôs de pé, e eu ouvi suas palavras com atenção” (Ez 2.1-2).

Ezequiel não se esquivou do chamado de Deus. Moisés tentou justificar que não era capaz porque era gago; Jeremias disse que não passava de uma criança. Mas, ele se deixou usar pelo Senhor; ele se colocou na brecha, dentro da vontade de Deus.

E O Senhor falou com ele e, depois, por meio dele. Deus coloca a mão sobre a vida de alguém, fala a essa vida e, então, fala por meio dessa vida.

Há esperança quando nos voltamos para a gloria de Deus. Muitos que estavam no cativeiro não tinham motivo para sorrir e nenhuma razão para ter esperança, mas quando ouviram Ezequiel foram lembrados de que Deus está vivo, e de que está em ação e de que sua gloria está aqui; a despeito das circunstancias.

Conclusão

Primeiro, a mão de Deus está sobre que quer causar impacto, que Deixar a palavra de Deus inundar seu coração e a mensagem flui através dele...

Segundo o sofrimento nos ajuda a manter a perseverança, a fé viva, nos amadurece, nos faz crescer. O sofrimento em alguns pode desvanecer, desanimar, mas para muitos, o sofrimento causa paciência...resiliência, robustez...

Terceiro é acreditar que nada é impossível para Deus – nem mesmo fazer que um vale de ossos secos ganhe vida (Ez 37).

“Filho do homem poderão reviver esses ossos?” Ezequiel, respondeu: Senhor Deus, tu o sabes”. Se Deus quer, nada pode impedir. Se Deus quer ressuscitar dos mortos, será ressuscitado. Se Deus quer, o cego vê. Se Deus quer o paralitico anda. Se Deus quer o leproso é curado. Se Deus quer, o caído se levanta. Se Deus quer, o desviado retorna aos braços do Pai.

Então, se ele quer “Profetiza a esses ossos”. Então profetizei: ossos ouvi a Palavra do Senhor” (v.4). “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que despedaça a rocha” (Jr 23.29).

Quando profetizei houve ruídos; depois, ajuntamento, os ossos espalhados, dispersos, se ajuntaram. Em seguida, receberam tendões e carne, mas ainda estavam mortos. Ainda não havia respiração, vida.

E ele me disse: profetiza ao espirito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espirito: Assim diz o Senhor Deus: vem dos quatro cantos, ó Espirito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. E profetei, então, o Espirito entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exercito grande...

Há esperança para sua vida. Somente Deus pode mudar o rumo da nossa vida e da nossa história. 


  

 

terça-feira, 15 de agosto de 2023

 Setenta vezes sete – Mt 18. 21-35 

Introdução

Hoje a sociedade está adoecida, disfuncional. Muita gente carrega dentro de si raiva e amargura. Pais contra filho, parentes que não se falam, amigos no trabalho e, mormente, no casamento. Os casais chegam com história de infidelidade conjugal, abuso físico, abuso emocional ou verbal, dificuldades quanto ao gerenciamento financeiro, falta de comunicação, pequenas queixas que se transforma em grandes diferenças, falta de amor, falta de respeito, etc. 

Todo casal tem as mesmas dúvidas. Há esperança para o casamento? Será que vou conseguir confiar no meu marido (esposa) depois do que aconteceu? Ou, nosso casamento tem salvação? Devemos entregar os pontos e pedir o divórcio ou existe uma alternativa melhor? Mas, uma coisa é certa: sempre que um casal tem dificuldade conjugal, precisa tratar, mais ou cedo ou mais tarde, das questões da raiva e da amargura.

1)     Quantas vezes devo perdoar?

O apostolo Pedro se dirige a Jesus e lhe apresenta uma pergunta que todos nós já fizemos alguma vez. Alguém falhou com Pedro e ele perdoou. O mesmo sujeito o ofendeu novamente, e Pedro o perdoou mais uma vez. Por fim, a história se repetiu, e Pedro perdoou o sujeito, mas dessa vez ficou zangado. 

Então, perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele peca? Então, perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele peca contra mim?” Ou seja, Pedro queria saber quantas vezes tinha de engolir o que faziam contra ele. Quando é hora de parar de oferecer a outra face? Quando é justificado perder as estribeiras? Chutar o pau da barraca? E emendou, já querendo dá sua resposta: “Até sete vezes?” 

Os rabinos (os mestres, como: Gamaliel, Hilel, Shamai, etc, os que interpretavam a Torá) ensinavam que uma pessoa devia perdoar a outra pessoa três vezes, depois desse número, tinha o direito de retaliação. Assim, Pedro pensou: Vou multiplicar por dois e acrescentar um. Afinal, sete é o numero da perfeição, o numero de Deus, “no sétimo dia o Senhor descansou”. Para a dizer a verdade, perdoar uma pessoa sete vezes é algo louvável, virtuosismo: “Eu já perdoei sete vezes”.

Pedro fora na verdade extremamente generoso com essa pessoa. Mas, observe a resposta de Jesus: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Pedro ficou estarrecido, desnorteado! Setenta vezes sete! O total é 490 vezes!?! Ou seja, Jesus estava afirmando: “Pedro, você entendeu tudo errado. Voce não deve contar quantas vezes perdoou alguém. O perdão, Pedro, é ilimitado! 

NÃO HÁ LIMITES PARA O NUMERO DE VEZES EM QUE DEVEMOS PERDOAR ALGUÉM. DEPOIS DE PERDOAR UMA PESSOA 490 VEZES, TEREMOS DESENVOLVIDO O HABITO DE PERDOAR CONTINUAMENTE. 

2)    Uma parábola

Então, Jesus vai lhe contar uma parábola (parábola é uma pequena história inventada com o objetivo de comunicar uma mensagem) para transmitir, para ilustrar o principio do perdão. Ele começa dizendo: “Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram um que lhe devia dez mil talentos” (Mt 18.24). Ou, “trouxeram à sua presença um servo que lhe devia o equivalente a trezentas toneladas de prata” (A mensagem).

O talento era uma medida de peso, usada para pesar ouro e prata, equivalente, a cerca de 35 quilos. Cada talento valia cerca de 6.000 denários. O “denário” era uma moeda de prata que equivalia a um dia de trabalho braçal. Para se ter uma idéia, um homem podia trabalhar a vida inteira e ganhar, no total, dez talentos, ou talvez trinta talentos. Mas o temos diz que o homem devia dez mil talentos! Seria equivalente a cem milhões de reais...impossível pagar. 

O Salmo 14 afirma: “Dos céus o Senhor se inclina sobre a humanidade, para ver se há alguém que tenha juízo e sabedoria, alguém que busque a Deus de coração” (v.2). Parece que o Salmista está fazendo uma pergunta e, logo responde: “todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há um sequer” (v.3). Nossa dívida é impagável, somos pecadores. O rei Davi afirmou que o pecado é algo congênito à humanidade: “Em pecado me concebeu a minha mãe e em iniquidade foi formado” (Sl 51).

Então, chegou o dia do acertar de contas, e o homem estava falido, não tinha nada, absolutamente nada! Gastou tudo e não tinha mais um centavo“Como não tinha condições de pagar, o Senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida” (Mt 18.25). Mas de algum modo, a súplica toca o coração do rei. A Bíblia diz que o rei se compadeceu do devedor. “O homem se curvou diante do senhor e suplicou” (Mt 18.26). O texto diz que o rei se compadeceu do devedor. Ele não apenas liberta o homem, mas também perdoa sua dívida. Ele volta a estaca zero e limpa os registros. O homem não lhe deve mais nada. O rei perdoa essa dívida absurda, essa soma inacreditável. 


E Nosso Senhor continua sua parábola: “Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufoca-lo dizendo: Pague-me o que me deve!” (Mt 18.28). Um denário correspondia ao salario de um dia de trabalho, de modo que cem denários equivaliam a cerca de três meses de salario de um trabalhador do primeiro século. Nos dias de hoje, no Brasil, poderia equivaler à (quase) 4000,00, três meses de salário, baseando em alguém que ganha um salário mínimo, mas tem gente que ganha mais do que isso. 


Duas coisas: em primeiro lugar, cem denários não era uma quantia pequena, mas também não era uma divida grande demais para ser quitada. O homem que tomou essa quantia pretendia pagá-la. Ao contrário do primeiro, quando o segundo pediu: “Seja paciente e lhe pagarei”. Não estava prometendo algo impraticável.

Em segundo lugar, apesar de não ser uma quantia pequena, cem denários são uma ninharia quando comparados com a divida de dez mil talentos! O primeiro homem não conseguiria jamais, em circunstancia alguma, pagar a sua dívida. Se não fosse pela graça do rei, teria passado o resto da vida preso. Portanto, a primeira divida era impagável, a segunda não. 

“Onde está a grana que você me deve, seu infeliz? Quero meu dinheiro agora? O versículo 29 é quase uma repetição exata do versículo 26. Esse homem tinha todo direito de exigir que a divida fosse paga. Não é essa a questão. O problema é que o primeiro homem recusou dar o segundo a chance e pagar a dívida. Ele queria o dinheiro no ato. Mas, o segundo servo, precisava de algum tempo para juntar essa soma. No entanto, o primeiro servo não quis esperar: “Antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida” (v.30).

Conclusão

  "Quando outros servos, companheiros dele, viram isso, ficaram muito tristes. Foram ao senhor e lhe contaram tudo que havia acontecido” (v.31). A noticia logo se espalhou e acaba chegando aos ouvidos do rei, que ficou furioso e manda os soldados prenderem o servo perdoado. Dessa vez, não tem dó nem piedade e diz: “Servo malvado, perdoei-te aquele divida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti” (Mt 18.32,33).

O rei havia perdoado a divida impagável do primeiro servo. Havia perdoado quando seria justo tê-lo mandado para a cadeia para o resto da vida. Merecia o castigo severo, mas, em vez disso, recebeu misericórdia. Essas palavras, portanto, são dirigidas aos cristãos. Jesus está dizendo: “O que aconteceu com esse homem também acontecerá com vocês, a menos que aprendam a perdoar, e perdoar, e perdoar” Senão, os torturadores os levarão...

Quem são os torturadores? São os torturadores ocultos da raiva e da amargura, que corroem por dentro. São os torturadores da frustração e da maldade que provocam úlceras, hipertensão, enxaquecas e dores na coluna. São os torturadores que o fazem passar a noite em insônia, remoendo as coisas horríveis que lhe aconteceram. Tudo isso porque você se recusa a perdoa de coração.

Uma pesquisa afirmou, o perdão atua de duas formas distintas: primeiro, reduz os problemas de saúde associados à raiva, ao ódio e ao rancor...esses sentimentos apresentam consequências fisiológicas, como aumento da pressão sanguínea e alterações hormonais, doenças cardiovasculares, sistema imune fragilizado, e também afeta a memória. 


Segundo o perdão promove o bem estar, pois lhe permite construir um conjunto sólido de relacionamentos sociais. “Se você dedicar a vida à busca por vingança, certifique-se, antes, de cavar duas sepulturas” (Confúcio). 


 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

 Estou morena do sol, mas sou bela – Ct 1.1-5 

 Introdução

O livro de “Cantares de Salomão”, “Cântico dos Canticos” ou o “maior dos cânticos” é de autoria de Salomão, rei de Israel. O texto bíblico diz: “Ele (Salomão) criou três mil provérbios e compôs mil e cinco cânticos” (1 Rs 4.32). Contudo, o “Cântico dos Cânticos” foi a única divinamente inspirada para fazer parte do cânon das Escrituras Sagradas. 

 O Cantico dos cânticos é um livro poético e contém 8 textos que fala sobre o relacionamento entre Salomão e sua noiva, Sulamita. É um cântico que exalta o amor em todas as suas vicissitudes, ou altos e baixos da vida: a reciprocidade do amor, a intensidade do amor, os afagos do amor, as idas e vindas do amor, os conflitos do amor, etc. O cântico, portanto, é a quintessência das quintessências (o que há de mais excelente) do amor, ou, conforme Perteson o “santo dos santos” do relacionamento humano... 


1)     O cântico e a páscoa

Com o passar do tempo os judeus designou o cântico dos cânticos para ser lido na páscoa. A Leitura do livro demonstra que o evento histórico glorioso (a libertação da escravidão) e a salvação, era um evento de amor, de relacionamento (vertical e horizontal), onde um cordeiro era imolado (proteção) e a Seder – a refeição da Páscoa – algo comunitário, celebrado, lembrado, cantado, salmodiado.

A majestade de Deus e a miséria do povo (escravidão); o chamado de Moisés no Sinai e sua justificativa da gagueira; o coração duro de Faraó e as pragas do Egito e a vitória quando foram mortos afogados no mar vermelho; a abertura do mar vermelho por Deus; a celebração de Miriã e o cântico de Moisés: “O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação! Ele é o meu Deus e o louvarei...” (Ex 15.2). 

Portanto, o Cântico dos Canticos é celebração, alegria pela salvação de Deus, nosso primeiro amor. Cantares em seus poemas nos ajuda a manter uma fé viva, vibrante, fervorosa, contrapondo a uma religiosidade ortodoxa e sem celebração. Cantares nos ajuda a colocar limites em nossa tendência em reduzir a fé a tradições, costumes, ou fazer dela um dogma acadêmico. A salvação, portanto, deve ser celebrada, cantada, pregada na comunidade de fiéis.

1)    Aliança

O Cântico dos Canticos é a aliança (berit) entre homem (Salomão) e sua esposa (Sulamita) e entre homem e o seu criador. O Cãntico é um ambiente de diálogos, onde há perguntas respondidas, convites aceitos, promessas cumpridas. O cântico procura superar as barreiras de divisão, frieza e indiferença para chegar no outro, para descobrir verdade sobre ele, para sondar o significado que nele há. O ser humano tem duas direções: relacionamento horizontal “não é bom que o homem esteja só” e vertical “Sem ti, ó Deus, nada sou”. 

O cântico dos cânticos começa: “Beija-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois os seus afagos são melhores do que o vinho mais nobre” (BKJ), ou “Beija-me na boca! Sim! Pois o seu amor é melhor que o vinho!” (A mensagem).

O que é melhor para Sulamita? O beijo ou o vinho nobre? A palavra beijo é um apelo direto e apaixonado à intimidade. Ele não deseja conversar sobre teologia, nem discutir conceitos de amor, nem participar de conversas filosóficas, muito menos se embebedar com vinho. Para ela o mais importante é o convívio, o mais importante é o relacionamento, o mais importante é a presença do amado...

Enquanto que o vinho pode libertar a pessoa do isolamento e leva-la ao companheirismo (no bar da esquina qualquer); enquanto que o vinho libera as inibições e estimula o diálogo. No entanto, a maior parte já provou o “vinho” e não se satisfez, não preencheu, não aquietou os anseios da alma, e, deve recorrer novamente, novamente, mas o vazio da insatisfação se mantêm. 


Já o beijo, ou melhor, ao amor, é melhor, muito melhor do que o vinho. Jesus estava participando da festa das cabanas e “No ultimo dia da festa e mais importante dia da festa, Jesus se levantou e disse em alta voz: Se alguém tem sede, venha a mim e beba... do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38). O muro de separação foi quebrado, agora não estamos mais longe, mas perto do Todo Poderoso.

Depois do beijo, vem o perfume: “O aroma dos teus perfumes é suave, teu (shem) nome, é como (shemem) oléo perfumado que se derrama generosamente” (Cl 1.3 BKJ). 

Há no hebraico um jogo de palavras com “nome” e “óleo” (perfume). As duas palavras soam de modo semelhante em sua pronuncia. Então, o seu nome é como perfume. Perfume é intimidade, pessoalidade, o que caracteriza, o que é, não sofre variação, não muda. O perfume é o seu nome. O seu nome é o seu óleo, perfume. O seu nome é “El” (Deus), seu nome é: “El Eliom” (o Deus altíssimo, possuidor do céus e da terra); “Elohim” é o criador de todas as coisas “Bereshit bará Elohim” ou seja, “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). “El Shaday” (todo poderoso); “Adonay” é o Senhor, mestre e dono; “YHWH” Eu sou o que sou e pronto.

A intimidade não é uma imersão mística no mundo de alma e sim uma união pessoal e particular com o outro especifico: Adão com Eva, Salomão e Sulamita, você e sua esposa. A igreja com o seu noivo, Paulo nessa imersão, nessa intimidade diz: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2.20). 

2)    Morena do sol mas bela

“Estou morena do sol, mas conservo-me bela, ó filha de Jerusalém; escura como as tendas de nômades de Quedar, linda como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5) 

A noite aqui é sinônimo de sombras “vale de sombra e da morte” (Sl 23.4), provações, tribulações, angustias. Ela diz para os seus observadores: “Não fique me olhando assim; foi o sol que me queimou a pele” (Ct 1.6). Lembro-me algumas semanas uma irmã perdeu seu esposo em um acidente de transito. Na sua pagina do facebook ela fala sobre coisas preciosas que aprendeu durante esses anos de convívio conjugal e termina citando o Salmo 47: “Deus está sentado no seu trono; ele reina sobre as nações...” (V.8).

O apostolo Paulo como ninguém experimentou muitas noites em seu ministério apostólico. “De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” (2 Co 4.8-11,17). 

Mas ela diz: “Sou morena queimada no sol, mas sou bela”. Mesmo passando por tudo isso, sua essência permanece. Paulo e Silas na prisão, não perderam sua essência. Sadraque, Mesaque e Abede Nego quando foram jogados na prisão, não perderam sua essência. O profeta Daniel, quando foi lançado na cova dos leões, não perdeu sua essência. Jeremias foi jogado no poço por causa da palavra de Deus, mas não perdeu sua essência. Os apóstolos foram mortos por causa do nome de Cristo e não perderam sua essência.

Ela continua: “Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascentas teu rebanho e onde o fazes repousar ao meio dia, se não me disseres serei como uma mulher que anda sem véu entre os rebanhos de teus companheiros” (Ct 1.7).

Ela quer saber onde ele estará ao meio dia! A sua situação é: “A noite me feriu. Sou negra, no entanto, sou bela”. Ela anseia pelo dia em que o amado virá para resgatá-la, tirá-la do vale. Como o Salmista: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Ela precisa dEle, necessita dEle, não consegue viver longe dele, longe da sua face, da sua presença. Ela diz que sem Ele é “uma mulher que anda sem véu entre ... teus companheiros” (Ct 1.7). Mulher sem véu é mulher sem marido, sem relacionamento, sem compromisso, sozinha....

Conclusão: mas olha os sinais

O noivo lhe diz duas coisas: “Sai” e “escuta os sinais”. Primeiro, saía da escuridão, saia do medo, saia da ansiedade, saída da depressão. “Sai” é “abre-te”, é a mesma palavra que Yeshua dirige ao seu amigo Lazaro “Sai para fora”, saia do tumulo, vem para luz...

“Escuta os sinais”. “Segue o caminho das ovelhas”. Escuta a minha palavra, escuta o que tenho lhe dito, “tenha cuidado de obedecer toda palavra...não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda” (Js 1.7). Escuta a palavra de Deus, escuta os homens de Deus...