Setenta vezes sete – Mt 18. 21-35
Introdução
Hoje a sociedade está adoecida, disfuncional. Muita gente carrega dentro de si raiva e amargura. Pais contra filho, parentes que não se falam, amigos no trabalho e, mormente, no casamento. Os casais chegam com história de infidelidade conjugal, abuso físico, abuso emocional ou verbal, dificuldades quanto ao gerenciamento financeiro, falta de comunicação, pequenas queixas que se transforma em grandes diferenças, falta de amor, falta de respeito, etc.
Todo casal tem as mesmas dúvidas. Há esperança para o
casamento? Será que vou conseguir confiar no meu marido (esposa) depois do que
aconteceu? Ou, nosso casamento tem salvação? Devemos entregar os pontos e pedir
o divórcio ou existe uma alternativa melhor? Mas, uma coisa é certa: sempre que
um casal tem dificuldade conjugal, precisa tratar, mais ou cedo ou mais tarde,
das questões da raiva e da amargura.
1)
Quantas
vezes devo perdoar?
O apostolo Pedro se dirige a Jesus e lhe apresenta uma pergunta que todos nós já fizemos alguma vez. Alguém falhou com Pedro e ele perdoou. O mesmo sujeito o ofendeu novamente, e Pedro o perdoou mais uma vez. Por fim, a história se repetiu, e Pedro perdoou o sujeito, mas dessa vez ficou zangado.
Então, perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele peca? Então, perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele peca contra mim?” Ou seja, Pedro queria saber quantas vezes tinha de engolir o que faziam contra ele. Quando é hora de parar de oferecer a outra face? Quando é justificado perder as estribeiras? Chutar o pau da barraca? E emendou, já querendo dá sua resposta: “Até sete vezes?”
Os rabinos (os mestres, como: Gamaliel, Hilel, Shamai, etc,
os que interpretavam a Torá) ensinavam que uma pessoa devia perdoar a outra pessoa
três vezes, depois desse número, tinha o direito de retaliação. Assim, Pedro pensou:
Vou multiplicar por dois e acrescentar um. Afinal, sete é o numero da perfeição,
o numero de Deus, “no sétimo dia o Senhor descansou”. Para a dizer a verdade,
perdoar uma pessoa sete vezes é algo louvável, virtuosismo: “Eu já perdoei sete vezes”.
Pedro fora na verdade extremamente generoso com essa pessoa.
Mas, observe a resposta de Jesus: “Não
te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Pedro ficou
estarrecido, desnorteado! Setenta vezes sete! O total é 490 vezes!?! Ou seja,
Jesus estava afirmando: “Pedro, você entendeu tudo errado. Voce não deve contar
quantas vezes perdoou alguém. O perdão, Pedro, é ilimitado!
NÃO HÁ LIMITES PARA O NUMERO DE VEZES EM QUE DEVEMOS PERDOAR ALGUÉM. DEPOIS DE PERDOAR UMA PESSOA 490 VEZES, TEREMOS DESENVOLVIDO O HABITO DE PERDOAR CONTINUAMENTE.
2) Uma parábola
Então, Jesus vai lhe contar uma parábola (parábola é uma
pequena história inventada com o objetivo de comunicar uma mensagem) para transmitir,
para ilustrar o principio do perdão. Ele começa dizendo: “Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar
contas com seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram um que lhe devia dez
mil talentos” (Mt 18.24). Ou, “trouxeram
à sua presença um servo que lhe devia o equivalente a trezentas toneladas de
prata” (A mensagem).
O talento era uma medida de peso, usada para pesar ouro e prata, equivalente, a cerca de 35 quilos. Cada talento valia cerca de 6.000 denários. O “denário” era uma moeda de prata que equivalia a um dia de trabalho braçal. Para se ter uma idéia, um homem podia trabalhar a vida inteira e ganhar, no total, dez talentos, ou talvez trinta talentos. Mas o temos diz que o homem devia dez mil talentos! Seria equivalente a cem milhões de reais...impossível pagar.
O Salmo 14 afirma: “Dos
céus o Senhor se inclina sobre a humanidade, para ver se há alguém que tenha juízo
e sabedoria, alguém que busque a Deus de coração” (v.2). Parece que o Salmista
está fazendo uma pergunta e, logo responde: “todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça
o bem, não há um sequer” (v.3). Nossa dívida é impagável, somos pecadores. O
rei Davi afirmou que o pecado é algo congênito à humanidade: “Em pecado me concebeu a minha mãe e em iniquidade
foi formado” (Sl 51).
Então, chegou o dia do acertar de contas, e o homem estava falido, não tinha nada, absolutamente nada! Gastou tudo e não tinha mais um centavo. “Como não tinha condições de pagar, o Senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida” (Mt 18.25). Mas de algum modo, a súplica toca o coração do rei. A Bíblia diz que o rei se compadeceu do devedor. “O homem se curvou diante do senhor e suplicou” (Mt 18.26). O texto diz que o rei se compadeceu do devedor. Ele não apenas liberta o homem, mas também perdoa sua dívida. Ele volta a estaca zero e limpa os registros. O homem não lhe deve mais nada. O rei perdoa essa dívida absurda, essa soma inacreditável.
Duas coisas: em primeiro lugar, cem denários não era uma quantia
pequena, mas também não era uma divida grande demais para ser quitada. O homem
que tomou essa quantia pretendia pagá-la. Ao contrário do primeiro, quando o
segundo pediu: “Seja paciente e lhe pagarei”. Não estava prometendo algo impraticável.
Em segundo lugar, apesar de não ser uma quantia pequena, cem denários são uma ninharia quando comparados com a divida de dez mil talentos! O primeiro homem não conseguiria jamais, em circunstancia alguma, pagar a sua dívida. Se não fosse pela graça do rei, teria passado o resto da vida preso. Portanto, a primeira divida era impagável, a segunda não.
“Onde está a grana que você me deve, seu infeliz? Quero meu
dinheiro agora? O versículo 29 é quase uma repetição exata do versículo 26.
Esse homem tinha todo direito de exigir que a divida fosse paga. Não é essa a
questão. O problema é que o primeiro homem recusou dar o segundo a chance e
pagar a dívida. Ele queria o dinheiro no ato. Mas, o segundo servo, precisava
de algum tempo para juntar essa soma. No entanto, o primeiro servo não quis
esperar: “Antes, indo-se, o lançou na
prisão, até que saldasse a dívida” (v.30).
Conclusão
O rei havia perdoado a divida impagável do primeiro servo. Havia
perdoado quando seria justo tê-lo mandado para a cadeia para o resto da vida. Merecia
o castigo severo, mas, em vez disso, recebeu misericórdia. Essas palavras,
portanto, são dirigidas aos cristãos. Jesus está dizendo: “O que aconteceu com
esse homem também acontecerá com vocês, a menos que aprendam a perdoar, e
perdoar, e perdoar” Senão, os torturadores os levarão...
Quem são os torturadores? São os torturadores ocultos da
raiva e da amargura, que corroem por dentro. São os torturadores da frustração
e da maldade que provocam úlceras, hipertensão, enxaquecas e dores na coluna. São
os torturadores que o fazem passar a noite em insônia, remoendo as coisas horríveis
que lhe aconteceram. Tudo isso porque você se recusa a perdoa de coração.
Uma pesquisa afirmou, o perdão atua de duas formas distintas: primeiro, reduz os problemas de saúde associados à raiva, ao ódio e ao rancor...esses sentimentos apresentam consequências fisiológicas, como aumento da pressão sanguínea e alterações hormonais, doenças cardiovasculares, sistema imune fragilizado, e também afeta a memória.
Segundo o perdão promove o bem estar, pois lhe permite construir um conjunto sólido de relacionamentos sociais. “Se você dedicar a vida à busca por vingança, certifique-se, antes, de cavar duas sepulturas” (Confúcio).
Nenhum comentário:
Postar um comentário