terça-feira, 22 de agosto de 2023

 Ezequiel e as visões de Deus – Ez 1 

Introdução

Quem era Ezequiel? Primeiro, era filho do sacerdote Buzi (Ez 1.3). Logo, era também sacerdote, seu sacerdócio começaria aos trinta anos de idade (Nm 4.3). Portanto, sua infância, adolescência aconteceram ao redor do Templo construído por Salomão. Ali, Ezequiel conviveu com as pessoas que frequentavam assiduamente o templo; frequentou os átrios exteriores e recebeu treinamento educação nas adjacências do templo. Ele estava familiarizado com as liturgias do templo e com os detalhes de construção do templo.

1)     Circunstancias

Em seu período de infância e juventude ouviu as primeiras mensagens do profeta Jeremias ao seu povo, principalmente aquela que condena o templo do Senhor: “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este” (Jr 7.4).  Mas, acompanhou e celebrou a pascoa na época do rei Josias, um rei piedoso. Ouviu sobre a queda de Ninive (612 a.c), trazendo esperança para o seu povo.

Viu quando o rei Josias saiu com seu exercito para Megido, com o intuito de bloquear a passagem do Egito para o Norte (2 Rs 23.28-30). No entanto, o rei Josias foi atingido por um arqueiro e morreu no meio da peleja. Ezequiel acompanhou o luto, a desesperança se abateu sobre o povo “Todo o reino de Judá ...choraram a sua morte...Jeremias compôs uma lamentação sobre Josias...”(2 Rs 23.25). 

Os funerais de Josias, a coroação de Jeocaz e seu cativeiro e a coroação de Jeoaquim, fantoche do Egito, isso ocorreu em menos de três meses. Depois veio a Babilônia, em 605 a.C, deportou dez mil cidadãos de Judá, o profeta Ezequiel estava entre os cativos – na época da deportação com 25 anos de idade e foram levados à Babilônia.

2)    Chamada

“Ora aconteceu no trigésimo ano, no quarto do mês, no dia quinto do mês”, ou “Certo dia, no quinto dia do quarto mês do trigésimo ano” (Viva) (Ez 1.1). Ezequiel estava com trinta anos de idade, era a idade da maturidade para todo o serviço importante (Lc 3.23).  Todo sacerdote começava oficiar no templo com 30 anos. No entanto, longe do templo, longe de Jerusalém, não poderia exercer o sacerdócio, então recebeu a missão de ser profeta de Deus no meio dos exilados. Deus nos chama de forma variada: Samuel foi chamado ainda menino; Davi está com seus 17 anos de idade; Abraão com 75 anos,  Moisés com 80 anos e ... você, ouviu a voz de Deus lhe chamando? 

“...estando eu no meio dos cativos, junto ao rio quebar”. Quebar era um grande canal do rio Eufrates. Quebar era um grande canal do Eufrates, que levava água para Babilônia e irrigava toda parte Oriental. Ficava próximo da cidade de Nipur, no sul da Babilônia, o conhecido local de oração dos exilados “Junto aos rios da Babilônia sentamo-nos a chorar, com saudade de Sião” (Sl 137.1) Era um local de reunião de adoração, de oração... e ali Deus chamou Ezequiel. Lugares: Monte Sinai, arando com juntas de bois, pastoreando as ovelhas, pescando, coletoria de impostos...

“Então olhei e contemplei uma terrível tempestade que se aproximava vindo do Norte: uma nuvem enorme, com relâmpagos e raios intensos, cercada por forte luz brilhante. O centro do fogo parecia metal reluzente” (Ez 1.4). Em apocalipse, diante da visão do trono de Deus, João assim descreve: “Do trono emanavam relâmpagos, vozes e trovões...” (Ap 4.5). Tudo apresenta movimento, luz em ação “relâmpagos e faíscas”. O nosso Deus não é um se parado. Deus, portanto, não é estático, uma atividade pulsante...O Espirito dinamiza e coordena tudo. 

Também vê “Do centro da nuvem surgiram quatro seres viventes...tinha quatro faces e quatro asas...as asas de cada um dos seres tocavam as asas dos seres ao lado...cada um dos quatro seres tinha rosto humano na frente, rosto de leão à direita, rosto de boi à esquerda e rosto de águia atrás ... deslocavam-se em qualquer direção que o Espirito indicava e moviam-se para frente, sem se virar” (Ez 1.5-12). Em Apocalipse “os seres viventes aparecem novamente” (Ap 4.6). Simbolizam aspectos da criação de Deus. Na adoração a Deus todos os sinais de vida se manifestam em louvor ao criador. Toda igreja em sua multiforme adora e exalta o criador do universo. 

Na adoração todos os sinais de vida, impulsos rumo à santidade, toques de beleza e centelhas de vitalidade e patriarcas hebreus, apóstolos cristãos, animais selvagens, gado doméstico, seres humanos e pássaros altaneiros – se colocam em volta do trono que pulsa com luz e mostram o que cada criatura tem de melhor.

E o que mais ele vê? “Esses seres viventes pareciam carvão aceso; eram como tochas. O fogo ia de um lado para o outro entre os seres viventes, e do fogo saiam relâmpagos e faíscas...vi uma roda ao lado de cada um deles, diante dos seus quatro rostos...reluziam como berilo...seus aros estavam cheios de olhos...quando os seres viventes se moviam, as rodas ao seu lado se moviam...para onde quer que o Espirito fosses, os seres viventes iam e as rodas os seguiam, porque o mesmo Espirito estava nelas” (Ez 1.13-21). 

O trono de Deus é um Pentecoste, uma chamada ardente constante “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará” (Lv 6.12),  é um carvão aceso.  Como exortou Paulo a Timoteo: “Reavivas o dom de Deus que há em ti” (2 Tm 1.6). A roda fala da unidade do corpo de Cristo, quando uma igreja tem unidade, a roda é de berilo ( a igreja é luz) a igreja caminha, ganha almas, o reino cresce, se expande. Há coerência entre os seres viventes e a o movimentar das rodas ...é o Espirito que guia, é o Espirito que move...o mesmo Espirito está dentro de nós”.

E, por cima dos querubins “havia o que parecia um trono de safira e, bem alto, sobre o trono, havia uma figura que parecia um homem. Vi que a parte de cima do que parecia ser a cintura dele, parecia metal brilhante, como que cheia de fogo, e a parte de baixo parecia fogo; e uma luz brilhante o cercava...tal como a aparência do arco-iris ...assim era o resplendor ao seu redor”. 

O rei da Babilônia se assustou quando viu:  “Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.  Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus” (Dn 3.24-25). 

O profeta Daniel caiu em grande temor quando viu: “E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho...o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz de suas palavras era como a voz de uma multidão” (Dn 10.5-6).

E o apostolo Paulo quando se encontrou com Cristo?  “Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu.   E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues” (At. 22.6-8)

E, João na ilha de Patmos? Estava na ilha por causa da perseguição de Domiciano, uma ilha deserta. Mas, ali, naquele ambiente desértico, sem vida, o apostolo também viu o filho de Deus glorificado: ¹³ E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. ¹⁴ E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; ¹⁵ E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. ¹⁶ E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. ¹⁷ E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; ¹⁸ E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.  Apocalipse 1:13-18 

Conclusão

Diz Ezequiel: “Quando vi, dobrei-me com o rosto em terra...”, ou “aquilo metia medo”. A palavra medo ou temor, inclui todas as emoções que surgem quando se fica apavorado, desorientado, incapacidade de saber o que vai acontecer em seguida e a constatação de que existe algo mais que não pensávamos existir.

O TEMOR DO SENHOR É O QUE NOS IMPEDE DE PENSAR QUE SABEMOS TODAS AS COISAS. E, PORTANTO, IMPEDE QUE FECHEMOS NOSSA MENTE E NOSSA CAPACIDADE DE PERCEBER O QUE É NOVO. O TEMOR DO SENHOR NOS IMPEDE QUE NOS COMPORTEMOS COM ARROGANCIA, DESTRUINDO OU VIOLANDO ALGUM ASPECTO DO QUE É BELO, VERDADEIRO OU BOM E QUE NOS PASSA DESPERCEBIDO OU FICA ASSIM DA NOSSA CAPACIDADE DE COMPREENSÃO.

O temor do Senhor é o medo sem o elemento do pavor. Temos sempre essa palavra: “Não temas”. Esse “Não temas” não é alguma coisa que acarreta ausência de medo, mas ele transforma o medo em temor do Senhor. Daniel teve a mesma reação (Dn 10.7-9), Isaias (6) e também João (Ap 1.17). 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário