terça-feira, 5 de setembro de 2023

 Ezequiel, atalaia de Deus – Ez 3 

Introdução

Ezequiel foi levado cativo para Babilônia e se instalou junto ao rio Quebar. Quando estava com 30 anos teve uma visão, armou-se no céu uma grande tempestade e viu no meio da tempestade quatro seres viventes – querubins -, e quatro rodas ao lado deles. Havia harmonia nas ações dos seres viventes e das rodas “Quando os seres viventes se moviam, as rodas ao seu lado se moviam; quando elevam do chão, as rodas também se elevavam” (Ez 1.19). E tudo era coordenado “Para onde quer que o Espirito fosse, os seres viventes, e as rodas os seguiam, por que o mesmo Espirito estava nelas” (Ez 1.20). 

Em seguida, por cima dos seres viventes, havia um trono que parecia de safira e sentado nele “uma figura que parecia homem” que reluzia e resplandecia como fogo. Diante da visão, ele diz: “...quando vi, dobrei-me com o rosto em terra”. Todo o corpo do profeta tremia, a tal ponto que não conseguia ficar em pé, diante da gloria de Deus. Mas, ele ouviu uma voz: “Filho do homem, fique de pé, pois eu vou falar com você. Enquanto ele falava o Espirito entrou em mim e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava” (Ez 2.1).

E o mais difícil é a característica do povo para quem ele foi enviado para pregar “uma nação rebelde que se revoltou contra mim... um povo calejado em seus pecados” (Ez 2.3). É um povo “obstinado de coração”. Mas, eles tem que saber “que esteve no meio deles um profeta” (Ez 2.5). E Deus exorta: “...não tenha medo dessa gente nem das suas palavras ...ainda que o cerquem espinheiros e você viva entre escorpiões” (Ez 2.6). E, a voz, por fim, diz: “Abra a boca e coma o que vou lhe dar” Ou seja, tome, leia, assimile e fale a minha palavra. 

1)     Destinatários

“...vá agora à nação de Israel e diga-lhe as minhas palavras. Você não está sendo enviado a um povo de fala obscura e de língua difícil, mas à nação de Israel” (Ez 3.4-5). Ou, “...não estou enviando você a um povo que fala uma língua difícil com palavras impronunciáveis” (A Mensagem). Não era uma missão transcultural, ele estava na Babilônia, mas a mensagem era para o povo de Deus. William Carey, pastor britânico, foi pregar o evangelho na Índia, primeiro teve que aprender o idioma, para depois pregar. E, Adoniran Judson, missionário americano, pregou na Birmânia, primeiro aprendeu o idioma, para depois pregar. O profeta Jonas, fora comissionado para pregar em Ninive, uma nação com idioma diferente. 

William Carey

O que é pior não é a língua diferente, ou povo diferente (porque se você dedicar aprende) porque se fosse “certamente, seu eu o enviasse, eles o ouviriam” (Ez 3.6). Mas Ezequiel enfrentaria um povo obstinado, duro e apóstata, as pessoas eram como um bande de escorpiões e cobras, com o rosto duro e arrogante, falando palavras ásperas e estupidas. E o que dizer de algumas pessoas em nosso meio? Pessoas difíceis, que não obedecem, dura cerviz, pessoas arrogantes, faz o que quer da vida, sem compromisso com a igreja, não contribui financeiramente, resmungonas, e o pior, na hora da palavra dá um jeito de se esquivar do culto à escutar à Palavra de Deus. 

MAS, Deus diz: “Porém eu tornarei você tão inflexível e endurecido quanto eles. Tornarei a sua testa mais dura que a pederneira. Não tenha medo deles” (Ez 3.8-9). Deus fala ao profeta Jeremias: “...eis que te coloco...como cidade fortificada: uma coluna de ferro, como uma muralha de bronze” (Jr 1.18).  O profeta Amós foi designado por Deus para profetizar em Betel, no reinado do ímpio Jeroboão. Contudo, o “profeta” Amazias lhe disse: “Fora daqui seu profeta! Volte para a sua terra de Judá e ganhe a vida por lá com suas profecias”

Amós respondeu:   — Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras.  Mas o Senhor Deus mandou que eu deixasse os meus rebanhos e viesse anunciar a sua mensagem ao povo de Israel.  (Am 7.12-15). 

Deus diz ao profeta Ezequiel: “Tornarei a sua testa mais dura que a pederneira...” (Ez 3.9). a testa fala de determinação ou desafio. A determinação e a dureza do profeta venceriam a resistência dos pecadores. A pederneira era a pedra mais dura conhecida na Palestina depois do diamante. Nenhuma arrogância ou dureza de oponentes o venceria ou anularia sua missão.

“Então o Espirito elevou-me e tirou-me de lá, com o meu espirito cheio de amargura e ira, e com a mão forte do Senhor sobre mim. Fui aos exilados que moravam em Tel-Abibe, perto do rio Quebar... Sete dias fiquei lá entre eles – atônito! Quando o profeta comeu o livro – seu sabor era doce como o mel, mas a situação logo azedou “...na minha boca ele era doce como mel. Mas, depois que o engoli, o meu estomago ficou azedo...” (Ap 10.10). Ezequiel estava sentindo o poder de Deus e estava sendo preparado mentalmente para comunicar sua mensagem amarga. 


“Com a forte mão do Senhor” A mão do Senhor o guiava e impulsionava pelo fato de que sua tarefa era difícil, sem a mão do Senhor o profeta não teria tido força e determinação para cumprir sua missão, seu chamado, sua sina como profeta.

2)     Advertências espirituais

Primeiro, no tocante ao ímpio. “Filho do homem, fiz de você uma sentinela...sempre que me ouvir dizer alguma coisa, avise-os, em meu Nome. Se eu disser aos maus: vocês vão morrer, e você não os avisar de que a questão é de vida e morte, eles morrerão e a culpa será sua” (Ez 3.18 A mensagem). O papel da sentinela é vigia, é avisar a respeito do perigo. O papel do profeta é anunciar a palavra de Deus; é manifestar os juízos de Deus ao mundo que perece. O apostolo Paulo afirmou: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes...estou pronto para vos anunciar o evangelho...” (Rm 1.17). Jesus adverte: “Eu, porém, vos afirmo: erguei os olhos e vede os campos, pois já estão brancos para a colheita” (Jo 4.35). 

Segundo o ímpio impenitente (que não se arrepende). “Se porém, você advertir o ímpio e ele não se desviar de sua impiedade ou dos seus maus caminhos, ele morrerá por sua iniquidade, mas você estará livre dessa culpa” (Ez 3.19). Jesus advertiu Jerusalém, mas não se converteu “Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que são enviados a você! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram” (Lc 13.34). 

Terceiro o justo desviado. “Mas, se os justos mudarem de vida e deixarem de viver de maneira justa e começaram a faze o que é mal... eles morrerão. E, se você não os tiver avisado, eles morrerão por causa do pecado deles, e nada de certo que fizerem vai valer alguma coisa, mas vou considerar você responsável” (Ez 3.20).  A salvação não é calvinista: “uma vez salvo, salvo para sempre”. A salvação consiste em não desviar, mas “...livremo-nos de todo peso que nos torna vagaroso e do pecado que nos atrapalha, e corramos com perseverança a corrida que foi posta diante de nós. Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder aperfeiçoador da nossa fé” (Hb 12.1-2). 

Quarto o justo arrependido. “Mas, se você advertir esses justos a não pecar, e eles derem ouvidos a vocês, viverão por aceitarem seu aviso... e você terá salvado a sua vida” (Ez 3.21). “Sendo assim, fortalecei as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes” (Hb 12.12). “tenham compaixão daqueles que vacilam da fé. Resgatem outros, tirando-os das chamas do julgamento. De outros ainda, tenham misericórdia....” (Jd 22-23).

Conclusão: Levante, vai para casa e pregue a minha palavra.

“A mão do Senhor veio sobre mim” e “Levante-se e vá para o vale, e lá falarei com você” (Ez 3.22). Talvez foi nesse vale que o profeta vê, mais tarde, os ossos secos. No vale saímos do murmurinho, do barulho do dia a dia e ouvimos nitidamente a voz de Deus. No vale, novamente, o profeta “caiu com o rosto em terra” e “Espirito de Deus entrou em mim e me pôs de pé” (Ez 3.24). 

Depois, me disse o Senhor “Vá para casa e tranque-se”. Voltando imediatamente para casa “vai ser amarrado com corda e não poderá sair... vou paralisar sua língua” e, consequentemente não iria pregar. (Ez 3.25-26). Aqui, é uma forma figurada de expressar que o profeta falaria somente quando Deus lhe desse a palavra.

Por fim, “Mas, quando eu falar com você, abrirei a sua boca e você lhes dirá: Assim diz o Soberano, o Senhor”. (Ez 3.27). Então, chegou o dia de anunciar, de pregar ao povo de Judá a Palavra de Deus: “quer ouçam, quer não”. 


   

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