terça-feira, 16 de agosto de 2022

 A onipresença de Deus – Sl 139 

Durante algumas semanas vislumbramos alguns atributos de Deus. Iniciamos falando sobre o Deus trino, um Deus único mas que se manifesta em três pessoas: Pai, Filho e Espírito. Depois conhecemos um pouco mais de Deus nas manifestações dos seus nomes no decorrer da história bíblica, como Elohim o Deus criador e YHWH, o Deus pessoal. Em seguida, miramos nossos olhos para sua beleza, sua santidade, que adorna todos os seus atributos, pois Ele é “Santo, Santo, Santo”. E, depois, na experiencia aterradora do profeta Isaias diante da santidade de Deus “...Eu vi o Senhor assentado no trono...”(Is 6).

Em seguida, vimos a majestade de Deus, sua grandeza, sobre toda criação: mares, continentes, ilhas, nações, estrelas, lideres humanos, etc. E, vimos também a “ira de Deus”, e suas manifestações no decorrer da história humana. Depois da ira, recebemos uma chuva “da graça de Deus”, a graça que salva o mais vil pecador, a graça que antes de Deus dizer haja luz, disse “haja cruz”. Por fim, vimos sua bondade para conosco, em todos os momentos, em todas as circunstancias da vida, da criação, da natureza, em tudo, Deus é bom, e o tempo Ele é bom. Hoje, vamos ponderar sobre sua onipresença, sua presença continua, que enche todos os espaços do mundo.

1)     O que é onipresença?

Onipresença significa que Deus é “todo presente”. Ele está próximo, ou, “próximo a, perto de, neste lugar”, isto é, todo lugar. Ele está junto a tudo e a todos. Aqui e onde quer que você esteja. Se você pergunta: “Ó Deus, onde estás?” Então ele reponde: “Estou onde você está; aqui; junto a você; estou próximo a todos os lugares”. ~

Se houvesse fronteiras capazes de conter Deus, se existisse algum lugar em que ele não estivesse, esse lugar marcaria os confins, ou os limites de Deus. E, se tivesse limites, ele não poderia ser o Deus infinito. Por ser infinito, não há como medir Deus em sentido algum. Sendo infinito, enche tudo, todavia, não está contido no tudo, assim como o vinho e a água podem ser contidos no frasco.

 Ele está desde as alturas do céu até o fundo das profundezas, em cada ponto do mundo e ao redor do mundo, mas não está limitado por ele, e sim, além dele. Portanto, o céu e a terra estão submersos nele, bem como todo o espaço: “...o céu dos céus não o pode conter...” (2 Cro 2.6). Deus, portanto, é incomensurável em ser, não pode contê-lo.

Como humanos, pensamos em termos geográficos ou astronômicos; em anos luz, metros, polegadas, quilômetros (mil km, dois mil km), hectares de terra ou léguas. Pensamos em Deus como alguém que habita o espaço, o que não acontece. Em vez disso, ele contém o espaço, de modo que o espaço está em Deus. As escrituras dizem: “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura também lá estás” (Sl 139.7-8). Onde houver qualquer coisa, até no inferno – a presença de Deus tem de existir. 

2)     Alienação

Jesus morreu na cruz, ressuscitou ao terceiro dia e está assentado à direita de Deus, e disse: “...estarei sempre com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Porque ele é Deus, e Deus, sendo Espírito, pode estar em toda parte ao mesmo tempo. Contudo, estamos longe da presença de Deus. Como assim! Você não afirmou que Deus está em todo lugar? Sim, mas moralmente estamos separados de Deus. “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus...” (Is 59.2). 

Não existe lugar a que você possa ir e não encontrar o Senhor. O Salmista diz: “Mesmo que eu diga as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz” (Sl 139.11-12). Portanto, não existe lugar a que possamos ir, porque “Senhor tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longes percebe os meus pensamentos” (Sl 139.2).

Coloquemos duas criaturas na mesma sala. Se fosse possível colocar um macaco e um anjo na mesma sala, não haveria nenhuma compatibilidade, nenhuma amizade, comunhão, acordo, conversa; ali só existiria distância. O anjo reluzente e o macaco a salivar e a produzir sons ininteligíveis estariam muito mais longe um do outro.

Da mesma forma, Deus e o homem, por causa do pecado, são diferentes. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, mas o homem pecou e se tornou diferente de Deus em sua natureza moral. E, por ser diferente, a comunhão está interrompida. A Bíblia chama de incompatibilidade entre Deus e o homem. Enquanto Deus é “Santo, Santo e Santo” o homem é pecador “Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). 

No livro de Efésios Paulo expõe a alienação do mundo em três prisões: pecado, o mundo, o diabo. “Vocês estão mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espirito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, segundo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira” (Ef 2.1-3).

E no capitulo 4 de Efésios, Paulo mostra como vivem os alienados: “Eu lhes digo com a autoridade do Senhor: não vivam mais como os gentios, levados por pensamentos vazios e inúteis. A mente deles está mergulhada na escuridão. Andam sem rumo, alienados dá vida que Deus dá, pois são ignorantes e endurecem o coração para ele. Tornaram-se insensíveis, vivem em função dos prazeres sensuais e praticam avidamente toda espécie de impureza” (Ef 4.17-19).

Adão, depois de pecar, fugiu e se escondeu da presença de Deus (Gn 3.8). Agora, será que tem como fugir de um Deus Onipresente? Então, por que Deus perguntou: “Onde está você?” (Gn 3.9). Deus sabia onde Adão estava, contudo era Adão que não sabia onde estava! Deus conhecia o paradeiro de Adão e Eva, mas o próprio Adão já não era mais o mesmo, se perdera. E Jonas que recusou a obedecer rebelando-se, alienando o próprio coração, tomou um navio para fugir da presença de Deus. 

As pessoas inventam toda sorte de diversão por não conseguirem conviver consigo mesmas sabendo que estão alienados de Deus. São incapazes de viver sabendo que há um disparate moral a lhes manter o senso de infinito distanciamento entre a própria alma e o deus que é a sua vida e luz. Então, enchem a cara com bebida, com trabalho, com prostituição, com jogos, viagens, shows, alucinógenos, etc...

3)     Esperança

Não houvesse no inferno fogo algum “...o verme nunca morre, e o fogo não se apaga” (Mc 9.48), ele já bastaria como inferno porque as criaturas morais estão separadas para sempre do brilho da face de Deus. E se não houvesse ruas de ouro, nem muro de jaspe, nem anjos, nem harpas, nem seres viventes, nem anciãos, ou mar de vidro, o céu bastaria como céu, pois contemplamos a face do Senhor, e seu nome figurará na nossa fronte. “Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas...eles não precisarão de luz de candeia, nem da luz do Sol, pois o Senhor Deus os iluminará” (Ap 22.4-5)

Deus enviou o seu Filho ao mundo (Jo 3.16), ele se encarnou, era tanto Deus como homem, aliás, cem por cento Deus e cem por cento homem, mas sem pecado. A fim de poder, com a sua morte, tirar o homem da alienação de Deus. Pedro ao abordar o assunto, afirma que Deus nos deixou as promessas do evangelho: “...para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4). 


O que isso significa? Que, quando o pecador volta ao lar, arrependido e crendo em Cristo para salvação, Deus implanta parte da própria natureza no coração desse antigo pecador. O novo nascimento, portanto, não é uma adesão a uma igreja, não é ser batizado, não abandonar este ou aquele hábito, embore todo mundo acabe abandonando os maus hábitos. O novo nascimento é uma implantação da vida divina no coração humano.

Conclusão:

Se o grande Deus Todo-Poderoso depositasse a gloriosa natureza celestial do anjo no macaco, de um salto o animal se poria de pé, apertaria a mão do anjo e o chamaria pelo seu nome. Mas, enquanto tiver a natureza de macaco e o outro, de anjo, não poderá haver nada entre eles... 


  

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