terça-feira, 30 de novembro de 2021

 Libertando das cadeias do Egito Ex. 7.1-6 


Introdução:

Nos cinemas do Brasil está em cartaz o flime: “Eternos” da Marvel. O que vem a mente é mais um filme de super heróis, como Batman, Homem Aranha, Capitão América, etc. São seres que protegem a terra há sete mil anos e precisam lutar contra os desviantes. Mas, no desenrolar do filme, a sutileza é onipresente. O mal está por toda parte, os homens são fracos e subserviente, são seres assustados. Os heróis são esquisitos e cada um vai viver sua vida na humanidade, do jeito que quer. Um deles se casa com outro homem e juntos adotam um filho. O herói, no final, é um vilão, que quer a destruição da terra. O que se percebe que o filme é um relato de como o mundo é, em si, enganoso.

1)    O império do Egito

Os hebreus viviam no Egito como escravos. Havia mais de quatrocentos anos. Nessa época, o Egito era, uma potencia mundial, a mais temida pelos povos. Dominando o cenário e a imaginação de povos próximos e distantes numa sociedade totalitária governada por um ditador que todos criam ser um deus. O esplendor que cercava esse deus-ditador lhe dava credibilidade: arquitetura suntuosa, arte deslumbrante, tudo magnificente, tudo feito de ouro.

Contudo, o esplendor era inteiramente externo; por dentro, o palácio estava infestado de vermes – abuso, crueldade, superstição, degradação. Os hebreus estavam lá, no meio de tudo isso, mas alheios e impotentes, no lado mais fraco. Será que alguns ainda perseveravam na fé dos patriarcas? Talvez sim, mas, para a maioria, o centro de todo o poder era o Egito. Depois de 430 anos naquela terra, a memoria de Abraão, Isaque e Jacó caira quase inteiramente no esquecimento. 

Vejam o que Moisés pergunta para Deus: “Quando eu chegar diante dos hebreus e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e ele me perguntarem: Qual é o nome dele? Que lhes direi?” (Ex 3.13). Para que o povo de Deus possa reconhecer a revelação e operação de Deus como Eu Sou o que Sou e responder a elas, é necessário que veja como , esse lamaçal de mentiras e opressão faraônica como ele é de fato, como um grande mal, contudo, não um mal definitivo.

É nesse ponto que entram em cena as dez pragas. Elas foram usadas para revelar a futilidade do mal, para purificar a mente dos hebreus de toda admiração invejosa do mal, ou para purificar as portas da percepção, mais ainda, segundo o apostolo Paulo, abrir os olhos das pessoas, porque “o deus deste século cegou o entendimento dos descrentes para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo” ( 2 Co 4.4).  Então, cada uma das pragas serviu de água, sabão e alvejante para efetuar uma limpeza completa. 

 2)    Discernindo

Quando nossa mente e nosso espirito sucumbem ao domínio do mal, e não apenas aos seus efeitos físicos, passamos a ser controlados por poderes demoníacos. As dez pragas foram uma forma complexa de EXORCISMO, uma explosão de Libertando a imaginação dos hebreus do domínio do mal. Como disse o apostolo Paulo: “...nossa luta não é contra seres humanos, e sim contra principados e potestades...contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12) 

Agora, os hebreus teriam liberdade de ouvir e seguir seu Salvador e adorar a Deus “em espirito e em verdade” (Jo 4.24). Quando Moisés começou a trabalhar com seus irmãos e irmãs hebreus, eles sofriam de uma “ânsia de espirito” (Ex 6.9), ou “angustia” (NVI), e a única “verdade” à qual tinham acesso era essa grande mentira egípcia.

Mas, o Egito e o Faraó não eram o “mundo real”. Eram o mundo real desfigurado, profanado, endemoninhado. As dez pragas descontruiriam essa fraude gigantesca, item por item, peça por peça, até que não sobrasse nada para cativar a imaginação do povo de Deus. O povo de Deus precisava de uma cirurgia radical para extirpar esse mundo profano, desfigurado e longe de Deus. A intenção era que, ao deixar o Egito, o povo tivesse não apenas fisicamente liberto da opressão, mas também, mentalmente. Como no diz o apostolo Paulo: “Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu filho amado”(Cl 1.13).

3)    Quem vencerá?

Quem está no controle de tudo? Quem dirige os acontecimentos da vida? Quem é o Senhor do mundo? Por acaso é o deus Rá – deus sol -, corporificado por Faraó? Ou, é Yahweh, ou “Eu sou o que Sou”, representado por Moisés? Cada uma das dez pragas fala dessa questão, como se fosse um final de Copo do Mundo para saber quem será o vencedor. Dois modos de vida estão em jogo, dois estilos de ver o mundo, e serão dez confrontos. 

 A primeira praga é quando o Nilo transforma-se em sangue. Hapi, que significa “fonte do Nilo”, é o deus da fertilidade, era associado de modo próximo ao Nilo. Sem o rio Nilo, não havia fertilidade no Egito, logo, não havia mais Egito. Contudo, o Senhor transforma o Nilo em sangue (Ex 7.19-21). Logo, todo tipo de vida, em aguas, pereceu. 

A segunda praga foi de rã, a deusa Heket, também, como Hapi, é ligada à fertilidade. Ela tinha cabeça de rã, mas as rãs pertencem ao Senhor, que lhes dá ordem (Ex 8.1-6). O touro era outro símbolo da fertilidade, com santuários em todo o Egito. O Deus Ápis era venerado em Mênfis, contudo, não fora capaz de resistir à praga sobre os rebanhos  (Ex 9.1-7). 

Talvez se esperasse que Shekhmet, deusa das pragas, com cabeça de leoa, curasse a epidemia de feridas (v.8-11). Nut, deusa do céu, não foi capaz de impedir as pragas de granizo (Ex 10.12-15). Acreditava-se que a cada dia, Ra, o deus Sol, navegasse pelo mar celeste em uma embarcação à noite, descia ao mundo dos mortos antes de ressurgir vitorioso ao amanhecer. Mas durante a nona praga (Ex 10.21-23) ele não ressurgiu. Os três dias de escuridão foram sinal claro de que havia sido derrotado. 

Cada praga sucessiva deixa evidente a impotência humilhante de Faraó. Moisés, profeta de Yahweh, desencadeia e depois repele cada uma das dez pragas. A tal “soberania” é sistematicamente desintegrada, arruinada. Ou seja, Faraó não é tudo isso, bam bam bam, que tanto se anunciava. Moisés ridiculariza o soberano do Egito “Para que narres ao teu filho e aos teus filhos de teus filhos como zombei do poder que havia no Egito... todos vós sabereis que Eu sou Yahweh” (Ex 10.2).

Ou, para usar outra imagem, as pragas são como a produção de uma peça teatral com dez cenas, a nação toda reunida para assistir, todos atentos a qualquer gesto. Em cada uma das cenas, uma bola de aço gigantesca. Balançando de uma grande altura, despedaça mais uma parte do modo de vida egípcio. Cada golpe, é uma demolição, reduzindo, humilhando o mito da invulnerabilidade egípcia, soberano do Egito. Para o povo que está assistindo, é possível que a sucessão de pragas tenha adquirido uma qualidade cósmica de desenho animado à medida que a bola de demolição faz seu trabalho:

·        Sangue (Bam!)

·        Rãs (Bam!)

·        Piolhos (Bam!)

·        Moscas (Bam!)

·        Pestilencia (Bam!)

·        Ulceras (Bam!)

·        Chuvas de pedra (Bam!)

·        Gafanhotos (Bam!)

·        Trevas (Bam!)

·        Morte (Bam!)

Faraó fora sarcástico: “Quem é o Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel” (Ex 5.2). Portanto, cada golpe soltava o laço da mentira egípcia-faraónica que dominava o mundo e prendia o povo, até não mais restar mais que um montão de escombro, lixos e corpos.

Conclusão:

Na história de Êxodo, os hebreus estão sendo preparados para a salvação; para continuarem na vida de salvação, precisam de imaginação disciplinada e refinada, livre de sujeira, do fedor e do abuso no qual viveram por tanto tempo; livre para ouvir a palavra da graça e do perdão, para reconhecer o mundo de providencia e benção, para viver uma vida livre de obediência e adoração jubilosa. 


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