terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 A Páscoa Êxodo 12.1-14 


Introdução: Estamos caminhando pelo livro de Êxodo. Na ultima vez, vimos o aparente poder de Faraó. Até então, tudo se resumia a ele, tudo. Afinal, era a corporificação do deus Ra, o deus Sol. Contudo, as pragas, uma por uma, vão demolindo seu pretenso poder. Agora, vamos para a mais aterradora de todas elas, a morte dos primogênitos. É o golpe final, ou, o ultimo assalto, o ultimo confronto. Essa vai atingir visceralmente o Faraó, vai bagunçar com suas entranhas...

1)    A décima praga

A décima praga é anunciada em Exodo 11: “Farei vir uma praga conta o Faraó e contra o Egito...” e depois acontece em Êxodo 12.29-32: “Então, eis que à meia noite, Deus matou todos os primigênios do Egito...”. Aqui, Deus dá a Moisés instruções que protegerão os israelitas da praga mortal: “...no dia dez deste mês, que cada homem tome para si um cordeiro para cada família, um cordeiro para cada casa...”(EX 12.1-20), e Moisés transmite essas instruções (vs. 21-27), ás quais o povo obedece. 

Eis um resumo: “Cada homem deve tomar um cordeiro para sua família... macho de um ano, sem defeito...todos os membros da comunidade de Israel devem sacrificá-lo ao entardecer (v.3,5,6,21). O sangue deve ser aplicado nos batentes e nas vigas das portas das casas onde comerão os cordeiros” com um ramo de hissopo e, em seguida, “naquela mesma noite, comerão carne assada no fogo” (V.7, 8: carne, com pão ázimo e ervas amargas, 22: “..marcai a travessa da porta e suas colunas laterais com o sangue que estiver na bacia...”). 

O Senhor passará pelo Egito, trazendo a morte do primogênito de todas as criaturas. Mas, “o sangue será um sinal para indicar as casas que vocês estiverem; e, quando eu vir o sangue, passarei adiante. Nenhuma praga destruidora os atingirá quando eu ferir o Egito, v.23 (v.13: “...quando eu vir o sangue, passarei adiante..”, v.23: “...quando vir as marcas de sangue sobre a travessa e sobre as duas colunas laterais, Ele passará adiante dessa porta...”). 


Mas, duas festas, Páscoa e pão ázimo?

Deus diz que essa libertação dupla deve ser comemorada em duas festas. A Páscoa começa no décimo dia do mês de abibe e termina no 14 dia. A festa dos pães sem fermento começa no 14º dia e termina no dia 21 . O dia mais importante em ambos os casos é o 14º dia, o dia da libertação, ou seja o dia da Páscoa.

 A páscoa comemora o livramento da morte “...ele passará adiante dessa porta e não permitirá que o Destruidor entre em vossas casas, para vos ferir de morte” (Ex 12.23). E a festa dos pães sem fermento comemora a libertação da escravidão, pois encena a partida de Israel às pressas: “Celebrareis, portanto, a festa dos pães sem fermento, porque foi nesse mesmo dia que Eu tirei os exércitos de Israel do Egito...

2)    Quem morreu?

Os israelitas merecem o julgamento mortal tanto quanto os egípcios. Porque tiveram que aplicar sangue aos batentes da porta, evidenciando que eram tão culpados quanto os egípcios e, portanto, precisavam de que um substituto morresse em seu lugar a fim de evitar o julgamento mortal. Na manhã seguinte, há um corpo. A pergunta é: “Quem morreu? Foi um filho ou um cordeiro?” O cordeiro substitui o filho. 


Se o sangue fosse apenas para marcar quais casas pertenciam os israelitas, tinta vermelha teria servido. No entanto, o sangue é sinal de que foi realizado um sacrifício, de que um substituto foi oferecido. Portanto, o sacrifício do cordeiro significa que há uma pendencia. O cordeiro é simplesmente um indicador, aponta para frente. A páscoa simboliza um ato maior de redenção.

Mais de um milênio depois, quando essa pendencia aguarda uma resolução, João Batista está nas margens do rio Jordão e é indagado porque ele estava batizando. Então, ele responde: “Eu batizo com água; mas, no meio de vós, já está quem vós não conheceis. Ele é aquele que vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de desamarrar”. Quando João está batizando vê Jesus que vinha caminhando em sua direção e diz: “Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.26-29). 

Alguns anos depois, Pedro afirma: “Pois vocês sabem que não foi com coisas perecíveis como prata e ouro que foram remidos de sua maneira vã de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo sangue precioso de Cristo, um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1 Pe 1.18-19). Paulo apresenta Cristo como “nosso cordeiro pascal” (1 Co 5.7).

Quando Pedro fala de Jesus como “cordeiro sem macha” (1 Pe 1.18-19), sua intenção é enfatizar a libertação do poder do pecado. Vejam os versículos antes: “Portanto, com a mente alerta e inteiramente sóbria, depositem sua esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado em sua vida. Como filhos obedientes, não se almodem aos maus desejos que tinham quando viviam em ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos em tudo o que fizerem; pois está escrito: Sejam santos, porque eu sou santo. Uma vez que invocam um Pai que julga imparcialmente as obras de cada um, vivam com temor reverente durante seu tempo aqui como estrangeiro” (1 Pe 1.13-17).

Devemos ser santos porque fomos remidos da escravidão. Devemos ser santos porque podemos ser santos; o pecado não é mais nosso Senhor. A expressão “com a mente alerta” é, literalmente, “cingindo os lombos de sua mente”. Trata-se de uma imagem tirada de Exodo 12.11, os israelitas deviam comer o cordeiro pascal “...cinto atado, sandálias no pés e cajado na mão. Comereis às pressas...”. Prontos para sair do Egito. Nos também devemos ter pressa para ser santo. Devemos estar sempre pronto para entrar em ação no serviço de Cristo. 

3)    Escravo de quem?

Em Exodo 4.22-23, quando Deus diz ao Faraó por intermédio de Moisés: “Deixe meu filho ir para que me preste culto” . A palavra traduzida por “prestar culto” é a mesma usada para designar a escravidão dos egípcios . Em Êxodo 2.23, por exemplo, diz que “os israelitas gemiam debaixo da escravidão”. Agora, Israel é liberto da escravidão de Faraó para a obediência; e é liberto por meio da obediência, ao seguir as instruções de Deus, ao aplicar sangue nos batentes da porta.

O relato de Exodo passa da construção forçada de edifícios para o Faraó á construção de um edifício para Deus. A voluntariedade na construção do tabernáculo é tipificada pelas ofertas espontâneas com os quais a obras é custeada: “todos os homens e mulheres israelitas que se dispuseram trouxeram ao Senhor ofertas voluntárias para toda obra que o Senhor lhes havia ordenado por intermédio de Moisés...E o povo continuava a trazer ofertas voluntarias manhã após manhã” (Ex 35.29; 36.3).

Paulo nos exorta: “E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum! Voces não sabem que, quando se ofereceram a alguém como escravos obedientes, são escravos daquele a quem obedece, quer sejam escravos do pecado que leva à morte, quer da obediência que leva à justiça? Mas graças a Deus porque, embora tenham sido escravos do pecado, obedeceram de coração à forma de ensino que agora pede sua lealdade, foram libertos do pecado e se tornaram escravos da justiça” (Rm 6.15-18). 


Conclusão:

Imagine um escravo de um senhor cruel (pecado). Um dia, outro homem (Jesus) tem misericórdia do escravo e o compra do antigo senhor cruel por um alto preço (coisas perecíveis, mas com o sangue de Jesus). Uma semana depois, o antigo senhor vê seu ex-escravo. Grita uma ordem para ele, e a reação automática do escravo é obedecer-lhe. No entanto, ele não está mais debaixo do controle do antigo senhor. Não precisa mais lhe obedecer. Precisa lembrar q quem pertence. Precisa lembrar o dia da libertação, em que a sua vida antiga chegou ao fim e sua vida nova começou. Recordar-se disso muda tudo.

 

 

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