terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 Maria e o nascimento de Jesus Lc 1.26-39 

Introdução

Estamos diante de um dos personagens mais complexos da história cristã, Maria. Ao longo da história, dois pontos podem ser vistos a seu respeito: aqueles que a colocam numa posição acima do que as escrituras revelam, chamando-a de mãe de Deus, imaculada, intercessora, corredentora e rainha do céu; e, aqueles que não dão a ela o reconhecimento necessário que a Palavra de Deus menciona, como nesse texto de Lucas 1.

Então, olhando para o texto do doutor Lucas, que fala da anunciação, muito de Maria se assemelha a nós, ou não. Porque ela ainda não conhecia a pessoa terrena de Jesus, e recebe uma mensagem do anjo Gabriel a respeito do seu nascimento e seu caráter, então quero convidar a todos para atenrarmos para o texto.

1)    Anunciação

O que aprendemos com o anjo sobre quem é Jesus? Primeiro, “Ele é o salvador do mundo” (Lc 1.31). Seu nome será Jesus, pois ele será o salvador do seu povo, ou seja,  “Deus que salva”. Os fundadores de todas as demais religiões vem ao mundo na condição de seres humanos, como guias para nos mostrar o caminho da salvação. Nenhum deles – Maomé, Budá, Confucio, etc – JAMAIS AFIRMOU SER DEUS OU MESMO UM REDENTOR OU SALVADOR. Mas, a Biblia sustenta que Jesus é o caminho da salvação “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6). “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). 

Segundo, “Ele é incomparavelmente grande” (Jo 1.32). João Batista seria grande diante do Senhor (Lc 1.15), mas Jesus é grande de forma incomparável (Lc 1.32). Pois Ele é o próprio Deus feito carne “O verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1.14). Deus de Deus, Luiz de luz, COIGUAL, COETERNO E CONSUBSTANCIAL COM DEUS. Ele é a exata expressão do ser de Deus e o resplendor da glória (Hb 1.3). Nele habitou toda plenitude da divindade. 

Terceiro, “Ele é o Filho do Altíssimo” (Lc 1.32). Ele é igual ao Pai em todas as coisas. Como Deus, Jesus não teve mãe; como homem, ele não teve pai. Ele é Eterno e preexiste ao universo: “Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1.17). “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16).

Quarto, “O Senhor lhe dará o trono do seu pai Davi e ele reinará para sempre” (Lc 1.32-33). O filho de Maria não é apenas o filho do Altissimo, mas também o rei cujo reinado é eterno. Seu reino não é terreno ou politico, mas espiritual, um reinado da graça e da verdade estabelecida no coração de todos aqueles que tem o Deus de Jacó como refugio. No sonho de Nabucodonosor em que ele viu a estatua e os quatro reinos, ou seja, Babilonia, medo-persa, Grécia e romano, diz o profeta: “O Deus dos céus estabelecerás um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá todos esses reinos e os exterminará, mas esse reino durará para sempre” (Dn 2.44). 

Quinto, “Ele é santo em seu ser” (Lc 1.35). “O poder do Altissimo te cobrirá com a sua sombra; por isso aquele que nascerá será santo e será chamado filho de Deus”. Ele é o único ser humano que entrou no mundo ser herdar o pecado original. Ele é a semente da mulher “Porei inimizade entre você e a mulher (Deus falando para Satanás), entre a tua descendência e a descendência dela...”(Gn 3.15) e não a semente do homem. Ele é essencialmente santo, pois não herdou o pecado da raça humana nem cometeu pecado algum. Não conheceu o pecado (2 Co 5.21), não cometeu pecado (1 Pe 2.22) e nele não existe pecado (1 Jo 3.5).

2) A reação de Maria

 A cidade natal de Maria é Nazaré, com uma população de apenas algumas centenas de pessoas. Nazaré era tão obscura que nunca é mencionada no Antigo Testamento nem na lista de Josefo das 56 cidades da Galileia. Nazaré tampouco é mencionada no Talmude, que lista 63 cidades. 

Na época Maria tinha seus 14 anos e era muito pobre. Era uma camponesa que, além de toda essa situação, enfrentará a desgraça com a noticia que o anjo lhe deu. No entanto, essa simples mulher do campo, gravida e solteira é hoje um dos seres humanos mais famosos do mundo. O que a torna tão extraordinária? O modo como reagiu a Deus e sua mensagem. Ela fez quatro coisas:

Primeiro, Logo após a aparição do anjo, o texto diz:Mas, ao ouvir essas palavras, ela ficou muito perturbada  e começou a pensar que saudação seria essa” (Lc 1.29). Ouviu o que? “Alegre-se, agraciada! O Senhor está com você”, ou “Achaste graça diante de Deus” e não “Ave Maria, cheia de graça”, como se ela fosse uma fonte inesgotável de graça para outras pessoas. A expressão COMEÇOU A PENSAR significa usar a lógica, raciocinar com intensidade. Quer dizer que Maria tentava descobrir como tudo isso poderia ser verdade. 

A noticia com certeza não se encaixava no que sabia, porque a mensagem dizia que um ser humano seria divino. A idéia de que o Deus do Monte Sinai se tornaria humano era impossível para a razão e repugnante para a sensibilidade moral dos judeus. Como fora difícil aos discípulos aceitarem a ressurreição de Jesus!

O Deus criador do universo está entrando no útero de uma moça para nascer como ser humano através dela. Assim, a anunciação toma de assalto todas as narrativas e exige um duro trabalho intelectual. Maria não se esquiva, foge disso. Pondera as evidencias, pesa a consistência interna das afirmações e conclui que é verdade. 

Segundo, Ela questiona o anjo: “Como acontecerá, já que sou virgem”. Ou seja, como pode ter um filho se não faz sexo? Isso mostra a disposição para ser sincera acerca de suas incertezas e questionamentos. Há dois tipos de duvidas: as desonestas e as honestas.

As desonestas são ao mesmo tempo orgulhosas e covardes; demonstrando desdém e arrogância. Como: “Que idéia maluca!” e ir embora,  ou, “Isso é impossível”, ou uma versão contemporânea “Que burrice”. No entanto, as duvidas sinceras são humildes, porque levam você a indagar, não erguer um muro apenas. E, quando você propõe uma pergunta sincera, fica vulnerável de certa forma. A pergunta de Maria para o anjo na verdade solicita informações e deixa aberta para a possibilidade de uma boa resposta que talvez mudasse seus pontos de vista.

 Se ela nunca tivesse expressado uma duvida que fosse, o anjo jamais teria pronunciado uma das grandes declarações da Bíblia “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Quanto mais você estiver disposto a expressar suas duvidas com sinceridade e humildade, quanto mais apresentar questionamentos francos, mais longe você e as pessoas a seu redor chegarão. 

Terceiro, após ouvir que “para Deus nada é impossível”, ela age. Voce crê em Deus, Maria? Sim. Bem, se há um Deus que criou o mundo, libertou o seu povo e o protegeu durante séculos, por que ele não pode fazer isso? E isso fez sentido para ela. Por isso Maria diz: “... Aqui está a serva do Senhor, cumpra-se em mim a tua palavra...” (Lc 1.38).  

As vezes as pessoas comentam: “Gostaria de ser cristão, mas terei de fazer isso? Serei obrigado a abrir mão daquilo? Terei de orar, deixar de lado o sexo, desistir do meu emprego, mudar meus pontos de vista/ Na versão King James, lemos: “Eis aqui a serva do Senhor; que se realize em mim tudo conforme a tua palavra”.

“Quando se trata de seguir a Jesus, o mais difícil de entregar é entregar-se a si mesmo. Deus chega para Abraão e ordena: Abraão, sai da tua terra, da terra dos caldeus, e segue-me. Abraão pergunta: Onde estou indo. Ao que Deus responde apenas: eu lhe mostrarei mais tarde. Deus quer que Abraão abra mão do direito de determinar por si próprio a melhor maneira de viver.

A decisão de Maria era aceitar e acolher essa criança e tudo o que viesse com ela. O que custou de verdade ter “Deus conosco” em seu meio” (Mt 1.23)?O que custou estar com ele? A resposta do texto é coragem. E disposição para fazer a vontade dele a qualquer preço. 

 Conclusão:  Quarto, Maria visita Isabel - comunhão

Quando Maria chega as montanhas da Judéia para passar algum tempo com Isabel, em sua saudação a criança no ventre de Isabel se agitou de alegria. Logo, Isabel lhe diz: “Bendito és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre” ()v.42). Maria não parece compreender o que está passando até visitar outra irmã na fé e elas conversam e adoram juntas.  

Maria irrompe um cântico magnifico, ele costuma ser chamado de Magnificat. Ela se põe adorar e exaltar a Deus de todo coração: “...a minha alma engradece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”(vs. 46,47).

 

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