O que vai sempre volta. Et 6
Introdução: o que é bumerangue?
Peça de madeira chata e em forma de cotovelo, usado como
armas pelos povos aborígenes da Austrália, e concebido para voltar para perto
da pessoa que a lançou após descrever uma curva. Figuradamente é: faca de dois
gumes.
1)
Tudo
o que parecer perdido, não está.
Mardoqueu poderia ter-se desesperado diante
situação na Pérsia. Senão, vejamos os fatos: O rei era um autoritário, sem
piedade nenhuma e não tinha qualquer interesse pelos judeus. Além disso, Hamã –
primeiro ministro da Pérsia, odiava abertamente os judeus era antissemita,
nazista até o ultimo fio de cabelo, ele os desprezava. Quanto a Ester, quando o
rei soubesse que era judia, a vida dela talvez terminasse num instante; embora,
no dia seguinte ela havia marcado um jantar com o rei e Hamã, nada ainda era
previsto. Finalmente, Hamã estava construindo uma forca, “mande fazer uma
forca, de mais de vinte metros de altura” (Et 5.14), planejando matar Mardoqueu
no dia seguinte.
2)
Quando
ninguém, notar, Ele nota.
No capítulo 2, vimos que Mardoqueu descobriu uma conspiração
para matar o rei Assuero: “...Bigtã e Teres, dois oficiais do rei que guardavam
a entrada...indignados e tramavam uma maneira de tirar a vida de Assuero” (Et
2.21). Quando Mardoqueu soube da conspiração, ele contou a Ester. Por ser
rainha, ela passou a informação ao rei. O rei “...depois de investigado a
informação e apurada a verdade” (Et 2.23), Bigtã e Teres foram mortos antes de
ter oportunidade de eliminar o rei.
No entanto, Mardoqueu não ganhou nenhuma recompensa, nenhum
presente pelo seu ato de coragem. Parecia que ninguém tinha notado ou lembrado.
Ele continuou com a sua vida simples, sem recompensa ou apreciação...
Mas, “naquela noite”, o rei não conseguia dormir e pediu que
trouxessem o livro dos registros históricos, o diário da corte, para que
pudesse ler. Durante a leitura deparou com o registro do incidente em que
Mardoqueu descobriu a conspiração e Bigtã e Teres, os dois eunucos da corte,
guardas da entrada do palácio, que haviam planejado assassinar o rei Assuero”
(Et 6.1-2).
O rei, sofrendo de insônia, ouve a leitura das crônicas,
provavelmente esperando que isso o ajudasse a adormecer. Enquanto escuta,
porém, ouve a recapitulação do incidente em que a sua vida foi ameaçada e o
homem chamado Mardoqueu denunciara a conspiração. “Pare” diz ele ao secretário.
“Espere”.
“Então disse o rei: que honras e distinções se deram a
Mardoqueu por isso? “Nada lhe foi feito”, responderam os servos do rei que o
serviam” (Et 6.3). Vejam a providência divina: enquanto toda cidade dormia, o
rei se sentia inquieto. Ou seja, de todas as noites para sofrer insônia, aquela
era justamente a noite! O rei desconhecia o plano para matar Mardoqueu.
“NAQUELE NOITE”. É assim que Deus age no último momento, ele
entra e faz o inesperado. Quando ninguém parece notar nem se importar, ele nota
e se importa “Naquela noite”. Neste momento, ele move o coração do rei, que
repentinamente compreende que deve sua vida e seu trono esse judeu desconhecido
chamado Mardoqueu.
Em meio a tudo isso que lhe aconteceu, Mardoqueu nunca
procurou vingar-se. Nunca tentou prejudicar Hamã, mesmo quando teve
oportunidade, mesmo quando Hamã se encontrava fácil de ser atingido. Ele nem
sequer falou contra o homem.
“PORQUE DEUS NÃO É INJUSTO PARA FICAR ESQUECIDO DO VOSSO
TRABALHO E DO AMOR QUE EVIDENCIASTE PARA COM O SEU NOME, POIS SERVISTES E AINDA
SERVIS AOS SANTOS” (Hb 6.10).
Deus não é injusto para ficar esquecido”. Quando ninguém mais
nota, fique certo, Deus nota. Quando ninguém mais lembra, Deus registra. O
salmista nos diz que o Senhor “conheces bem todas as minhas angústias;
recolheste minhas lágrimas num jarro e em teu livro anotaste cada uma delas”
(Sl 56.8). No Salmo 30.5, lemos: “O choro pode durar toda a noite, mas a
alegria vem com o amanhecer”. Tem um ainda na minha história e na sua, veja o
que nos disse Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça e não haja frutos
nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos
fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os
currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da
minha salvação” (Hc 3.17).
3)
Quando
tudo parece que vai bem, tome cuidado!
Sempre que as coisas aparentam estar maravilhosa, é melhor
que você espie para ver o que está vindo ao seu encontro, lá na esquina. Que pena
que Hamã não conhecia esse principio! É possível que tivesse conhecido, mas a
sua presunção ofuscou sua memória. “O orgulho precede a destruição; a arrogância
precede a queda” (Pv 16.18).
O rei se pôs a imaginar o que poderia ser feito para
agradecer a grande coragem desse homem: “...quem está no pátio? Ora, Hamã tinha
entrado no pátio exterior da casa do rei, para dizer que se enforcasse a
Mardoqueu na forca que ele, Hamã, lhe tinha preparado” (Et 6.4-5).
O sol mal surgiu no horizonte e eis ali Hamã, precipitando
para o palácio o mais cedo possível para ser o primeiro a ter uma audiência com
o rei e acabar com o inimigo odiado. De repente, do pátio interno, vem a voz do
rei: “Chamem-no. Digam a Hamã para entrar”. Hamã, pensou consigo mesmo, “Esta é
a minha oportunidade, a forca está quase pronta, é hoje que o meu inimigo vai
ser pendurado”. Hamã entra no pátio do rei...
“Quando Hamã entrou, o rei perguntou a ele: o que seria
correto fazer a um homem a quem o rei quer homenagear”(Et 6.6). Ou, “o que devo
fazer para honrar um homem que muito me agrada”.
Quando o rei faz a pergunta, em quem Hamã pensa
imediatamente? “Hamã pensou: A quem o rei desejaria honrar senão a mim? Afinal,
sou a segunda pessoa do seu reino. Este é o meu momento, exulta. Então, vamos
ver o que poderia ser feito para mim? ”
“...quanto ao homem a quem agrada ao rei honrá-lo, tragam as
vestes reais de que o rei costuma usar, e o cavalo em que o rei costuma andar
montado, e tenha na cabeça a coroa real; entreguem-se as vestes e o cavalo às
mãos dos mais nobres príncipes do rei; e vistam delas aquele a quem o rei deseja
honrar; levem-no a cavalo pela praça da cidade, e diante dele apregoem: Assim
se faz ao homem a quem o rei deseja honrar” (Et 6.7-9).
Então, respondeu o rei: “Pois faça exatamente isso. Não perca
tempo. Pegue a roupa e o cavalo e faça o que você sugeriu ao judeu Mardoqueu,
que está sempre ali perto da porta do palácio. E não se esqueça de nenhum
detalhe que você sugeriu” (v.10).
QUERO QUE O PRINCIPE MAIS IMPORTANTE FAÇA O ANUNCIO.
Portanto, Hamã, quero que você leve o cavalo pela cidade e apregoe a
grandiosidade do homem montado nele” (v. 11).
Mardoqueu, sentado no cavalo do rei, com as vestes reais, com
a coroa do rei na cabeça, ele era o homem mais surpreso do reino. Ele não era
orgulhoso, nem vingativo. Não ficou sussurrando: “Fale um pouco mais alto, não
estou ouvindo”. Mardoqueu não abriu a boca.
Como são raras as pessoas que podem ser promovidos a uma
posição de importância sem se autopromover, ou ansiar pela luz dos holofotes,
ou exigir o centro do palco.
Depois, “Mardoqueu voltou para a porta do rei”. Uma frase
curta, fácil de esquecer. É como se ele dissesse: “Se na providencia de Deus,
essas coisas forem destinadas a mim, elas saberão achar-me. Mas devem
procurar-me, porque não farei isso. Os que as conferem conhecem o meu endereço “porta
do rei” e lá me encontrarão”.
NÃO IMPORTA O QUE LHE ACONTEÇA, LEMBRE-SE “DO ABISMO DE QUE
FOI RESGASTADO” VAI DESCOBRIR QUE O MELHOR LUGAR NESTA TERRA CONTINUA ENDO
AQUELE QUE FICA PERTO DAS SUAS RAIZES.
4)
Quando
nada parece justo, é porque é justo!
“...depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém
Hamã se retirou correndo para casa, angustiado e de cabeça coberta. Contou Hamã
a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, o que lhe tinha sucedido...”(Et
6.12).
Da ultima vez que Hamã foi para casa, ele estava se gabando
da sua importância. Agora entra furtivamente pela porta, resmungando e
choramingando com o que lhe acontecera. Pessoas como Hamã sempre culpam outros
pelo seu infortúnio, raramente dizem: “Deus me deu uma grande lição” ou, “Fui
humilhado com isto” ou, “ganhei mediante esta perda” ou, “Deus esmagou o meu
espírito, mas agradeço por ter aprendido a confiar nele”.
Em vez disso, elas constantemente afirmam: “Se não fosse por
causa desse indivíduo...” ou, “se ele não tivesse dito...” ou, “se aquela
pessoa não tivesse feito isso...” ou, “se a firma não fizesse...” e assim por
diante.
Sua esposa profetizou, sem ela perceber: “...se Mardoqueu,
perante o qual já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não
prevalecerás contra ele, antes certamente cairás” (v.13).
Conclusão:
Deus não havia ignorado a Hamã ou ao seu projeto de matar
Mardoqueu e os judeus. Deus ouvira as suas declarações, o orgulho do seu
coração, os motivos violentos e preconceituosos por trás das suas decisões.
Deus estava invisível, mas não se encontrava fora de contato ou passivo. O QUE
VAI SEMPRE VOLTA.
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