terça-feira, 25 de agosto de 2020

 Tomé - o incrédulo. João 20.24-31

Introdução: Quem é Jesus? 


“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: “Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus.” Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la. […] Agora, parece-me óbvio que Ele não era nem um lunático nem um demônio, consequentemente, por mais estranho, assustador e inacreditável que possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é Deus.” (Cristianismo Puro e Simples)

1)     Tomé

Tomé muitas vezes é chamado de “o descrente, ou, incrédulo”. O que falar de Tomé? Ele era uma pessoa um tanto negativa. Sofria de preocupação crônica. Pensava demais em tudo. Tinha a tendência de ficar ansioso e angustiado. 


Tomé significa “o que honra a Deus”. Ele era chamado de Dídimo, que significa “algo formado de duas partes”, ou gêmeo. Aparentemente, tinha uma irmã ou irmão gêmeo que não aparece nas escrituras. Ele é mencionado apenas uma vez nos evangelhos sinópticos, Mateus, Marcos e Lucas. Seu nome simplesmente aparece na lista juntamente com o dos outro doze apóstolos. Tudo o que sabemos sobre seu caráter vem do evangelho de João.

 2)     Tomé na ressurreição de Lázaro

João menciona Tomé pela primeira vez no capitulo 11, versículo 16. É um único versículo, mas fala muito sobre o verdadeiro caráter de Tomé. “...Vamos até lá também para morrer com Jesus”.

Jesus havia saído de Jerusalém, pois sua vida estava em risco naquela cidade, e “novamente, se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João Batista batizava no principio; e ali permaneceu” (Jo 10.40). Grandes multidões foram ouvir Jesus pregar. João diz que “muitos ali creram nele” (v.42). As pessoas estavam abertas para o evangelho. As almas começaram a ser convertidas. Jesus pode ministrar livremente, sem a oposição dos lideres religiosos de Jerusalém.

Porém, esse tempo no deserto foi interrompido por um acontecimento. João escreve: “Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta” (Jo 11.1). Betânia ficava nas cercanias de Jerusalém. Jesus se hospedava sistematicamente com aquele família e havia formado um relacionamento próximo e afetivo com Lazaro e suas irmãs. “Senhor, está enfermo aquele a quem amas” (v.3).

Assim, Jesus esperou mais dois dias, de modo que, quando chegou a Betãnia, Lázaro já havia falecido quatro dias (v.39). Jesus sabia exatamente quando Lázaro havia morrido. “Depois disse aos seus discípulos: vamos outra vez para Judéia” (v.7). Mas, os discípulos se assustaram: “Mestre, ainda agora os judeus procuraram apedrejar-te, e queres voltar para lá” (v.8).

A resposta de Jesus é interessante. “Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” (VS. 9-10). Em outras palavras, não havia necessidade de eles moverem-se furtivamente, como se fossem criminosos. Ele estava decidido a fazer seu trabalho em plena Luz do dia, pois é isso que se faz para não tropeçar. 

 “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo” (v.11) Novamente, os discípulos não discernem: “Senhor, se dorme, estará salvo” (v.12). “Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Jesus lhes disse claramente: “Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele” (VS. 13-15).

Aqui que aparece Tomé: “Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele”. (v.16). Ou, “...Vamos até lá também para morrer com Jesus”. (NVT).

Trata-se de um comentário pessimista, o que é típico de Tomé. No entanto, é um pessimismo heróico. Estava certo de que Jesus rumava diretamente para um apedrejamento. Contudo, se era isso que o Senhor estava decidido a fazer, Tomé estava firmemente resoluto a segui-lo e morrer com ele.

Um otimista teria dito algo como: “Vamos lá; vai dar tudo certo. O Senhor sabe o que está fazendo. Ele diz que não vai tropeçar, vai dar tudo certo. Mas o pessimista diz: “ele vai morrer e nós vamos morrer com ele”. Pelo menos tinha coragem de ser leal, mesmo diante de seu pessimismo.  “Tudo bem, vamos lá, vamos morrer”. Ele não se iludia, achando que seguir Jesus seria fácil. Tudo o que podia ver eram as garras da morte prestes a prendê-lo. Mas seguiu a Jesus com uma coragem inabalável.

3)    Tomé e a duvida

Depois da morte de Jesus, todos os discípulos estavam em profundo desalento. Os discípulos não creram na ressurreição até que viram Jesus. Marcos 16.10-11 diz que depois de Maria Madalena ter visto Jesus, “partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam. Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram” (v.13).

 “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: seu eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei”. 

O que Tomé pede é a demonstração mais pessoal e concreta que ele podia imaginar. Precisava haver evidencia convincente de que o Jesus que morrera estava em genuína continuidade com o pretenso Jesus ressurreto.

A crucificação era o método mais cruel de execução. Era reservado aos escravos, aos traidores e aos inimigos públicos. A vitima era colocada numa cruz, suas mãos e pés eram pregados. Para adiantar a morte, por causa de algum feriado, os soldados quebravam as pernas, impossibilitando o condenado de respirar em pouco tempo, morria.

Quando se aproximaram de Jesus, para quebrarem  suas pernas, já estava morto. Um dos soldados pressionou sua lança curta por baixo da caixa torácica, perfurando o pericárdio, fazendo com que sangue a água fluíssem do lado de Jesus. Então, o corpo de Jesus, tinha feridas singulares. TOMÉ SABIA DISSO. E foi a razão por que ele exigiu ver e tocar não somente nas mãos e pés de Jesus, mas também a ferida no seu lado.

“Passado oito dias, , estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pos-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não seja incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” 

4)    Senhor meu e Deus meu!

As testemunhas de Jeová acham difícil aceitar esse versículo em seu sentido literal. Para eles, Jesus não é Deus mas um deus menor. Mas, sabemos que Tomé chamou Jesus de Senhor e Deus!

 Mas, por quê Tomé chamou Jesus de “Senhor meu e Deus meu”? Talvez nesta semana,lembrou-se da noite em que Jesus foi traído e quando Ele disse a Filipe: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Também, lembrou-se, da insistência de Jesus em que Deus lhe confiara todo julgamento, a fim de que “todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai” (Jo 5.23). Em outro momento, Jesus declarou: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58). E mais: “O filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o filho também semelhantemente o faz” (Jo 5.19).

Talvez, nessa semana, Tomé, lembrou-se, do milagre que Jesus operou em Marcos 2. Um paralitico, carregado por quatro homens, descendo pelo telhado, aonde estava Jesus. Jesus olhou para o paralitico e disse: “Filho, os teus pecados está perdoados” (Mc 2.5). Os religiosos murmuravam: “Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus”. Jesus respondeu: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralitico: estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: levanta-te, e toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados, a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mc 2.10-11).

Conclusão

“Senhor meu e Deus meu”. Ele estava com o Pai, mas se encarnou, tornou-se humano, sofreu com uma morte vicária, a morte de um cordeiro redentor. Tomé levou o evangelho até a India. Há igrejas no sul da India cujas tradições remetem ao começo da era cristã. As tradições mais fortes afirmam que ele foi martirizado por sua fé ao ser atravessado com uma lança. 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário