terça-feira, 1 de setembro de 2020

 Judas Iscariotes – duas faces 

Introdução:

Os apóstolos exemplificam como pessoas comuns, com seus defeitos típicos  - Pedro – sanguíneo; André – tímido; João e Tiago – Boanerges; Filipe – calculista; Natanael, preconceituoso; Tomé, incrédulo. Mas, foram usados por Deus de forma incomum e admirável. Agora, quanto a Judas, serve de advertência sobre o potencial perverso do descuido espiritual, das oportunidades desperdiçadas, dos desejos pecaminosos e ódio no coração. Eis um homem que chegou tão perto do salvador quanto é humanamente possível. No entanto, permaneceu na incredulidade e partiu para a eternidade sem qualquer esperança.

1)    Judas

Judas é uma outra forma do nome Judá. Significa “Jeová conduz”. Judá, ou Judas, era o nome de um dos doze filhos de Jacó no Antigo Testamento; o magnifico levante pela independência, ocorrido em 164 a.C., foi liderado por um homem chamado Judas Macabeu.

Seu sobrenome Iscariotes, indica a região de onde ele veio. É derivada do termo ISH (homem) e do nome da cidade Queriote, uma pequena cidadezinha localizada no sul da Judéia. Ao que parece, ele é o único que não vinha da Galiléia e também não era pescador. Portanto, Judas era uma figura solitária, e que passou a fazer parte do circulo de apóstolos. O seu pai chamava-se Simão (Jo 6.71). 


2)    Sua desilusão

Todos os discípulos pensavam no Messias dos judeus como um Monarca Oriental que iria derrotar os inimigos da Judéia, livrar Israel da ocupação pagã e restabelecer o reino de Davi com glória nunca antes vista. Sabiam que Jesus operava milagres. Sabiam que Jesus possuía poderes sobre o reino das trevas. Sabiam que Jesus tinha autoridade sobre o mundo físico.

 No entanto, a maioria dos apóstolos esperava um reino terreno, material, politico, militar e econômico. Apesar de terem deixado tudo para seguir a Jesus, fizeram-no na expectativa de que seriam recompensados (Mt 19.27). Aos poucos, o restante dos apóstolos, menos Judas, começaram a compreender a sina do verdadeiro Messias. Contudo, Judas só abriu as portas de sua vida para a desilusão. E na maior parte do tempo, escondeu-a sob uma capa de hipocrisia, pois estava procurando lucrar alguma coisa com os anos que havia investido em Jesus. Os interesses mundanos de seu coração jamais foram vencidos.

3)    Duas faces

Jesus foi convidado para participar de um banquete na casa de Simão. Marcos o chama de “Simão, o leproso” (14.3), e Lucas o identifica como sendo fariseu (Lc 7.39). Lázaro como convidado, enquanto Marta ajudava a servir, mas Maria não fora convidada para nenhuma atividade especifica.

Maria entrou na casa sem ser notada. Carregava um jarro de alabastro com um perfume muito caro. Ela se ajoelhou diante de Jesus e, de repente, quebrou o jarro e derramou todo perfume sobre os pés de Jesus, numa extravagante gesto de adoração. Enquanto encharcava os pés de Jesus com suas lágrimas e os secava com seus cabelos, o aroma encheu a sala e fez com que toda atividade cessasse imediatamente.

Simão, o leproso, protestou silenciosamente: “Se este homem fosse profeta, saberia quem nele está tocando e que tipo de mulher ela é: uma pecadora” (Lc 7.39). Mas Judas levantou objeção por outra razão: “Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários. Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nele era colocado” (Jo 12.5-6).

 Trezentos denários correspondem ao salário de um ano trabalhado. Mateus 26.8 diz que todos eles concordaram com a indignação de Judas. É claro que, naquela ocasião, nem João nem nenhum outro dos apóstolos conseguiu enxergar a falsidade de Judas. Mas, depois de alguns anos, João declarou expressamente qual era a motivação de Judas: pura ganancia. 


Aqueles que desviam dinheiro raramente roubam muito na primeira vez. Depois, à medida que o desvio se torna um hábito – e, então, um ritual – eles racionalizam seu pecado sem reservas. Judas já estava cultivando uma vida dupla havia meses, e muito possivelmente anos. Sua encantadora fachada religiosa mantinha um forte ressentimento oculto dos outros discípulos.

Ninguém suspeitava de seu pecado secreto, nem mesmo fora realizada uma auditoria nos fundos ministeriais. Até mesmo seus valores torcidos pareciam piedosos a seus companheiros. Quando repreendeu o “desperdício” de Maria, ele de alguma maneira tentou arrastar os outros discípulos para a mesma denuncia.

O objetivo era preservar algum sendo de dignidade. Enquanto isso, o ciclo de compulsão e vergonha vai criando uma separação entre seus pensamentos particulares e uma imagem publica cuidadosamente elaborada a qual é por fim aceita como seu verdadeiro eu. O que pode ser chamado de duas faces – sempre se inicia com uma pequena rachadura, uma decisão de ocultar o pecado. O pecado abomina a luz da verdade; exige segredo por parte do pecador. O ÚNICO REMEDIO PARA ISSO É A CONFISSÃO GENUINA E SINCERA.

4)    Satanás entrou em Judas (Lc 22.3)

Dos doze discípulos, Satanás escolheu aquele que nutria um pecado secreto e cultivava duas faces. Quando há abismo entre a imagem publica e particular de uma pessoa, Satanás encontra liberdade. Judas criou uma porta, e ele entrou sem se deixar notar.



 “Satanás entrou nele para assumir total controle sobre sua vontade” (Frederick Goder). “É evidente que Judas abriu a porta de seu coração e deixou Satanás entrar. Depois, Satanás assumiu controle sobre ele, e Judas tornou-se um diabo, como Jesus disse” (A. T. Roberson).

“Lucas quer dizer que, naquele momento, ele estava totalmente entregue à Satanás, de modo que, como um homem desesperado, procurou violentamente a destruição (de Jesus); diz-se que ele entra no perverso quando assume possessão de todos os seus sentidos, elimina o temor de Deus, extingue a luz da razão e destrói todo sentimento de vergonha”. (João Calvino)

Cuidado com a tentação de rejeitar Satanás por considera-lo apenas uma superstição. A principal arma do diabo é o engano e a coisa que ele mais deseja é fazer com que todos pensem que ele é simplesmente um fruto da imaginação medieval. Satanás iniciou e aperfeiçoou a arte de disfarçar o mal e apresentá-lo como algo bom.

5)    Traição

Era Páscoa e Jesus estava reunido com seus discípulos, celebrando os elementos dessa festa milenar. Antes de iniciar, Jesus se levantou e lavou os pés de cada discípulo; dando a eles o exemplo da humildade, do serviço. Pedro contesta, mas Jesus lhe diz: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (Jo 13.8). Pedro responde: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça” (Jo 13.9). E Jesus responde: “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés, quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, MAS NÃO TODOS” (Jo 13.9-10).  Então, Jesus dá um sinal: “é aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado... tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas”.

Somente depois de Judas ter partido foi que Jesus instituiu a ceia do Senhor. Até hoje, quando nos aproximamos da mesa do Senhor, somos instruídos a nos examinar (1 Co 11.27-32).

 Judas, saindo foi direto para o Sinédrio entregar Jesus. Juntos com os religiosos e soldados romanos foram em busca de Jesus no Jardim do Gestesemani e deu um sinal: “aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o” (Mt 26.48). Beijo era sinal de reverencia, amor, afeição, carinho, respeito e intimidade.



Conclusão:  sua morte

“Então Judas, o que traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de pratas aos principais sacerdotes e anciãos, dizendo: pequei, traindo sangue inocente”. JUDAS NÃO BUSCOU O PERDÃO DE DEUS. NÃO CLAMOU POR MISERICÓRDIA. NÃO BUSCOU LIVRAMENTO DAS GARRAS DE SATANAS. EM VEZ DISSO, TENTOU CALAR SUA CONSCIENCIA AO COMENTER SUICIDIO. “...Precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram...”(Atos 1). 



 

 

 

 

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