sábado, 26 de setembro de 2020

 A chamada do profeta Ezequiel – Ez 1.1-2



Introdução:

O profeta Ezequiel é um dos profetas mais complexos do Antigo Testamento, porque pouco sabemos de sua vida. Diferente, do profeta Jeremias, cuja vida pessoal é desnudada diante dos nossos olhos. Seu livro é apocalíptico, como Daniel, Zarcarias e Apocalipse e muito do que lemos aqui, vemos reflexos no livro de Apocalipse.

1)    Circunstancias da chamada

“Ezequiel estava “entre os exilados junto ao rio Quebar”(Ez 1.1). Foi levado para Babilônia pelo Rei Nabucodonosor junto com o jovem rei Joaquim e “todos os lideres e os homens de combate todos os artesãos e artífices” (2 Rs 24.14), em 593 a.C. 



“Era 31 de julho do meu trigésimo ano” (Ez 1.1 NVT). Provavelmente o profeta havia atingido 30 anos, essa era a idade da maturidade. Por ser sacerdote, era com trinta nos que assumia os deveres sacerdotais.

“Foi no quinto ano do rei Joaquim, no quinto dia do quarto mês” (Ez 1.2). Pano de fundo pessoal e político da visão.

2)    A glória do Senhor

Ele viu uma nuvem vindo do Norte e no meio das nuvens “quatro seres vivos de aparência humana” (NVT). “Cada um dos quatro seres tinha rosto humano na frente, rosto de leão à direita, rosto de boi à esquerda e rosto de águia atrás” (Ez 1.10). 



“Aquilo metia medo”. Literalmente criava o temor e o terror que são sentidos diante de toda grandeza de Deus. A palavra medo ou temor, inclui todas as emoções que surgem quando se fica apavorado – desorientado, incapacidade de saber o que vai acontecer em seguida e a constatação de que existe algo mais que não pensávamos existir.

O TEMOR DO SENHOR É O QUE NOS IMPEDE DE PENSAR QUE SABEMOS TODAS AS COISAS. E, PORTANTO, IMPEDE QUE FECHEMOS NOSSA MENTE E NOSSA CAPACIDADE DE PERCEBER O QUE É NOVO. O TEMOR DO SENHOR NOS IMPEDE QUE NOS COMPORTEMOS COM ARROGANCIA, DESTRUINDO OU VIOLANDO ALGUM ASPECTO DO QUE É BELO, VERDADEIRO OU BOM E QUE NOS PASSA DESPERCEBIDO OU FICA ASSIM DA NOSSA CAPACIDADE DE COMPREENSÃO.

O temor do Senhor é o medo sem o elemento do pavor. Temos sempre essa palavra: “Não temas”. Esse “Não temas” não é alguma coisa que acarreta ausência de medo, mas ele transforma o medo em temor do Senhor. Daniel teve a mesma reação (Dn 10.7-9), Isaias (6) e também João (Ap 1.17).

A “glória” mencionada no v. 28 aparece em pontos chaves do livro e em locais diferentes. Aparece na Babilônia, junto ao rio Quebar. De novo, se manifesta no Templo em Jerusalém (Ez 8). E, ainda o profeta escreve: “A mão do Senhor esteve ali sobre mim, e ele me disse: “Levante-se e vá para a planície e lá falarei com você. Então me levantei e fui para a planície e lá estava a glória do Senhor, glória como a que eu tinha visto junto ao rio Quebar. Dobrei-me, rosto em terra” (Ez 3.22-23).

3)    O chamamento

O profeta só pode receber sua chamada depois que o Espírito entrou nele e o fortaleceu: “Enquanto ele falava, o Espírito entrou em mim e me pôs de pé, e eu ouvi suas palavras com atenção” (Ez 2.1-2).

Pregar aos israelitas seria como habitar entre escorpiões e ser cercado de espinhos (Ez 2.6). “São um povo teimoso, de coração duro. Mas eu o envio para lhes dizer: Assim diz o Senhor Soberano! E quer eles ouçam quer não – lembre-se de que são rebeldes -, pelo menos saberão que tiveram um profeta no meio deles”.

Ezequiel não procura evitar a tarefa que lhe foi proposta, discutindo com o Senhor como Moises: “No entanto, argumentou Moisés a Deus: Perdão, ´´o meu Senhor! Todavia eu não tenho facilidade para expressar-me, nem no passado nem agora que falaste ao teu servo. Não consigo falar bem, pesada é a minha língua” (Ex 4.10). Ou, como Jeremias: “Ah, Soberano Senhor! Eu não sei falar, pois ainda sou muito jovem” (Jr 1.6).

Todavia, o Senhor lhe garantia proteção e capacidade de aguentar a oposição dura que havia de encontrar, de suportar os “espinhos e escorpiões”. “Toda nação de Israel está endurecida e obstinada. Porém eu tornarei você tão inflexível e endurecido quanto eles. Tornarei a sua testa como a mais dura das pedras, mais dura que a pederneira” (Ez 3.7-9). VALE NOTAR QUE O PROPRIO NOME EZEQUIEL SIGNIFICA “DEUS FORTALECE”

Conclusão. Come o livro

O rolo de um livro é oferecido: “Filho do homem, coma o que lhe dou. Coma este rolo! Depois vá e fale ao povo de Israel. Então abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer. Filho do homem, encha seu estomago com ele, disse a voz. Quando eu comi; o sabor era doce como mel em minha boca” (Ez 3.1-3). 



Em Apocalipse, temos semelhança: “Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi depressa. E, de fato, ele era doce como mel ao paladar; contudo, assim que o engoli, meu estomago ficou muito amargo”

O profetizar, envolve, comer a Palavra de Deus em sua inspiração total e, ao mesmo tempo, saber que essa palavra, para muitos ouvintes, torna-se um fel, amarga. Eles não aceitam a revelação de Deus pra vida deles. Mas, não vamos desanimar.   O testemunho sempre envolve as polaridades de doçura e amargura (Mt 11:28; Cl 3:5-6).

 “Diga-lhes as minhas palavras”.

 


 

 

 

 

 

 

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