terça-feira, 11 de agosto de 2020

 Natanael, o apostolo sem dolo – Jo 1.45-51

Introdução

Natanael, o companheiro mais chegado de Filipe, aparece nas quatro listas dos doze como Bartolomeu. Bartolomeu é um sobrenome hebraico que significa “filho de Tolmai”. Natanael quer dizer “Deus deu”. Assim, ele é Natanael, filho de Tolmai ou Natanael Bar-Tolmai.

Os evangelhos não contêm detalhes sobre a origem, o caráter, ou a personalidade de Natanael. O evangelho de João mostra Natanael em apenas duas passagens: João 1, que traz o relato de seu chamado, e João 21.2, onde indica-se que ele foi um dos que voltou para a Galileia e foi pescar com Pedro depois da ressurreição de Jesus. Portanto, Pedro, André, Tiago, João, Filipe e Natanael e Tomé, eram pescadores.

Então, de acordo com João 21.2, Natanael era da pequena cidade de Caná da Galiléia, lugar em que Jesus realizou seu primeiro milagre ao transformar agua em vinho (Jo 2). Caná ficava bem próxima de Nazaré, a cidade onde Jesus se criou. Ele foi levado até Jesus, após o encontro de Filipe com Jesus. Assim, como André conduziu Pedro a Jesus, Filipe conduziu Natanael a Jesus. De acordo com Joao 1.45: “Então, Filipe encontrou Natanael”. Filipe era próximo de Natanael e sabia do anseio do coração do amigo: o Messias.

1)    Amor pelas escrituras

“Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas” (Jo 1.45). Com toda certeza Natanael ficaria curioso com a noticia de que Jesus era Aquele sobre o qual Moisés e os profetas Haviam falado nas escrituras. “O Senhor, suscitará um profeta como eu no meio de ti, dentre teus próprios irmãos; e a ele ouvireis” (Dt 18.15).

Isso provavelmente indica que Natanael e Filipe estudavam o Antigo Testamento juntos. Talvez, tenham ido juntos ao deserto para ouvir João Batista. Possuíam um interesse comum pelo cumprimento da profecia do Velho Testamento. Filipe sabia que a noticia sobre Jesus iria empolgar Natanael.

Observe que Filipe não disse: “Encontrei um homem que tem um plano maravilhoso para a sua vida!”. Também, não disse: “Encontrei um homem que resolverá as suas dificuldades pessoais e conjugais e dará sentido à sua vida”. Não apelou para Natanael tomando por base como Jesus tornaria melhor a vida dele. Mas, Filipe falou de Jesus como o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, pois sabia que Natanael estudava com avidez as escrituras. 


Portanto, Natanael sabia o que dizia as escrituras, de modo que, quando viu seu cumprimento, ele o reconheceu. Ele sabia sobre Aquele a respeito do qual Moisés e os profetas haviam escrito e reconheceu Jesus como o cumprimento das escrituras. “Examinam as escrituras...elas de mim testificam” (Jo 5.39). Filipe lhe disse: “É Jesus, o Nazareno, filho de José”. Jesus era um nome comum – no aramaico, Y shua. Trata-se do mesmo nome traduzido como “Josué”. Seu significado expressivo é “Deus é salvação”; ou, “ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21).

2)    Preconceito

O v.46 nos revela um pouco mais do caráter de Natanael. Não obstante, seu estudo meticuloso das escrituras, sua fidelidade e sua devoção a Deus, ele era humano. Eis sua resposta: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa”. 


Ele poderia ter dito: “De acordo com que li no Antigo Testamento o profeta Miquéias diz que o Messias virá de Belém (Mq 5.2) e não de Nazaré”. “Mas Filipe, o Messias é identificado com Jerusalém pois irá reinar lá”. Contudo, do fundo do seu preconceito vêm as palavras que escolheu “De Nazaré pode vir alguma coisa boa”.

Por quê tanto preconceito? Afinal, Caná não era uma cidade de muito prestigio! Era uma cidade fora de mão, enquanto Nazaré pelo menos ficava numa intersecção de estradas. Para irem do Mediterrâneo à Galiléia, as pessoas passavam por Nazaré. Agora, ninguém jamais “passava” pela pequena Caná. Mas, para muitos, Nazaré era uma cidade tosca, de uma cultura pouco requintada e nada cortês. Então, ninguém esperava que qualquer coisa boa pudesse sair de lá.

Hoje em dia, muitos veem o cristianismo como Natanael via Nazaré. O cristianismo era de Nazaré na época e continua sendo hoje. As pessoas adorava desdenhar do cristianismo  e suas afirmações acerca de quem é Cristo, do que ele tem feito e do que pode fazer em seu favor.  Gente que se diz importante diz: “Ah, o cristianismo. Sei bem como é. Fui criado dentro dele, percebi muito cedo  que não era para mim e já tenho minha opinião formada”. Portanto, Jesus continua sendo de Nazaré.

 O que diferencia o cristianismo das demais religiões e formas de pensamento é: todas as outras religiões dizem que, se quiser encontrar Deus, se quiser se aperfeiçoar, se quiser ter uma consciência mais elevada, se quiser conectar-se com o divino, não importa como ele seja definido, você tem DE FAZER ALGUMA COISA. Tem de reunir suas forças, seguir as regras, libertar a mente para então enchê-la e tem de ficar acima da média.  ENQUANTO O CRISTIANISMO diz: “Não, Jesus veio FAZER em seu lugar o que você não podia fazer por si próprio”.

John Bunyan, em seu livro Guerra Santa, retrata as forças do Messias vindo para trazer o evangelho à cidade da Alma Humana. Elas concentraram seu ataque na entrada do ouvido, pois a fé vem pelo ouvir. Porém diabolôs e suas forças, desejava manter Alma Humana cativa ao inferno. Assim, Diabolus decidiu atacar colocando um guarda especial na entrada do ouvido. O guarda que escolheu foi o velho Sr. Preconceito, um sujeito irado e de péssima disposição. De acordo com Bunyan, fizeram do Sr. Preconceito capitão daquela porta e colocaram sob o seu comando sessenta homens, chamados de homens surdos; homens que apresentavam uma vantagem para aquele serviço, uma vez que não faziam caso de nenhuma palavra dos capitães e nem dos soldados.

John Bunyan usou a imagem da surdez. O apostolo Paulo empregou a metáfora da cegueira. “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.3-4). Ensurdecidos e Cegados pelo preconceito a verdade, não entenderam a mensagem. As coisas ainda são assim nos dias de hoje.

Felizmente, seu preconceito não foi forte o suficiente para impedi-lo de chegar a Cristo: “Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê” (v.46). Essa é a forma de lidar com o preconceito: confrontá-lo com os fatos.

3)    Sinceridade de coração

O mestre já conhecia Natanael. Ele “não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo 2.25). Jesus viu Natanael vindo em sua direção e disse sobre ele: “Eis um verdadeiro israelita em que não há dolo!” (Jo 1.47). 


Essas palavras dizem muito sobre o caráter de Natanael. Desde o principio, ele possuía um coração puro. Tinha imperfeições pecaminosas e seu entendimento era prejudicado por certo grau de preconceito. No entanto, em seu coração não havia má-fé. Ele não era hipócrita. Seu amor a Deus era sincero e sem malicia. Jesus refere-se a ele como um “verdadeiro israelita”. A palavra usada no texto grego é alethos, que significa “autentico, genuíno”.

Sua sinceridade era o que o definia como autentico israelita. Grande parte  dos israelitas do tempo de Jesus não eram pessoas autenticas, e, sim hipócritas. Eram falsos. Em romanos 9.6-7 o apostolo Paulo diz: “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”. Em Romanos 2.28-29, ele escreve: Pois ser judeu exteriormente ou ser circuncidado não torna ninguém judeu de fato. Judeu verdadeiro é quem o é no íntimo, e circuncisão verdadeira é a do coração, feita pelo Espírito, e não pela letra da lei, recebendo assim a aprovação de Deus, e não das pessoas”.

Conclusão: “Como o Senhor sabe a meu respeito?”, perguntou Natanael. Jesus respondeu: “Vi você sob a figueira antes que Filipe o chamasse” (v.48). Qual o significado dessa figueira? É bem certo que fosse o lugar aonde Natanael ao para estudar e meditar sobre as escrituras. Era uma espécie de recanto particular, ao ar livre, ficar a sós.

Para Natanael, isso bastou: “Mestre, tú és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (v.49). Ao que Jesus respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade, vos digo, que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem (Jo 1.50-51). Jacó teve um sonho no qual havia “uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28.12). Jesus é a escada, o véu do templo foi rasgado, os nossos pecados foram perdoados. 


A tradição nos diz que Natanael pregou o evangelho na Persia e na India. Quanto a sua morte tem várias narrativas: diz que ele foi amarrado dentro de um saco e lançado ao mar; e foi crucificado. Mas, que morreu martirizado.

 Bibliografia


Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarthur - Editora Thomas Nelson
O Treinamento dos doze - CPAD A.B. Bruce CPAD
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Biblia de Estudo King James
Encontro com Jesus Timothy Keller - Editora Vida Nova

 

 

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