terça-feira, 1 de novembro de 2022

 Elias e Baal-Zabube   - 2 Rs 1 

Introdução

Elias era muito conhecido por toda terra de Israel. Ele era famoso... mas não popular. Todo mundo – especialmente o rei – queria pôs as mãos naquele estranho vidente que saíra de lugar nenhum – Tisbé – lançando maldição sobre a vida deles. Deus fora com Elias no confronto com os profetas de Baal, mandando fogo sobre o altar e enviando chuva sobre Israel.

No ultimo encontro entre Elias e a Acabe, na vinha de Nabote, Elias profetizou como ele morreria: “...No local onde os cães lamberam o sangue de Nabote, também lamberão o seu sangue” (1 Rs 22). Acabe morreu exatamente do mesmo modo como Deus dissera: “Morto o rei, levaram-no a Samaria, onde o sepultaram. Quando levaram o carro junto ao açude de Samaria, os cães lamberam o sangue do rei, segundo a Palavra que o Senhor tinha dito...” (1 Rs 22).

1)     Acazias e Baal-Zebube

Acabe descansou com os seus antepassados, e seus filho Acazias foi o seu sucessor” (1 Rs 22.40). Seu filho, Acazias, o sucedeu no trono. Infelizmente, o filho era igual ao Pai e, portanto, nos dois anos que reinou, Acazias “fez o que era mau perante o Senhor”. Como era da mesma carne de seu pai e sua mãe, ele também serviu a Baal. 

Mas, nos diz o texto: “Certo diz, Acazias caiu da sacada do seu quarto no Palácio de Samaria e ficou muito ferido. Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria” (2 Rs 1.2). “Caiu da sacada...”, talvez com a queda tenha quebrado sua perna, ou ferido as costas ou tenha rompido algum órgão interno. Talvez tenha havido infecções e hemorragias internas. A queda levou a um sério ferimento ou doença. 

Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria”. Baal-Zebube significa “senhor ou deus”. Zebube significa “balançar, mover-se rapidamente de uma lado para o outro”. Na forma de substantivo significa “mosca”. Juntas, as palavras significam “deus das moscas” ou “senhor das moscas”. 

 Tal divindade era adorada pelos filisteus, na cidade bíblica de Ecrom, a mais ou menos 30 km de Jerusalém. Os cananeus depositavam oferendas perecíveis, com o passar do tempo, elas apodreciam nos altares, pois tudo aquilo virava uma verdadeira estercaria e só atraiam insetos, por isso o nome “Senhor das moscas”.  

O nome Baal-Zebube aparece somente neste capitulo do Antigo Testamento, em que é mencionado quatro vezes. Em todos os lugares está referindo-se à mesma divindade, o falso deus de Ecrom. O nome aparece novamente, porém no Novo Testamento, na forma grega, Belzebu: “Depois disso, levaram-lhe um endemoninhado que era cego e mudo, e Jesus o curou, de modo que ele pôde falar e ver. Todo povo ficou atônito e disse: Não será este o filho de Davi. Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios que ele expulsa demônios” (Mt 12.22-24). 

Não podemos dizer com certeza que este Belzebu se refere especificamente a Satanás. O nome poderia ser uma referencia a um dos príncipes dos demônios que dominava algum reino do mundo demoníaco. Mas, o deus adorado em Ecrom, Baal-Zebube, ou “Senhor das Moscas”, estava diretamente ligado ao mundo satânico dos demônios.

Acazias, diante de um futuro incerto, vai em busca de saber o futuro e não se importou com a fonte do poder que estava buscando. Tal como seus pais, ele é ímpio até os ossos. Tudo o que lhe interessava era saber o futuro e, para alcançar isso, ele se conectou ao poder de Baal-Zebube. 

Talvez, alguém possa perguntar: mas qual é o impedimento? “Este deus é apenas um pedaço de madeira. Ele não está vivo”. Mas a grande dificuldade não está no que o objeto representa e, especialmente, no que ele faz para o adorador daquele ídolo. Com certeza o ídolo em si é apenas um pedaço de matéria, mas, por ser adorado, ele se torna um ponto de habitação do mundo demoníaco.

Paulo escrevendo aos coríntios, atesta que: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).

 2)     Confronto 

“...Dispõe-te, e sobe para te encontrares com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom? Por isso, assim diz o Senhor: da cama a que subistes, não descerás, mas, sem falta, morrerás. Então, Elias partiu” (2 Rs 1.3-4).

Lá está o rei Acazias, confinado em sua cama, sem se recuperar, querendo saber o seu futuro. O Senhor entra em cena e diz: “Vá dizer a Acazias que o simples fato de ter-se decidido a fazer uma consulta a este falso deus vai lhe provocar uma doença incurável. Ele nunca se recuperará”. Os mensageiros voltaram antes da hora e o rei pergunta: “Por que vocês voltaram?” (v.5). E os mensageiros, portanto, falam do encontro que tiveram com o profeta Elias no caminho.

E o rei pergunta: “Como era o homem que os encontrou e lhes disse isso? (v.7)”. Eles responderam: “Ele vestia roupas de pelos e usava um cinto de couro” (v.8). De acordo com a aparência, o rei deduziu: “...Era o Tesbita Elias”. Elias era famoso, conhecidos, principalmente nos dias de Acabe, seu pai. Acazias conhecia a fama do profeta. Ele já ouvira seus pais falaram desse “profeta pedra no sapato”. Elias fora o empecilho do reino deles e agora lá estava ele de novo, rondando o filho. 

Acazias tenta intimidar o profeta: “...enviou o rei um capitão de cinquenta...que subiram ao profeta, pois estava assentado no cimo do monte. Disse-lhe o capitão: Homem de Deus, o rei diz: desce. Elias, porém, respondeu ao capitão de cinquenta: Se seu sou homem de Deus, desça fogo do céu e te consuma a ti e aos teus cinquentas. Então, fogo desceu do céu e o consumiu a ele e aos cinquentas” (2 Rs 1.9-10). Essa intimidação aconteceu pela segunda vez, e o capitão e os cinquentas são queimados pelo fogo (2 Rs 1.11-12). 

Agora, na terceira vez, o capitão se humilhou: “...pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-lhe, e disse-lhe: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a minha vida e a vida destes cinquenta, teus servos...” (2 Rs 1.13-14). Então, o anjo do Senhor disse a Elias: desce com este, não temas...” (2 Rs 1.15). Sem temor, Elias confronta-se com Acazias face a face. O profeta está sozinho, diante do rei mais jovem e, certamente, cercados de guerreiros armados, mas Elias era corajoso.

Repreendeu Acazias por substituir a verdadeira fonte de poder (O Senhor Deus de Israel) por uma imagem de escultura (Baal-Zebube). “Porventura, não há Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, Deus de Ecrom?”. Em seguida pronunciou a sentença final: “Da cama que subiste, não descerás, mas, sem falta, morrerás”. E a profecia é fatal: “Assim, pois, morreu, segundo a Palavra do Senhor, que Elias falara” (2 Rs 1.17).

Conclusão: heroísmo, coragem.

Vemos essas virtudes no profeta Elias. Também, Martinho Lutero, reformador do século XVI, era corajoso. Diante da dieta de Worms, convocada pelo papa Leão X, para se defender, muitos dos seus amigos insistiam para que não fosse, mas ele disse: “Não ir a Worms, eu irei a Worms nem que haja tantos demônios quanto telhas no telhado!”. Na dieta de Worms, diante da pressão católica, ele disse: “Você pode esperar de mim qualquer coisa menos medo ou abjuração. Não fugirei e muito menos me retratarei”. 


 

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