A menina rejeitada. Ez. 16
Introdução:
Uma criança rejeitada, abandonada pelos pais, nem
mesmo o seu umbigo foi cortado. Lançada num monturo, desprezada por todos que
passavam por ela, ficou ali para morrer. “Não se apiedou de ti olho
algum....compadecendo de ti...” (v.4).
Assim começa uma história contada pelo profeta Ezequiel no
começo do 6º século a.C. Ezequiel está no exilio, aonde fora levado com mais de
dez mil pessoas e rei Joaquim. Tornou-se profeta aos trinta anos, para
profetizar na Babilonia, enquanto Jeremias profetizava em Jerusalém e Daniel,
estava ombreando na administração do império. Vemos no capítulo 16 uma das
histórias mais ternas, como no livro do profeta Oséias, que uma grande
similitude.
1)
Seu
nascimento
A menina foi abandonada num campo aberto, sem nenhum cuidado.
Não cortaram o umbigo, nem limparam o sangue do parto, e muito menos colocaram
nela roupa ou cobertor. Certamente imaginaram que ela morresse em poucas horas
naquele campo, e que fosse esquecida para sempre.
“E, passando eu junto
de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu
sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive. Então te
lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo”. (vs. 6 e 7).
Deus passou e viu a bebê se mexendo. Ele socorreu a criança
imediatamente, fazendo tudo para que ela vivesse. Sob os cuidados dEle, a
menina cresceu bem. Foi bem tratada e prosperou. Amadureceu e chegou a ser uma
moça com idade suficiente para se casar. Mas, ainda continuou descoberta.
É a história de todos nós, mais precisamente a história do
povo de Deus. “Teu pai era amorreu e tua mãe hetéia”. São os habitantes de Canaã,
adoradores de deuses; como Abraão que vivia em Ur dos Caldeus, adorando ídolos
da Mesopotâmia, até que um dia o Senhor aparece para ele e lhe chama, para
segui-lo. Assim, é a nossa história, sem Deus, ignorantes, sem salvação, sem
esperança, sem expectativa, sem saber sobre nossa eternidade, Deus nos achou e
cuidou de nós.
2)
Uma
aliança
“E. passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era
tempo de amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e
dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste
sendo minha” (v.8).
A menina cresceu e ficou em idade de se casar, Deus casou-se
com ela. Fez aliança com ela e estendeu a sua proteção, cobrindo a nudez dela.
Ele a lavou e a vestiu com roupas finas e de boa qualidade. Colocou jóias,
deu-lhe uma coroa. Ela passou a comer as melhores comidas, dando-lhe saúde e
beleza. “E correu de ti a tua fama entre os povos, por causa da tua formosura,
pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti, diz o Senhor
Deus” (v.14). Sua beleza, sua formosura, suas vestimentas, advinha da glória de
Deus em sua vida.
Deus tirou seu povo da escravidão no Egito, quatrocentos anos
de escravidão, levantou Moises para ser o líder do seu povo. Com braço forte e
redentor a libertação veio com a morte dos primogênitos e a passagem pelo mar
vermelho, dando uma vitória retumbante, arruinando Faraó e seus homens. Depois,
foram para o Monte Sinai, lá houve um casamento, uma aliança entre Deus e o seu
povo, com a entrega da sua lei. Observe que a beleza da noiva, vem do noivo. Em
todos os casamentos, todos se levantam para contemplar a beleza da noiva, mas
aqui, toda glória e beleza da noiva, provém do noivo!
3)
Pecado
“Mas, confiastes na tua formosura, e te corrompestes por
causa da tua fama, e te prostituias-te a todo o que passava, para seres dele”
(v.15).
Ela gostou da beleza e da fama que ganhou e decidiu
aproveitar da situação. “E tomastes dos teus vestidos” (v.16). Usou os
presentes dados por Deus para se prostituir, adorar ídolo. Na verdade, não foi
só um, ela começou a se prostituir com vários ídolos. Deu tudo para eles: “seus
vestidos, suas joias, sua comida, tudo...” E, até seus próprios filhos foram oferecidos como
sacrifício ao deus Moloque!?!
Tornou-se pior do que uma prostituta, pois ela chegou ao ponto
de pagar os homens para ter relações com ela! Nesta parte da história, parece
que o desgaste da sua vida imoral era tão grande que ninguém mais desejava esta
mulher. Ela envelheceu e se tornou feia o seu pecado. Nenhum dos homens dava
valor para ela. Na verdade, eles nunca tinham procurado o bem dela, mesmo
quando ela era uma jovem bonita. Agora olharam para a mulher velha, feia e
cheia de rugas, e a desprezaram. Mesmo, sentindo todo esse despreza, ela
continuava com as costas viradas para o seu Deus.
Quantas moças foram desprezadas até abandonadas pelos “namorados”
que aproveitaram delas para o prazer passageiro, e depois fugiram das suas
responsabilidades? Quantos jovens já perderam tudo antes de reconhecer que os “amigos”
do mundo não são verdadeiros amigos? O diabo e seus aliados oferecem liberdade,
mas levam a vítima à escravidão.
Conclusão:
“Contudo,
eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e
estabelecerei contigo uma aliança eterna” (v. 60).
Deus não nos salva pela nossa beleza. O pecador é
como aquela criança coberta de sangue e tão feia que ninguém queria olhar para
ela. Quando Deus olhou para mim, e para você, no nosso pecado, não viu pessoas
bonitas que trariam prazer para ele. Ele viu toda a feiúra do nosso pecado.
Mesmo assim, nos ofereceu a salvação pela sua graça e misericórdia.
Toda a beleza do cristão vem de Deus. Quando
entramos numa relação especial com Deus – ao tornamos cristãos – ele nos veste
com justiça e retidão (Efésios 3:16-21; 4:22-23; 5:25-27).
O pecado é uma ofensa contra Deus, uma traição. Não
é apenas uma questão de quebrar alguma regra impessoal. Quando o cristão peca,
ele trai o Criador e Redentor, o marido da igreja.
Quando Deus aceita de volta o cristão que se desviou, ele
salva uma pessoa que não merece sua graça, da mesma maneira que aceitou de
volta sua mulher adúltera, Israel. “... e assim, habite Cristo no vosso
coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de
poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e
a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Efésios
3:17-19).
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