Jesus,
Sumo Sacerdote Heb. 4:14-16, 5:1-10.
Introdução:
SERÁ QUE EXISTE CRISTINISMO SEM CRUZ?
“Visto que
temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus (v.
14, Hb 1.3)”... Isto pode significar uma de duas coisas. No
Novo Testamento advertimos diferentes usos do substantivo céu; pode
significar o firmamento estrelado; o céu dos anjos, e o supremo céu; o céu da
presença de Deus. Isto poderia significar que Jesus passou através de todos os
céus que possam existir e está na própria presença de Deus.
Ele suportou tudo o que um homem tem que
suportar. Passou por todas as experiências humanas. É em tudo semelhante a nós
— exceto em que de tudo isso emergiu sem pecado. O fato de que Jesus fosse sem
pecado significa necessariamente que conheceu abismos, tensões, assaltos e
tentações que nós jamais conhecemos nem chegaremos a conhecer. Sua luta, longe
de ser mais fácil, foi extremamente difícil.
1)
Um Deus humano.
a)
Compadeceu-se das
nossas fraquezas.
A idéia cristã de Deus como um pai amante está
entretecida na malha mesmo de nossa mente e coração; mas era uma idéia nova.
Para o judeu Deus era santo. A palavra santo tinha o significado
de diferente; a idéia fundamental de Deus é que era diferente,
que pertencia a uma esfera da vida e do ser completamente diferente da que é a
nossa; que não participava de nenhum sentido de nossa experiência humana.
“Os estóicos, os pensadores gregos de mais
vôo, diziam que o atributo primário de Deus era a apatheia entendendo
por isso a incapacidade essencial de sentir algo”.
“os epicureus afirmavam que os deuses viviam em perfeita
felicidade e bem-aventurança. Viviam no que denominavam os intermúndio:
os espaços entre os mundos. E ali em completo afastamento nem sequer eram
conscientes do mundo”.
Os judeus tinham seu Deus diferente, os
estóicos os deuses sem sentimento, os epicureus os deuses completamente separados.
E neste mundo de pensamento se introduz a religião cristã com a concepção
incrível de um Deus que deliberadamente suportou toda a experiência humana.
b)
É misericordioso.
John Foster narra em um de seus livros como
certo dia ao voltar para casa encontrou a sua filha desfeita em lágrimas frente
à rádio. Perguntou-lhe por quê. Soube que o informativo desse dia continha a
oração: "Os tanques japoneses entraram hoje em Cantão". A maioria das
pessoas terão ouvido esta notícia sem o mais mínimo sentimento de condolência.
Os estadistas talvez a terão escutado com um sentimento de lúgubre
pressentimento. Para a grande maioria terá sido indiferente. Por que, então, a
filha do John Foster se desfazia em lágrimas? Porque justamente tinha nascido
em Cantão. Para ela Cantão significava uma casa, uma ama, uma escola, uns
amigos e um lugar muito querido. A diferença consistia em que ela tinha
estado ali.
O ter estado ali faz toda a diferença. E não
há nenhum âmbito da experiência humana do qual Deus não possa dizer: "Eu
estive ali". Quando temos uma história triste e lamentável que contar,
quando a vida nos empapa nas lágrimas do sofrimento, não dirigimos a um Deus
que seja absolutamente incapaz de entender o que nos aconteceu; vamos a um Deus
que "esteve ali".
c)
Capaz de nos
ajudar.
Ele conhece nossos problemas porque passou por
eles. A pessoa melhor para nos brindar informação e ajuda numa viagem é a que
já fez antes a travessia. A pessoa melhor para nos ajudar a suportar uma
enfermidade é a que passou por ela. Deus pode ajudar porque conhece tudo ( 2 Co
2.3-4).
2)
Qualificações essenciais para ser um
sacerdote.
a) Representar o homem perante Deus (enquanto a do profeta é representar Deus aos
homens), ele mesmo tem de ser homem. Sendo homem, ele é capaz de condoer-se da
fraqueza humana, pois ele mesmo é fraco. Ele também é um pecador, deve oferecer
sacrifícios para si como pelos outros. Assim, a primeira qualificação do
sacerdote é: a humanidade do sacerdote é essencial ao seu ofício.
b) Tem de ser chamado por Deus, como aconteceu
com Arão. Arão não buscou ser sacerdote; não procurou tal oficio nem o
merecia.Outros que buscaram tomar para si o oficio sacerdotal, como, por
exemplo, os filhos de Corá (Nm 16.1-40), se depararam com o furor da ira e do
juízo de Deus.
3)
Jesus cumpriu perfeitamente essas
qualificações (5.5-10).
a) Cristo não tomou para si esse glorioso oficio.
Ele foi designado por Deus Pai. Foi Deus quem lhe disse as palavras de geração
eterna encontradas no Salmo 2.7 e 110.4: Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei.
e, Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Mas não foi ao sacerdócio levitico que ele foi designado. Na eternidade, esse sacerdócio nem existia. Jesus foi consagrado “sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
e, Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Mas não foi ao sacerdócio levitico que ele foi designado. Na eternidade, esse sacerdócio nem existia. Jesus foi consagrado “sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”.
b) Mas o
que dizer do segundo requisito, isto é, que ele deveria vir de entre os homens?
O eterno Filho de Deus tornou-se homem, e podemos nos referir a “os dias da sua
carne”! Durante esse tempo ele passou pela terrível experiência do Getsemani,
suando gotas como de sangue (Lc 22.44) e orando para que fosse salvo “da morte”!
Deus o ressuscitou da morte no poder de uma vida sem fim (Hb 7.16).
c) O que significa, então, quando ele diz no versículo
9 que Cristo foi “aperfeiçoado”? Não está se referindo a perfeição moral. Ele já
tinha isso. Quer dizer que ele amadureceu, estava pronto, perfeitamente apto e
ajustado à obra do sumo sacerdote e, porque estavam assim apto e pronto,
tornou-se para todos quantos a ele obedecem autor da salvação eterna.
Conclusão:
A pequena peça de teatro intitulada "O Longo
Silêncio", diz tudo:
No
fim dos tempos, bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície
perante o trono de Deus.
A maioria fugia da luz brilhante que se lhes apresentava pela
frente. Mas alguns grupos falavam animadamente — não com vergonha abjeta, mas
com beligerância.
"Pode
Deus julgar-nos? Como pode ele saber acerca do sofrimento?" perguntou uma
impertinente jovem de cabelos negros. Ela rasgou a manga da blusa e mostrou um
número que lhe fora tatuado num acampamento de concentração nazista. "Nós
suportamos terror. . . espancamentos. . . tortura. . . morte!"
Em
outro grupo um rapaz negro abaixou o colarinho. "E que dizer disto?"
exigiu ele, mostrando uma horrível queimadura de corda. "Linchado. . .
pelo único crime de ser preto!" Em outra multidão, uma colegial grávida, de olhos
malcriados. "Por que devo sofrer?", murmurou ela. "Não foi
culpa minha."
Por
toda a planície havia centenas de grupos como esses. Cada um deles tinha uma
reclamação contra Deus por causa do mal e do sofrimento que ele havia permitido
no seu mundo. Quão feliz era Deus por viver no céu onde tudo era doçura e luz,
onde não havia choro nem medo, nem fome nem ódio. O que sabia Deus acerca de
tudo o que o homem fora forçado a suportar neste mundo? Pois Deus leva uma vida
muito protegida, diziam.
De
modo que cada um desses grupos enviou o seu líder, escolhido por ter sido o que
mais sofreu. Um judeu, um negro, uma pessoa de Hiroshirna, um artrítico
horrivelmente deformado, uma criança talidomídica. No centro da planície
tomaram conselho uns com os outros. Finalmente estavam prontos para apresentar
o seu caso. Antes
que pudesse qualificar-se para ser juiz deles, Deus deve suportar o que
suportaram. A decisão deles foi que Deus devia ser sentenciado a viver na terra
— como homem!
"Que
ele nasça judeu. Que haja dúvida acerca da legitimidade de seu nascimento.
Dê-se-lhe um trabalho tão difícil que, ao tentar realizá-lo, até mesmo a sua
família pensará que ele está louco. Que ele seja traído por seus amigos mais
íntimos. Que ele enfrente acusações falsas, seja julgado por um júri
preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que ele seja torturado.
"Finalmente,
que ele conheça o terrível sentimento de estar sozinho. Então que ele morra.
Que ele morra de tal forma que não haja dúvida de que morreu. Que haja uma
grande multidão de testemunhas que o comprove."
E
quando o último acabou de pronunciar a sentença, houve um longo silêncio.
Ninguém proferiu palavras. Ninguém se moveu. Pois, de súbito, todos sabiam que
Deus já havia cumprido a sua sentença.
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